Temécula escrita por Kuroi Namida


Capítulo 22
Capítulo 22




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/175180/chapter/22

Domingo, Jenn e Niana acordam cedo pra ir ao encontro de Dom em sua casa. Elas tentam sair de fininho sem que os tios de Jenn as vissem sair, mas eles estavam acordados já, e obviamente perguntaram a onde elas iriam tão cedo num domingo. Elas disfarçam dizendo que tem muitos trabalhos atrasados da escola e que decidiram aproveitar o dia livre pra correr atraz dos atrasos antes que as provas chegassem e elas estivessem penduradas. Depois disso elas seguem no carro de Jenn ate a casa de Dom.

Ao chegarem la, a porta estava apenas encostada. Jenn se preocupou pois não era costume de Dom manter a casa assim aberta pra quem quisesse entrar. Elas ficam um tempo na porta esperando pra ver se ele aparece mas nada de respostas vinham de dentro da casa. Então elas entram já esperando que algo ruim tivesse acontecido.

No meio do corredor, elas ouvem um barulho, como se algo tivesse caído dentro da casa. Elas se viram rapidamente pra dentro dos cômodos pra ver o que poderia ser. Bem nesse exato momento um cachorro, enorme pula na frente de Jenn lhe dando o maior susto. Ela cai sentada no piso, depois de um berro. Niana se assusta tambem mas consegue desviar do animal antes que ele a toque. Depois o bicho corre pela porta aberta e some pela rua. Dom aparece do nada na porta dos fundos, com um tipo de corrente feita de corda, e uns negócios estranhos nas pontas. Ele vê Jenn sentada no chão e Niana a ajudando a levantar.

DOM:_Estão atrasadas.. e deixaram meu cão fugir..

NIANA:_O que? –(diz Niana no susto em ver ele ali).

JENN:_De onde saiu essa fera?

DOM:_Ele é um bom cão. Estava assustado...

JENN:_Com o que? –(diz ela limpando as calças da poeira do chão).

DOM:_Com isso... –(ele estende a tal da corrente).

NIANA:_Ia prender o bicho nisso, ou torturar o coitado?

DOM:_Nem um, nem outro...

JENN:_Então o que?

DOM:_Estava treinando ele...

NIANA:_Que bom, tava se divertindo?!

DOM:_Treinado pra vocês...

NIANA:_Hã?!

DOM:_Ele deveria ser como um cão de guarda...

JENN:_Quer dizer levar esse bicho enorme pra minha casa?! Nem em sonho meu tio ia deixar, ele já tem alguns cães por la...

DOM:_Ele ajudaria na caça... ou melhor, na procura das pessoas que vocês terão que encontrar...

NIANA:_Ajudaria?

DOM:_Sim. Se ele voltar –(ele vai ate a porta), talves ainda seja útil...

NIANA:_Voce deixou a porta aberta, nem vem botar a culpa na gente...

DOM:_Bom, vamos ao que interessa... estão usando seus amuletos?

NIANA:_To com ele aqui... –(ela mostra-o pendurado no pescoço).

DOM:_E o seu Jenn? Vejo que não esta usando...

JENN:_Eu deixei o meu em casa... esqueci.

DOM:_Espero que não o esqueça novamente, pois ele é muito útil.

JENN:_Ta já sei. O que voce queria de tão importante?

DOM:_Venham comigo ate a biblioteca...

NIANA:_Legal, no fim sua mentira pros seus tios tinham um fundo de verdade ¬¬ .

JENN:_Ler numa manha de domingo. Um sonho realizado ¬¬.

DOM:_Parem de resmungar e venham logo!

