Fomos tomar o café da manhã, Cissa ainda olhava para Tom como se ele fosse um dragão de 8 cabeças.

- Vocês deverão voltar cedo, Narcisa. – Informou Tom.

- Controlador possessivo. – Resmunguei.

- Como? Pode repetir? – Disse ele me olhando com uma sobrancelha arqueada.

- Nada não querido. – Respondi dando meu melhor sorriso. – Então, Cissa, você tem idéia de qual é o melhor lugar para comprarmos meu vestido?

- Bem, Hellena, existe a Bruxas Elegantes, Noiva Teatral e a Super Moderna. São lojas maravilhosas. – Disse ela com aquele brilho no olhar.

- Ótimo. Quero visitar todas. – Meus olhos brilharam como os dela enquanto eu falava.

O resto do café se seguiu em silêncio. Cissa ainda olhava indignada para Tom e este, por sua vez, ria disso.

Eu estava feliz por vê-lo rir. Era tão bom me lembrar do meu Tom, do Tom que foi apenas um adolescente psicopata (sentiu a ironia?)... Eu lembro tão bem de tudo que ele e a Lorena passaram. Eu pensei que voltaria mais cedo para perto dele, mas não consegui. Ele havia se tornado um monstro, e quem visse sua face agora, nunca imaginaria isso, um jovem homem, moreno, olhos verdes, vinte e tantos anos. Tão lindo... Mas eu nunca poderia me esquecer de tudo que ele fez. Eu amo ele, muito mesmo, mas ainda é difícil pensar em me casar com um assassino psicopata megalomaníaco.

Ainda é difícil acreditar também que sou sangue-puro. Não que me importe, claro. Porém penso sempre no “e se...”. E se eu fosse mestiça? Tom me mataria? E se eu nunca me lembrasse dele? Viraria só mais um cadáver no porão dos Malfoy? E se eu não me parecesse fisicamente com a Lorena? Será que Tom teria deixado aquele comensal imundo me estuprar?

São tantas duvidas, e ao pensar nelas, ouço a voz da Annelisy me dizendo que tenho que parar de me preocupar com tudo. E ai me vem a lembrança: Se a Anne for mesmo uma parente distante do James, isso quer dizer que Tom irá querer matá-la. Mas, ela sempre foi tão boa para mim. E por que Tom iria fazer isso? O que Annelisy e a prima dela fizeram ao Tom? Tenho que me lembrar de questioná-lo sobre isso mais tarde.

- Lena? Esta me ouvindo, querida? – Sai dos meus pensamentos com a voz aveludada do Tom me chamando.

- Desculpe, acho que ainda estou com sono.  Pode repetir, anjo? – Menti.

- Eu disse que é para você se cuidar, e caso o Potter apareça, Narcisa deve chamar alguns comensais imediatamente para o local. Não quero correr o risco de deixar o Potter te machucar... de novo.

- Claro, Mi lord. – Cissa respondeu, como sempre, muito respeitosamente.

Porém eu...

- Podexá Tom! Mesmo que eu ache que seria fácil teus comensais me atacarem e nem ver o Potter. – Comentei meio brincalhona e meio séria. Narcisa arregalou seus lindos olhos azuis enquanto Tom franzia o cenho para mim.

- Eu mataria qualquer um que ousasse apontar uma varinha para você. E seria bom, Narcisa, se você avisasse isso à Bellatriz. – Tecnicamente, Tom falou isso com seu tom mandão costumeiro. Mas a frieza com que as palavras foram ditas é deu todo efeito amedrontador.

- Bem, até mais tarde, anjo. – Disse pulando em Tom e o abraçando. Tenho a leve impressão que ele ficou constrangido, mas tudo que ele fez foi sussurrar perto do meu ouvido “anjo? Sério?”.

Eu e Cissa em seguida aparatamos direto no beco diagonal. Fomos primeiramente à Noiva teatral. Provei uns 20 vestidos, e não gostei de nenhum.

Fomos então para Hogsmead. Chegamos à Bruxas Elegantes e assim que eu entrei pela porta, encontrei meu vestido.

A senhora mais idosa (provavelmente dona da loja) carregava-o para uma das manequins, mas eu a interrompi.

- É este o vestido.

Narcisa chegou perto e praticamente arrancou-o das mãos da idosa.

- Desculpe, mas este vestido já está encomendado. – Disse-me ela.

Eu abri a boca para responder, mas a voz falsamente doce de Narcisa chegou aos meus ouvidos.

- A senhora não está entendendo a situação. Tenho certeza que sabe sobre o casamento do nosso Lorde, não é, Sra Pilveres. – Depois de a velha assentir, Narcisa continuou. – Pois bem, este vestido é para a noiva dele. Estamos aqui para escolher por ela, à pedido do Lorde.

- Ah, me desculpe senhora Malfoy, podem ficar com o vestido, é claro. – Disse ela, pensei que a mulher estava passando mal, de tão pálida que estava.

Depois de pagarmos (com muita insistência, já que a velha senhora não queria aceitar os galeões), fomo tomar um chá no café Madame Padfoot. É claro que ao chegarmos lá demos de cara com trocentos alunos de Hogwarts. Alguns me viram, e arregalaram seus olhos, mas ignorei. Apenas um me chamou a atenção: Assim que o garoto, que devia estar no 1º ou 2º ano, me viu, ele saiu correndo e entrou no Cabeça de Javali.

Sentamo-nos em uma mesa do lado de fora do café e logo a atendente veio nos atender:

- Olá senhoras, o que vão desejar?

- Vou querer um bolo de morango com muitos suspiros. E um chá de folhas de laranja. – Pedi sorrindo.

- Para mim, pode trazer uma mini torta de limão e um chá de morango. – Pediu Cissa com toda aquela elegância que eu invejo.

- Cissa, morro de inveja da sua elegância. – Fiz eco aos meus pensamentos.

Quando Cissa ia me responder, ouço uma voz conhecida.