One Piece ACD escrita por Hellt


Capítulo 52
Capítulo 52




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Capítulo 52: Mortes, um passado que jamais será esquecido, parte III

- Hellt! – Augusto entra atônito na casa do desenhista, respirava com dificuldade. – Uma desgraça aconteceu! Os homens peixe, eles mataram Maria... – a surpresa tomava conta da feição de Hellt, ele se projeta pra cima de Augusto e o segura pelo colarinho o batendo na parede.

- Você deixou que ela cruzasse o caminho deles?! Você deixou ela morrer?! – perguntava com lágrimas nos olhos.

- Desculpe, tinha uma idosa e eles estavam a maltratando, você conhece a Maria você sabe o quanto ela é impulsiva, ela se colocou na frente da idosa e eles a golpearam na cabeça, eu não tive tempo de tentar impedir, desculpe Hellt! – Augusto também chorava, era fato que sempre gostou muito daquela família e sofrera em não poder ajudar Maria, Hellt o solta.

- A culpa não é sua, Maria era muito impulsiva mesmo... Homens peixes desgraçados!

- Hellt você precisa saber, Maria me chamou pra ir com ela porque queria me contar um segredo, ela queria fazer uma surpresa pra você... – aquelas palavras do mais velho chamam a atenção do desenhista. – A Maria tava grávida e ela ia te contar hoje. – naquele instante o mundo de Hellt parou, ele colocou as mãos no rosto, chorou bastante, eram informações demais. De repente ele pára e se levanta, corre até o quarto e pega os cassetetes de seu pai que guardara por todos esses anos.

- O que você ta pensando em fazer? – Augusto pergunta temendo a resposta.

- Vou fazer o que já deveria ter feito há muito tempo, esses homens peixes vão pagar! Cuida do Daniel por favor.

- Cuidar de mim por que pai? Cadê a mãe? Aonde o senhor vai? – a voz do garoto chega aos ouvidos do pai, Hellt se vira e caminha até ele, se abaixa e o abraça forte.

- Temos que ser fortes garoto, a Maria não ia querer a nossa tristeza porque ela nos ama e sempre vai ser assim!

- Por que você ta falando assim pai? O que ta acontecendo? – o pai nada responde ao seu filho, somente se levanta e sai, não olha pra trás, não hesita, apenas corre seguindo para a fortaleza dos homens peixe.

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Aqueles seres meio homem meio criatura marinha construíram sua fortaleza numa ilha deserta do arquipélago por não quererem se misturar com os homens, apesar de sempre se fazerem presentes nas vilas habitadas para se impor como superiores. Sua fortaleza tinha três andares, era dourada com símbolos vermelhos, era quadrada e tinha uma piscina que fazia ligação com o mar, repentinamente os portões dourados começam a se deformar num barulho extremamente chamativo, eles caem, Erlec olha surpreso um humano de pé, sujo de sangue, e vários homens peixes caídos ao seu lado.

- Como você pode ter feito isso humano? Homens não podem ser capazes de vencer tritões isso é ilógico! – o ser falava e não escutava qualquer resposta daquele homem ao portão, de repente o homem começa a girar aquelas coisas em suas mãos e parte pra cima de Erlec, vários peixes entram em sua frente e são ferozmente golpeados pelo homem, o barulho dos ossos se quebrando é assustador.

- Senhor Erlec ele está nos destruindo completamente! É melhor o senhor se esconder... – Um tritão fala a seu capitão e recebe um furioso soco que o lança na piscina.

- Eu nunca fugirei de um mero humano! – ele afirma com muita fúria. – Quer me enfrentar lixo?! Tente... – ele fala ao homem que o olha fixo, olhos carregados do mais puro ódio e do mais intenso desejo de vingança.

