Capítulo 9: A nova embarcação e a escolha de Gabriel

- Verdade Hellt? Eu posso ficar com esse navio? – disse Daniel com os olhos brilhando.

- Pode sim, afinal eu não preciso de uma caravela na minha vila e o Gabriel também não, logo o navio é seu. – o mais alto falou.

- Valeu... Valeu mesmo! – o gordinho falou abraçando Hellt.

- Garoto para com isso, que excesso de carência é essa?! – o desenhista falou e Daniel se afastou.

- É que eu nunca tinha ganhado um presente assim, to muito feliz caras!

- Go to hell! Agora esse navio precisa de um nome e uma bandeira pra ser um navio pirata de verdade. – disse Gabriel.

- É uma boa ideia, será que tem algo pra desenhar aqui? – o garoto perguntou e começaram a procurar, acharam umas tintas, pinceis e uns panos pretos Gabriel e Daniel os pegaram e começaram a desenhar, Lucinda e as outras garotas ficavam observando, Hellt foi descansar dentro da caravela.

- Olha Lucinda como ficou o meu? – Daniel perguntou a loira sobre seu desenho, era um emaranhado de rabiscos, não dava pra entender o que realmente era, ela deu um sorriso meio sem graça.

- Hã... Ficou legalzinho, mas não acho que ficaria bom numa bandeira pirata entende? – o gordinho compreendeu entretanto não conseguia enxergar o que havia de errado em sua bandeira.

- Go to hell! Minha bandeira ficou muito foda! Dá uma olhada Lucinda, é uma caveira pegando fogo no meio dos ossos cruzados. – a descrição era interessante, já o desenho não foi o que constatou Lucinda, os ossos cruzados pareciam gravetos rabiscados, o crânio era uma bola oval com buracos para os olhos e um sorriso, o fogo era uma coisa indescritível ao redor da caveira.

- Ficou bom, mas você poderia melhorar um pouquinho... – ela disse sorrindo sem graça.

- Já sei! – Daniel falou empolgado. – O Hellt, ele falou que é desenhista ele pode fazer uma bandeira pra gente! – o gordinho correu e chamou Hellt que acordou assustado.

- O que você quer filhote de hipopótamo? – Daniel pediu com olhos de cachorro com fome para que o mais velho fizesse um desenho para a bandeira pirata, ele não resistiu aos pedidos do gordinho pegou as tintas e começou o desenho.

- Aqui está o desenho, o que acham? – o desenhista falou.

- Nossa! – Lucinda falou impressionada.

- Go to hell! – Gabriel também se impressionou.

- Ficou muito, muito, muito legal!!! – Daniel falou de olhos brilhando e muito empolgado.

A bandeira tinha ossos cruzados como é tradicional de uma bandeira de pirata, entretanto no lugar do crânio tinha uma mão de ossos fechada como em um soco, tanto os ossos cruzados como os ossos da mão eram de metal, tinha um efeito de tintas que os faziam reluzir.

- Eu pensei no seu golpe Daniel, o punho de ferro, daí fiz a bandeira, bom que gostou.

- Ficou muito bom mesmo Hellt, agora você poderia pintar a carranca também né? – Daniel falou ainda empolgado, o desenhista concordou e foi pintar a carranca que era apenas uma grande esfera de madeira com asinhas em lados opostos, o mais velho se pendurou em algumas cordas e desenhou na carranca uma cara nervosa, com dentes serrilhados e olhos vazios, desenhou também uns cabelinhos e uma cicatriz de cruz, todos disseram que parecia o rosto de Daniel, os olhos do gordinho não paravam de brilhar de felicidade.

- Caras, agora o navio precisa de um nome. – Gabriel se pronunciou.

- Que tal Desbravador do Oceano Azul? – o desenhista falou.

- Não, ficou muito artista pro meu gosto. – o menor falou pensativo, de repente Hellt apareceu ao seu lado e lhe desferiu um soco na cabeça, o garoto ficou pregado no chão e fumaça saia do lugar onde o soco acertara.

- Já te falei que artista não é isso que você ta pensando! – o mais alto falou nervoso.

- Hellt seu feioso! Não precisa me bater! – o gordinho falou com as mãos abraçando a cabeça, estava nervoso e uma lágrima escorria de seu olho.

- Go to hell, parem de brigar! Eu pensei num nome legal: AC DC! – o guitarrista falou pronunciando em outra língua e começou a tocar a música highway to hell e fez um sinal de chifres com a mão direita. – Não sei por que mas esse nome me lembra essa música.

- O que significa essa sigla? – o mais alto perguntou.

- Não faço ideia, mas é muito foda! – o adolescente falou fazendo o sinal de chifres com suas mãos novamente.

- AC DC não é tão legal, só que ACD é perfeito! – Daniel falou a última sigla pronunciando em seu idioma.

- Como assim? Você só retirou uma letra e mudou a pronuncia... – o desenhista se manifestou. – E por que ACD? O que significa isso?

- C de comédia e D de diversão e ou gosto muito de comédia e diversão! – o gordinho explicou.

- E o A? – o mais alto perguntou novamente.

- A é a primeira letra do alfabeto Hellt! Nossa você não sabe isso?! – o menor disse.

