Shattered Dreams escrita por Labi


Capítulo 13
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

Vocês vão me matar por isto. Sério. De qualquer forma, este cap foi escrito enquanto ouvia Nemo-Nightwish e Looking for Angels - Skillet....
*corre*



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Alfred nunca tinha tido uma semana tão horrível como aquela.

O estado do seu pai não tinha piorado nem melhorado e isso causava tanto nele como na sua mãe uma agitação inexplicável. Faziam turnos para ir ao hospital, já que só podia haver uma visita de cada vez. E como tal, Alfred começou a faltar às aulas. Tanto a SrªJones como Arthur insistiam que ele devia voltar para casa e para as aulas. Até mesmo Kiku e Matthew lhe tinham telefonado para saber o que tinha acontecido, mas ele apenas explicou por alto e disse-lhes que estava bem.

Arthur tinha vontade de lhe pegar no telemóvel e ligar ao canadiano a dizer que o seu "primo" na verdade não estava nada bem.  Praticamente não comia e tinha insónias. Aos olhos do anjo, o americano parecia um farrapo humano. O inglês tentava ajudar, mas o americano não deixava. Ignorava-o e escondia-se debaixo dos cobertores.

Ao princípio Arthur deixava-o sozinho, mas depois também ele começou a sentir-se frustrado... Tentava iniciar conversa, convence-lo a fazer alguma coisa, e isso provocou muitas discussões e atrito entre eles.

Num final de tarde, depois da SrªJones ter ido para o hospital, Arthur foi ao quarto do americano e sentou-se na beira da cama:

"Alfred... Já chega."

"Não me chateies."

"Já reparaste que até a tua mãe quer que voltes para casa?"

"Cala-te."

"Tens de reagir! Vais agir como um cobarde agora?"

O americano sentou-se na cama bruscamente e olhou furioso para o anjo:

"Não estou a ser cobarde!"

"Não. Que ideia." , respondeu, cruzando os braços.

"Mete-te na tua vida."

"Não mudes de assunto."

Alfred respirou fundo e quase gritou:

"Tu não compreendes!"

"Não? Como-"

"Para de tentar meter-te na minha vida! Deixa-me agir como eu quero. Tu não entendes como me sinto! O meu pai pode morrer a qualquer momento! TU NÃO COMPREENDES!"

Arthur arregalou os olhos com espanto e ia falar, mas Alfred não deixou:

"Para ti não te faz diferença pois não? Quer dizer, tu daqui a dois ou três meses desapareces. Que diferença te faz se eu ajo ou não como um cobarde? O facto da tua família não se importar contigo não significa que eu não me preocupe com a minha!"

"Alfred-"

"Desaparece de vez! Desaparece da minha frente!"

O anjo pressionou os lábios numa linha fina e olhou furiosamente para o americano:

"Com todo o prazer."

Levantou-se e saiu do quarto, batendo com a porta.

Alfred colocou uma mão á frente da boca e ainda tentou agarrar no pulso do outro, mas não foi a tempo. Levantou-se a correr mas quando chegou á sala, Arthur já tinha saído do apartamento.

Voltou para o quarto, deixou-se cair de costas na cama e atirou a almofada para a porta.

"MERDA!"

##

Arthur nem se tinha dado ao trabalho de usar magia para ficar visível. Apenas andava apressadamente em direcção ao hospital. A sua sorte é que nem tinha muita gente na rua aquela hora, então ele não corria o perigo de bater contra alguém distraído.

Limpava furiosamente as lágrimas que lhe caiam pela face. Odiava chorar... Ainda para mais quando o motivo era um caso perdido. Alfred não compreendia que ele só tentava ajudar? Trincou o interior da sua bochecha e fungou. Pelos vistos os seus irmãos sempre tinham tido razão: ele era um inútil.

Quando chegou ao hospital passou com o maior cuidado pelo porteiro e pelas enfermeiras que andavam pelos corredores. Quando chegou ao último corredor, viu a mãe de Alfred falar com a enfermeira. Aproveitou o momento e entrou no quarto.

O Sr.Jones estava deitado na maca. Tinha ligaduras na cabeça e no braço, pelo menos era o que Arthur conseguia ver. Aproximou-se dele e tocou-lhe com a mão na testa, pegando na varinha com a outra mão.

Fechou os olhos e concentrou-se. Ele sabia que não podia curar as feridas do homem, a única vez que tinha tentado isso foi com Alfred e foi apenas uma febre, não algo tão grave como isto. Ouviu passos e receou que fosse a SrªJones a voltar, então apressou-se. Ia lhe passar toda a energia que tinha, talvez assim ele assim conseguisse regenerar mais depressa...

"Desaparece de vez! Desaparece da minha frente!" , as palavras de Alfred ressoavam na sua mente.  Ele não tinha outro lugar para ir, então mesmo que desse toda a energia ao Sr.Jones e desaparecesse antes do tempo previsto, não ia fazer diferença a ninguém e pelo menos ficaria com a ideia que não foi totalmente inútil.

