Por não conviver com Sheldon, Valerie não podia entrar na sala com eles, e ela teve que esperar por uma hora e meia.

Quando saíram, o doutor expressou a satisfação de ver o progresso de Sheldon. Diante de Valerie, ele apertou a mão de Monzard dizendo.

_ Nunca vi em oito anos seu irmão tão bem assim. A babá que encontrou é uma santa! – disse agora olhando para Paty – Mocinha, você é a diferença que faltava para Sheldon.

_ Obrigada, doutor. – ela disse feliz, mas por que Valerie ouviu.

Por uns instantes Monzard olhava para Paty. Ele se lembrava então de que quase a perdeu antes. Como era bom saber que ela ainda estava ali.

_ Monzard! Vamos embora!

Valerie pedia com arrogância, envergonhando-o na frente do doutor.

Depois da  despedida eles foram embora.

Chegando em casa, Valerie planejava uma armação.

Enquanto Paty trocava Sheldon no quarto...

_ Monzard, essa maldita babá que o doutor chamou de santa me insultou quando você saiu.

_ Insultou você? Por que ela faria isso.

_ Disse que não era minha empregada e me mandou para o inferno. – ela simulou um abalo de nervos – Eu só pedi que ela buscasse meus óculos!

_ Acho que ouviu errado! Paty não faria isso.

_ Ela disse que se eu mandasse nela de novo ia provocar um aborto em mim.

_ Valerie, tem certeza que ela disse isso?

_ Monzard, não acredita em mim?

Valerie simulou muito bem um choro desesperado e Monzard ficou apavorado. Sabia pelo médico de Valerie que sua gravidez era de alto risco e ela não podia se alterar.

_ Acalme-se, por favor. Eu acredito em você.

_ Vamos embora daqui!

Antes que eles saíssem, Monzard ouviu Paty lhe chamando. Quando foi ver como Philip estava ele ardia em febre e estava desacordado. Paty chorava tirando suas cobertas para refresca-lo e disse:

_ Monzard, ele precisa ir para um pronto socorro. Está pior do que antes.

_ Certo. Vou chamar uma ambulância.

Correndo para a sala viu Valerie chorando de dor. Na verdade ela apenas fingia, mas ele ficou ainda mais desesperado.

_ Monzard, eu vou perder meu bebê!

_ Acalme-se, Valerie! Uma ambulância vai chegar pra buscar Philip e você poderá ir junto, está bem?

Paty viu de longe a forma com que Valerie gemia. Sabia que ela estava fingindo, pois se fosse um início de aborto ela deveria estar sangrando.

Mas Valerie gritou tanto que convenceu Monzard de que devia correr com ela.

_ Paty, Eu chamei a ambulância. Quando ela chegar, peça que levem Philip para o Hospital central, eu estarei lá com Valerie.

_ Monzard, eles vão querer que eu acompanhe! Philip não pode ir sozinho!

_ Sheldon não pode ir a hospitais, Paty.

Ele disse já saindo. Foi embora o mais rápido que pôde.

Ao lado de Philip, Paty chorava e não sabia o que fazer, temia que Philip tivesse convulsões, pois estava muito quente.

A ambulância chegou e Philip foi levado às pressas para o hospital. Como era de se esperar não poderiam sair de lá sem que Paty o acompanhasse. Então ela ignorou o aviso de Monzard de que Sheldon não podia ir a hospitais. Pegou um quebra-cabeça e foi.

Monzard estava em agonia. Duas horas haviam se passado e ele ainda aguardava a chegada de Philip. Não tinha notícias de que a ambulância havia chegado. Valerie cansada de fingir estava liberada pelo médico que disse a Monzard que não havia nada de errado com ela, somente tensão.

_ Onde eles estão agora, meu Deus?

Monzard se perguntava, arrependido por ter deixado que ele fosse levado sozinho. Agora não sabia de Sheldon nem de Paty.

_ Monzard, eles devem ter ido a outro hospital! – disse Valerie – Vamos para minha casa e você toma um banho para relaxar.

Ela tentou conduzí-lo ao carro, mas ele se afastou bruscamente.

_ Vou ficar aqui! Quero esperar a ambulância.

_ Eles já disseram que o motorista ainda não ligou, Monzard! Philip deve ter melhorado e eles foram embora.

_ Ninguém atende o telefone! - disse alterado – Não tem ninguém em casa! A vizinha já foi ver. O único que pode dizer se foi lá ou não é o motorista!

_ Eu não quero ficar mais aqui! Então eu vou para casa. Quando eu tiver tomado banho e me alimentado, voltarei pra te buscar, está bem?

_ Como é?

Monzard estava indignado. Não percebeu que ela estava só brincando e então disse que ela podia ir, mas de taxi.

Notando sua indiferença, ela se foi.

Alguns minutos se passaram e Monzard foi chamado na recepção.

_ Senhor Monzard, o motorista ligou. Estão no hospital da cidade mais próxima daqui. Vou lhe dar o nome.

Monzard foi para lá depressa.

Quando chegou, encontrou logo Paty com Sheldon na portaria.

Ele abraçou Sheldon e se certificou de que ele estava bem.

_ Onde está Philip? Como ele está?

Era uma súplica por notícias feita a Paty que demonstrava pesar.

_ Ele... ainda está desacordado. O doutor já vem pra falar com você.

Monzard chorou. Queria que o tempo voltasse, jamais abandonaria o irmão daquele jeito de novo.

Sheldon estava bem, Monzard não entendia como, pois ele nunca saia de casa para ficar entre o movimento das pessoas e dos carros.

Quando o doutor falou com Monzard, ele ficou mais calmo. Era só esperar agora. Depois de ver Philip, ele ficou mais tranquilo, e Paty também.