A Little Piece Of Heaven escrita por VictoriaPlague
Notas iniciais do capítulo
Posso oficialmente afirmar uma coisa: Amo fazer meus personagens sofrerem, hahaha. Boa leitura.
Huntington Beach, 2007.
Becky’s POV
- Becky, você já tá pronta? Jimmy ligou e disse que já está vindo...
- Já vou, mãe! – Essa sou eu viva após ter levado um tiro, e ter tido uma parada cardíaca há quase dois anos atrás. Deixando de lado esse drama, eu, Jimmy e os rapazes vamos ao bar do Johnny hoje antes de eles partirem em turnê amanhã.
Pedi à Larry que me liberasse dessa vez e ele concordou, então, hoje vamos beber até não aguentarmos mais, ou algo do tipo.
Coloquei uma camiseta do Pantera, uma calça jeans clara e um all star preto. Fui até o banheiro, me olhei no espelho por alguns minutos e decidi, por fim, passar um pouco de rímel e lápis. O resultado não foi tão ruim.
- Becky! Você ainda não desceu? – Não era minha mãe quem gritava. Coloquei uns dólares no bolso, espirrei um pouco de perfume do pescoço e desci as escadas correndo.
- Cheguei! – disse ofegante. Jimmy se aproximou de mim e beijou minha testa – Tchau mãe – disse lhe dando um abraço.
- Até mais, senhora Johnson – disse Jimmy.
- Voltem logo! – ouvi ela responder.
Entrei no carro e, logo em seguida, Jimmy entrou também. Ele deu a partida e fomos seguindo rumo a mais uma noite de bebedeira comum. Como eu era bobinha...
***
Era incrível como o bar do Johnny não mudava. O local continuava do mesmo jeito toda vez que eu ia lá, não importava quanto tempo passasse. Jimmy e eu fomos recebidos por “Onde vocês estavam seus putos?” dos rapazes da banda, seguidos de cumprimentos calorosos de Valary, Michelle, Gena e Lacey.
Todos estavam vestidos de uma forma um pouco mais... Formal. O pessoal havia juntado umas mesas de modo que todos podiam se sentar juntos. Jimmy pegou duas cervejas e, logo, estávamos bebendo e falando besteiras.
Pelo canto do olho, vi Jimmy fazendo um sinal e todos se calaram.
- Senhoras e Senhores – ele começou disse.
- Ih! Rev, você disse que não ia demorar com esse negócio, caralho! – disse Matt sorrindo.
- Calado, Shadows – Jimmy disse sorrindo, seus olhos azuis cintilavam. Ele se aproximou de mim com uma caixinha nas mãos. Meu coração acelerou e ele sorriu maliciosamente – Como vocês sabem, blá blá blá, eu amo a Becky, blá, blá blá – ele segurou uma de minhas mãos e pude perceber que sua mão tremia.
- Anda logo, Sullivan! – ouvi Brian gritar.
- Becky... – ele abriu a caixinha e vi duas pequenas argolas douradas cintilando – Você... Você aceita se casar comigo? – seus olhos azuis estavam fixos nos meus que estavam fixos nas pequenas e delicadas argolas. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Como eu era mole!
- Eu... – as palavras não queriam sair. O sorriso de Jimmy desapareceu e todos na mesa se calaram – Eu... Eu... Claro que eu aceito! – eu disse sorrindo. Jimmy sorriu e me beijou, seu beijo era reconfortante. Ouvi aplausos, gritinhos e alguns palavrões.
Jimmy colocou uma das alianças em meu dedo e eu coloquei a outra em seu dedo. Eu era, talvez, a pessoa mais feliz do mundo. Jimmy me abraçou forte e eu correspondi. Podia ficar ali abraçada com ele, sentindo seu calor para sempre.
- Sinceramente – ele sussurrou – achei que não fosse aceitar – e me afastou para me encarar.
- Como eu poderia recusar? – ele sorriu e me beijou mais uma vez.
A noite seguiu-se de muita cerveja, piadas sem graça nenhuma, mas que todos davam risada, conversas aleatórias e coisas desse tipo. Quando estavam quase todos bêbados, decidi que já era hora de voltar para casa.
- Eu te amo – ele disse quando me deixou na porta de casa.
- Eu também te amo – respondi tocando seus lábios com os meus levemente.
- Amanhã cedo passo aqui antes de irmos pegar o avião.
- Tudo bem – eu disse – Tenho que entrar. Minha mãe ainda deve estar acordada – ele riu.
- Okay. Até amanhã – ele me beijou suavemente e logo foi embora.
- VOCÊ. ESTÁ. NOIVA?! – Minha mãe ficou histérica assim que contei.
- Shh! O Peter tá dormindo mãe, e ainda é cedo. Quer acordar a vizinhança toda? – disse sorrindo. Eu decidi não contar para minha mãe do noivado ontem à noite porque sabia que ela ficaria histérica desse jeito.
