Fundo do Poço escrita por Mei_Schneider


Capítulo 1
O poço sempre é mais fundo




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-....Deprimente, Yagami....


Ás vezes Kyo se pegava pensando em porque Iori havia parado de persegui-lo com tanto furor. 

No torneio de 2002, percebeu o ruivo um pouco mais fraco e menos disposto do que costumava ser. E isso era muito estranho partindo de Yagami, afinal, era um homem energético, por mais que seja um tanto quieto, mas isso valia nas horas de mais adrenalina. Era um homem com vitalidade.
Fora que nunca havia visto Iori com um olhar sonolento. 
Mesmo assim, ainda emanava toda aquela aspereza e indiferença de sempre, tendo Kyo como seu principal alvo. 
Nem mais freqüentava os lugares que costumava freqüentar, sendo estes bares e boates, e não tocava mais seu contrabaixo, em apresentações munidas de aplausos no final. Até o próprio Kyo já o aplaudiu, sem o ruivo saber.
Era engraçado como o moreno sentia um pouco de falta de seu ‘perseguidor psicopata pessoal’... O que estaria fazendo para não persegui-lo?
E será que ele havia deixado os motivos de sangue de lado, para começar uma nova vida?... Sem Kyo?

Andando na noite por aí, fumando um cigarro, Kyo pôde tirar suas conclusões a respeito do que o ruivo insano fazia.
Ao passar por um beco ouviu um barulho perto das latas de lixo. Era escuro, com poças de água, e muito sujo, mas conseguia ver alguém sentado ao chão, com as roupas um tanto sujas. Largado, de qualquer jeito.
Aproximou-se mais e surpreendeu-se muito que era seu maior rival e inimigo, tanto que arregalou os olhos. Podia jurar que era um cachorro de rua...

Fazia mesmo um bom tempo que não via o ruivo. Aquele ruivo forte, imponente, cujos cabelos brilhavam em escarlate ao sol.

Agora estava um morto-vivo. Magro... Pálido...Velho...Seus cabelos estavam escuros de sujeira e umidade, dando a entender que não voltava pra casa e não via um banho há semanas. Respirava pesado, um pouco sonolento. Cheirava um odor forte de química misturada com sujeira que fazia Kyo ter a sensação de que estava no necrotério. Um podre necrotério.
Os braços de Iori estavam largados ao chão, com diversos pontos de sangue e hematomas na dobra dos braços. Dos dois braços.

Iori virou sua cabeça lentamente para olhar a pessoa que havia acabado de lançar uma frase contra ele... Com a palavra ‘deprimente’, ou algo assim, já que os sons entravam todos distorcidos em seu ouvido. Revirou seus olhos sem brilho em confusão, e depois deitou novamente sua cabeça, apoiada no próprio ombro.

Ao perceber que o ruivo nem havia conseguido reconhecer seu maior rival, e pior! Não havia nem retrucado a ofensa, Kyo pensou que aquilo já havia ido longe demais. Ver o homem mais forte que havia conhecido se entregar à morte por simples drogas?

Não com Kyo Kusanagi vivo...

...


Iori só acordou três dias depois. Seu corpo todo doía, e ainda de olhos fechados podia sentir sua cabeça explodindo, e parecia que pesava uma tonelada. Abriu seus olhos bem pouco já sentindo ardência nos mesmos. 
Percebeu que o lugar era escuro.
Só não achou que aquele era o beco que costumava ficar porque o ambiente exalava um cheiro neutro e agradável. Era um quarto, cuja porta estava fechada, mas conseguia ver uma pequena iluminação através da fresta de baixo.
Olhou para seu corpo e viu que estava limpo. Usava meias brancas nos pés, uma calça cinza de algodão larga, e uma camisa branca. Estava limpinho, sem nenhuma sujeira no corpo.

Mas primeiro... Que lugar era aquele?

Quis sentar-se na cama para procurar alguém ou tentar reconhecer aquele quarto, que não era o seu.

Quis.

Algo prendia seus dois braços, afastados um do outro, à cabeceira da cama. Mexeu-se e tentou se soltar, mas nada feito. Começou realmente a ficar bravo e mexer-se na cama, para tentar soltar-se de qualquer jeito.
O barulho fez com que alguém notasse que ele já havia acordado e estava tentando sair dali. Essa pessoa abriu a porta devagar, fazendo o ruivo olhar e gritar.

- Quem é voce????? – A voz estava um tanto rouca e distorcida.

A pessoa acendeu a luz, fazendo o ruivo sentir como se o sol tivesse atingido seus olhos. Os apertou forte, tentando se livrar da ardência inicial, e depois voltou a fitar a pessoa, mais bravo ainda.