Por alguns segundos se olharam fixamente se analisando, era difícil saber quem tinha o olhar mais assustador, subitamente Erlec ataca se projetando e desferindo um soco de direita, o homem usa sua arma do braço esquerdo para desviar o ataque e sobe com o que parecia ser uma esfera de aço na ponta de sua arma direita no queixo do monstro, Erlec se desequilibra, o homem gira sua arma esquerda e em seguida golpeia as costelas do lado direito do monstro da esquerda para direita, depois ele golpeia reto com sua arma direita o abdômen da criatura, não usou a esfera da arma o que não quer dizer que o golpe foi com menos fúria, o tritão é arremessado pra trás violentamente.

O capitão peixe estava de costas para o solo pensando de onde viera aquele demônio que lhe machucou daquela forma, ele sente uma sombra o cobrindo, aquele homem está acima dele.

- Você se acha o senhor sobre a vida e a morte não é? – o homem fala se sentando em cima do tórax dele. – Pois eu vou te dizer uma coisa, você é um merda que só sabe causar sofrimento a pessoas que nunca te fizeram mal algum, mas saiba que não é por isso que você vai morrer e sim porque você tirou de mim um dos poucos valores que tive! Não é só minha esposa que vai conhecer o outro mundo no dia de hoje. – os olhos do monstro se arregalaram.

- Hellt, sou conhecido como Hellt, você não é digno nem de conhecer o nome de seu executor, vai se contentar com um apelido! – o jovem fala e começa a golpear freneticamente a cabeça de seu adversário, ele simplesmente não parava, a cada golpe de seu cassetete um estalar diferente, o sangue do monstro se misturava com suas lágrimas, 10, 20, 50, 70, seus braços doíam, mas ele não se importava, suas costas latejavam, mas isso não era importante, ele precisava continuar batendo e batendo com mais e mais força, sem descanso, sem piedade, a cada golpe se lembrava dos momentos que passara com Maria, lembrava-se do primeiro beijo, lembrava-se da primeira vez que se entregaram um para o outro, de cada sorriso, de cada abraço, de cada carinho, lembrou-se do dia que Daniel nasceu e do quanto estavam felizes juntos mesmo com tantas dificuldades, lembrou-se com muita dor das últimas palavras de sua mulher:

“- Eu sei o quanto nossa vida tem sido difícil, mas coisas boas virão eu sei! Nosso filho vai crescer forte, vai estudar numa cidade grande e se tornar um explorador e nós vamos envelhecer juntos numa terra tranquila! Teremos a paz de novo!” Como ele queria ter dito um “não vá!” ou pelo menos um “eu te amo!”

- Pai... – aquela voz infantil chega aos ouvidos do jovem e o faz parar de golpear o tritão, percebe que Erlec já não respira mais, se vira e vê uma criança, um filhote de tritão, pela situação em si imaginava ser o filho de Erlec. Hellt se levanta e sai caminhando sentido ao portão que derrubara, antes de sair do campo de visão o pequeno peixe fala:

- Suma daqui e leve seus colegas... – voltou pra casa depois disso, mas antes passara no vilarejo, o corpo de sua esposa estava lá no mesmo lugar, ninguém havia o tocado por medo dos homens peixe, a marca em seu rosto indicava o sítio do golpe, o pescoço havia se quebrado, ele a leva para casa onde Augusto estava com Daniel, o desenhista coloca sua esposa em sua cama e a beija na testa depois explica a seu filho tudo o que acontecera, nenhum dos dois consegue segurar as lágrimas, choram abraçados por um bom tempo.

Com a ajuda de Augusto Hellt cava uma cova em seu quintal próximo de uma árvore, se lembra de uma cena de seu passado: “Aqui vou plantar essa semente, ela vai crescer mais e mais a cada ano de nosso casamento e nosso garoto vai brincar muito na árvore que nascerá!” foram palavras daquela moça por quem Hélio se apaixonou. Nada mais justo que ela fosse enterrada ali, pai e filho se despediram de Maria, Augusto também. E a vida? Essa precisava seguir, era o que Maria ia querer, entretanto a vingança havia corroído a alma de Hellt, da mesma forma que Erlec havia deixado seu filho órfão de mãe ele deixara o pequeno tritão órfão de pai, a única coisa capaz de tirá-lo da escuridão de seus pensamentos era seu garoto, cada sorriso dele, cada olhar, cada desejo do menino, aquilo era o combustível de sua vida agora.

