Eu sabia que esse momento chegaria, tentei adiá-lo o máximo que consegui, mas como se Stefan adivinhasse o momento certo de me encontrar, nas primeiras horas da segunda-feira entrei no meu apartamento e o encontrei sentado no sofá. Seu olhar frio me dizia que ele estava muito bravo comigo. Eu não esperava menos, afinal, tinha estragado tudo. O casamento, a festa, a lua de mel e uma vida inteira ao seu lado como havíamos planejado.

Eu não sabia o que dizer e talvez nem ele mesmo soubesse. Ficamos nos encarando por um bom tempo. Eu me sentia um pouco envergonhada diante do que eu havia feito, mas eu acho que ele deveria se sentir ainda pior por saber que eu havia descoberto o que ele pretendia.

- E Damon não veio com você? – ele começou.

- Não coloque ele no meio disso, Stefan. – avisei.

- Ele já faz parte disso. – sua voz saindo gélida em cada palavra.

- Pare de falar como se Damon fosse culpado, quando o único que tem culpa por tudo isso aqui é você! – gritei.

Eu estava irritada por Stefan, mesmo depois de ter feito tudo o que fez, ainda querer colocar a culpa em Damon.

- Você já parou para pensar que quem poderia ter colocado aqueles papéis lá foi Damon? – ele apontou.

Surpreendi-me por suas palavras e pelo fato de eu realmente nunca ter pensado nisso. Não, ele não seria capaz, ou seria? Como pude confiar assim?

- Nós dois sabemos que isso não é verdade. – tentei jogar.

- É o que você quer acreditar. Elena, você duvida do meu amor por você? – Stefan perguntou aproximando-me de mim.

- Não duvido. Mas não confio mais em você.

- Mas nele você confia. Você não se preocupou em duvidar uma só vez do que ele é capaz.

- Eu já disse para parar de colocar Damon nisso, Stefan.

- Onde esteve até agora? – ele quis saber.

Gargalhei diante de sua pergunta, ele queria mesmo saber sobre a minha vida? Ele só poderia estar realmente louco se achava que eu devia explicações a ele.

- Não interessa. – provoquei.

- Estava com ele não é? – ele gritou.

Seus olhos tomados de fúria me encaravam com intensidade, Stefan veio até mim segurando em meus braços firmemente impedindo-me de sair de perto dele.

- Está me machucando. – avisei tentando soltar-me.

- Elena! – ouvi a voz de Damon me chamar do lado de fora da porta.

Stefan encarou-me confuso ao ouvir o chamado. Parecia que ele não sabia o que fazer. Tentei responder, mas ele tapou minha boca com a mão me impedindo de responder. Um sentimento de pavor ligeiramente me atingiu, o que havia de errado com ele? Estava agindo de uma forma tão bruta, muito diferente do seu jeito amável e carinhoso de me tratar.

Ele empurrou-me para o sofá me libertando e pedindo que eu ficasse em silêncio, temerosa, obedeci o seu pedido e esperei que Damon resolvesse ir embora. Alguns minutos em silêncio e parecia que ele havia desistido de me procurar em casa, fiquei aliviada ao perceber que estávamos sós e poderíamos continuar com a nossa conversa.

- Me desculpe. – Stefan disse massageando meu braço como antes eu fazia.

Surpreendi-me por sua atitude tão tranqüila agora, mas permaneci em silêncio por um momento esperando que ele continuasse.

- Eu não deveria ter feito o que fiz. Muito menos com você Elena. – seu olhar arrependido aos poucos me convencia. – Me desculpe.

- Eu perdôo você. – e não era nenhuma mentira.

Eu sentia que deveria perdoá-lo, seria melhor para todos nós. Não que fosse justo, mas era o certo. Eu ainda sentia que meus sentimentos por Stefan estavam vivos ali, mas eu estava magoada e era impossível continuar com qualquer tipo de relação com ele dessa maneira. O meu amor por Stefan era grande demais e por mais que ficássemos separados agora, perdoá-lo era o que eu deveria ao menos fazer.

- Então isso quer dizer que está tudo bem entre nós? – perguntou esperançoso.

- Não. Não podemos mais ficar juntos Stefan. Não vai funcionar. – seu olhar triste me surpreendera, levantei do sofá aproximando-me dele.

- Nós poderemos fazer funcionar. – ele segurou meu rosto entre suas mãos.

- Peça desculpa a Eliza por mim. - pedi segurando em seus pulsos e retirando suas mãos do meu rosto.

- Não me ama mais? – sua pergunta me pegou de surpresa.

Eu não queria mentir, porque a verdade era que meus sentimentos por Stefan estavam guardados em um lugar do meu coração que eu pretendia esquecer. Não podia falar que eu ainda o amava porque nem eu mesma tinha certeza disso, mas também não poderia falar que não, já que eu sabia que o que sentia por ele ainda estava ali, adormecido.

Aproximei-me de seu corpo forte e tão lindo e fiz o que eu acho que deveria ter feito. Abracei-o carinhosamente sem medo de demonstrar tudo o que eu sempre senti ao lado dele e por ele, recebendo também um forte abraço seu que eu poderia apostar que também demonstrava o mesmo.

Parece que a confusão finalmente havia se desfeito, eu me sentia bem, como se estivesse livrado um peso de minha consciência que eu jurava não existir. Estávamos bem e de todo o meu coração eu esperava que Stefan realmente tivesse compreendido.