A luz entrava pelas frestas da janela de forma tímida. Não era um dia lá ensolarado, mas o sol se empenhava por assanhar seus raios para dentro do cômodo antes tomado pelo escuro – talvez por intensa vontade de tirar o rapaz de seu tão precioso sono.

Ele levantou preguiçoso, bocejando, e esfregou os olhos. Olhou em volta de seu quarto – procurando alguém? Poderia ser isso, poderia não ser. Por alguns segundos pareceu pensar seriamente em algo, com a expressão reflexiva, sem seu belo sorriso desenhado nela.

Contrariado por não encontrar o que queria levantou-se com pressa. Ele passou a mão pelos cabelos e mordeu o próprio lábio inferior ao ver o resto do cômodo arrumado. Talvez tivesse sido um sonho, mas Kikwang não queria que fosse apenas isso. Uma ilusão que o fez achar que era tudo tão real? Não, não era possível. Ele havia a sentido, havia sentido seu perfume; e foi isso que chamou sua atenção, o perfume dela. Correu para o corredor que ligava o quarto com a sala de estar avistando os rapazes espalhados pelo local, preguiçosos, aproveitando o dia de folga.

―Vocês a viram por aqui? – perguntou afoito.

―Quem? – DooJoon foi o primeiro a questionar levantando a cabeça que estava recostada à YoSeob. O líder olhou para os outros de forma interrogativa, mas parece que não era o único a se confundir.

―Não faço ideia de quem é que ele está procurando. – Yoseob concluiu olhando para os outros também. ― Vocês sabem quem é? – Todos negaram com a cabeça.

Kikwang bufou, passando as mãos pelos cabelos mais uma vez. Olhou em volta aflito e atirou-se pelo corredor, indo para a porta do apartamento. Não poderia ter sido uma ilusão.

Andou por tudo ali, pensando em como poderia encontrá-la de novo. Seguia um instinto, não sabia para onde ia, porque ia, apenas seguia o aroma que o embriagava e lhe instigava a andar cada vez mais rápido. De repente se viu nas escadas do terraço, subia com rapidez que não imaginava ter, mas logo parou ao olhar para a porta. E se não fosse como ele se lembrava, como esperava? Ela simplesmente desapareceria por entre seus braços sem dar explicações assim como nessa manhã após uma noite em que seu toque havia embalado belos sonhos em um sono doce e satisfeito. Se deteu analisando a maçaneta da porta de alumínio, parecia intocada após uma limpeza intensa, mas ele mesmo assim abriu a porta enquanto enchia seu peito de ar.

Então ele a viu. Ela estava recostada à grade do terraço, os cabelos esvoaçados e a face pensativa. A mesma roupa da noite anterior, um simples vestido branco, que dançava junto ao vento, deixava seus braços expostos e permitia que ele visse o tremor leve que percorria o seu corpo. Aproximou-se em passos leves, com medo de assustá-la por vê-la tão compenetrada, mas ela o viu e virou-se para encará-lo com um sorriso que o surpreendeu.

―Por que saiu de lá? – perguntou confuso. Ela o confundia.

―Precisava pensar em algumas coisas e resolvi vir aqui enquanto os rapazes não acordavam. – respondeu a moça tranquila esboçando um singelo sorriso.

―Me assustou. – esclareceu o rapaz aproximando-se dela ainda mais ao apoiar uma das mãos no rosto que ele julgava tão belo.

―Desculpe.

―Não se desculpe, apenas não me faça pensar que você vai sumir.

Ela parou séria o analisando. Era isso que tinha medo, de não poder ficar com ele. De simplesmente ter que ir embora por algum motivo, como sempre tinha que fazer.

―Eu... Eu não posso prometer que vou ficar pra sempre.

―Só me prometa que não vai me deixar por sua vontade. – pediu olhando-a um tanto quanto aflito. Sabia que a moça sempre que necessário era levada para uma cidade diferente, agradecia a sorte de tê-la conhecido, mas temia o pior.

―Nunca vou deixá-lo por querer. – respondeu fechando os olhos e repousando a mão por cima da dele. Ela pela primeira vez sentia a vontade de ficar em um lugar e o medo só a deixaria caso ele desse essa força necessária para extingui-lo.

―Enquanto você quiser estar comigo eu vou estar por perto, nem que precise te procurar pelo mundo à fora. – falou convicto e sério.

Um sorriso fraco formou-se no rosto dela. Talvez um fio fino de esperança pudesse brotar desse sentimento, mas só talvez. O que confirmaria as expectativas seria feito por ele.

O rapaz retribuiu o sorriso, aproximando ainda mais seus corpos e tocando os lábios dela tão apaixonadamente quanto na noite anterior, tirando-a mais uma vez de seus pensamentos e fazendo com que ela perdesse todos os medos que pudessem existir.