....................................

Hellt estava na casa dos vinte anos e naquele mês em questão não conseguiu o trabalho que planejava como cozinheiro num navio, teve mais tempo para ficar com Daniel, Augusto o ajudava com qualquer coisa que fosse preciso para que o menino não passasse necessidade, o problema em si era que o menino nunca quis dar trabalho algum a seu pai e sempre escondia qualquer pequena coisa dele, ele só não sabia que aquela pequena coisa poderia evoluir.

- O que é isso? – Hellt fala adentrando o banheiro depois de ouvir uma crise de tosse do menino.

- Não é nada pai, é só que engasguei só isso. – falava escondendo suas mãos.

- Por que você está escondendo sua mão, Daniel me mostra. – o pai fala imperativamente.

- Pai por favor não briga comigo! – o menino fala mostrando suas mãos, estavam sujas de sangue, o pai as segurou e olhou para o garoto.

- Você tossiu sangue?

- Foi... – o garoto responde com vergonha, seu pai então percebe seu suor e confere se a temperatura de seu garoto estava normal, o menino estava com muita febre, Hellt o coloca na cama.

- Desde quando você está assim? – o pai pergunta.

- Faz algum tempo, eu não sei ao certo, eu pensei que era só tosse, eu não queria te preocupar a toa pai.

- Me preocupar a toa?! Você não pode me esconder doenças porque elas evoluem... – o pai falava em tom de preocupação. – Eu vou falar com o Augusto, vou pedir pra ele ver um médico na cidade mais próxima, você vai ficar bem meu garoto!

Augusto pediu para que um conhecido fosse a cidade vizinha em seu lugar para procurar um médico porque o caminho era longo e o garoto precisava de cuidados imediatos e o próprio Augusto é o que tinha melhor noção de medicina daquele arquipélago.

- Como ele ta Augusto? O Daniel vai ficar bom? – Hellt pergunta após Augusto o examinar.

- Eu não sei Hellt, eu não sou médico, eu só tenho noção de pouquíssimas coisas, o que sei é que ele tem que se hidratar constantemente, coloque um pano úmido em sua testa para tentar evitar que a febre suba...

- Isso é culpa minha, aonde eu tava que não vi que meu menino tava doente? Eu só pensava na Maria que se foi e esqueci de quem tava vivo, eu não posso perder meu menino também Augusto, não conseguirei viver sem ele!

- Esse garoto te ama Hellt e ele sabe o quanto você o ama, temos que continuar cuidando dele e torcendo e fazendo nossas orações para que ele melhore! – Augusto falara.

Aquele mês foi tortuoso demais para pai e filho, o garoto só piorava e nada de nenhum médico aparecer, o problema de se estar em um lugar como Esmeralda é à distância de tudo. Hellt via seu filho definhando na sua frente sem poder fazer nada.

- Pai... – o garoto chamava por Hellt com sua voz debilitada naquela noite. – Pai... O senhor me desculpa por não ser um bom filho? O senhor me desculpa por não ter conseguido te fazer feliz depois que a mãe morreu?

- Que história é essa garoto? Você é um filho excelente! E você me faz feliz a cada dia! Olha só, quando você melhorar eu vou te levar comigo pra conhecer uma cidade próxima daqui, lá eles tem um loja de artesanato com uns barquinhos bonitos... – o pai falava em tom meio desesperado...

