Damned Promise escrita por raquelsegal


Capítulo 1
Capítulo um




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– Você tem certeza de que isso é seguro? - perguntei nervosa.

– Está tudo bem, Ivy. O que pode dar errado? - Derek perguntou com um sorriso calmo no rosto.

– Não sei. Estamos fazendo um pacto de sangue que achamos na Internet. O que realmente poderia dar errado, Derek? - comecei a falar, aumentando um pouco o tom de voz. - Talvez tudo, não é mesmo? - gritei.

– Ivy, já conversamos sobre isso. É apenas uma simples promessa. - disse ele, calmamente.

– Pacto. - corrigi, com os braços cruzados.

– Pacto soa muito diabólico. Vamos apenas dizer “promessa”, ok? - disse ele, antes de me abraçar pela cintura e apoiar o rosto em meu ombro. - Olha, já é quase meia noite. Vamos ir preparando as coisas pra começarmos o tal “ritual”. Estou com fome e preciso urgentemente de um hambúrguer com batata fritas depois disso tudo.

– Deus! Tudo bem. - falei. - Vamos acabar logo com isso.

Enquanto Derek foi ao meu quarto fazer um desenho com giz de cera no chão, eu fui à cozinha pegar uma faca. Derek acendeu algumas velas em volta do meu quarto e começou a me mostrar o desenho. Era uma estrela, bem, eu acho que era. E um monte de linhas desenhadas em volta. Ele começou a explicar o que cada ponta daquela estrela significava, e o que cada linha mostrava, mas eu não estava dando a mínima para o que ele dizia. E sinceramente? Eu estava morrendo de medo. Mas o Derek estava tão empolgado com tudo aquilo de promessa, pacto, que acabei desistindo de dizer que não queria fazer. Mas a verdade era que eu estava com medo. Odeio facas, sangue e velas. Era a combinação perfeita para o pânico.

Já passavam de meia noite. A minha casa estava realmente quieta. Não que ela fosse barulhenta nos outros dias, já que eu morava sozinha o silêncio sempre reinava por aqui. Mas dessa vez estava excepcionalmente quieta. Nem ao menos dava para escutar um barulho na rua. Parecia que todos os vizinhos tinham desaparecido naquele exato momento.

Fomos nos sentar em volta da estrela desenhada no chão do meu quarto. Derek sentou em uma ponta, e eu sentei em outra, bem à frente dele.

– Quem fala primeiro? - Derek perguntou.

– Vai você. A idéia dessa coisa toda foi sua. - disse meio irritada. Eu estava realmente odiando aquilo.

– Ih, estressada! Tudo bem. - ele disse. Pegou uma folha imprimida da Internet onde continham todos os passos de como proceder no pacto. E então, começou a ler.

– Prometo por toda a vida. Amar-te e cuidar. Apoiar e ajudar. Quando você precisar, onde quer que esteja. Para toda a eternidade. - ele terminou de falar e completou com uma pose digna de uma obra de Shakespare. - Então, é só repetir, Ivy. - disse.

– Vamos lá. - respirei fundo e comecei a dizer exatamente a mesma coisa que meu namorado tinha acabado de falar. Só que o tom em minha voz era mais baixo e arrastado.

– Mais alto! Vamos lá, ninguém está morrendo! Parece que isso está sendo um saco para você. - Derek me interrompeu.

– E realmente está sendo. Quer me deixar terminar de falar? Antes que eu desista... - continuei falando a tal “poesia” ou o que quer que fosse aquilo. Até que finalmente terminei.

Pegamos a faca e fizemos um pequeno corte no dedo indicador. Derek fez no meu e eu no dele. De acordo com o site assim é que deveria ser. Juntamos os dedos e fechamos os olhos por cinco segundos. Devagar, fomos abrindo-os.

– Pronto. Está feito. - Derek disse, antes de vir me abraçar.

De repente, ouvimos um trovão muito forte vindo de fora de casa. Mas não estava chovendo. O tempo nem sequer estava fechado. O chão começou a tremer, e tivemos que segurar um ao outro para não cairmos. Da mesma forma rápida que tudo começou tudo parou. Não havíamos entendido o que havia acontecido. O que havia causado aqueles trovões e aquele terremoto. Não sabíamos como tudo parou tão rapidamente. Sequer sabíamos que aquela promessa mudaria nossas vidas.

******

– Acorda criatura! - Jennie gritava no meu ouvido e me empurrava para fora da cama.

Jennie é minha melhor amiga. Estudamos juntas desde o maternal e ela também estava indo para a mesmo universidade que eu. Quando éramos menores acabei dando uma cópia da chave de minha casa para ela. Foi um grande erro. Desde então ela vem todo di e toda hora que bem entender aqui em casa. Não que eu me importe, mas na maioria das vezes ela aparece sem avisar e acabo achando que minha casa é assombrada.

