Amargo Regresso escrita por Aki Nara


Capítulo 12
Capítulo 12 - Decisão




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Sua avó tinha razão, ela havia fugido por tempo demais e agora teria que encará-lo de frente, pois desta vez, a decisão que tomasse afetaria seu filho também. Sentia a raiva contida no modo como aquelas palavras foram ditas por Ângelo. Que resposta ele queria ouvir? Como se houvesse alternativa para ela.

_ Não posso mudar o passado, mesmo que quisesse – deu as costas para ele tentando esconder o medo e as emoções desconexas. – Bem... Já que não se importa mais em saber os motivos... Você me poupou de explicar muita coisa – voltou-se para encarar os olhos azuis com determinação. – Ken é a única certeza que me resta nesse mundo. Não existe uma segunda opção para mim. Faço qualquer coisa para estar junto dele, Ângelo.

As opções que ele lhe dera não eram viáveis. Pressentia que fora precipitada em dar-lhe uma resposta, mas seu filho era mais importante e ela não tinha tempo para pensar.

_ Desculpe, mas eu não acredito! – ele desviou o olhar e impaciente passou a mão nos cabelos. – Você não é frágil como seu pai imaginava. É só alguém egoísta e mimada, que foge diante da primeira dificuldade – havia dureza nos olhos azuis. – Você terá um ano inteiro para provar que posso confiar nosso filho aos seus cuidados.

De súbito, ele se aproximou agarrado-a pelos ombros e assustou-se ao perceber que seu corpo não esqueceu o toque daquelas mãos, sentiu a corrente elétrica passar por seu corpo deixando-a cheia de expectativas, pois via nos olhos dele que também não estava indiferente.

Estar nos braços de Ângelo novamente era uma sensação confortável, como sempre parecia ser o certo e sentia que aquele era o seu lugar. As mãos dele escorregaram naturalmente para sua cintura enquanto ela o envolvia com os braços. Os lábios se encontraram sôfregos a princípio, provando o sabor com carícias suaves que não conseguiam segurar a sede de explorar cada vez mais.

E ao mesmo tempo era desesperador estar numa busca desenfreada por carícias, bocas e mãos perdidas em lembranças que reavivavam o passado, sentia-se ofegar querendo muito mais que saciar a fome de seu corpo, queria sentir a junção completa de suas almas, queria se sentir novamente amada...

Ele se afastou do mesmo jeito que se aproximara, tinha medo de ver a expressão no rosto dele, mas se obrigou a enfrentá-lo, estava decidida a não fugir mais. O momento foi tão breve, num piscar de olhos viu a confusão ser tomada pela frieza e foi duro ouvir seu cinismo.

_ Obrigado pelo dejá vu. Foi bom recordar o passado. Vejo que será um ano muito interessante. Esteja preparada para viajar dentro de uma semana – espantou-se com o tom de comando.

_ Papai. – Ken entrava correndo. – Venha ver minha coleção de robôs. Eu posso mãe?

Mai cruzou os braços, sorriu para o filho confirmando com a cabeça.

_ Onde fica o seu quarto? – ele dava a mão para ser levado.

A semana passou correndo, pois havia muito a fazer em pouco tempo. Despedir-se da avó foi o mais difícil, mas Ângelo prometeu para o filho que a bisa estaria com eles novamente durante as férias e era impressionante como Ken havia se apegado ao pai em tão pouco tempo.

A viagem foi cansativa e apesar de se policiar, algumas vezes se viu nos braços dele dormindo recostada em seu ombro. Ângelo havia comprado uma casa na cidade e eles ficaram lá até se acostumarem com o fuso horário. A paisagem havia mudado bastante e já não reconhecia quase nada. Deveriam estar próximos da fazenda.

_ Falta muito papai? – Ken indagou pela enésima vez.

_ Já estamos percorrendo as cercas da fazenda. Veja bem porque tudo isso um dia será seu.

_ Puxa! Tem cavalos – o filho dizia extasiado.

O portão de entrada surgiu e Mai sentiu um enorme alívio, o nome ainda era o mesmo, “Fazenda dos Ipês”, as árvores estavam floridas, alternadas de amarelo e roxo que margeavam a casa principal. A casa tinha sido reformada e construções novas foram acrescentadas. Ela reconhecia aquela planta, as lágrimas surgiram quando viu o sonho de sua mãe realizado.

_ Seja bem-vindo Sr. Ângelo. Como foi de viagem? – uma mulher os recebia. – Os aposentos já foram providenciados.

_ Ótimo D. Maria. Esta é minha esposa Mai e meu filho Ken.

_ Como, senhor? – os nomes nem eram difíceis, mas diferentes aos ouvidos de quem não estava acostumado.

_ D. Maria! Pode me chamar de Cristina e bem... Ângelo para meu filho. Você se importa em ser chamado de Gustavo? – indagou ao marido.

_ Os nomes não são difíceis, a D. Maria vais se acostumar – ele dava a sentença final. – Ken! Acompanhe a D. Maria até o seu quarto.

_ Vou ter um quarto só meu? – ele arregalou os olhos.

_ Sim. Vai lá! A sua mãe já sobe. Okay?

_ Aham! – o garoto seguiu a senhora.

_ Venha até o escritório. Temos coisas para acertar – ela o seguiu até o escritório que era do pai.

Os móveis eram os mesmos só que restaurados, a madeira antiga voltava a brilhar e o único fato novo era que em vez da presença do pai, era Ângelo quem preenchia o espaço e sentava à escrivaninha. Ela se sentou na cadeira à frente cruzando as pernas e aguardou que ele iniciasse a conversa.

_ Você ainda é minha esposa, Mai.

_ De fato. Sou... – disse lacônica, mas estava apreensiva.

_ Quero que se esforce nisso?

_ Estou me esforçando.

_ Não vou tolerar outra fuga.

_ Quer meu passaporte?

_ Nem mentiras.

_ Será recíproco?

_ Teremos uma vida normal juntos.

_ E o que normal significa?

_ Trégua.

_ Estamos em guerra?

_ Você está sendo irônica e não está em condições de barganhar. Vai fazer do meu jeito. Estamos entendidos?

_ Perdão, Ângelo. Só estou cansada... Juro que meu humor estará melhor até o jantar. Posso ir?


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