- Que bom saber que o senhor nunca deixou de gostar de mim né? Mas é uma pena eu não poder ver essa loja com o senhor... – lágrimas começam a aparecer no garoto e consequentemente no pai. – Eu to morrendo pai e eu não quero que a vida do senhor acabe por isso, eu escuto o senhor falando com o Augusto, que o senhor morre se eu morrer... Não faça isso, viva por mim e pela mãe, busque o que te faz feliz! Lembra o quanto de vezes que o senhor falava isso?!

- Não fala assim Daniel, você não vai morrer! Não é certo que uma pessoa enterre seus pais, sua esposa e seu filho, isso não vai acontecer!!! – o desespero do pai aumentava a cada palavra.

- Te amo pai, te amo muito! – o garoto fala e fecha seus olhos, Hellt se desespera, seu choro se torna gritos, seu filho está morto, havia perdido a luta contra aquela doença ao qual nem sabia o nome, alguns minutos depois Augusto adentra a casa e vê a cena de pai chorando sobre o corpo do filho, não sabia o que dizer, não sabia o que fazer.

No dia seguinte Hellt enterra seu filho ao lado da cova de sua esposa, depois de enterrar seu garoto se sentou ali e olhou o céu.

- Hellt, só quero que você saiba que não precisa passar por isso sozinho. – Augusto fala.

- Você sempre foi amigo da família irmão... – Hellt nunca falara assim com aquele senhor. – Acho que o resto de minha alma morreu ontem e acho também que chorei uma vida nos últimos anos... – ele se levanta e segue até sua casa.

- Aonde vai Hellt?

- Procurar serviço, to tempo demais sem trabalhar e preciso comer não é? Cuida da minha casa por mim irmão, da horta, das árvores, dos barquinhos, por favor! – depois dessas palavras entrou e fez suas malas. Seguiu sua vida de trabalhos no mar, voltava em casa e ficava alguns poucos dias, essa foi sua rotina até um dia em que contemplava a lua cheia na proa de um cargueiro, “ele gostava muito dessa lua”, ele pensou, nesse instante ele olha para baixo e vê um barril grande, naquele momento ele pensou no que poderia haver ali dentro até que...

- Heeeeiiiiiiii, tuuudoooo beeeem??? – a tampa do barril sai revelando uma pessoa dentro, ele se assusta, rapidamente corre e pega uma corda enorme e lança para a pessoa no barril, pra surpresa do tripulante aquela pessoa era uma criança... Sua vida mudaria mais uma vez.

Preview:

- E foi muito louco, quer dizer, como aquele moleque não morreu com os tiros? Aquela pele e a camada de gordura dele são bem resistentes, pra tirar as balas do corpo dele foi muito difícil! Era visível que ele sentia dor, mas não falava nada e nem se pronunciava, só fingia um sorriso inocente... Aquele garoto é doente da cabeça! – se referia ao jovem capitão da caravela ACD, ele havia conversado sobre suas aventuras como integrante do navio, de repente uma lágrima desce.

- Eu sinto tanto a falta de vocês! Eu queria tanto que estivessem aqui do meu lado, se eu pudesse voltar no tempo e corrigir as coisas eu... Eu nunca deixaria que aqueles piratas encostassem a mão em você querida, eu prestaria mais atenção em você meu menino e te levaria ao médico quando os sintomas aparecessem, mas o tempo não pode voltar... – A tristeza que sentia era monstruosa, sentia um misto de saudade e culpa que nunca passara, subitamente ele escuta uma voz de criança.

- Eles são sua família? – Daniel pergunta ao ver Hellt sentado a frente daquelas cruzes, o garoto conhecia túmulos improvisados já que em sua tribo todos os túmulos eram assim.

- O que você ta fazendo aqui Daniel? – o desenhista fala limpando seus olhos rapidamente. – Sim eles são minha família.

- Eu posso conversar com eles? – o garoto pergunta se aproximando do desenhista e se abaixando.

Próximo capítulo: Oi família, meu nome é Daniel



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Notas finais do capítulo

Próximo cap voltamos a história principal...........
té mais.........



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