Capítulo 6: A guitarra e o mosquete

Dallas olhava fixamente para Gabriel, ele é o melhor atirador do grupo de Cuñaro, é baixo e magro, usa uma camisa branca apertada, uma calça amarela também apertada, sandálias parecidas com aquelas rasteirinhas, usa óculos, seu cabelo preto tinha luzes amarelas, cabelos esses que tinham forma de cacho de banana, usava uma maquiagem pesada e batom vermelho, além dos cílios postiços idênticos os de seu capitão, carregava um grande mosquete nas costas.

Rick encarava Hellt, ele é muito alto, é o melhor dos espadachins da tripulação, sua pele é bem negra, usava vestimentas idênticas as de Cuñaro porém de cor roxa, mesmo batom, mesma maquiagem, mesmos brincos de seu capitão, era careca e nas suas costas haviam duas espadas de tamanho médio e de só um gume.

– Uau, lembrei!!! – Daniel exclamou. – Esse artista, eu vi ele num cartaz de procurado, tava escrito “Conrado” o rosa, tinha uma recompensa de cinco milhões... Tenho certeza.

– Eu não sou Conrado, morro de ódio quando erram meu nome, é Cuñaro! – falou o capitão nervoso.

– Cinco milhões de beries* é um dinheiro muito bom! – Hélio afirmou animado, seus olhos tomaram a forma de cifrões. – Se entregarmos esse cara na marinha a gente faz uma boa fortuna!

– Isso não é importante. – o guitarrista disse. – Eu quero saber onde estão as mulheres de Loris e o que você quer com elas? – a pergunta de Gabriel é bem pertinente devido à opção aparente da tripulação de Cuñaro.

– É óbvio, minha frota estava suja demais, precisávamos de pessoas para faxina. – o capitão disse, nesse instante o gordinho arregalou os olhos.

– Caramba Hellt você é muito bom! Como você adivinhou que ele queria as mulheres pra faxina? – o desenhista fez uma cara irônica e nada disse sobre aquele assunto entretanto pronunciou umas palavras sobre o inimigo.

– Somos três contra dois, parece que o amornado mulecona máximo não vai interferir, podemos vencer e depois cair matando pra cima do capitão, lembrem-se são cinco milhões... – nesse instante Rick e Dallas partiram pra cima de Hellt e Gabriel, Daniel passou no meio deles e partiu pra cima do capitão.

– Go to hell Hellt! Seu plano já era. – o músico falou pulando para trás, pois o atirador sacou seu mosquete e mirou em direção aos pés do adolescente.

– Daniel não viaja! – Hellt falou defendendo as espadas do maior com seus cassetetes e vendo Daniel correndo e pulando pra cima de Cuñaro.

– PUNHO DE FERRO!!! – o mais novo gritou enquanto desferia seu golpe de mão direita que acertaria a face do capitão, contudo este contra atacou com um soco reto também de direita, as duas mãos direitas colidiriam e liberaram uma onda de impacto assustadora, ambos se afastaram.

– Puts, o Daniel é muito forte...!

– Preocupe-se com você moleque. – o atirador mirou seu mosquete para Gabriel, o músico começou seu golpe repulsa sônica, o mosquete dispara e as balas são repelidas.

Dallas continua atirando, diversas vezes e Gabriel tocando, as balas não conseguem furar a barreira.

– Interessante, to adorando sua barreira de som, mas será que ela é forte em toda sua extensão? – Gabriel se surpreendeu com a declaração, um movimento rápido e o atirador apareceu a direita do guitarrista, bem próximo da barreira e apontou sua arma, Gabriel tocou novamente mas dessa vez mais intensamente, a barreira se expandiu acertando Dallas e o arremessando, ele sentiu o impacto atordoante da barreira, caiu de pé mas era difícil se equilibrar sob o efeito daquela música.

– Merda! Não era pra ele ficar em pé, esse cara é mais forte que imaginei. – o guitarrista falou pra si mesmo, o atirador pensava: “não posso chegar perto, mais uma dessa e meu cérebro derrete, vou ter que ficar de longe, vamos ver se ele aguenta”, o canto esquerdo da boca do atirador sangrava mas ele sorria.

Da distância que Dallas estava começou a atirar, Gabriel continuava seu golpe, repelia todas as balas, porém começava a suar pois estava se cansando, o atirador some repentinamente, o músico olha ao seu redor procurando-o só escuta o tiro e começa a tocar, as balas vieram de cima, uma bala adentrou um pouco a barreira antes de ser repelida.

– Ótimo! Ele se cansa rápido. – falou o atirador pra si mesmo, subitamente apareceu as costas do jovem a uma distância de segurança e votou a atirar, repetiu esse movimento umas cinco vezes, usando sua agilidade para se movimentar e aparecer em pontos diferentes, sempre atirando e sempre sorrindo.

– Desgraçado maldito! Ele ta só brincando comigo, eu não vou ganhar dele se ficar só me defendendo. – Gabriel falou baixo, de repente mais um tiro a sua frente, o músico usa seu golpe para repelir contudo dessa vez o cansaço foi mais forte, uma bala passou a barreira e acertou o ombro direito do adolescente o fazendo ajoelhar.

