Sheldon, meu querido autista escrita por judy harrison


Capítulo 17
A revanche Iminente


Notas iniciais do capítulo

Paty e Philip se reencontram, e uma amizade verdadeira volta a aflorar em seus corações.



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Quase oito meses se passaram então.

Paty corria pelo parque do centro, como fazia todas as manhãs. Chegava exausta, mas tinha que fazer os dois kilômetros que estipulou a si mesma. Quando completou a corrida, decidiu voltar para o hotel.

Ao chegar na portaria viu um carro preto saindo da garagem. Os vidros eram escuros, mas ela conhecia bem o carro. Seu coração bateu mais forte do que já estava e ela teve vertigens. Então seu amigo que estava na cabine a socorreu.

_ Patrice! Tudo bem, agora.

Ele a colocou sentada em sua cadeira.

_  Jonas, quem era a pessoa naquele carro?

_ Era um rapaz louro, jovem... Veio procurar por você.

Atônita, ela sabia que se tratava de Philip. Desde o incidente com Valerie nunca mais os viu, pois fugiu para a cidade vizinha.

Mas o carro estava voltando. Philip a viu chegar e fez o retorno.

Quando parou em frente a cabine ele abaixou o vidro da janela. Paty ficou visivelmente incomodada e Jonas se preocupou.

_ Você o conhece? 

_ Sim!

_ Quer que eu chame a polícia? Você está pálida!

_ Não! Ele é só um antigo amigo.

Quando então Philip a chamou, ela pediu que Jonas mandasse o rapaz subir, que o receberia em seu apartamento.

Paty o aguardava com muita ansiedade. Não havia pensado na possibilidade de reencontra-lo um dia, então não imaginava o que poderia dizer.

Quando ela abriu a porta encontrou olhos cheios de mágoa, mas ao mesmo tempo, ambos não ignoraram a lembrança da amizade que tiveram antes, e se abraçaram.

Já acomodados, Philip esperava que Paty lhe trouxesse um copo de suco de manga. Era o que ela sempre tomava depois da corrida.

Ela chegou e lhe deu o copo.

_ Está gelado!

_ É assim que gosto. Eu faço duas corridas por dia e isso é o que mata minha sede. Já me acostumei.

Ele bebeu o suco, mas quase ignorou o gosto saboroso da fruta fresca.

_ Por que nos deixou, Paty?

A pergunta foi repentina, e ela demorou um pouco para responder.

_ O que houve... Foi por causa de Valerie...

_ Não devia ter jogado o jogo dela.

_ O que queria que eu fizesse? – disse triste – Ela ia me acusar de ter matado o filho de Monzard!

_ Valerie chegou aos nove meses de gestação! Mas o bebê morreu no parto. – Paty ouvia surpresa – Não foi culpa sua.

_ Como está Sheldon?

Philip colocou o copo sobre o descanso na mesa, relutou antes de falar.

_ Sheldon está internado numa clínica... Foi pra lá uns três meses depois que você foi embora. Ele... não fala mais, não brinca mais, esta bem diferente.

Philip não tinha ideia do quanto aquilo doía nela.

_ Por quê?

_ Nos encontramos uma babá boazinha para ele, mas ela não conseguiu fazer com que ele esquecesse... de você. Eu deixei a academia pra cuidar dele, mas não foi a mesma coisa. – Paty chorava ouvindo tudo aquilo – Ele estava agressivo e jogava coisas para o alto. Monzard decidiu que ele devia ficar por um tempo na clínica até que o bebê nascesse... Aquela mulher o manipulou direitinho.

Philip sentia muita raiva ao falar de Valerie.

_ Eles ainda estão juntos? – ela perguntou indignada.

_ Sim. Você foi embora e eles reataram. Agora ela tomou conta de tudo. Eu não aguentei ficar no mesmo teto que ela e fui morar na casa que alugamos para você.

_ Eu queria rever Sheldon?

_ Paty, preciso lhe contar uma coisa. Quando tudo se acalmou naquele dia, Valerie disse a Monzard que você a envenenou.