Na biblioteca, eles leram muito, discutiram sobre algumas estratégias de onde encontrar as pessoas que tinham a marca de sacrifício, e aquelas que seriam os doadores do sacrifício. Afinal, eles descobriram que o sinal que fora marcado nas costas de Niana, não significava um sacrifício, mas sim uma devoção sem o consentimento da pessoa marcada. Ou seja, Niana teria sido marcada contra a vontade, para que servisse de trunfo pra aquele que a marcou. Ele a usaria quando fosse necessário, mas essa marca não teria muito poder sobre ela. Dom sabia exatamente o que fazer quanto a essa marca. E segundo ele, os amuletos dados por ele, tinham mais esse significado. Ele explica enquanto anda de um lado para o outro na biblioteca com um livro em mãos:

DOM:_Esse amuleto contem uma poderosa combinação de ervas finíssimas da índia, que eram usadas na antiguidade para afastar maus espíritos.

JENN:_Voce disse que isso não tinha nada a ver com espiritismo...

DOM:_E não tem... –(continua ele). Essas ervas eram usadas por igrejas. Eram benzidas e misturadas a óleos santos. Difícil explicar em detalhes, é muito químico. Mas o poder delas em si, não era afastar espíritos em si, mas sim, bloquear rituais pagãos, e feitiçarias que eram feitas contra os cristãos da época. Eram ervas santas. Mas elas foram abolidas depois de um certo século, por serem usadas tambem por bruxos. O que fez com que seu uso, fosse questionado.

NIANA:_Então tem um pouco de vodu nisso?

DOM:_Não. Como eu expliquei ontem. Elas apenas disfarçam o cheiro. Essa é a finalidade dessas ervas.

JENN:_Bom, porque voce sabe que eu odeio misticismo...

DOM:_Então... podemos voltar ao estudo?

NIANA:_Ja to com fome... –(disse baixinho lendo qualquer livro).

DOM:_Tenho torta no forno!

Niana e Jenn se olharam.

NIANA:_Voce que fez?

DOM:_Sim.

NIANA:_Não obrigado!

DOM:_Ela parece boa...

NIANA:_Voce ainda nem comeu?

DOM:_Não, eu estava ocupado com o cachorro.

NIANA:_Então depois que voce comer, talvez eu pense no seu caso... antes disso, prefiro esperar por um hambúrguer...

DOM:_Bom, você que sabe... você quer Jenn?!

JENN:_Porque eu? –(ela arregalou um olhão como se tivesse sendo convidada a uma sessão de tortura). Quer dizer. Não to com fome não! obrigado!

DOM:_Engraçadinhas... bem vamos ao que interessa...

E ali eles ficaram ate as onze e meia da manha, estudando, debatendo, discutindo. Etc...

Já no horário de voltarem pra casa, elas se despedem de Dom. Niana sai comendo um pedaço de torta afinal de contas a fome estava mais forte do que qualquer medo das mãos de cozinheiro de araque de Dom.

Elas entram no carro e vão ate a lanchonete comer algo mais saudável que não fosse doce.

Depois voltam pra casa onde ficam ate a noite. Havia uma festa legal pra irem mais a noite, mas elas optaram por ficar em casa jogando vídeo game no quarto de Jenn. Ela apanhou o aparelho de jogos do quarto do primo Devon aproveitando que ele não estava em casa e levou para seu quarto. La elas ficaram ate altas horas, comendo pipoca, e fazendo zueira como duas crianças!

Depois pegaram no sono. Capotaram do jeito que estavam... Jenn havia pego um grande colchão e esticado no chão do quarto para que elas ficassem a vontade, espalhadas bem abaixo da janela.

Depois disso, durante a semana seguinte, as coisas na cidade ficaram calmas novamente ate a quinta-feira, quando Jenn e Nia, viram em um noticiário local que dois corpos haviam sido encontrados próximos a um córrego, no sul da cidade. Ambos haviam sofrido alguns cortes pelo corpo, e haviam sido queimados. A identificação era quase impossível. Ainda haveria muitas investigações para descobrir o motivo dos assassinatos. No noticiário, a matéria dizia que era um possível ritual de sacrifício, usado por índios que moravam no local. Pelos meios como os corpos foram encontrados. Mas não havia nenhuma suspeita totalmente razoável ate o momento.

