Jimmy’s POV

–Rev! Acorda cara! – era a voz de Matt.

–Quê?! Onde? Como? – todos riram.

Estávamos na casa de Syn, apesar de eu ter insistido para termos continuado no Bar do Johnny. Qual é, estávamos de férias, sem turnês, sem estúdio e eu queria beber sem culpa.

–Vai cara, sua vez de jogar – disse Syn.

–Ah, eu passo essa.

–Qual é Rev! – disse Zacky – Você tá todo zumbi aí desde que viu a Becky. Tá perdendo essa partida de mini-pôker.

–Eu não quero jogar, ZV – Tentei me concentrar na televisão e na minha cerveja, mas algo não permitia – HEY!

–Que foi? Quer matar a gente de susto seu desgraçado?! – gritou Matt.

–Ah, foda-se. Vocês não acharam... Meio coincidência logo a Becky ser nossa fotógrafa...

–Eu achei... – disse Syn – No final, o destino de vocês é ficarem juntos...

–Não enche Syn...

–Cara, você não esqueceu mesmo o negócio do Daniel né? – perguntou Zacky

–Eu... Não...

–Acho que ela ainda não te perdoou por...

–EU NÃO BEIJEI A VADIA DA ALICE, E VÃO SE FODER!

–Calma cara – disse Johnny

–Eu estou calmo. Eu vou indo – fui embora dando um tchau rápido e decidido a ir dar uma volta na praia.

Becky’s POV

A brisa que o vento soprava do mar estava refrescante. A lua já havia ocupado seu lugar no céu rodeada de estrelas, devia ser 8 horas da noite. Depois de andar por alguns minutos, decidi sentar na areia e observar as ondas indo e vindo, lentamente.

–Hã... Posso sentar? – perguntou uma voz familiar. Virei a cabeça lentamente e olhei para cima. Jimmy estava parado ao meu lado, seus cabelos pretos, agora curtos, esvoaçados por causa do vento. Vê-lo me deu um aperto no coração e um frio na barriga.

–Ah... Claro, fique à vontade – ele se sentou a alguns centímetros de distância de mim. Houve um minuto de silêncio em que ambos observávamos o mar ou as estrelas, sem nos encararmos.

–É bonito não é? O céu da Califórnia? – perguntou Jimmy. Eu estava meio em transe olhando as estrelas e só entendi o que ele me perguntou alguns minutos depois.

–Ãhn? É... Muito bonito – sorri. Silêncio.

–Becky... Faz tanto tempo... – mas logo que ele começou a falar, eu, por impulso, coloquei a mão em seu pescoço e o beijei. Ele escorregou suas mãos pelas minhas costas parando em minha cintura. Era um beijo estranho, diferente. Era como se eu tivesse urgência em beijar seus lábios, e ele correspondia da mesma forma.

Ele me deitou na areia e continuou me beijando, sem pressa. Eu o abracei firmemente enquanto suas mãos alternavam entre segurar minha cintura e meu pescoço. Ele continuava o mesmo... O mesmo Jimmy de anos atrás. Eu o afastei e o fitei por um instante, seus olhos azuis brilhavam refletidos à luz da lua.

–Jimmy... Eu sinto muito, por tudo. Sinto por ter te deixado ir, sinto muito por não ter te ouvido... Esses anos... Eu não conseguia, não podia evitar pensar em você, eu... – ele deu uma gargalhada alta.

–Senti sua falta Becky. Mais do que eu imaginava que sentiria.

–Eu te amo Jimmy, muito.

–Eu sei. Eu também te amo – ele me beijou novamente. Ficamos ali por mais uns minutos, depois, ele deitou e eu fiquei apoiada em seu peito. Eu podia ouvir seu coração batendo, aquilo soava como música aos meus ouvidos... Isso me lembrou...

–Jimmy, você tem se cuidado? – perguntei

–Me cuidado?

–É... Do seu coração – ele abaixou os olhos para mim e riu.

–Meu coração está muito bem, obrigado – ele riu outra vez.

–Okay – deitei em seu peito de novo. Fez-se um minuto de silêncio.

–Hey, o Larry te contou?

–Depende, ele me contou muitas coisas – eu sorri e ele também.