– Já disse pra você bater palmas ou assobiar quando chegar. Isso me assusta, Jennie! – reclamei bocejando. Tinha tido um pesadelo em que alguém ou algo corria atrás de mim, mas eu não conseguia sair do lugar.

– Ai, me desculpe! Você sabe que eu nunca me lembro dessas suas frescuras. Da próxima vez trago um apito. - disse antes de vir me abraçar e cair na gargalhada.

– Não ouse fazer uma coisa dessas! Ou te faço acordar num colchão no meio de algum lago bem longe daqui. - ameacei-a.

– Um lago? - Jennie perguntou confusa.

– Não pergunte. Não falo coisas com sentido às seis horas da manhã em uma plena segunda-feira. - disse antes de me levantar e ir pegar a roupa para vestir. O ônibus chegava às sete horas para nos levar à universidade e eu sabia que não conseguiria ficar pronta a tempo. Vire-me para Jennie.

– Faça alguma coisa de útil. Pegue minha camisa no closet enquanto vou buscar o tênis e a calça.

– Tudo bem. - ela respondeu caminhando lentamente em direção ao closet.

Fui correndo para procurar a calça no meio de toda aquelas roupas espalhadas pelo chão do meu quarto. Nunca fui organizada quando morava com meus pais. Não seria agora que morava sozinha.

– Qual você quer? Tem a azul, a verde, a laranja, uma verm... Eca, Ivy! Tem um prato de comida aqui no chão. - Jennie gritou do outro lado do quarto.

– Deixa isso pra lá! Pega a verde. Não, não! Espera. É a verde clara? -gritei de volta.

– Não. É a escura. Ivy, tem prato espalhado pelo seu closet inteiro. - ela gritou enojada.

– Procura a verde clara. - disse.

– Achei! Cara, por que você não jogou fora esse pote com bolo de chocolate podre?

– Tem um coração e coisas escritas na frente?

– No pote? Não. Tem uma uva com um...

– Não o pote, Jennie! - interrompi-a - A camisa! Foco na camisa verde.

– Ah, sim! - ela disse esticando o braço com a camisa pra fora do closet -Meu Deus, essa comida deve estar aqui a séculos.

– Esquece a droga da comida! Tráz a camisa.

– Qual delas?

– Oh, meu Deus, Jennie! - gritei furiosa e corri, arrancando a camisa da mão dela. – Essa aqui! A verde clara. Estou falando isso a horas atrás.

Arranquei a camisa da mão dela e fui me vestir.

– Sua estressada. Era só falar pra eu levar a camisa que eu levava. - disse calmamente, caminhando pelo quarto.

– Mas... mas eu... Argh! Como você é irritante! - disse vencida pela falta de paciência.

– A culpa não é minha se você não fala as coisas claramente. - respondeu enquanto enrolava um fio de cabelo nos dedos.

Eu poderia ter falado mil coisas para ela. Poderia até ter falado aonde eu ia por aquele prato de comida. Mas me contive e apenas fiquei quieta enquanto terminava de me arrumar. Eu e Jennie sempre brigamos por causa dessas coisas irritantes que ela as vezes fazia, mas anos de convivência me ensinaram a ficar quieta diante da teimosia dela.

– Amiga, sei que você está amando o fato de que não está conseguindo entrar na calça e de estar percebendo que engordou alguns quilos...

– O que? Eu engordei? - interrompia-a, revoltada.

–... Mas o ônibus chegou. - terminou a frase, rindo.

Corri para a janela e o ônibus realmente havia chegado e eu nem tinha tomado o café da manhã. Descemos correndo. Jennie fora para o ônibus pedir para o motorista esperar um pouco, enquanto eu fui correndo para a cozinha e quase escorreguei numa poça d’água que eu nem sabia da onde tinha aparecido. Abri a geladeira e peguei mortadela e um suco de laranja. Corri para pegar o pão em cima da mesa e já fui abrindo-o com o dedo e pondo a mortadela nele. Despejei o suco no copo, onde mais da metade dele foi pra fora e molhou minha mesa toda, e corri de volta para o ônibus. Quando estava quase chegando à porta dele lembrei que minha mochila tinha ficado em cima do sofá da sala e corri de volta para pegá-la. Quando entrei finalmente no ônibus recebi uma olhada feia do motorista e ouvi risadinhas vindas do fundo. “Não pode ficar pior”, pensei.


Fomos nos sentar no primeiro banco e Jennie começou a me mostrar o que havia comprado de novo para a nossa escola. A universidade se chamava West View e este era nosso primeiro dia de aula. Mal eu sabia que o meu dia só iria ficar mais e mais confuso.



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