Apertou a varinha na sua mão e ela começou a brilhar.  A cada momento que passava, o anjo sentia-se mais fraco e a sua visão começava a ficar desfocada.  Sentiu o Sr.Jones mexer-se ligeiramente e então aumentou ainda mais o fluxo de energia.

Uma máquina a que ele estava ligado começou a apitar e quase logo entrou a enfermeira aos gritos:

"Srª Jones!! Ele está a acordar! Ele saiu do coma!"

Arthur vacilou e afastou-se do homem. Sentia as suas pernas a tremer e mal se conseguia mexer, mas tinha de sair dali. Deu alguns passos atrás e sentou-se na janela, que estava aberta, e já não tinha quase energia nenhuma. Caiu para trás e aterrou no jardim de rosas no lado de fora.

"Ainda bem que era o rés-do-chão" pensou, antes de fechar os olhos e esperar que alguma coisa acontecesse.

##

Mal recebeu um telefonema do hospital, Alfred foi o mais depressa que conseguiu para lá. Ao chegar á recepção, a senhora que lá estava disse-lhe que o seu pai tinha saído do coma e mudado para um quarto diferente. Alfred ouviu as direcções e foi a correr até lá. Mal viu a sua mãe, abraçou-se a ela.

"Alfred!"

Ele sorriu levemente e beijou-lhe a testa, "Ele agora está bem?"

"Mais do que bem! Está a recuperar a uma velocidade estonteante!" anunciou o médico, ao entrar pelo quarto.

"Quando acha que ele vai acordar e voltar a falar, doutor?" perguntou timidamente a SrªJones.

"Isso não sei. Temos de esperar e ver."

"Certo."  ela sorriu e apertou Alfred novamente num abraço , "Pelo menos agora não corre tanto perigo."

A enfermeira entrou no quarto com uns aparelhos esquisitos e sorriu para eles:

"Parece que o Sr.Jones tem um anjo da guarda."

O coração de Alfred bateu mais forte. Com tantas notícias ao mesmo tempo, tinha-se esquecido do anjo...

"Já sabe as regras não é? Um visitante de cada vez."

"Mas doutor-"

"Já abrimos excepção por agora, mas vai ter mesmo de ir embora."

"Alfred... Volta para casa. Se ele acordar eu aviso ok? E tu na segunda-feira voltas para as aulas."

"Mãe!"

"Ponto final."

Alfred rolou os olhos, aproximou-se do seu pai e beijou-lhe de leve a testa. Sentia-se muito mais leve agora que sabia que o seu pai não estava em perigo.

"Ele fica bem, não te preocupes." disse o médico.

"C-certo... Até amanhã."

Passou pela mãe e abraçou-a novamente.

Depois de descer as escadas e ter voltado a sair do hospital, tinha ainda um assunto na sua mente: Arthur.

Ia a passar pelos jardins do hospital para encontrar a saída, quando olhou por instinto para a janela do quarto antigo do seu pai. E foi então que sentiu todo o seu sangue a esvaiar-se.Num dos arbustos, tinha penas. Penas que ele conhecia demasiado bem.

"Parece que o Sr.Jones tem um anjo da guarda."

Alfred arregalou os olhos com a súbita compreensão. O seu pai tinha melhorado graças á magia de Arthur! Lembrou-se de quando ficou doente e Arthur o tinha curado e por culpa disso não tinha conseguido usar magia durante umas horas. Para curar o seu pai ele devia ter usado quase toda a magia...

"Arthur!"

Correu na direcção do arbusto e encontrou o inglês deitado no meio da relva. Mas algo não batia certo.

O anjo parecia semi-transparente, como um holograma. E cada vez desaparecia mais.

"Arthur! Acorda!"

Caiu de joelhos ao lado dele e pegou-o ao colo.

"Arthur... Por favor..."

Sentia a sua visão ficar embaciada com lágrimas enquanto tirava a franja da frente dos olhos dele.

"D-desculpa... Fui estúpido e injusto e-  P-por favor acorda!"

O anjo no seu colo quase não tinha peso nenhum, nem temperatura corporal.

"A-Alfred?"  ele abriu os olhos, piscando para se adoptar á luz e logo foi apertado contra o peito do americano com mais força.

"Desculpa Arthur... Desculpa... Eu..."

O inglês sorriu ligeiramente e disse, " Pelo menos não fui inútil até ao último momento."

"Tu- Tu nunca foste inútil!" as lágrimas corriam ainda mais rápido pelo seu rosto, "Eu- Arthur... Eu... Não desapareças!"

O anjo levantou a cabeça e juntou os seus lábios aos do loiro. Alfred ficou surpreendido pela acção, fechou os seus olhos e acariciou a nuca dele. Quase nem sentia o outro…

Quando os voltou a abrir, já não tinha ninguém no seu colo.

Arthur tinha desaparecido.


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