E Se Te Dissesse Que Te Amo? escrita por Lu Arantes
Ele abriu a porta do carro pra mim. Assim que ele entrou, ligou o motor e começou a dirigir.
- pegou esse o carro com quem? – perguntei curiosa.
- é alugado.
- alugou um carro só pra isso?
- não esquenta July, meu pai tem uma concessionária de carros para serem alugados lembra?
- ah é, e a quanto vai sair o preço deste?
- a um favor.
- um favor? Seu pai anda te chantageando? – eu disse com vontade de rir.
- exatamente isso. Não se fazem mais pais como antigamente...
- e qual era o favor?
- levar Rose na aula de Balé todos os dias por duas semanas.
- ah, isso é moleza! A Rose é muito fofa!
Rose era o nome da irmã mais nova de Robert. Ela tiinha oito anos e era linda. Era meio que a versão feminina e mais nova de Robert.
Olhei pela janela e percebi que as luzes da cidade estavam começando a acabar. Então fui perceber que estávamos saindo da cidade.
- Robert, onde você ta me levando mesmo?
- surpresa, lembra?
- já percebeu que estamos saindo da cidade?
- já sim.
- você ta me seqüestrando?
- quase isso...
Então a uns 500 metros a frente avistei a barreira da cidade, mas antes de chegarmos a ela, viramos a direita e começamos a subir uma pequena estrada inclinada. Como era a noite, não dava pra ver quase nada lá fora, mas o que eu percebi foi estávamos meio que no meio de uma floresta, a estrada não era asfaltada e eu estava começando a fica assustada.
- você parece aflita July, ta tudo bem?
- só estou imaginando par onde estamos indo...
- ei, não ta pensando que sou algum tipo de psicopata não é?
- estou prestes a chegar a essa conclusão...
- não precisa, já chegamos.
Ele parou o carro. Saiu e abriu a minha porta. Olhei em volta e percebi que estávamos em um campo aberto, havia um enorme penhasco e vinham luzes depois dele.
- vem, você tem que ver isso – Rob segurou minha mão e me guiou em direção ao penhasco.
Quando chegamos à beira do penhasco fiquei sem fôlego. Era uma vista linda da cidade. Daquela altura ela parecia menor do que já era. Não era só possível ver a cidade, mas também toda a paisagem em sua volta, inclusive o pequeno rio que corria lá perto.
- legal não é? – perguntou Rob
- ta brincando?! Isso aqui é incrível!
- eu sempre venho aqui quando preciso pensar sobre alguma coisa. Esse lugar me acalma. – ele olhava para longe, como se estivesse lembrando todos os momentos que esteve lá. – ta com fome? Preparei uma coisa especial para agente comer.
Ele foi até o carro e abriu o bagageiro. Tirou uma toalha quadriculada e uma cesta grande de lá. Ele então estendeu a toalha próxima ao penhasco e começou a tirar as coisas da cesta.
- eu não acredito, vamos fazer um piq...
- sim! Um piquenique noturno.
- nossa, amei sua criatividade. – eu disse sentando ao lado dele. – e o que vamos jantar?
- bom, eu fiz sanduiche de mortadela, um torta de frango, uns biscoitos caseiros e espumante. – disse ele tirando as respectivas coisas da cesta e colocando em cima da toalha.
- uau!
- gostou mesmo? – ele perguntou dando um sorriso torto, o que eu mais adorava nele.
- claro que gostei, nunca fiz piqueniques, muito menos noturnos.
- ótimo. – ele me deu uma taça e a encheu com espumante, em seguida encheu a taça dele – eu proponho um brinde. – ele ergue a taça dele - um brinde a nossa amizade, por confiarmos tanto um no outro a ponto de fazermos o que estamos fazendo.
- um brinde! – concordei, batendo minha taça na dele.
Eu não conseguia dizer muitas coisas. Estava feliz por ter a amizade de Rob, ele realmente era importante pra mim. Nos últimos dias nossa amizade tinha ficado ainda mais forte, pois nem sempre Robert desabafava comigo. Ele geralmente era fechado e serio.
Ele me ofereceu um pedaço de torta e eu aceitei. Estava uma delícia.