Jenn imaginou que poderiam ser os corpos dos rapazes que ela enfrentara na noite em que Nate estava com ela. Mas estaria faltando um corpo, se fosse esse o caso. Jenn preferiu não se preocupar. Afinal, não tinha nada que pudesse a envolver no caso. E tambem, nada que envolvesse o nome de Demetrio e sua “gangue”.

A noite Jenn e Nia, que estava passando a semana na mansão com a amiga. Pegam o carro e metem o pé, ou melhor, os pneus do carro, na estrada a caminho da escola. Assistem as primeiras aulas, depois vão para o ginásio onde haveria uma palestra, falando sobre segurança. Devido aos acontecimentos estranhos, que aconteceram nas ultimas semanas, desde assassinatos óbvios ate suicídios etc. a escola decidiu que seria uma boa idéia manter os alunos informados dos fatos, para se protegerem.

No caminho Jenn vê Nate, que não ia a escola desde a briga dos dois, sentado a mesa do refeitório, por onde todos passaram pra se dirigir ao ginásio. Ele estava sozinho lendo qualquer coisa, com os fones de ouvido. Jenn disse pra Nia que iria depois, e foi falar com o rapaz. Mas antes dela chegar a porta, um professor, chato a pediu que seguisse direto para o ginásio pois se tratava de assuntos importantes etc. Jenn quis xingar, mas ficou quieta e foi para o ginásio. Depois de todo o discurso sobre cuidados, e de que horários eram mais apropriados para se ficar na rua. Os alunos são dispensados para o pátio. Jenn decidi procurar Nate pelo pátio. Niana fica junto a um amigo de ambas, chamado Tyler...

Jenn roda a escola toda quase, sem encontra o rapaz, ate chegar no campo de futebol onde o vê sentado nas arquibancadas atirado pra traz, olhando pra cima. Ainda com seus fones de ouvido, ele nem vê quando ela sobe os degraus da arquibancada e para na sua frente.

JENN:_Nate... –(ele estava com os olhos fechados como se estivesse dormindo ao som que saia de seus fones). Nate... –(ela da um leve chute nas canelas dele pra chamar sua atenção).

NATE:_Hey... –(ele abre os olhos no susto, e vê que era Jenn).

JENN:_OI..

NATE:_Oi.. –(ele tira os fones e os guarda na mochila).

JENN:_Sera que da pra gente conversa?

Nate suspira olhando pra ela, mas concorda apenas aguardando que ela comece:

JENN:_Porque não veio as aulas dessa semana?

NATE:_Não achei que fosse importante...

JENN:_Sei... –(ela se senta a um degrau abaixo).

NATE:_O que voce quer?

JENN:_Ta, olha eu sei, que voce não quer falar comigo, mas eu tenho uma coisa importante pra te pedir..

NATE:_O que?

JENN:_Eu quero que voce fique com uma coisa...

Ela abre o zíper da mochila e pega o amuleto que Dom havia dado a ela.

NATE:_O que é isso?

JENN:_É importante... eu quero que voce fique com isso... –(ela estende o amuleto).

NATE:_Porque?

JENN:_Dom me deu. Ele disse que isso vai manter voce seguro. Parece que isso mantém aquelas “coisas” longe.

NATE:_Um amuleto?

JENN:_É... Eu sei, é estranho. Mas ele me garantiu que funciona. É como um bloqueio de GPS... –(ela sorri). Ele impede que eles te achem...

NATE:_Porque ele acha que isso funciona? –(ele pega o amuleto e fica observando-o rodando entre os dedos).

JENN:_Eu não sei, mas eu confio nele. Eles podem encontrar você a distancia, so por causa do seu cheiro. Isso vai deixar eles confusos.

NATE:_Não, obrigado... –(ele devolve pra Jenn o amuleto).

JENN:_Nate por favor... se não for por mim, que faça pela sua família. É melhor que eles não achem você...

NATE:_Você devia usar isso...

JENN:_Você precisa mais do que eu...

NATE:_Você tem um?

JENN:_Não. Esse é o meu, e to dando pra você...

NATE:_Por que? Você é quem precisa disso?

