Minhas férias mal haviam começado e eu já estava a caminho Acampamento Meio-Sangue, o sol estava nascendo e eu dirigia meu Camaro 69 que comprei pouco antes das aulas acabarem, o carro era prateado com duas listras negras atravessadas ao meio, era simples, porém especial, os filhos de Hefesto cuidaram do detalhe que me lembrava do que me trouxe até aqui. Em cima do capo se projetava um pequeno tridente prateado, que dava pra ser visto do banco do motorista. Eu levava minha namorada Annabeth , minha amiga Rachel e Sally, minha MÃE!

- Cuidado Percy! Vá mais devagar querido!

Annabeth e Rachel riam discretamente,

- Mãe eu estou na velocidade permitida, é uma rodovia se eu não andar rápido passam por cima de nós – Disse em tom exaustivo.

- Tudo bem, mas... Tome cuidado filho!

Eu completaria 18 no ano seguinte e minha mãe ainda me tratava como uma criança, como todas as mães, mas a minha exagerava! Segundo ela porque enquanto seu filho perambulava pelo mundo, ele podia facilmente ser engolido por uma serpente gigante, ou atacado por algum tipo de monstro com cabeça de dragão corpo de leão e rabo de qualquer outro bicho.

- Acalme-se Sra. Jackson, Percy sabe o que faz – Disse Annabeth sorrindo.

- Eu não confiaria tanto Annie – Respondeu Rachel – Você se lembra da última vez que ele...

- Foi tudo perfeito! - Annabeth interrompeu como se não quisesse que Rachel contasse que Percy atropelou uma Dracnae. Da ultima vez que ele estava dirigindo.

É... É claro ! Tudo perfeito – Corrigiu Rachel

Minha mãe franziu a testa como se soubesse que elas estavam mentindo, mas resolveu deixar pra lá.

Chegamos ao Acampamento, minha mãe me encheu de beijos e disse milhões de vezes pra eu tomar cuidado, deu tchau a todos, pegou o carro e partiu.

Chegar ao Acampamento Meio Sangue é sentir uma mistura de emoções, boas é claro, felicidade, alívio, saber que simplesmente o mundo pode acabar, mas eu vou estar ali com meus amigos. Cumprimentei a todos e fui em direção a Casa Grande.

Todo o começo de verão o acampamento fica cheio de novas crianças, a maioria tem de 12 a 16 anos, eles chegam deixam seus pertences na Casa Grande e se dividem em pequenos grupos para conhecer o acampamento, e são guiados por alguém. Nesse verão, fui escolhido para guiar um grupo.

- Estou orgulhosa de você cabeça de alga! – Disse Annabeth com um sorriso no rosto.

- Nos vemos depois sabidinha, tenho muito trabalho pra fazer agora – Disse brincando.

- Sim senhor, “Mr.Jackson” - respondeu Annabeth com sarcasmo, mas ainda sorrindo.

Eu lhe dei um beijo e fui encontrar as crianças.

Em frente à Casa Grande se dividiam 5 filas de mais ou menos 10 crianças cada,  todas uniformizadas com a camiseta laranjada do Acampamento Meio-Sangue.

A minha esquerda se encontravam Connor e Travis Stoll, também guias, cada um de um grupo, Alice Miller do chalé Deméter também liderava um grupo, e a minha direita Clarisse La Rue.

- Que pena que nenhum monstro te matou Percy!

- É bom ver você também Clarisse.

Me dirigi às crianças, elas me olhavam atentamente como se cada palavra que eu dissesse fosse extremamente importante pra sua sobrevivência, o que não era muito diferente da realidade.

- Bom dia, meu nome é Percy Jackson e eu vou levá-los pra conhecer o acampamento, todos prontos? Tudo bem, ahn... Alguma pergunta ?

Uma garota levantou a mão, aparentava ter mais ou menos 15 anos, cabelos castanhos e encaracolados presos a um rabo de cavalo seus olhos negros e profundos, sim, ela era muito bonita.

- Sr. Jackson, quando seremos reconhecidos, quero dizer, quando vou saber realmente quem é a minha mãe?

- Ótima pergunta senhorita...?

- Amy. Amy Whitestone

- Amy! A cerimônia acontece à noite ao redor da fogueira onde a maioria é reconhecida, creio que alguns aqui já foram reconhecidos no mesmo instante que pisaram no acampamento.

Imediatamente todos olharam para um garotinho de mais ou menos 12 anos sacudindo a mão em cima da cabeça, onde pairava um sol holográfico indicando que ele era filho de Apolo.

Amy agradeceu timidamente, mas continuava com os olhos fixos em mim, corei na mesma hora.

