Shattered Dreams escrita por Labi


Capítulo 14
Capítulo XII [Parte um]


Notas iniciais do capítulo

Júlio Roma, Hans Germânia (lamento o nome demasiado comum Mas após meia hora em pesquisa em sites de nomes de bebés germânicos acabei por decidir escolher algo simples.)



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# Arthur's POV #


Quando abri os olhos percebi imediatamente que não estava mais perto de Alfred. Estava rodeado por pequenas nuvens brancas e bem por cima de mim havia o céu.

Teria morrido de novo?

“Hans! Ele acordou!”

Assustei-me com a voz e sentei-me bruscamente, sentindo as nuvens suaves nas minhas mãos.

“Bem-vindo!”

  Fui forçado a olhar para todos os lados e por pouco não dei um grito ao ver um anjo enorme atrás de mim. Ele parecia ser mais velho, talvez uns 50 anos, e tinha umas asas que chegavam até ao chão com penas douradas que reflectiam a luz solar.

“Meu pequeno, ignora este bruto. Ele não sabe ser delicado.”

Um outro anjo, igualmente glorioso apareceu atrás do primeiro, mas este tinha longos cabelos loiros platinados que lhe chegavam quase pela cintura.

“Eu-“

“Certo, o Hans tem razão.”   O primeiro anjo estendeu a mão e eu, relutante, agarrei. Fui puxado com força e tentei manter o equilíbrio. Visto bem as coisas agora, o anjo era só um pouco mais alto que eu… Era talvez do tamanho de Alfred.

Alfred…

Senti a minha cabeça doer só de pensar nos últimos acontecimentos lá na Terra. Ele tinha-se fartado de mim e pedido para desaparecer mas depois… Esfreguei testa e voltei a concentrar-me no que o anjo dizia. Eu nunca mais veria Alfred, tinha de o tirar da minha cabeça.

“Tu deves ser o Arthur… Certo?”

Acenei afirmativamente com a cabeça. Se falasse agora, ainda desatava a chorar e isso não era nada bom para o meu ego.

“Eu sou o Júlio. Júlio Vargas. E ele é o Hans, o meu assistente!”

Vargas? Esse nome era-me familiar de algum lugar.

“P-prazer…”

O outro anjo, Hans, parecia irritado com o que Júlio tinha dito, mas mesmo assim não falou nada. Empurrou Júlio da sua frente e olhou seriamente para mim:

“Arthur, nós tínhamos te dado os 100 dias na Terra mas tu esgotaste a tua energia antes…”

“Eu… Eu sei.”

Ele suspirou e Júlio falou antes que o outro continuasse, “Reparamos também que as tuas asas não estavam a funcionar como deviam. Por isso decidimos dar-te umas novas.”

Franzi o sobrolho e olhei para as minhas costas. De facto, as asas estavam diferentes.  Estavam maiores e com um formato mais alargado.

Obrigado. Acho.” Agradeci, mesmo não sabendo que utilidade elas teriam.

“De nada miúdo. Sempre às ordens.”

“Júlio…” o outro falou num tom de voz ameaçador, “Eu estava a fa-“

“Já sei, já sei. Eu calo-me.”

Até eu conseguia sentir uma aura negra emanar do anjo loiro… Eu teria medo se ele falasse para mim assim.

“CONTINUANDO, bem… Nós andamos a vigiar-te desde que foste para a Terra e sabemos tudo o que aconteceu desde o dia da tua morte.”

Arrepiei-me e senti a minha cara aquecer. Eles sabiam de tudo? De TUDO… Literalmente?

“Pareces ter uma alma infortunada, porque ainda não podes descansar em paz por aqui…”

Como?

“Tiveste uma vida difícil enquanto humano e desperdiçaste a tua segunda oportunidade enquanto anjo…” ele suspirou e ficou pensativo por uns momentos antes de continuar, “És um caso complicado.”

Isso significava que ia ser mandado para o inferno ou algo do género? Abri a boca para perguntar mas fui interrompido por Júlio.

“O que ele está a tentar dizer, é que ainda não podes ficar aqui no Paraíso a viver porque tens gente lá em baixo que ainda se preocupa contigo.”

Rolei os olhos e bufei irritado, “Morrem pessoas todos os dias. Essas pessoas têm famílias. Não deveria então toda a gente se transformar em anjo?”   E como podia ter alguém preocupado comigo se os meus pais nunca quiseram saber de mim e Alfred me tinha pedido para desaparecer?

Hans fez um meio sorriso e olhou de lado para Júlio, “É uma teoria pertinente. Mas nem todos os tiveram vida vêm para o Paraíso… Se é que me entendes. Além do mais, há gente que morre de causas naturais e essas, como é óbvio, já viveram a vida em pleno na Terra.”

Fazia sentido. Além do mais nada me garantia que não houvessem muitos mais anjos na Terra. Afinal de contas, se eu podia ficar invisível ou disfarçado de humano, os outros também o podem.

Júlio suspirou e estendeu a mão que segurava uma caixa de cartão pequena. Eu peguei nela e ele disse-me:

Vamos te deixar agora a descansar um pouco para que depois possamos discutir algumas coisas. Essa caixa tem um espelho mágico que permite visualizar a Terra. “  ele piscou o olho de uma forma que me fez lembrar o Francis, “Tenho a certeza que queres ver como algumas pessoas estão.”

“Mas…”

“Nós estávamos a pensar em dar-te uma terceira oportunidade. Vamos tentar convencer o S.Pedro a deixar-te voltar lá baixo por uns dias. Só para resolver as coisas.”

O meu coração começou a bater furiosamente. Voltar lá baixo? Para Alfred? Justamente quando ele me começou a odiar? Isso não parecia boa ideia…

“Mas eu-“

“Vamos Júlio. S.Pedro não gosta de atrasos.”

Júlio seguiu Hans e depois começou a bater as asas para levantar voo. Já estava lá em cima quando me gritou:

“Arthur! Depois voltamos!”

Num piscar de olhos desapareceram por entre as nuvens. 

Deixei-me cair de joelhos e olhei para a caixa que tinha nas mãos. Podia tentar ver o que Alfred estava a fazer… Duvido que ele sinta a minha falta, mas ainda assim tinha alguma esperança… Será que o pai dele já estava bem? Como lhe teria corrido o teste de Matemática?

Sentei-me e encostei as costas a uma nuvem.  Era estranho estar no meio de todo este “algodão doce” branco e fofo.   Com a ponta dos dedos peguei num bocadinho de uma nuvem e pus na boca, mas no lugar de saber a algodão doce, a nuvem sabia a terra.

Resisti ao impulso de cuspir aquilo.

Olhei novamente para a caixa e decidi abrir.  Lá dentro tinha um pequeno espelho oval com as bordas douradas.  Fechei os olhos e pensei em quem queria ver.

Alfred.

Quando os abri novamente, lá estava ele reflectido no espelho.


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Notas finais do capítulo

Este capitulo ficou a metade do que eu tinha planeado. Desta vez não é falta de tempo, até porque começaram as minhas férias ontem e tempo é coisa que não falta, mas sim falta de inspiração. Eu ia falar da chegada ao Paraíso de Arthur e de como o Alfred estava a reagir na Terra Mas o Alfred odeia-me (e tem motivos para isso ainda para mais depois do último capitulo) Então não consigo determinar quando será que vou postar o próximo capitulo. Eu queria ver se o escrevia ainda hoje e o postava até segunda-feira Então Obrigada pela compreensão.