- Kusanagi!!!!!!!??? – exclamou incrédulo.

Kyo se aproximou da borda da cama, mas não muito. Cruzou seus braços e ficou encarando Iori, sério.

- O que está fazendo seu maldito!!! Me tira daqui!!!Agora!!!! – Iori esbravejava, alto. Possesso da vida.

-...Não...Não vai sair daí.... – Kyo dizia tranqüilo, afinal Iori não poderia atacá-lo. Estava com duas algemas em cada pulso, preso na cabeceira da cama, para evitar mesmo que se soltasse. Os pulsos dele estavam enfaixados por uma fina espuma, para evitar que se machucasse. As dobras dos braços estavam enfaixadas com um remédio que o moreno havia passado, para aliviar os hematomas e dores.

- Seu filho da puta! Eu vou acabar com voce! Vou matar voce!!! – Iori deixou um punho pegar um fraco fogo, que logo se extinguiu.

- Voce não tem nem energia para alimentar suas chamas.... Pode fazer isso, mas só depois que voce estiver completamente limpo... E não sai daí antes disso...- Disse bravo, autoritário. -...Voce não tem vergonha desse estado Yagami?

- Foda-se!! Não ligo pra ninguém! Ninguém tem nada a ver com isso!! Por que não ficou na sua, seu mauricinho imprestável??? Não se mete no que não é da sua conta!! – Gritou, totalmente alterado.

- Voce se meteu em muitos assuntos meus, lembra?.. – Kyo deu as costas – Tenho todo o direito do mundo em me meter na sua vida... – Vai saindo do quarto e fechando a porta, deixando Iori novamente no escuro.

- Desgraçado!!!!!!!! Eu devia ter te matado quando tive chance!!!!!!! Vai pagar caro por isso Kusanagi!!!!! Espera quando eu sair daqui!!!!

Iori gritou no quarto, fazendo Kyo ouvir de lá da cozinha.

Suspirou. Sabia com o que teria que lidar logo que resolveu acolher Yagami e prendê-lo em sua casa. 
Muitas noites sem sono... Humilhação... Ingratidão... Um teste psicológico, que Kyo nem sabia se teria... Mas já era um começo deixá-lo sem as drogas.
E Kyo sabia que essa não era a pior hora...

No quarto Iori bufava com a audácia de Kyo. Fazia força com seus pulsos, mas jamais conseguiria arrebentar 4 algemas... Não tinha nem forças para isso. Sentia-se tão fraco que parecia que um chute ia quebrá-lo. Estava tão exausto e tão furioso que pegou no sono de novo.

Kyo diversas vezes ia vigiá-lo, abrindo uma pequena fresta da porta para conferir que ele estava dormindo, conferir as algemas, e conferir seu estado.

Iori realmente chegou ao fundo do poço. Na verdade, parecia além disso... Parecia que estava sendo sugado...Absorvido pela negra areia do fundo desse poço.
Kyo nunca sentiu-se em um pesadelo, tal qual ver Iori dessa forma. Nunca achou que ia preferir ser desafiado, espancado, e humilhado pelo ruivo, a vê-lo desse jeito.

Sentado ao sofá, no escuro da sala pesava nos motivos que o ruivo teve para querer se enfiar nesse caminho obscuro.
Ora, a vida dele já não era fácil, ele quer tornar as coisas mais difíceis ainda?
Ele realmente acha que só porque tem um sangue diferente, não tem direito a viver normalmente?
A vontade de morrer dele, pelo visto era enorme, já que em todos os bolsos da calça que usava tinham vestígios de tudo quanto é tipo de droga, que Kyo fez questão dar uma boa descarga nelas. E o engraçado era que o cigarro que sempre deixara Yagami com um visual sensual, o moreno nem achou.

- Como pode tanta química caber em alguém?....- pensou com a mão no queixo -...Vou te trazer de volta Yagami...Nem que voce me mate depois...

Essa noite foi até um pouco tranqüila para Kyo, por mais que ele tenha ficado um tanto transtornado com a situação e só tenha dormido umas 3 horas.
Onze da manhã o sol já batia na casa e depois de ter tomado o café, Kyo abriu um pouco a fresta da porta e viu Iori dormindo com um anjo. Um pálido e envelhecido anjo.
Adentrou o quarto e ficou o olhando.
Seus braços estavam bem mais finos. Sua pele clara estava opaca e ressecada, até mesmo ficando áspera. Havia alguns hematomas pelo corpo que Kyo notou enquanto dava banho nele assim que o trouxe para casa. Provavelmente briga. 
E o interessante era imaginar Iori apanhando pra um bando de ‘meros mortais’... Esse mesmo homem que costumava ser maior e mais forte fisicamente que Kusanagi, agora não passava de um graveto.
Era muita sorte Iori ainda estar vivo, pois nessa vida ou voce morre pelo consumo, ou morre porque não pagou o consumo.
Não há alternativa. 
A julgar pela quantidade de drogas, Iori provavelmente deve ter vendido até mesmo seu precioso baixo. 
Aquele definitivamente não era o ruivo que Kyo conhecia.

