Ouvi o som de alguém batendo no vidro da janela do meu carro. Abri os olhos e era Robert. Ele estava todo molhado, eu nem havia percebido, mas estava chovendo. Abaixei um pouco a janela.

- o que você quer? – perguntei emburrada.

- precisamos conversar.

Eu fechei a janela, parei e pensei um pouco. Será que realmente valia a pena? Abri a porta do carro e saí. Em seguida senti os pingos da água gelada em meu rosto.

- pode falar. – disse seria

- não é melhor entrarmos no carro?

- não quero que você molhe o banco de meu carro – disse friamente.

- ah, ta bom então, vou falar aqui mesmo – ele mordeu os lábios – quero te pedir desculpa Julia.

- ah é? E pelo que?

- por ter falado com você daquele jeito.

Olhei no fundo dos olhos dele, parecia estar sendo sincero.

- entra no carro. – eu disse abrindo a porta.

Assim que entramos pude perceber o quanto eu estava ensopada e com frio. Liguei o aquecedor e peguei um casaco que tinha em minha bolsa. Fiquei encarando Robert para ver o que mais ele tinha pra dizer.

- pode continuar. – incentivei

- ok, eu acho que vocês perceberam que eu estava um pouco irritado agora a pouco. Mas era que eu já estava de saco cheio do Ryan no seu pé. Te paquerando e tal. Mas é que agente tinha um combinado, lembra? Você não pode estar namorando um cara e ficar dando bola pra outro, entende?

Foi aí que percebi o quanto havia pisado na bola. Eu tinha que fazer com que nosso ‘namoro’ fosse convincente, e isso não daria certo se eu estivesse dando bola para o Ryan, como estava acontecendo.

- Rob, desculpa. Eu não tinha pensado nisso...

- tá tudo bem, só queria que você entendesse meu lado. Imagina o povo zoando com minha cara dizendo que minha namorada ta me ‘traindo’ com o Ryan.

- é, você tem razão. Desculpa. Não vou mais fazer isso.

- então já ta tudo legal entre agente não é?

- ta sim.

- ótimo. – ele passou a mão no cabelo molhado – então, quer sair hoje a noite? Só pra gente comemorar nosso ‘namorico’? – disse ele zombando.

- ok. Vamos comemorar nossa incrível atuação!

- te pego as sete?

- é, pode ser. Vai me levar aonde?

- surpresa! – disse ele animado.

Ficamos em silencio por um longo tempo. Olhávamos para o chão sem saber o que dizer um para o outro.

-... Mas então, o que o Ryan tanto queria com você hoje hein? – disse ele curioso.

- bom, além de ele ter me chamado para o jogo, ele me disse que a ultima cesta do jogo, aquela de três pontos que ele fez nos últimos 20 segundos do jogo – não cansava de dizer aquilo – ele tinha dedicado pra mim.

- e você acreditou?

- acreditei.

- July, falo isso por que sou seu amigo, aquele garoto não presta! Nem sei por que pensei em te ajudar com ele, por que ele só quer saber de pegar garotas. Ele já ficou com praticamente todo mundo do colégio, e você não é todo mundo. Não quero que seja mais uma.

Era verdade. Por mais que eu não quisesse, Robert tinha razão. Ryan era muito mulherengo, só queria saber de “pegar meninas” e depois ainda ficava se exibindo. Mas alguma coisa dentro de mim me puxava pra ele e mesmo que eu pensasse em todos os defeitos do mundo que dele tinha, não conseguia parar de enxergar nele, a perfeição.

- eu agradeço por pensar assim, e ainda querer cuidar de mim Rob, de verdade. Mas...

- mas... ?

- mas mesmo sabendo que ele é tudo isso, meus sentimentos por ele não mudaram.

- eu sabia que iria dizer isso. Mas enfim, se você acha que vale a pena, quem sou eu pra contrariar...

Eu ri. Em seguida o imenso silencio voltou. Desta vez foi minha vez de puxar assunto.

- e então, quer que eu te leve pra casa hoje?

- ah é. Já tinha até esquecido. Meu pneu furou... – ele fez uma pausa – foi um dos motivos de eu ter tomado coragem pra vir falar com você. Quero carona.

- ótimo! Estou me sentindo super bem agora. Veio me pedir descupas por que queria carona?! – falei indignada

- ahmm... Sim. E também por que Dina á tinha ido embora, então sobrou apenas você...

- legal! Ainda por cima sou segunda opção!

- ah, que nada... – ele se inclinou, ficando com seu rosto a centímetros do meu – você sempre será a minha garota numero um. – então ele deu um beijo estalado em minha bochecha.

- acho bom mesmo. – eu disse e em seguida liguei o carro.

Fiz o caminho para a casa de Rob, o deixei lá e fui para minha casa. Eu estava morta de cansada. Não via à hora de ir pra casa e descansar para estar pronta e renovada para sair com Robert. Tomei um bom banho quente e cochilei por mais ou menos uma hora. Olhei no relógio e eram seis da tarde, hora de me arrumar. Tomei outro super banho e depois, fui me vestir. Eu estava usando uma blusa branca básica com uma saia preta cintura alta. Era uma roupa básica, mas linda.

Não demorou muito e eu ouvi a campanhinha tocar. Provavelmente era ele. Abri porta e vi que eu estava certa. Assim que me viu, ele me olhou da cabeça aos pés e deu assobio.

- isso tudo é pra mim? – ele disse impressionada.

- muito engraçado! – ele também estava lindo, vestindo terno, que ficava ótimo nele. – espera aqui que vou pegar minha bolsa!