- Desculpa – ela sussurrou – Mas eu não acredito! Eu estou tão feliz por você, filha! – lágrimas cristalinas rolaram pelo seu rosto
- Ai mãe! – eu a abracei – Não precisa chorar! – sorri. Esperamos Peter acordar para tomarmos café todos juntos. Logo os rapazes chegariam, então, decidi esperar na calçada.
Não demorou muito para que um carro enorme e preto parasse em frente a minha casa. Cinco rapazes tatuados desceram do mesmo e vieram em minha direção, todos parecendo muito animados com a turnê que os esperava.
Os rapazes e eu ficamos conversando na calçada por alguns minutos. Jimmy estava radiante, muito ansioso pela turnê. Após alguns minutos (que me pareceram segundos), Zacky, Johnny, Brian e Matt se despediram de mim e entraram no carro. Apenas Jimmy havia ficado. Seus olhos azuis brilhavam e sua boca delineava um sorriso suave.
- Vou sentir sua falta – ele disse.
- Eu também vou sentir a sua.
- Eu sei – ele disse rindo – Vou te ligar sempre que eu puder okay?
- Tudo bem – respondi passando os dedos suavemente pelas curvas de seus lábios e, logo em seguida, os beijando.
- Tenho que ir – ele disse me beijando mais uma vez – Até – e se afastou. Fiquei observando o carro até ele desaparecer de vista, sorrindo feito uma idiota.
***
Huntington Beach, Dezembro de 2008.
Organizar um casamento enquanto se está trabalhando feito uma louca não é algo fácil de fazer. Felizmente, a grande turnê havia acabado e, por agora, só restavam editar algumas fotos dos shows da banda.
Domingo era um dia extremamente tedioso. Jimmy e os rapazes estavam compondo algumas coisas na casa de Matt e eu havia decidido ficar em casa, o que foi uma péssima ideia.
Meu tédio chegou a um nível máximo. Decidi pegar meu carro e ir dar uma volta pela cidade. Passei a tarde toda fazendo isso. Enquanto estava voltando para casa por uma daquelas avenidas não muito movimentadas de Huntington Beach, um carro foi se aproximando do meu em alta velocidade.
O carro foi chegando mais perto, estava há o quê? Cem quilômetros por hora? Tentei desviar, mas o carro vinha em zigue-zague. Tudo aconteceu em extrema câmera lenta. A frente do carro bateu no meu. Não me lembro do que aconteceu a partir daí. Só me lembro de ver sangue. Muito sangue.
***
Abri os olhos lentamente e me deparei com uma cena familiar. Eu estava deitada em uma cama muito confortável em um quarto claro e iluminado. Na parede à minha frente, pendia um suporte com uma televisão. À minha direita havia uma mesinha vazia e, à minha esquerda, um aparelho que media frequências cardíacas.
Eu devia ter alguma atração por acidentes. Minha cabeça doía e meu tórax também. Só havia uma parte do meu corpo em que não havia dor... Minhas pernas. Que estranho.
Inclinei meu corpo um pouco para frente procurando por alguém, mas o quarto estava vazio.
- Enfermeira? – gritei. Instantes depois, uma moça loira de olhos muito verdes abriu a porta do quarto e entrou dando um leve sorriso.
- Srta. Rebecca Johnson – ela disse – Sou Vanessa, a enfermeira que cuidou de você no seu último, ahm... Acidente.
- Ah sim – eu disse dando um leve sorriso – onde está todo mundo? Meus pais? Meus amigos?
- Eles estão todos na sala de recepção. O doutor Carlton virá vê-la, segundo ordens dele, somente uma pessoa deve estar presente no momento. Quem a Srta gostaria que eu chamasse?
- Chame... Minha mãe, por favor.
- Claro – ela acenou com a cabeça e se retirou do quarto, voltando minutos depois com minha mãe e um cara alto, moreno com um cabelo um pouco rebelde e uma expressão que me parecia... Pena.
- Rebecca! – Minha mãe exclamou. Tinha olheiras fundas e os olhos cheios de lágrimas. Ela veio em minha direção e me abraçou com cuidado.
- Mãe! Eu estou bem... – respondi.
- Ah, filha! Quando recebi a notícia meu coração quase saiu pela boca! Fiquei com tanto medo... – ela chorava.
- Calma mãe! Tá tudo bem – respondi a afastando de mim. Sua expressão era uma mistura de medo e pena.
- Rebecca Johnson – disse o rapaz que, até então, não havia dito uma palavra – Meu nome é Carlton Evans, sou seu médico – eu o fitei por um instante.
- Doutor... Por que... Por que você e minha mãe estão me olhando desse jeito? – minha mãe começou a chorar novamente.
- Bem, Rebecca... O seu acidente foi grave, mas felizmente, conseguimos reparar os danos com uma cirurgia.
- Então... Por que minha mãe está tão...? – perguntei confusa. Minha cabeça martelava.
- Bem... – o doutor me fitou – Apenas um dano não foi reparado – ele fez uma pausa que fez meu corpo inteiro tremer – O acidente... Te deixou paraplégica, Rebecca. Sinto muito.
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Espero que tenham gostado :)