– Te peguei, adoooooro! – Dallas após essas palavras se movimentou para o lado esquerdo e atirou, o guitarrista usou seu golpe para se defender mas novamente sua barreira foi atravessada pelas balas, dessa vez duas, elas acertam o outro ombro e o braço do mesmo lado, o atirador ria muito.

– Go to hell pra mim! Ao menos que eu invente algo eu vou morrer. – Gabriel começava a se desesperar, o inimigo agora está em suas costas e atira novamente, dessa vez a barreira de Gabriel deixa passar três balas que se cravam nas costas do garoto, ele não suporta a dor e cai de bruços no chão o músico só escuta os risos de seu adversário, seu corpo doía muito, tinha muito sangue pelo corpo e pelo piso, seus olhos pesavam e os fechou, estava desistindo, nesse instante em sua mente viu sua amada Lucinda, o sorriso dela, o olhar, a forma que ela dizia seu nome, seus olhos se abrem de leve, começou a perceber os sons a sua volta, ouviu seus colegas lutando, a voz de Hellt gritando para ele não se render.

– Não posso perder, o que a Lucinda, o Daniel e o Hellt vão pensar? – ele se levanta, seus dedos dedilham a guitarra novamente chamando a atenção do atirador. – GO TO HELL! – fez o sinal de chifrinhos com a mão direita, seu cigarro ficou no chão junto com sua cartola. – Vem com tudo cara porque será seu último golpe! – falou determinado.

– Está me provocando garotinho?! Vou te mostrar a minha força! – o atirador transtornado pelo que julgava provocação saltou aos céus, agora estava em cima do músico a uma distância de segurança. – CHUVA DE CHUMBO! – Aquele golpe era basicamente um tiro no entanto com várias balas que se espalham, o raio de atuação desse golpe é impressionante, era impossível que Gabriel fugisse.

– Você ta muito fudido cara! – o guitarrista caiu para trás dedilhando sua guitarra dessa vez era uma música diferente, quando seu corpo estava paralelo ao de seu inimigo ele desferiu seu golpe. – SOM DO INFERNO! – o guitarrista simplesmente lançou aquela sua barreira de som em sentido ao atirador, o ar era estremecido e perturbado ao longo do caminho do disparo o que repeliu todas as balas que provavelmente acertariam o músico.

A onda de som atinge de maneira estrondosa o corpo de Dallas que só conseguiu gritar, “como pode ser tão intenso esse golpe?” foi a última coisa que conseguiu pensar após o som adentrar seus ouvidos e desestabilizar seus sentidos completamente, o corpo do atirador cai ao solo como uma pedra.

– Não pe-pense que me-me vence-ceu moleque... – Incrivelmente o atirador se põe de joelhos, não consegue se equilibrar direito e nem falar, vomitou sangue, sua visão está trêmula entretanto está bem lúcido. – Vou continu-nuar lutando pe-pelo me-meu capi-pitão... mas o quê? – o atirador se surpreendeu ao perceber Gabriel a sua frente.

– Você luta pelo seu capitão, eu luto pelo meu e pela mulher que eu amo! – Gabriel falou decido, estava de pé com o corpo meio encurvado na sua mão direita segurava sua guitarra que estava com o corpo encostado no chão. – Valeu por servir de cobaia praquele golpe que eu tinha acabado de inventar... – falou e levantou sua guitarra com as duas mãos segurando o braço de seu instrumento acima de sua cabeça. ... – Agora vamos terminar com isso. – depois dessas palavras desferiu com muita violência um golpe descendo com sua guitarra que acerta em cheio a cabeça de seu adversário q nada pôde fazer, Dallas cai desmaiado com alguns dentes quebrados e sangrando bastante.

– GO TO HELL!!! – gritou bem alto fazendo o símbolo dos chifrinhos com sua mão direita e a levantando aos céus, logo em seguida caiu pra trás graças ao cansaço.

– É isso aí guitarrista. – Hellt falou com um sorriso no rosto olhando para o adolescente.

– Rock arrebenta! – Daniel afirmou sorrindo muito de felicidade por Gabriel ter vencido.

Apesar de exausto e bastante ferido Gabriel sorria bastante, afinal foi a primeira briga contra um pirata que tivera e a primeira que vencera, pensava no quanto Lucinda ia ficar orgulhosa dele e pensava no quão perigoso e emocionante seria a vida de um pirata, no entanto outras batalhas ocorrem no navio nesse instante, Hellt contra Rick, Daniel contra Cuñaro, falta muito para afirmar que um dos lados venceu.

Preview:

– Você até que se defende bem, mas será que é ágil? – o mais alto levantou seus braços e começou a atacar com cortes velozes de várias direções, Hellt começou a se defender com movimentos rápidos com seus braços, defendia com primor os ataques do espadachim, de repente Hélio escuta o som forte da guitarra de Gabriel e se distrai um pouco, um leve sorriso se desenha no rosto de Rick que desfere um golpe muito forte com sua espada esquerda, o desenhista tenta se defender com o cassetete direito até consegue entretanto sua arma voa longe.

– Inferno! – o desenhista exclama enquanto o espadachim sorri.

– Dessa vez você não escapa de meu golpe centrifuga. – disse se referindo aos múltiplos cortes que desferira agora pouco.

Próximo capítulo: As espadas ferozes do inimigo e o plano arriscado