–Ele te contou... Bem, nós estamos no final de 2004, certo? – eu fiz que sim com a cabeça para que ele prosseguisse – Bem, nós temos um contrato novo e um CD quase pronto para ser lançado em 2005.

–Contrato novo?

–Sim... Nós assinamos... Com a Warner Bros. Records.

Eu levantei a cabeça atônita. Jimmy me fitava sorrindo, eu não estava acreditando.

–Ah... Meu... Deus! É sério isso?!

–Sim! Larry não te contou não é? Sabia... Mas enfim, é isso.

–Mas... Jimmy! Que... Ótimo!

–Não é?! – ele me abraçou – Depois te passo todos os detalhes, não quero falar sobre isso agora – ele sorriu para mim.

–Okay... O que você acha de andarmos um pouco pela praia, hein? – perguntei.

–Tudo bem – ele respondeu. Ele levantou e me ajudou a levantar também. Jimmy entrelaçou nossos dedos e fomos andando, caminhando como se estivéssemos juntos desde sempre.

Jimmy’s POV

Eu apertava os dedos de Becky contra os meus da forma mais suave que pude. Eu não acreditava que estávamos juntos depois de tanto tempo, eu estava feliz, mas logo senti uma fisgada no peito. Aquilo de novo?!

A praia estava quase deserta. Quase. Enquanto andávamos, um rapaz foi se aproximando de nós. Algo me dizia que alguma coisa ruim iria acontecer. Segurei Becky pela cintura e fomos caminhando. Quando passamos ao lado do rapaz, ele gritou:

–Hey! Vocês aí! Mãos para cima! – O rapaz devia ter a mesma idade que eu, tinha cabelos louros baixos e olhos castanhos. Ele apontava uma arma para mim e Becky – Vocês não ouviram?! Mãos para cima!

–Ah, meu Deus... – disse Becky, ela tremia.

–Opa, opa, vai com calma aí cara – consegui dizer.

–Cala a boca! – ele gritou – Podem ir passando dinheiro, carteira, tudo!

–Mas... Nós não temos n-nada aqui – Becky soluçava.

–Vocês acham que eu caio nessa?! Passa a grana toda vadia, anda logo, ou você prefere levar um tiro?!

Aquilo só podia ser brincadeira! Percebi o rapaz destravando a arma. Cara, ele ia atirar... Sério?! Antes que ele fizesse algo, abaixei as mãos e, a cena que se seguiu, aconteceu em câmera lenta.

Eu fui para cima do rapaz, agarrei seu braço e a arma disparou em alguma direção. Torci seu braço até que ele a soltasse e o bati. Um, dois, três, quatro, cinco socos. Seu rosto estava ensangüentado e ele estava apagado. Chutei a arma para longe e me virei.

–Becky, pronto... Becky! – Senti um aperto no coração e corri para onde Becky estava caída. O tiro que foi disparado havia acertado o abdômen de Becky. Ela sangrava muito, estava quase desmaiada.

–J-Jimmy...

–Não, não fala nada, fica quieta, por favor! Eu vou chamar um médico, eu vou... Eu vou... Eu...

–J-Jimmy... – ela cuspiu sangue enquanto tentava falar – Eu...

–Shh, shh... Calma, vai ficar tudo bem Becky, vai ficar tudo bem...

–Eu... Te... Amo, J-Jimmy.

–Eu também Becky, eu te amo. Não se preocupe... – peguei meu celular e liguei para Matt.

–Alô?

–Shadz?! É o Jimmy! Cara vem pra praia agora... A Becky... A Becky levou um tiro – lágrimas começaram a rolar sobre meu rosto – precisamos ir pro hospital cara, por favor!

–O quê?! Certo... Eu... Já estou indo! – Ele desligou.

–Becky... O Matt já está vindo... Fica acordada, por favor. Vai ficar tudo bem! – Sua camiseta já estava encharcada de sangue. Fiz pressão sobre o local que a bala havia atingido, tentando estancar um pouco o sangue que saía sem parar.

–J-Jimmy...

–Becky, calma! Calma, tá tudo bem! Eu... – Antes que eu terminasse de falar, os olhos de Becky se fecharam lentamente.