Amargo Regresso escrita por Aki Nara
O motorista iniciou a perseguição, mas vendo o itinerário falou para a cliente.
_ Senhorita, ela está indo para o aeroporto de bimotores.
_ Tudo bem. Pode dar meia-volta. Siga para o hotel. Eu terei uma oportunidade melhor.
O sol se escondia no horizonte e retorno não foi menos nauseante, seu estômago embrulhava, sentia que o sangue se esvaia de seu rosto e quando finalmente o bimotor pousou, ela teve que aliviar o estômago ali mesmo, ainda bem que havia mato suficiente.
_ Desculpa, Jorge. Obrigada por me levar.
_ Por nada. É melhor a senhora cuidar do estômago.
_ Vou pedir um remédio pra Catarina.
Enquanto caminhava para a casa principal, a noite caia e sua sogra esperava por ela, do lado de fora.
_ Então... Como foi?
_ O resultado sai em alguns dias e vem por Internet.
_ Você está pálida.
_ Eu acabei de vomitar e estou com um gosto terrível na... – ela correu para o banheiro perto da piscina.
_ Querida. Acho que você não precisa de uma confirmação – Catarina sorriu. – Se ele te ver assim vai ficar preocupado.
_ Ângelo?
_ Sim. Ele veio buscá-la.
Mai bochechou e tentou se recompor da melhor maneira.
_ Quer jantar?
_ Não... – ela vomitava novamente.
_ Meu Deus! Vou trazer um picolé de limão.
Deitou-se na espreguiçadeira e esperou a sogra lhe trazer o picolé, mas não foi ela que se sentou ao seu lado. Ângelo estreitava os olhos preocupados em sua direção.
_ O que foi?
_ Um mal estar, mas já passou. Devo ter comido algo estragado. Pode me passar o picolé.
_ Claro – ele abriu e entregou para ela.
_ Hum. Obrigada. Isso é refrescante.
_ Então... Nem vai jantar com a gente?
_ Vou me deitar lá no seu quarto e você me chama depois?
_ Chamo – ele a levantou abraçando-a. – Onde esteve?
_ Posso contar depois? – chupava o picolé.
_ Tudo bem. Quer companhia?
_ Quero, mas prefiro que você coma primeiro. Afinal, nós não podemos adoecer os dois de uma vez.
_ Bem pensado – ele beijou sua testa antes de seguir para a sala de jantar enquanto ela subia para o quarto.
Alguns dias se passaram desde sua ida a capital, ansiava pelo resultado que chegaria pelo e.mail, mas a caixa de entrada estava cheia de futilidades fazendo-a passar a manhã enviando os arquivos para a lixeira.
_ O que está fazendo? – Ângelo parecia desconfiar de seu interesse repentino pelo computador. Passava mais tempo nele que em seu atelier desenhando.
_ Retirando as inutilidades.
_ É capaz de passar o dia inteiro e não conseguir.
_ Sério? Quem tem tempo para mandar essas porcarias?
_ Pessoas que deveriam cuidar mais de sua vida real que virtual. Está esperando alguma mensagem?
_ Aham.
_ Você pode me dar licença? Eu preciso enviar uma correspondência com certa urgência.
_ Tudo bem, amor. Vou pegar um suco pra nós dois.
_ Ótimo. Eu estava com sede mesmo.
Juliana parou o carro diante da casa principal e olhou com inveja.
_ Isso não é justo. Era eu quem deveria estar casada com Ângelo.
_ Sim, minha querida. Não sei o que meu filho viu naquela oriental? Nem é de uma beleza exótica – subiu pelo caminho de pedras até a entrada principal e apertou a campainha.
_ Meu filho está? - perguntou para D. Maria.
_ Bom dia, senhora Dolores. Está sim, lá no escritório.
_ Venha Juliana – Dolores indicou o caminho para Juliana.
Elas entraram sem cerimônia pela porta aberta.
_ Olá, meu querido.
_ Dolores! – levantou-se surpreso.
_ Queria falar com você sobre minha viagem à Itália. Acho que já passei muito tempo aqui.
_ Boa viagem... Espero que não seja eu quem esteja lhe retendo.
_ Hunf! É você, sim. Onde está sua esposa?
_ Foi pegar um suco. Acho que vou lá dizer que temos companhia.
_ Não se preocupe. Ela vai adorar me ver. Faça companhia para Juliana. Eu já volto.
A mulher idosa sumiu fechando a porta e deixou um silêncio espaçoso entre os dois.
_ O que veio fazer aqui, Juliana?
_ Vim a convite de sua mãe. Ela gosta de mim - a ingenuidade falsa não passava despercebido.
_ Se fosse uma mulher ponderada recusaria o convite.
_ Acho que não sou ponderada.
_ Nota-se. O que você quer?
_ Calma. Eu não vim aqui para contar que nós tivemos um caso a dois anos atrás. Eu tenho algo para lhe mostrar. Você deixou de aceitar meu convite naquele dia, mas acho que não sabe o que sua esposa andou fazendo, sabe? – ela acertou no ponto sensível. – Foi o que pensei.
Ela sorriu diabolicamente antes de retirar o celular e passar para ele. Mai entrou naquele momento trazendo o suco e sua sogra logo atrás.
_ Ah! O nome dele é Augusto Cezar Medeiros – sentia o prazer em ver a face dela empalidecer.
_ Ângelo... – Mai sentia-se petrificar diante dos fatos incontestáveis.
_ O que foi fazer na capital?
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