Almas Prometidas escrita por ChatterBox


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Chegou. :D



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O

lhei o relógio mais uma vez. Mexia a perna debaixo da cadeira, nervosa. Não havia nem um minuto que eu tinha desligado o celular e ele disse que apareceria ali dali á dois minutos, mas já era o suficiente alguns segundos para meu coração estar acelerado de nervosismo descontrolado. Jared se mostrou mais perigoso desde o dia anterior, na porta da minha casa, o que deixava aquilo ainda mais temoroso. Mostrava do que ele era capaz, como se soubesse tudo sem precisar que eu dissesse nada, aquilo fazia sentir-me impotente em relação á minha própria segurança, indicava que não adiantaria guardar todos os segredos e informações sobre mim com a intenção de me deixar segura, que ele poderia, sem nenhum esforço consegui-las de outra maneira, que se mostrava até mais fácil pelo que vi.

 - Oi.

Meu corpo estremeceu ao ouvir sua voz. Para mim parecera que veio em menos de dois minutos. Era fácil fazer isso quando tinha a capacidade de se tele transportar.

 - Oi.

Respondi com desânimo. Sentou-se na cadeira em frente á minha, estávamos na biblioteca, como eu preferi.

 - Tudo bem, vamos logo com o trabalho, eu tenho um compromisso depois daqui...

Menti sobre o compromisso. Um compromisso com o travesseiro talvez, estava exausta, não preguei o olho aterrorizada sobre ele. Mas talvez tivesse a chance de encontrar Stella e Rick na minha casa mais tarde, estávamos perto de provas importantes de história e precisávamos estudar.

 - Aposto que é com o seu namoradinho...!

Fez gozação. Puxei o ar para meus pulmões. Não conseguia ficar calma com facilidade quando falava de alguém que eu amava. Tentei me acalmar, revidar era inútil e só trouxe uma situação nada feliz da última vez.

 - Talvez.

Disse com descaso.

 Jared era um tanto assustador por conta de sua aparência, mas olhando-o bem, ele era bem atraente, tinha estilo rebelde, safado, qualquer coisa desse gênero, contudo isso não importava nem um pouco.

Abri o livro e comecei a procurar a página.

 - Eu acho que já sabem da ameaça que eu apresento á vocês...

Enfim parecia interessado em acabar com a farsa.

 - Sim, sabemos muito bem.

Respondi, numa baforada.

 - Mas não deviam fugir de mim, sabem que não posso fazer nada antes da data certa.

 - Não me importa. Não estou interessada em ser sacrificada então não faz a mínima diferença, você vai tentar e nós vamos nos defender, do jeito que tem que ser.

Estava calma a pesar de tudo.

 - É exatamente nesse ponto que eu quero chegar. Não tem nada a ver com você, Lara, não tenho nada contra você, só faço isso porque me interessa aquele privilégio, que os outros como eu sempre estão querendo. – a imortalidade. Blergh. – Então não precisamos brigar antes disso acontecer, não sabemos quem vai ganhar. Não desvalorizamos o lado uns dos outros então não vamos gastar energia, está bem?

Aquele acordo era ridículo embora tivesse uma pitada de sentido. Era tudo que eu queria, se não podia fugir da data prevista para o horror, pelo menos antes disso queria paz, para ter certeza que se acabasse acontecendo o pior, tive momentos que melhorassem a sensação ruim.

 - Tudo bem, mas... – ainda tinha uma coisa que precisava saber antes de dar a trégua final. – Por quê?

 - Por que o quê?

Não entendeu.

 - Imortalidade. Que coisa inútil.

Resmunguei. Ele riu num abafo.

 - Não sabe o que é isso, Lara, pessoas que gostam de vencer e de poder como eu e meus companheiros de pacto, não pensamos em outra coisa na vida.

 - Faz quanto tempo que querem isso? Quer dizer, porque para mim existem coisas que não mudam para ninguém. Todos mudam de interesses, não importa se poucos ou muitos, mas ficar sempre com o mesmo objetivo, desde que nasce, é impossível, o amadurecimento, traz a mudança de visão. Vocês nem devem ter vivido antes de fazer esse pacto idiota. Deixaram de viver o que resta buscando desalmados, querendo conquistar a imortalidade e assim viver para sempre, isso é ridículo. Muitos morrem sem conseguir isso com certeza, e no fim, não viveu nem o que já tinha direito. E mesmo os que conseguirem, não vão saber com o que gastar esse tempo infinito de possibilidades. Não vão ter amigos, experiências ou paixões para estender durante a eternidade, talvez o vazio seja o resto.

Jared ficou num instante, paralisado. Senti que minhas palavras lhe caíram como uma rocha densa e pesada que nunca o nocauteou antes. Nunca teve tempo de fazer amigos ou relacionamentos, então nunca pensou no que eu disse, também não teve a oportunidade de que alguém lhe dissesse, bem como pensei.