- Ahn... Podem me seguir...

Após saírem da Casa Grande, passamos pela quadra onde alguns campistas jogavam vôlei, seguimos enfrente passando ao lado do pinheiro de Thalia que sustentava o velocino guardado por...

- Aquilo é um dragão... De verdade?

Perguntou um garoto espantado.

- Sim - respondi – Esse é nosso dragão de estimação, ele guarda o Velocino de Ouro, que mantém as fontes mágicas do acampamento.

Elas olham curiosas, porém com medo.

 Andamos pelo acampamento todo, passamos pelo riacho onde as náiades acenavam, apreciamos os sátiros tocando músicas enfrente aos campos de morango, ouvimos rugidos na floresta lá fora, vimos pégasus voando e terminamos em frente aos chalés, onde estavam as demais crianças.

- Bom, eu fico por aqui, espero que tenham aproveitado, agora vocês serão guiados pela Clarisse até o pavilhão de refeitório. Desejo boa sorte, e não se preocupem ela não morde. - Brinquei

Clarrise me deu um empurrão brincando.

Depois que começara a namorar, Clarisse tem ficado um pouco mais...Feminina digamos assim, as filhas de Afrodite estão tendo que trabalhar duro pra isso.

Clarisse encaminhou as crianças e eu segui ao meu chalé pra arrumar minhas coisas.

Quando cheguei me deparei com a porta entreaberta, entrei cautelosamente, e aquele cheiro me envolveu, cheiro de mar, que trazia tantas lembranças boas... Lembranças do meu pai, que eu não via desde meu ultimo aniversário, provavelmente ele estaria muito ocupado governando os 7 mares para dar um ‘oi’.

Tudo no chalé estava exatamente do jeito que eu havia deixado alguns acessórios de batalha, fotos, lembranças de missões passadas, e ali sentada a minha cama estava Annabeth, me olhando com seus grandes olhos cinzentos como se entendesse tudo o que se passava pela minha cabeça.

- Bom estar aqui de novo não é?

Ela estava ali, e era isso o que importava. Sentei ao seu lado e ela deitou a cabeça no meu ombro.

- Sim, muito bom, principalmente por ter você ao meu lado o dia inteiro.

Annabeth sorriu.

- Eu te amo – Disse ela.

- Eu também te amo.

- Arrumei suas coisas. Antes de você chegar, sua mãe me pediu, ela disse que você não é nem um pouco organizado e eu tive que concordar.

-  Ahn... Obrigado, mas da próxima vez, não escute o que minha mãe diz.

- Ah, eu achei isso. Embaixo do seu beliche

Ela tirou de trás do bolso uma foto minha e dela, sentados na praia dos fogos, ao lado de Silena e Charles.

- Ele ia gostar de ver como o acampamento está agora – Disse.

- Ele está no Elísio agora Percy, ao lado de Silena.

- Como sabemos?  Como... Tem tanta certeza? Quero dizer, ninguém que eu saiba já visitou o Elísio... Vivo.

- É o que contam todas as histórias Percy, você sabe ... todos os monstros que enfrentamos os Deuses de que somos filhos, as criaturas mágicas que convivemos, até então eram mitos. Não saberíamos de nada se não estivéssemos vivendo tudo isso.

Fui obrigado a sorrir, Annabeth era tão inteligente, passava o tempo todo estudando, enquanto trabalhava no projeto de restauração do Olimpo. Ela era brilhante, a menina mais inteligente que conhecia.

- Tudo bem sabidinha – disse sorrindo.

- Rachel quer nos ver, disse que é algo importante.

- Tudo bem, vamos.

Rachel estava sentada no anfiteatro usava jeans e sujos de canetinha, um casaco de lã verde aberto por cima de uma blusa branca, seus cabelos ruivos estavam  preso à uma faixa, ela escrevia na areia algumas coisas em grego antigo, o que eu não entendia é claro.

Rachel se colocou em pé assim que nos viu.

- Olá Percy.

- Oi Rachel, queria falar com a gente?

- Sim, e é importante, só não queria falar na frente da sua mãe, acho que ela não reagiria muito bem.

- Fala logo Rachel, está me deixando nervosa – Disse Annabeth

- Ahn tudo bem, não sei por onde eu começo...Tá, antes das férias começarem, eu tenho tido uns sonhos com vocês, vejo Percy , e você Annabeth, envolvidos em alguma coisa, algo...ruim

- Isso é realmente muito confuso – Disse

- Nada é realmente muito confuso, creio que uma missão está por vir, e tudo vai ser explicado. – Disse Annabeth com a testa franzida.

- Eu sinto o mesmo, hoje à noite... Na cerimônia! – Disse Rachel