- É mesmo Hellt, todo mundo sabe que A é a primeira letra do alfabeto, você precisa estudar um pouco... – Gabriel se manifestou, de repente se escutou o som de vários golpes.

- Ta aqui o alfabeto de vocês! – o desenhista falou estalando os dedos, atrás dele os garotos estavam todos inchados e pregados no chão, fumaça saia deles.

A caravela era média, tinha duas velas, era da cor natural da madeira pois não era pintada, tinha um grande espaço interno, porém só dois lugares poderiam ser usados como quartos a menos que modificassem algo.

- Olha é a cidade de Liros! Garotos, meninas estamos quase chegando! – Lucinda falou animada ao ver a cidade no fim do horizonte.

- Eu tenho algo pra você Lucinda. – Hellt foi até o interior da caravela e pegou uma maleta. – É dinheiro, eu roubei dos piratas, isso é um quarto do dinheiro que encontrei nas caravelas, leve e use pra reconstruir a cidade e repor os prejuízos. – A garota agradeceu emocionada, os garotos também ficaram felizes, concordaram que aquela foi uma ótima ideia de Hellt.

- As coisas estão indo muito bem, agora só falta você aceitar a proposta de se tornar meu nakama. – Daniel falou sorrindo para o guitarrista.

- Eu não decidi ainda, é muita coisa na minha cabeça. – o guitarrista falou pensando em Lucinda.

O barco atracou e todos desceram, Hellt e Daniel foram comprar roupas já que as suas naufragaram, as garotas se encontraram com suas famílias, a cidade agradeceu muito aos jovens pelo que fizeram por eles, Gabriel foi para casa, na manhã seguinte o músico pensava no que o desenhista havia dito pra ele.

“- Eu e o Daniel vamos partir às dez da manhã, se você quiser virar pirata com o gordinho esteja aqui neste horário.”

- O que eu faço? – Gabriel falava sozinho enquanto fumava mais um cigarro olhando para o teto deitado em seu sofá.

- Posso entrar? – A voz de Lucinda corta o ar enquanto ela entra pela porta aberta.

- Lucinda?! Lógico que pode entrar! Não repara na bagunça... – Ela se aproximou dele, o guitarrista tentava arrumar as coisas, apagou rapidamente seu cigarro. -... Sabe como é né? Casa de homem... – quando se vira ela está a sua frente bem próxima de seu rosto, a moça sela seus lábios nos dele, aquele momento foi tão intenso para o garoto que ele não conseguia pensar em nada.

- Segue o seu sonho garoto, essa cidade é pequena demais para suas ambições! – ela falou após separar seus lábios dos lábios do jovem, sua mão esquerda acariciava o rosto dele. – Forma sua banda lendária depois você volta aqui, eu estarei te esperando!

- Valeu Lucinda, você colocou minhas ideias no lugar, nossa tenho tanta coisa pra fazer, que roupas eu levo??? – Gabriel ficou muito contente de repente e começou a arrumar uma mochila com o que era mais necessário, a garota o ajudava nessa difícil missão.

- Acho que ele não virá Daniel, vamos embarcar logo não temos mais o que fazer aqui. – o desenhista falou.

- Pena, eu queria ele na tripulação. – Daniel falou triste, se despediram das pessoas no porto e já subiam no navio quando um grito chegou a seus ouvidos:

- ESPERA!!! – Gabriel gritava como louco e corria como se fosse tirar o pai da forca.

- Ele ta vindo Hellt! – o gordinho falou mas dessa vez feliz e empolgado, Gabriel subiu a bordo.

- Bem vindo à tripulação marujo. – Daniel falou sorrindo e estendendo sua mão direita cumprimentando o guitarrista.

- Go to hell! Agora eu sou um pirata! – o músico retribuiu o cumprimento.

O navio zarpa, Gabriel chega à beira do convés e olha Lucinda sorrindo para ele que retribuiu o sorriso, “eu volto, pode ter certeza!” foi o que pensou.

- Vamos a próxima aventura! – Daniel falou efusivamente.

- Sim senhor capitão! – Gabriel falou sorrindo muito animado.

- Quanto tempo esse navio demora pra afundar?! – Hellt falou ironicamente sorrindo.

O navio se perdia no horizonte, as pessoas voltavam para suas casas, exceto Lucinda que ficava olhando aquele mar, o sol era forte mas ela não se importava, as lágrimas desciam de seu rosto, “boa sorte garotos!” foi o que ela pensou.

Preview:

- Não, é assim que minha vida termina? Vou virar comida de urso... – o garoto falou pra si mesmo enquanto olhava aquele enorme urso o olhando e salivando.

Daniel tinha 6 anos, era bem pequeno e magro, era muito ágil como todos em sua aldeia, ele teve muito azar em ficar preso naquelas raízes.

O urso desferiu sua investida naquele garoto que apenas fechou os olhos, quando abriu seus olhos viu o urso caído, alguém havia o matado e cortado as raízes, mas quem? Ele não viu ou ouviu nada.

- Tudo bem moleque? – uma voz masculina é ouvida pelo garoto, ele olha a sua esquerda e vê um homem de estatura média embainhando uma katana, tinha cabelos pretos curtos, uma boina, camisa azul marinho, calça cumprida marrom e coturnos de mesma cor.

Próximo capìtulo: O passado de Daniel, o garoto que quer ser rei