Damned Promise escrita por raquelsegal


Capítulo 5
Capítulo cinco




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Dois meses depois

Era nossa semana de férias. Ficaríamos cinco dias atoa pelo campus, mas podíamos sair para outros lugares também.

- Já estou indo! Volto umas 6 horas. – gritei da sala para Jennie.

- Tudo bem! – ela respondeu do banheiro.

Peguei minha bolsa em cima da cama e fui me olhar no espelho por uma última vez. Tinha prendido meu cabelo e deixado a franja cair na frente. Escolhi uma camisa branca de bolinhas pretas e um short jeans para sair.

Desci as escadas e fui pegar um táxi. No meio do caminho, perto da lojinha de café, encontrei Will e Paul estudando em uma mesa. Aproximei-me e Will se levantou para me beijar.

- Oi Paul. – sorri.

- Olá, Ivy. – ele respondeu de forma simpática.

- Para onde está indo? – Will perguntou.

- Pro asilo Woosefield.

- Por quê? – perguntou, levantando levemente sua sobrancelha esquerda. Will costumava fazer isso quando achava algo muito estranho ou suspeito. No momento, acho que deveria ser os dois.

- Sempre nas férias vou para lá ser voluntária. Faço isso desde os meus 15 anos.

Will sorriu e olhou de forma carinhosa para mim.

- Que coisa linda, Ivy. Eu não sabia. Quer dizer, pensei que...

- Tudo bem. Eu te entendo. – interrompi-o.

- Quer uma carona?

- Claro. Adoraria. – sorri e peguei sua mão. Will olhou para Paul e disse que voltaria em poucos minutos.

Chegamos ao asilo em pouco mais de 10 minutos e me lembrei de que era o dia da visita.

- Tão cheio. – Will comentou baixinho.

- Dia da visita. – respondi. – Obrigada pela carona, Will. – dei um beijo nele e sai do carro. Will e eu estávamos namorando oficialmente. Depois do pedido dele com direito a serenata e tudo o mais na mesma praia em que nos beijamos pela primeira vez não consegui dizer não. E nem pensei nisso, que fique claro.

Entrei no asilo e fui direto para a secretaria encontrar com Oliver, o dono daquele lugar e melhor amigo do meu pai. Ele estava sentado em seu sofá, tomando um café e somente se levantou para me cumprimentar.

- Oi Ivy. Chegou cedo. – disse surpreso.

- Eu não tinha nada para fazer, então resolvi aparecer por aqui.

Oliver olhou para minha mão direita e percebeu o anel. Olhando para mim sorrindo, bateu carinhosamente em meu ombro.

- Namorando, é? – perguntou.

- Sim. – disse com um sorriso envergonhado, olhando para os meus pés. – Vou dar um passeio pelos quartos. Ver se alguém precisa de ajuda. – falei rápido para quebrar o silêncio. Oliver concordou e me desejou boa sorte.

- Você vai precisar. Está impossível andar por esses corredores hoje.

Sorri para ele e sai de sua sala.

Fui para o hall central e me sentei no sofá do canto da sala. Fiquei olhando as pessoas abraçarem seus parentes ou amigos e me bateu uma terrível tristeza. Aqueles idosos foram quase que abandonados ali. Tudo bem... sei que várias pessoas não tinham condições de morarem sozinhas e por isso foram internadas ali, mas muitas delas simplesmente foram largadas sozinhas. Um grande exemplo era a Meg. Senhora de uns 90 anos que estava no asilo a mais de 10 anos e nunca recebeu sequer uma visita além do entregador de pizza. Sim, Meg era uma velhinha radical e por isso eu a amava e a gente se dava super bem. Tentei ir visitá-la, mas ela estava dormindo, então decidi mudar de direção e ir ajudar na cozinha. Nunca fui muito boa com comidas, mas sopa era a minha especialidade.