Lentamente ele despertou, provavelmente sentindo a presença do outro ali em pé, e logo que o reconheceu já fez a mais feia das expressões.

- Bom dia Yagami! – Sorriso.

- Bom dia uma ova!! Já falei pra me tirar daqui!!!

- Nossa... Você nem bocejou e já começou a praguejar... – Kyo sorriu sarcástico, enquanto puxava de uma vez a cortina fazendo o sol atingir o corpo inteiro de Iori, que se contorceu como um vampiro, xingando e amaldiçoando Kyo de tudo que é nome e mandando fechar a cortina. – Está um belo dia de sol Yagami... Pena que você não pode sair não é?... – E foi saindo do quarto, dessa vez deixando a porta aberta.

Iori estava tão raivoso que as palavras nem saiam de sua boca.

Mas Kyo também estava com raiva. E muita. Como não conseguia muito esconder, queria mostrar isso á Yagami como uma espécie de bronca.

Lá pelas duas da tarde enquanto Kyo tomava um chá, conseguiu ouvir um “Kusanagi” sendo berrado do quarto... Seguiu até lá calmamente com uma mão no bolso e outra segurando a xícara. Ficou olhando para o ruivo até ele resolver falar, de modo totalmente ríspido.

- Quero ir ao banheiro! Me solta!

Kyo deu uma risadinha de canto de boca. – Claro.... – Disse “acreditando”, e levou novamente a xícara a boca, olhando para o ruivo que ficou irado.

- Me solta caralho!! Não agüento mais!!! Ou vou fazer aqui!!

- Faça... – Kyo deu de ombros – ...Quando você estava alucinado de drogas, estava sujo por todos os orifícios possíveis e eu tive que limpar... Está envergonhadinho?... Pode fazer, eu não ligo... – Deu as costas novamente. – Vai permanecer sujo e mijado, para ver bem como você fica quando está afundado de porcaria.

Saiu do quarto, ouvindo mais uma vez seu nome sendo berrado. Kyo deu a volta, voltando até a porta do quarto e olhando Iori, que achou que Kyo havia mudado de idéia , mas a única coisa que o moreno fez foi fechar a porta. E mais uma vez ouviu seu nome sendo berrado, seguido de um monte de palavras baixas.

Kyo voltava a cozinha. Já estava acostumado a ser xingado por Iori, mas agora ele realmente estava soltando palavras sem classe alguma. Não que palavrão tenha alguma classe, mas Iori os soltava com uma certa ‘finesse’, e só quando realmente estava puto da vida. Ele estava tão fraco que sua voz havia perdido um pouco daquele toque grave e imponente.
Ou seja... Resumindo... Iori havia virado outro. Não dava para chamar de Iori Yagami aquele cara que estava na cama. Até o nome Iori Yagami era forte demais para o pedaço de lixo que estava naquele quarto.

Perto das 6 da tarde Kyo abre o quarto novamente e se depara com o ruivo acordado, com a cabeça de lado, olhando para algum ponto no chão.
O moreno adentra o quarto e vai perto da cabeceira, para fechar a janela, já que já estava escurecendo. Percebe que Iori ainda não havia feito tudo na cama mesmo. 
Quando se virou para andar, já perto da metade da cama, o ruivo se contorceu rapidamente e deu um chute nas costas de Kyo que deu uns 3 passos para frente, antes de cair no chão.
Começou a rir, e logo se levantou.

-...Mas que porra de chute fraco Yagami... Eu costumava voar longe com seus chutes... – Kyo ainda rindo maldoso, abriu a porta de um armário e retirou duas algemas. - ....Mau garoto... – E foi andando em direção ao pé da cama.

- O que vai fazer??? – Iori encolhendo suas pernas.

Kyo sem paciência alguma pegou forte pelo tornozelo do ruivo e o trouxe para perto da borda, passando uma argola em volta do tornozelo revestido com a meia, e outra na estrutura de madeira que havia ali no final da cama.
Iori se debatia, e conseguia notar que Kyo estava muitas vezes mais forte que ele, já que não conseguia se desvencilhar. 
Mexeu-se tanto que não agüentou mais segurar sua bexiga, e acabou urinando em seu abdome, molhando toda a parte de cima da calça e parte até mesmo da camisa, escorrendo para os lados e molhando o colchão. Apertava um pouco os olhos já que ardia um pouco, devido à pequena quantidade de sangue que saia.

