Finalmente chegamos na fortaleza. O novo lugar era bem maior que o antigo. Eu me perguntava se Sam ainda estaria vivo. Jake bateu a porta do carro com força, e colocou sua mão em minha cintura. Ficamos olhando o castelo. Grandioso.

–Vamos. - ele falou.

Nós procuramos por uma fenda, alguma rachadura na parte de fora. Achei uma, e então quebramos os tijolos que estavam por perto, para podermos passar.

Entramos. Até que eu estava ficando boa nisso, antigamente eu demorava muito para conseguir entrar em uma fortaleza dos Hyssaks; agora eu não levava nem quinze minutos.

–Tome cuidado, e fique perto de mim. - falou Jake. Sempre que nós íamos nessas excursões ele me dizia isso.

Começamos a andar. Como eu havia previsto, o local não estava muito guardado, já que eles haviam acabado de se mudar. Sorrateiramente nós fomos até a parte mais baixa do castelo, pois deduzimos que lá ficaria o calabouço. Havia um Hyssak guardando o local, e Jake ficou mais do que feliz em explodi-lo. Na realidade, Jake destruiu cada Hyssak que encontramos, e , creio eu, que ele queria que tivesse mais para ele matar.

Jake explodiu as grades do calabouço. Eu procurei Sam. E o encontrei. Não estava muito reconhecível. Ele estava agonizando. Lembrei-me do dia em que o encontrei, e atinei que, Annie estava pior que ele quando resgatei-a . Se eu consegui salvar Annie, poderia salvar Sam.

Ele sorriu ao me ver. Era um sorriso deformado, pois seu rosto estava coberto por hematomas.

–Você voltou para me salvar. Eu sonhei com esse dia.

Antes de qualquer coisa, eu comecei a curá-lo. Coloquei minha mão sobre seus ferimentos, e o curei. Eram muitos, por isso eu levei uns cinco minutos para terminar o processo.

Eu percebi o quanto ele era bonito. Possuía cabelos castanhos e olhos verdes. Era belo, mas não tanto quanto Jake, que estava guardando a porta, e destruindo os Hyssaks.

Eu soltei Sam. Ele perguntou por Annie e Suzie, e eu falei que as duas estavam bem. Sam disse que achou que Annie falecera.

Eu terminei de soltá-lo.

Foi então que Sam inesperadamente me beijou.

E nesse exato momento, Jake se virou.

E ele viu o que aconteceu entre nós dois.

“Estou morta. Literalmente.” conclui.

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–Sam, porque você fez isso? - perguntei.

–Me desculpe, é só que eu passei tanto tempo sonhando com você que eu...

Eu não percebi quando Jake se aproximou.

–O que você fez?! - gritou ele.

–Não, Jake! - gritei quando vi seu rosto marcado pelo ciúme e ódio.

Ele ficou me encarando. Sam nos olhava, sem entender nada.

–Desculpe, cara. Não sabia que ela era sua namorada. - falou Sam, levantando-se. Eu fiz o mesmo.

Jake ficou de frente para mim. Ninguém estava vigiando a porta agora. Mas ele não se importava.

–Como você pode fazer isso comigo?! - disse Jake.

–Eu não fiz nada. Não pertenço a você. - respondi, com grosseria.

Jake me deu um tapa na cara. Eu queria matá-lo. Ao invés disso, comecei a gritar:

–Você não tem o direito de fazer isso! Como você pode, depois de declarar tanto amor por mim?

–Você não se importa com o meu amor! - berrou Jake, enfurecido.

Sam continuava imóvel.

–É sério, perdoe-me por ter beijado a sua namorada. Não queria causar tudo isso, me desculpe. - repetiu Sam.

–Não se desculpe, Sam. Você não fez nada de errado. Eu não sou a namorada dele. - eu aumentei meu tom de voz.

–Chega! - gritou Jake. - Vamos embora. Quando chegarmos no nosso esconderijo, a primeira coisa que eu irei fazer é separar nossas camas. E manter a maior distância de você.

–Você vai estar me fazendo um favor. - declarei, irritada.

Jake começou a andar de um lado para o outro, pensando no que dizer. Ele me encarou, e depois de um curto tempo, falou, sem alterar a voz:

–Eu te odeio. Nunca devia ter te salvado. Deveria tê-la deixado largada, no meio da destruição. Eu te odeio.