- tem certeza que foi você que preparou tudo isso?
- claro que eu tenho. Sou um ótimo cozinheiro viu?!
- estou pensando seriamente em me casar com você!
- não vai se arrepender. Pode ter certeza! – ele deu uma mordida na torta – por falar nisso, como vai ser amanhã? Você sabe... Nós dois...
- vamos agir como o combinado. Na frente dele somos namorados, quando não estiverem por perto agimos normalmente. Simples.
- é. Combinado.
- prometo que não vou ficar dando bola pro Ryan.
- isso eu realmente espero!
Eu sorri sem graça. Depois de provar um pouco de tudo que ele havia trazido eu me deitei e fiquei olhando pra o céu. Ele deitou ao meu lado e encostou sua cabeça na minha.
- é lindo não é? – eu disse admirando o céu
- e como! Quando olhamos para o céu, percebemos a grandeza do universo. Só aí que me dou conta de que somos como um grão de areia em uma enorme praia...
- eu sei, também me sinto assim...
- ei, olha aquelas estrelas ali. – ele apontou para uma seqüência de estrelas juntas – elas parecem com você.
- não parecem nada! – eu disse intimidada.
- parecem sim. Olhe, ali formam os olhos, aquelas outras são sua boca e aquelas formam seu cabelo. É perfeito.
- sua imaginação é muito fértil sabia?
- acho que acabo de fazer uma descoberta astrológica! Vou chamá-la de ‘constelação July’.
- ótimo, recebi uma constelação com meu nome. Estou lisonjeada senhor Wilson.
Ele então se apoiou em seu cotovelo direito e se inclinou pra mim.
- eu queria tentar uma coisa... Posso?
- ahm... Depende, o que seria?
- nada de mais, só uma coisinha... – ele se inclinou um pouco mais – confia em mim?
...
- confio.
Ele então começou a aproximar o rosto do meu. Ele ficava cada vez mais perto até um ponto em que seu rosto ficou a milímetros do meu. Eu pude sentir sua respiração em minha boca. Em seguida, ele desviou os lábios e beijou o canto de minha boca. Depois se afastou um pouco e voltou a olhar em meus olhos, provavelmente querendo ver minha reação. Então ele voltou a deitar ao meu lado e olhar para as estrelas.
- é ótimo te ter como amiga sabia? – ele virou o rosto para olhar pra mim – nunca imaginei que alguém fingira um namoro comigo só pra me ajudar em um relacionamento.
- ah que nada. Eu também espero me dar bem nessa historia.
- é... com aquele... aff, esquece.
- ei, não o ofenda quando estiver na minha frente ok? – falei brincando.
- tecnicamente estou ao seu lado.
Eu não pensei duas vezes. Joguei meu corpo pra cima do dele e aproximei meu rosto, ficando cara a cara com ele.
- não esta mais. – me aproximei ainda mais e beijei levemente o canto de sua boca também. Ele não disse nada, parecia um pouco surpreso. Até eu estava. Mas não agüentava mais às vezes em que ele ficava me provocando.
Deitei-me de novo ao seu lado e disse rindo.
- a propósito, também acho ótimo ter sua amizade.
- i-isso realmente é bom... – ele disse um pouco nervoso.
Ficamos em silencio olhando as estrelas por mais uns 10 minutos.
- Rob, já ta ficando tarde. Me leva pra casa?
- ah, claro. Desculpa. É que, quando to com você, perco um pouco a noção do tempo...
Ele se levantou e me ajudou a levantar também. Recolhemos toda a nossa bagunça e colocamos no bagageiro do carro, que em seguida entramos e partimos. Já eram quase 11 horas da noite. Eu estava morta de cansaço. Sorte que Rob dirigiu em alta velocidade e chegamos em poucos minutos em casa.
- eu adorei o piquenique Robert, e obrigada pela comida, estava ótima.
- que bom que gostou – ele disse fazendo meu sorriso torto preferido.
Me despedi dando um beijo em sua bochecha. Saí do carro e entrei direto em casa. Eu estava implorando por um bom banho quente e minha cama confortável. Realmente estava morta de cansaço.
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