-..Oohh... Não agüentou se segurar... – ria, de braços cruzados e mirando exatamente no baixo ventre molhado de Iori, para deixá-lo envergonhado o máximo possível. - ..vai dormir quentinho hoje... – Virou-se para sair do quarto. Fechou a porta olhando de relance o rosto extremamente possesso de Iori virado para o lado.

Kyo dirigiu-se para seu quarto, onde suspirou pesado enquanto se despia para um rápido banho. Com Yagami ali não poderia demorar em nada que fosse ficar longe dele. Não poderia mais sair, não poderia ficar horas no banho como costumava ficar, e praticamente não poderia mais ter uma vida social.
E mais importante, ninguém poderia ficar sabendo. 
Não que fosse trazer problemas para Kyo, mas era melhor para a segurança de Iori. 
E não queria envergonhá-lo á esse ponto, afinal sabia que esse vício de Iori já havia virado doença. Não conseguiria mais sair por vontade própria, e ele mesmo não se ajudava.

Perto das 10 horas da noite quando ia se deitar, novamente verificou o ruivo, que dormia pesado. Devia estar tão fraco que qualquer gasto de energia que fizesse já deveria logo repor. Entrou em silencio no quarto e despiu o ruivo com cuidado... Passou uma toalha sobre os locais úmidos de urina, e depois vestiu ele com outra calça e cueca...
Abriu o armário, pegando um lençol e o cobrindo.

Logo depois voltou ao seu quarto onde dormiu, depois de muito pensar.

A manhã seguinte já não estava tão bonita assim. Kyo imaginou que Iori nem tinha o que pôr pra fora, por isso nem o chamou para ir ao banheiro fazer necessidades. Afinal nem deveria comer nada do tanto que estava magro. 
Só foi falar com ele perto das duas da tarde, e o rosto de Iori estava assustadoramente pálido e enraivecido. O moreno até se assustou.
Sem acender a luz do quarto escuro se aproximou até a metade do caminho da cama, tendo sua alma devorada pelo olhar vermelho do outro.

- Quer comer algo?

A resposta veio em uma voz rouca.
-....Quero....A sua bunda suja... – Sorriu perverso.

- Quer comer algo? – Kyo repetiu segundos depois, franzindo bem pouco os olhos.

- Por que não senta aqui?...- A voz soava rouca e fraca, enquanto ele ergueu duas vezes seguidas seu quadril, simulando penetração, sorrindo ainda. -...Vai ficar limpinho com a minha porra...

Kyo andou calmamente até perto da cabeceira da cama, sob o olhar e o sorriso pervertidos daquele zumbi. Olhou feio para ele e rapidamente puxou a cortina, fazendo Iori gemer pela claridade que queimava seus olhos injetados de sangue. A parede branca ofuscava sua visão e fazia sua cabeça girar.

-...Fecha...!!!!... – Iori nem tinha muitas forças para berrar. Sua pele ficava mais branca e opaca ainda com a claridade diurna, e com os olhos vermelhos e ensangüentados e a face fina e magra, realmente ele parecia um possuído de dar medo.

- Voce costumava ser mais educado, Yagami..... tsc... Estou decepcionado com voce...- saiu do quarto fechando a porta.

Kyo rumou para a cozinha pensativo.
Mal acreditava que Iori havia falado naqueles termos sexuais com ele... Apenas drogado mesmo... Apesar de não gostar de Kyo, Iori nunca foi tão ofensivo assim. 
Cada vez deixava o moreno mais bravo, não por causa dos xingamentos, mas pelo ruivo se permitir afundar nesse tipo de coisa e acabar até mesmo com a própria reputação, passando por cima de seus princípios.

Os dias foram difíceis...
Kusanagi se preocupava com a alimentação dele. Estava muito magro e ainda assim recusava qualquer tipo de comida. Era notável que ele ia ficando mais fraco a cada dia, e dizia bravo que não estava com fome... E talvez não estaria mesmo.
E Kyo também sabia que ele tinha fome de outra coisa...

Um dia, não agüentando mais (já fazia 5 dias que Yagami não comia), Kyo enfiou goela abaixo uma colher de arroz e depois um pouco de batatas, bem bravo.

- Voce vai comer na marra!!!

Iori tossiu, mas ainda conseguiu engolir, sem defesa para impedir Kyo de fazer isso.

