Becky’s POV

-Rebecca! Pelo amor de Deus, acorda! Você está atrasada de novo!

Essa é minha mãe, Jane. Ela é muito simpática, não acharam? Pois é. E essa sou eu, atrasada para o colégio de novo.

Levantei da cama de um salto, um pouco tonta e me dirigi ao banheiro. Me olhei no espelho e notei que olheiras não muito fundas estavam estampadas embaixo dos meus olhos. Maravilha! Despi-me e me dirigi ao Box, onde tomei um banho quente, que por incrível que pareça me despertou. Aproveitei o banho para escovar os dentes e refletir sobre qualquer coisa. Olha, pode parecer estranho, mas eu gosto de pensar sobre assuntos aleatórios quando estou no chuveiro. Quando terminei, voltei ao quarto onde vesti um jeans surrado, uma camiseta do Metallica meio velha e um tênis sujo às pressas. Não me julguem mal, mas eu gosto de roupas surradas e velhas, mas também não pensem que eu ando na rua como uma mendiga ou algo do tipo.

Desci as escadas correndo com minha mochila meio aberta, cumprimentei meu pai e sentei na mesa para tomar meu café da manhã favorito e nutritivo: Cereal matinal e algumas bolachas. Quando comecei a comer, alguém bateu à porta.

-Aposto minha mesada que é a Alice, disse ao meu pai que me ignorou, aliás, como sempre fazia.

Minha mãe se levantou e foi em direção à porta. Não deu outra: Alice estava lá, radiante. Alice é minha melhor amiga. É uma menina pouco menor do que eu de cabelos castanhos muito repicados na altura do ombro, olhos de um tom mel penetrantes, uma pele muito clara e um sorriso muito contagiante. Alice se vestia como eu, com roupas surradas, só que ela caprichava um pouco mais do visual.

Ela entrou na cozinha acenando rapidamente com a cabeça para minha mãe e logo em seguida me puxou pelo braço:

-Anda logo Becky! A gente tá atrasada de novo, cara.

-Ah... Tá... Alice, me solta! Ai, meu braço! Alice!

Ela me puxou para a calçada, onde me soltou e pediu desculpas. Daí, seguimos para o que seria mais um dia tedioso e insuportável no colégio. Isso era o que EU pensava.

                                                                        ***

Chegamos ao portão do colégio faltando dez minutos para o sinal tocar. Alice e eu fomos em direção a uma árvore onde embaixo, havia um banco em que sempre nos sentávamos antes do início das aulas. Mas dessa vez, a coisa não foi bem assim. Enquanto caminhávamos em direção ao “nosso banco” notamos que um pequeno grupo já o havia ocupado. Era um grupo com cinco garotos e cinco garotas. Ao contrário do que vocês podem estar pensando, nem todos que estavam sentados ali eram casais, isso dava pra ver. Só três casais estavam realmente formados. Segurei Alice e disse:

-Cara, ocuparam nosso banco, melhor a gente ir procurar outro e...

-Não! Nós sentamos lá desde sempre, e de repente, esses rebeldes idiotas tomam o nosso lugar.

-Alice, É SÓ UM BANCO!               

Como eu previ, ela me ignorou totalmente, foi em direção ao grupo e eu a segui, claro. Não ia deixá-la sozinha. Quando a alcancei, ela já havia começado o “sermão”:

-... Nós sentamos aqui cara, você e seu grupinho podem dar o fora.

-Como se uma vadia que nem você fosse nos obrigar, respondeu um garoto alto e forte, com uma voz grossa e assustadora e sorriso com covinhas. Do seu lado, havia uma loira muito bonita, de olhos castanhos e pele clara que estava de mãos dadas com o grandão. É sua namorada, pensei. Os outros membros do grupo só observavam.

-Alice vamos embora cara, eu já disse, é só um banco...

-Bela camiseta garota, disse um rapaz ainda mais alto que o outro. Tinha cabelos claros muito arrepiados, olhos azuis vivos e vestia uma espécie de kimono. Nossos olhares se encontraram e podia jurar que ele havia piscado pra mim. Ah, tá bom!

-Ah, valeu, respondi tentando ser educada. Naquele momento o sinal tocou. Vamos Ali, vamos embora.

Enquanto nos afastávamos, pude sentir o olhar daquele garoto nas minhas costas, assim como pude ouvir as risadas irônicas de seus amigos. Babacas.

-Eu dava conta, disse Alice enquanto íamos para a aula. Era matemática, então, estávamos na mesma classe.

-Claro que dava Alice, você podia ter derrubado aqueles cinco caras e suas acompanhantes... Claro que podia. Eu ri e ela não pôde evitar dar um leve sorriso. Nos acomodamos em nossos lugares (ao fundo) e arrumamos nossos materiais.

Por algum motivo, eu não conseguia prestar atenção na aula e nem queria. Fechei os olhos e, a primeira imagem que veio à minha mente, foi a do garoto de cabelos arrepiados sorrindo, seus olhos azuis cintilando. Mas que porra era aquela?!