Foi bom fazer isso e senti que cheguei perto do que queria. Como não houve resposta, resolvi fingir que não aconteceu nada, assim também ajudaria, fazendo-o refletir sozinho depois do baque.

  - Aqui... – Apontei no livro. – A estrutura do átomo. Pode anotar o que eu digo?

Cogitei. Ele demorou mais alguns segundos antes de fazer isso, ainda disperso com o que eu disse.

Á noite, Stella e Rick foram estudar história na minha casa e com grandes chances de que dormissem lá.

 - Argh. Pausa para descanso!

Stella resmungou e rolou no tapete entediada. Eu e Rick nos entreolhamos:

 - Nem chegamos na terceira questão!

Rick observou. Stella nos olhou:

 - Sério? Parece que já fazem dias que estamos estudando para mim. – Fechei o livro enquanto abafava um riso. Stella não era uma das melhores estudantes, costumava estudar bastante já perto do final do ano e depois conseguir passar com notas um pouco á cima da média. – Quem liga para história? Só tem coisas velhas, vamos conversar sobre atualidades, tipo, você e o seu mais novo vizinho e namorado, e coincidentemente antigo melhor amigo, Eric.

Pôs as mãos no queixo esperando o que eu iria dizer com expressão de interesse. Mordi o lábio. Sabia que uma hora eles iriam tocar nesse assunto.

 - O que vocês querem saber?

Perguntei, tentando adiar o máximo.

 - Tudo. Começando pelo barraco entre você e a Jessica.

Stella quis rir.

 - Barraco? Não teve nenhum barraco. Eles não tinham um lance sério, não era amor, somos boas amigas agora.

 - Sério? Porque eu sempre achei as roupas delas iradas, podia chamar ela para fazer compras com a gente um dia desses, preciso das suas dicas de moda.

Stella virou para o teto como se suplicasse.

 - Isso é bem estranho, achei que nunca fosse cair nas armadilhas dele.

Rick bufou.

 - Isso é bem difícil de fazer.

Admiti. Quem resistiria á ele? Bom, não eu.

O meu celular zumbiu em cima do tapete. Peguei-o e vi o nome do visor: Eric.

Atendi enquanto tentava disfarçar minha emoção em falar com ele de novo:

 - Alô?

 - Estou vendo você daqui.

Ele disse. Levantei e fui até a janela do quarto. Estava do outro lado da rua, na janela do quarto dele. Sem camisa, com sua calça jeans folgada, me olhou e umedeceu os lábios. Enrubesci e dei um risinho de canto.

 - Stella e Rick estão aí com você?

Perguntou.

 - Estão, acho que vão dormir aqui hoje.

 - Mas e eu?

Fez voz de coitadinho.

 - Você sobrevive.

Brinquei.

 - Não tenho tanta certeza. Como foi o trabalho com aquele...

Respirou fundo procurando fôlego do outro lado da linha, controlou-se para não xingar Jared.

 - Foi tudo bem. Ele acabou admitindo. Disse que não tinha nada contra mim, era só o objetivo dele. A imortalidade.

 - O que ele...? – Calou-se em meio de suspiros de ódio. – Argh, se eu pudesse...

 - Não, tudo bem. – o acalmei. – Sei muito bem o risco que estou correndo.

 - Não queria que passasse por isso. É tudo culpa minha.

 - Não é. Eu até acabei dizendo umas verdades para ele. Acho que agora ele duvida sobre o que realmente quer.

 - O que você disse?

  - Questionei os motivos para que quisesse a imortalidade, onde isso iria leva-lo. Ele pareceu em dúvida.

 - Fez bem. Boa garota.

Pronunciou orgulhoso. Ri levemente.

 - Viu? Eu sei me cuidar.

 - Talvez um pouco. – deu as costas. – Tenho que desligar. Você vai ficar bem, não é? Se Stella e Rick forem para casa você vai me ligar?

 - Vou, tudo bem, eu vou ficar bem.

 - Amo você.

Respirei arduamente tentando controlar como as batidas do meu coração aceleraram-se ao ouvir ele dizer isso.

 - Também te amo.

Respondi. Ele desligou.

Olhei para o celular, tinha perdido a conta de como estava começando a precisar dele, sentia sua falta mesmo sabendo que estava do outro lado da rua, de olho em mim.

Voltei para o tapete.

 - Foi o Eric, não foi?

Rick sorriu de lado como se tivesse certeza.

 - Como sabe?

 - Fácil. Você fica vermelha quando fala dele.

Acho que devo ter ficado vermelha de novo. Arremessei uma almofada nele, tímida.


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Notas finais do capítulo

Ainda tem um monte de coisa para acontecer, hein?
Fiquem de olho.



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