Fiz umas sopas aqui, ajudei uns funcionários ali e depois fui jogar ping-pong com alguns idosos. Na hora de esperar pela minha vez de jogar olhei distraidamente para o canto da sala de jogos e notei uma pessoa sentada numa das cadeiras de uma mesinha. Era um garoto, de no máximo uns 19 anos. Cabelo escuro e olhos azuis, com roupas pretas e casaco de couro. Comecei a analisa-lo e não consegui imaginar o motivo dele estar ali. Talvez acompanhando alguém.

Ele olhou diretamente para mim e tive que desviar o olhar. Fingi estar vendo o pessoal jogando ping-pong e notei pelo canto do olho que ele ainda me encarava. Ele não era feio. Só suas roupas e sua cara mórbida que estragavam, mas de resto... ele tinha um rosto perfeito. Chegou minha hora de jogar e me levantei. No meio do jogo olhei rápido para ele de novo e nossos olhos se encontraram. Voltei a olhar para o jogo bem rápido e fingi que nada tinha acontecido.

O horário de visita tinha acabado e finalmente o asilo ficou vazio e silencioso. Alguns idosos jogavam totó e outras assistiam à televisão. Fui andando para a cozinha para ajudar na limpeza e notei que aquele garoto estava andando pelos corredores.

- Quem é ele? – perguntei à Meredith, cozinheira chefe.

- Ele chegou aqui mês passado para cumprir umas tarefas.

- Por quê? – perguntei curiosa.

- Acho que ele só fazia besteiras pelas ruas e então o pai dele conversou com Oliver para liberá-lo de trabalhar aqui como castigo. – disse, dando de ombros.

Olhei para o garoto novamente e ele estava mexendo em seu celular, totalmente distraído. Que tipo de besteiras ele deve ter feito?, pensei.

Fui dar uma volta pelos quartos para ver se alguém precisava de alguma ajuda. Quando fui entrar no quarto 202, onde Jack dormia, o tal garoto saiu pela porta e esbarrou em mim sem querer.

- Foi mal. – falou baixo, continuando a andar. Olhei para trás e ele nem sequer virou-se para me olhar. Quanta falta de educação.

*****

No dia seguinte voltei de novo ao asilo, mas levei Jennie como acompanhante. Os idosos a amaram, principalmente Meg. As duas ficaram discutindo sobre esportes radicais e coisas do tipo.

O tal garoto também estava lá no seu cantinho, como de costume. Mostrei-o para Jennie e ela o achou lindo.

- Ele tem cara de ser safado, sabe? Aquele cara que te joga na parede e te aperta toda. – olhou para mim fazendo “rawr”, imitando um rugido. Começamos a rir e ficamos pensando em coisas que ele deveria ter feito para ter que prestar serviço naquele lugar.

- Talvez ele matou alguém. – Jennie opinou, comendo sua maça.

- O que? Claro que não. Ele deveria estar preso então, não em um lar para idosos.

- Então... ele deve ter roubado alguma coisa não muito importante.

- É uma possibilidade. Talvez ele só seja um delinquente mesmo. Daqueles que ficam quebrando coisas na rua e pichando paredes.

- Quem sabe... – Jennie deu de ombros.

Continuamos conversando sobre coisas aleatórias até dar o horário de saída. Estávamos saindo para o estacionamento, quando Oliver me chamou em sua sala.

- Espera um segundo, Jennie. Já volto. – gritei do hall central para a porta de saída, onde Jennie ficou esperando sentada no banco de balanço.

Entrei no escritório dele e Oliver começou a falar que eles precisavam de reformas em uma pequena sala do asilo e perguntou se eu podia ajudar a pintar as paredes.

- Claro. Eu ajudo. – sorri.

- Acha que precisa de um ajudante?

- Talvez... Quem você tem em mente?

- Derek. O garoto mórbido e assustador que fica vagando sem rumo pelos corredores. – disse, rindo da própria piada.

- Então o nome dele é Derek... Aceito a ajuda.

- Boa garota. – falou, bagunçando meu cabelo carinhosamente.

Sai da sala com o pensamento de que finalmente conheceria aquela pessoa... estranha, digamos assim. E não sabia se gostaria mesmo de descobrir o que ele tinha feito.


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