JENN:_Não, eu não preciso. Eu não quero me esconder. Eu não me importo que eles me achem. Eu posso lidar com isso, você não.

NATE:_Eu não vou usar isso... isso é seu...

Jenn pega o amuleto, se levanta e o deixa sobre um dos degraus. Depois olha pro Nate e diz seria:

JENN:_Então deixe que alguém encontre e use... porque se você não usar isso, eu tambem não vou usar... –(ela se vira e começa a descer os degraus).

NATE:_Jenn, (ele se levanta, pega o amuleto e desce atraz dela). Espera...

JENN:_O que? –(ela para no penúltimo degrau).

NATE:_Porque ta me dando isso?

JENN:_Pra você ficar seguro. Eu não posso garantir que você vai ficar seguro, nem estando perto de mim, quanto mais longe. Não importa se agente ta junto ou não, eles sabem que eu me importo com você, e vão querer usar isso contra mim, na primeira oportunidade que tiverem. Posso levar uns esporos na boa, mas não da pra não me importar com o que acontecer com você...

NATE:_Isso funciona mesmo? –(pergunta depois de uns segundos em silencio).

JENN:_Eu não sei... mas se funcionar, prefiro que seja com você...

Ele olha pra ela por alguns segundos, depois olha pros lados, e coloca o tal amuleto no pescoço.

NATE:_Tudo bem...

JENN:_Obrigado! –(ela sorri aliviada).

NATE:_Isso é feito com o que? –(ele faz uma cara estranha, olhando pro pingente).

JENN:_Não me pergunte...

NATE:_Isso não tem um cheiro muito bom!

JENN:_É...Eu sei... mas sabonete não ia ter o mesmo efeito!

NATE:_Tem certeza que isso não é pra me manter longe das garotas?! –(Ele sorri).

JENN:_Engraçadinho! –(ela olha bem no fundo dos olhos dele). Eu não preciso de um amuleto pra manter as meninas longe de você. Meu punho fechado, é um amuleto mais perigoso e eficaz!  –(ela sorri).

NATE:_Sei... –(ele ri depois olha pra ela fixamente nos olhos).

JENN:_Eu tenho que ir... –(ela se vira pra ir embora, mas ele segura ela pela mão).

NATE:_Espera...

JENN:_Que foi?

Ele continua olhando pra ela como se de alguma forma, pudesse se comunicar com ela através daquele olhar, e vice-versa. Ela tambem retribui o olhar, e sente um certo calor no peito, que era inevitável. Durou segundos, mas parecia um tempo longo. A sensação de te-lo ali perto, era algo que a deixava extremamente calma, e aliviada. Ele não disse sequer uma palavra, mas foi como se ambos tivessem entendido a necessidade um do outro de estar perto. Os dois se abraçaram, um abraço longo e apertado. Era como se durante aquele abraço, simples, algo muito ruim estivesse sendo destruído dentro dos dois. Aquela sensação de perda, medo, raiva e saudade. Tudo aquilo foi embora em poucos segundos, enquanto eles estavam ali, juntos. Era incrível a segurança que Jenn sentia nos braços de Nate. E tudo que ele queria, era sentir o cheiro do cabelo dela, o toque da pele macia e quente, e o carinho que ela podia dar. Eles ficaram um bom tempo ali, apenas abraçados. Quando se afastaram ele ainda segurou as mãos dela, ela por sua vez abaixou os olhos na linha do pescoço dele, e ficou segurando o pingente.

JENN:_Não tira isso não ta?! –(ela Olha pra ele).

NATE:_Eu não vou...

JENN:_Promete que vai tomar cuidado?!

NATE:_Prometo.

JENN:_Eu preciso ir... –(ela toca o rosto dele).

NATE:_Ta... –(ele segura o rosto dela e beija –a na testa). Se cuida...

Ela sorri, depois de vira e segue pelo gramado do campo. Olha pra traz no meio do caminho, e vê Nate ainda em pé olhando pra ela. Ele sorri, e ela abana. Depois ela vai ao encontro de Niana e Tyler... depois seguem pra aula seguinte...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Temécula" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.