_ O que? – ela não acreditava no que estava ouvindo.

_ Ela disse que naquele dia foi à sua casa para conversar. Ela confessou que ia pedir que você deixasse Monzard em paz, e vocês discutiram muito. Segundo ela... você passou a falar com calma e amigavelmente depois que ela começou a chorar. Daí você foi à cozinha, trouxe água com açúcar e deu a ela. E a água estava “batizada”.

_ Monzard não pode ter acreditado!

_ Nós... encontramos o tal veneno entre as coisas do seu armário.

Ainda mais surpresa, ela não tinha palavras. Era óbvio que de algum modo alguém colocou o veneno lá.

_ Não pode ser!

_ Ela disse que você achou que o veneno ia fazer efeito abortivo algumas horas depois, mas ela passou mal naquele momento. Por isso você fugiu, Monzard viu você empurrando ela quando pedia ajuda pela dor que sentia.

_ Você não pode ter acreditado nisso também, Philip.

_ Encontramos um panfleto do veneno. Eu vi no computador as pesquisas que você fez sobre aborto, Paty. Eu não tive escolha senão acreditar que você foi uma fraude todo o tempo!

Paty saiu da sala, não queria ouvir mais nada. Aquilo tudo era demais para ela.

Depois de chorar um pouco em seu quarto ela voltou à sala, Philip ainda estava lá. Ele ainda queria acreditar que Paty falava a verdade.

_ Esse apartamento é seu, não é?

_ Como sabe? – ela voltou ao lugar que estava antes, tentava ser dura e firme, pois ia precisar de autocontrole para convencer Philip de que nunca fez aquela atrocidade.

_ Eu vi você correndo uma vez naquele mesmo lugar. Pesquisei sobre o prédio e achei a informação de que todos os moradores são proprietários. Como conseguiu? Você se casou?

_ Não. Pelo jeito não soube sobre os pais de Cíntia. Eles se separaram, e o pai dela tinha muito dinheiro guardado. Resolveram dividir os bens entre os filhos. Eu estava entre eles como herdeira da mãe dela, então a divisão foi feita entre Cintia, o irmão dela e eu. O dinheiro deu para comprar esse apartamento e também guardar no banco. Tenho mais da metade ainda.

_ Fico feliz por você. – disse com sinceridade.

_ Eu morava e trabalhava num condomínio aqui perto. Foi quando eu soube sobre a divisão. As duas vieram aqui, eu tive a chance de pedir perdão a Rosemeire antes de saber que seria sua herdeira. – olhou pra ele com mágoa também – Eu nunca fui interesseira, Philip! E nunca fiz algo ilícito para conseguir o que quero. Rosemeire me criou para ser sua empregada, é verdade, mas ela soube me criar com qualidade, me ensinou valores que vão muito além do dinheiro ou... um romance.

_ Eu já ouvi o bastante! – ele disse e se levantou – Na verdade eu sempre achei que havia algo estranho em toda essa história. Paty, eu quero que venha comigo e me ajude a limpar o seu nome, a resgatar Sheldon e a tirar aquela mulher da vida de Monzard! Agora!

Paty ficou naturalmente chocada com aquilo, pensou um pouco. Mas o que ele propôs era tudo que ela gostaria de fazer naquele momento. Ter saído da vida de Sheldon era seu maior arrependimento. E quando pensava em Monzard sentia-se fraca e covarde por não ter lutado por ele.

_ Vamos, só espere que eu tome um banho primeiro.

Com a mesma disposição de antes Philip convidou a si mesmo para tomar banho com ela.

Havia na lista outra razão de ela querer lutar; queria reconquistar Monzard. Sabia que esse seria o maior desafio de todos. Mas tendo Philip como seu reforço para lutar, estava confiante de que ganharia essa guerra.


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Notas finais do capítulo

Essa é a segunda parte de "Sheldon meu querido autista", e eu dedico de todo meu coração às leitoras Solemn Hypnotic e MeninaMaluca, e espero que gostem. Bem vindos novos leitores e agradeço por sua leitura.
Obrigada!!!!