O resultado não foi bom: No meio da madrugada, vomitou tudo em si mesmo e fracamente conseguiu chamar Kyo, que ainda bem veio rápido impedindo que Iori se afogasse na própria sujeira.
Kyo ficou assustado, e sentiu-se muito culpado. Sua única intenção era nutri-lo, mas não adiantou.

Maldito! Era tudo culpa de Yagami pra começar!

Kyo observou Iori, todo sujo, retomando o fôlego e passando mal.
Juntou os braços dele, algemados á cabeceira, e soltou da cabeceira duas argolas, uma de cada pulso, e as prendeu junto, e só depois soltou as outras duas algemas que também o prendiam á cabeceira...
Esse era um bom método que Kyo encontrou para evitar que Yagami tanto fuja quanto queira lutar consigo... Usando essas quatro algemas, e eventualmente algemando os dois pulsos de Iori quando este precisasse sair da cama.

- Se me soltasse, ia te poupar muito trabalho... – Iori falou meio debochado. – Vá cuidar de sua vida... – Disse querendo que Kyo o soltasse.

- Cale a boca... Eu não quero ouvir sua voz... – O moreno mal o encarava, bravo, falando baixo e intimidador, o pegando pelo braço para se levantar e se dirigindo ao banheiro, onde Yagami seguiu calado e fraco, sendo puxado pelo outro.

Kyo tirou sua camiseta apenas ficando com a calça larga de pijama, e foi despindo Iori enquanto este se apoiava na parede tentando se manter. Por trás dele, abaixou sua calça também suja junto com a cueca, e depois com força rasgou a camiseta dele, já que não dava para tirar por causa das algemas.
Jogou tudo no lixo.
Em seguida ligou o chuveiro, fazendo a pele do ruivo de arrepiar pelo frio, mas logo ficou morno.

- Huh... Ficou tão bravo por eu ter sujado suas roupinhas?... – Ele falou, sentindo Kyo pegar a esponja e passar em seu corpo.

- Falei que não quero escutar sua voz... – Kyo rebateu com a voz baixa – Vê se esse teu cérebro de merda consegue processar a real causa de eu estar bravo...

O ruivo permaneceu calado sentindo o outro lhe dar banho, e Kyo não sabia se ele realmente estava processando ou não... Zumbis não processam nada.
Permaneceu atrás de Iori, sem realmente se encostar nele exceto as mãos trabalhando na parte da frente do corpo do outro, tal como pescoço, rosto, tórax e barriga, empenhado em limpá-lo... Em nenhum momento ficou de frente para ele, também para impedir que Iori apagasse de repente e caísse.

Logo o ruivo já estava todo lavado e limpo. Kyo também estava praticamente todo molhado, mas não se preocupava consigo. Puxou a toalha e passou pelo corpo do outro, que ao menos se firmava em pé, mesmo com a cabeça baixa. Parecia até que havia dormido em pé. Ao menos não enchia a cabeça de Kyo com palavras absurdas... 
Ao menos não até Kyo enxugar seu baixo ventre...

-...Voce gosta...Kyo?... – A voz veio em completo tom de sarcasmo, baixa e maliciosa...

Kyo parou por breves segundos de enxugar ali. Voltou a enxugar e dessa vez se aproximou do ruivo e falou em sua orelha, baixo e ameaçador. -... Acho que não há problema nenhum em esmagar seu saco... Afinal, de tanta porcaria que voce se afundou, deve ter virado um imprestável impotente que não consegue nem ficar duro pensando em uma cadela pra foder... – Apertou os testículos dele cobertos pela toalha, o bastante para Iori reclamar de dor e xingar Kyo.

Sem delicadeza, o moreno o pegou pelo braço com força e caminhou pelo quarto, o jogando na cama em seguida. Novamente Iori tentou se forçar contra Kyo, se debatendo e o xingando, dizendo que não deixaria ser preso novamente.
Não adianta... Iori estava muito fraco. 
E Kyo bravo e sem paciência como nunca esteve. Chegou a machucar as mãos de Iori com as unhas, mas conseguiu algemá-lo na posição inicial.

Suspirou cansado enquanto se levantava e olhava para o corpo nu dele, e sua respiração acelerada pelo grande esforço junto com a expressão amarrada de raiva.

Abriu a gaveta e pegou uma revista pornô, com uma mulher escancarada bem na capa, e jogou no abdome de Iori.

- Se ficar duro, pode bater uma... Se conseguir ejacular, eu te dou droga... – deu uma risadinha bem sarcástica e depois saiu do quarto apagando a luz, sem nem vestir o ruivo, que o xingou novamente.


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