Foi como se eu fosse apunhalada. Mas, no fundo do meu coração, eu sabia que ele mentia, e que ele falava aquilo por apenas raiva. Jake nunca deixara de me amar. Pelo menos era isso que eu precisava acreditar.

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Notei que Jake parara de olhar para mim, e agora encarava Sam, com desprezo.

–Você não devia ter beijado ela. - declarou Jake, com a voz baixa. - Não deveria.

Jake começou a fechar sua mão lentamente. Sam se ajoelhou, e depois caiu , e começou a gritar. Seu sangue começou a cair no chão.

–Pare! Por favor! - eu berrei.

Jake me ignorou. Eu segurei seu pulso. Sam parou de gritar, e ficou imóvel, tentando normalizar sua respiração. Jake me jogou no chão, e se virou para mim.

–Ora, então você quer sofrer pelos pecados dele? - ele sorriu maliciosamente. - Que seja.

–Acho que você ainda vai ter muito tempo para isso. - falou uma voz diferente.

Nós nos viramos. Com a nossa briga, havíamos atraído um bando de Hyssaks, que agora nos cercavam. O dono daquela voz era o próprio Victor Hawkes, o líder deles. Ele possuía curtos cabelos castanhos e olhos azuis, e um olhar de maldade evidente estampado em seu rosto.

–Vá em frente. - continuou Hawkes. - Eu não vou interrompê-lo.

–Se você gosta dos seus amigos, tire-os daí. - falou Jake. - Se não eu irei destruí-los.

–Se isso te fizer feliz. - falou Hawkes.

Jake estalou os dedos, e dois Hyssaks caíram mortos. Ele continuou encarando Hawkes.

–Bravo, bravo! - exclamou ele. -Que bela atuação, Jake! Pena que as máscaras serão retiradas! - ele fez uma pausa, e falou: -Agora,o que você acha de resolvermos isso como adultos? - começou Victor.

–O que você quer? - perguntei.

–Oh, minha querida, não tinha te visto. - falou ele. - Como diria um esquartejador, vamos por partes. - ele fez uma longa pausa, e continuou: - Já estou ciente da história de vocês. Triste, muito triste. Quantas noite você gastou chorando por causa disso, Hannah? Muitas, não? E você sabe o que Jake andou fazendo? Ele estava destruindo alguns de nós. E eu permiti isso.

–Por que? - eu perguntei.

–Ora, eu queria que Jake ficasse como está agora. Tão forte. Ninguém pode derrotá-lo. Quer saber de um segredo, Hannah? - eu não respondi, e percebi que Jake começou a sorrir. - Estava tudo planejado. Você realmente acha que, se eu não quisesse, você teria entrado aqui? Realmente? E sabe mais de uma coisa? - Hawkes olhou para Jake, que por sua vez disse um mísero “Vá em frente”, e continuou: - Antes de te conhecer, Jake passou um bom tempo aqui. Antes de se juntar ao seu nojento grupinho. E, para a sobrevivência dele, nós nos tornamos amigos. Eu ensinei a ele alguns truques. E foi então que descobri que Jake seria o perfeito espião.

Eu estava pasmada.

–Ele começou a namorar a líder de vocês, Vivian. Ela contava tudo para ele, e nós nos adiantávamos. Vocês só invadiam nossa fortaleza porque nós deixávamos.

–Por que? - repeti.

–Tínhamos um plano maior por trás de tudo. Foi então que você apareceu. Jake não resistiu, e te salvou. Vivian terminou com ele, e, infelizmente, ele começou a te amar. Parece que com você, Jake era mais fraco. Eu precisava separá-los, só não sabia como. Digamos que eu mal coloquei meu dedo nessa história, já que vocês fizeram a minha parte. Agora ele te odeia, não? - e virou-se para Jake, que não respondeu.

Victor fez um sinal, e os Hyssaks invadiram a sala. Mas não atacaram Jake, obviamente. Eles me seguraram, e eram muitos, não consegui me soltar. Prenderam Sam novamente.

–Vamos. - Hawkes encarou-me, sorrindo e disse: - É hora do show.