Pov. Autora

           Thalia estava deitada na cama. Abriu os olhos e aos poucos reconheceu o lugar onde estava. Apesar de certa incredulidade, sentou-se com dificuldade, logo vendo a figura escorada a beira da janela.

—Oi.

—O que aconteceu?- Thalia perguntou, piscando algumas vezes para reconhecer quem era.

—Você meio que apagou quando chegou aqui. - ele deu um sorriso tímido. - Dai a deixei deitada, para que pudesse se recuperar do choque.

—Estou bem. - respondeu ela, esfregando a mão onde estava dolorido da coronhada. - Só quero saber o que está acontecendo.

—É um pouco complicado, mas...- começou.

—Por favor Nico, me diga como está aqui.- Thalia pediu, conseguindo pronunciar o nome dele.

         Ele veio até a cama, sentando-se a sua frente. Thalia sentiu um arrepio ao vê-lo novamente, assim, tão perto. Tão vivo.

—Foi meu pai. Ele me deu uma segunda chance. - ele disse com um sorriso aberto. - E bom, a não ser Quiron e o Sr. D, é a única que sabe que estou vivo. Na verdade, queria que fosse a primeira mas...

         Thalia encarou Nico. Ainda não conseguia acreditar. 

—Não sabe o quanto ficamos preocupados. Você morreu daquela forma, foi... horrível.

—Eu lembro. - ele murmurou, balançando a cabeça enquanto afastava o pensamento. - Vai ser difícil esquecer. - ele levantou sua camiseta, mostrado o profundo machucado ainda costurado. 

—Você lembra o que aconteceu depois? - ela perguntou receosa, lembrando-se de Luke.

—Eu sei sobre o filho de Hermes. - ele disse, incomodado. - Sei do que ele falou pra você.

—Faz muito tempo que eu não falava com ele. E ele estava no seu corpo. Foi bizarro. - Thalia arregalou os olhos.

         Nico colocou pegou as mãos de Thalia e as enlaçou os dedos nos dela,  delicadamente.

—Eu não voltei somente por mim, Thalia. - ele começou, deixando o tom de voz suave, como daquela noite na missão. - Você lembra do sonho que teve comigo?

—Era você de verdade? - ela arregalou os olhos.

— Sim. - respondeu timidamente. - As notícias chegam atrasadas no mundo inferior, geralmente quando alguém morre. Eu realmente precisava saber se você havia saído da caçada...  Sei que isso pode não influenciar em nada, mas eu tinha que tentar. - Mordeu os lábios, receoso em continuar. - Gosto de você Thalia, de verdade.

          Ela inspirou vagarosamente e o abraçou forte. Seu perfume era exatamente como ela lembrava. Ele a abraçou de volta, sentindo o toque que o deixava feliz. Alguma coisa na parte escura do chalé se mexeu, atraindo a atenção de Thalia, fazendo-a solta-lo.

Com um golpe rápido, Freddie atacou Nico.

—Freddie?! - Thalia disse assustada. - O que está fazendo?!

—Você é minha, Thalia! - disse ofegante. - Minha!

         Nico levantou-se do chão retribuido o golpe. Logo, os dois estavam brigando no meio do chalé. Thalia conseguiu separa-los.

—Freddie, porque atacou Nico?

—Por você Thalia! - respondeu Freddie, visivelmente transtornado. -Depois de te tirar da caça a bandeira, ainda tive que me livrar de Jake e finalmente consegui trazer você pra esse chalé. Aqui ninguém iria nos atrapalhar meu amor, ninguém! Foi quando ele saiu das sombras. Mas ele devia estar morto. Morto! - disse com raiva.

—Ela é minha Freddie, sempre foi. - Nico disse para ele, frio.

          Ele quis voltar para cima de Nico, mas Thalia o impediu.

—Vá embora Freddie. Agora.

—Você é minha Thalia. - disse ele abrindo a porta do chalé. - Isso ainda não acabou. Tenha certeza disso.

Thalia foi até Nico que esfregava o queixo.

—Você está bem?- perguntou.

— Com um pouco de sangue a mostra e alguns roxos a mais. Nada com que se preocupar.- ele sorriu, mas logo fez uma careta de dor.

          Ela procurou a caixa de primeiros socorros no chalé, e cuidou dele. Não disse uma palavra durante isso. Ainda não sabia direito o que lhe dizer.
Quando terminou, respirou fundo.

—Acho melhor eu ir embora. - disse ela. - Obrigado por me salvar de Freddie.

—Obrigado por cuidar de mim. -respondeu Nico enquanto ela abria a porta.- E Thalia...

         A garota olhou-o fixamente.

—Eu te salvaria de qualquer um. Em qualquer lugar.
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Vários dias se passaram desde a volta de Nico. Todos ficaram muito surpresos, mas o receberam muito bem. Percy durante esse tempo, conversou muito com ele, o que era um mistério para Annabeth e Thalia.
      Os machucados de Nico já tinham melhorado e tudo corria bem. Errado. Nico tinha implorado uma segunda chance ao seu pai por Thalia. E desde aquele dia, eles mal se falavam. Ela estava sempre ocupada, e quando não estava, fugia dele. E aquilo o estava deixando frustrado. Percy que o ouviu nesses dias, o deu vários conselhos, mas ela não o dava chance de usa-los. Até que um dia, depois do jantar, Nico queria acabar com aquilo.

       Quando Thalia voltava para seu chalé depois da fogueira, ele a seguiu. Quando ela ia abrir a porta, ele a chamou bem atrás dela.

—Nico, caramba. Que susto.- ela levantou as sobrancelhas.

—Escute Thalia, vou direto ao ponto. - Nico encarou-a sério. - Estou cansado desse seu modo de agir comigo. Aliás, nem sei porque está me evitando.

—Nico, creio que o meu jeito de agir com você e com qualquer outra pessoa seja o mesmo.- respondeu petulante. - E mesmo que eu tivesse mudado, isso tem a ver comigo, não com você.

— Não tem a ver comigo?- indignou-se.- Tem tudo a ver. Desde aquela noite da caça a bandeira, você nunca mais foi a mesma. Você fala com todo mundo, menos comigo. Gostaria de saber qual é o seu problema.

—Não tenho nenhum problema, seja com você ou com qualquer outra coisa. Agora, me deixe em paz.

           Ela começou a entrar no chalé, mas ele a puxou pelo braço, fazendo-a encara-lo.

—Não vou deixa-la em paz até me dizer a verdade, de porque está agindo assim desde que voltei.

—Quer mesmo saber ?- disse ela irritada.

—Por favor.

—Eu não posso estragar a sua vida te dando uma chance.- ela começou sem paciência. - Você não pode jogar fora seu retorno comigo. Você está tendo uma oportunidade única, Nico. - explicou mais calma. - Além do mais, a gente não combinaria, por mais que eu goste de você. Isso não funcionaria para nós dois.

        Thalia inspirou e olhou-o esperando que ele compreende-se. Nico balançou a cabeça e sorriu.

—Você não entende não é mesmo? - ele colocou as mãos em seu rosto. - Eu só voltei do Mundo Inferior por você. Por não conseguir ficar longe de você. Por gostar da sua personalidade forte e sua coragem. Por amar seu jeito todo errado. Por te amar.

 
         Ele a beijou. Esse momento não era nada comparado ao que ele tantas vezes imaginou. Estava feliz e ao mesmo tempo nervoso. Nico apenas deixou-se perder nos seus lábios macios e quentes, como se fosse para sempre.