Fortune Cookies escrita por PSaiko


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Feliz dia das mães!!!
E pra comemorar o dia, mais um capítulo pra vocês! Espero que gostem =^-^=
Ah, detalhe... não conheço muito da culinária japonesa, então procurei algo que parecesse ser fácil, justamente pra só parecer. Bom, espero que entendam o estrago XD~



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Afastou o cobertor com muito cuidado, pisando de leve no chão, afastando-se da cama com extremo cuidado e conferindo de soslaio se não havia acordado o moreninho. Suspirou aliviado ao constatar que ele ainda dormia profundamente, parecendo muito fofo com os longos cabelos negros espalhados pelo travesseiro e resmungando qualquer coisa sem sentido.

Caminhou para o banheiro com um sorriso enorme no rosto, não só pela cena, mas por ter conseguido acordar antes que Ryuutarou. Ouviu barulhos vindos da cozinha, e imaginou que o primo também havia conseguido passar a noite sem nenhum problema com o ruivo. Talvez estivessem começando a se entender.

E por mais que soubesse que precisava trabalhar, parte de si queria arrumar outra desculpa para ficar em casa. Não tinha medo que os garotos destruíssem seu apartamento, mas queria passar mais tempo com esse Jack. O Jack que sorria facilmente, que conversava sem medo de falar a seu respeito, sem bloqueios, traumas ou alguma sombra negra por trás do olhar. Cada instante com essa criança o fazia querer saber o que aconteceu para que ele mudasse tanto.

* * *

Estendeu a mão para o lado, resmungando ao não encontrar o que procurava... ou melhor, quem procurava. Só o travesseiro frio e vazio. Ergueu a cabeça minimamente, abrindo os olhos devagar devido à claridade, confirmando que estava sozinho na cama.

Voltou a afundar o rosto no travesseiro, soltando um muxoxo e puxando o travesseiro que estava ao seu lado para abraçá-lo, sentindo o cheiro daquele cara ali. Ele fora gentil consigo na noite passada, não só por dizer que estava preocupado e levá-lo de volta pra casa sem reclamar da irresponsabilidade, mas pelo que aconteceu durante a noite.

Tivera outro pesadelo com os monstrinhos que tanto odiava e quando acordou estava assustado demais para notar que não era real. Como Izumi era o único que estava por perto para dar algum tipo de apoio, não conseguiu evitar se aproximar para procurar proteção. Sua mãe sempre o abraçava nessas horas, mas já que ela não estava por perto, o mais velho iria servir.

Por um instante imaginou que o staff estaria acordado e o afastaria pela ousadia, mas isso não aconteceu. Foi calmante poder ficar por perto, sem medo de ser recriminado. Não ia mentir para si próprio, dizendo que não queria ter ganhado aquele abraço quando se perderam, mas daquele jeito também era bom. Só assim conseguiu voltar a dormir tranquilamente, pois parte de si sabia que o mais velho iria protegê-lo.

* * *

_ Ryuu... acorda... – sentiu que o cutucavam na bochecha, mas não queria acordar. Estava quentinho e gostoso debaixo das cobertas, mas a pessoa era muito, muito insistente – Hey, Ryuu... eu preciso de ajuda! Acorda!

_ O que foi? – ergueu o rosto assustado ao sentir seu ombro ser sacudido sem nenhuma delicadeza, tentando focar o olhar na pessoa acima de si – O que houve, Shiro?

_ Preciso de ajuda. – repetiu o pedido, sentando ao lado do menor e esperando que ele levantasse, mas Asamura não parecia disposto a isso, apenas resmungando em concordância – Ryuu!

_ O quê? – ergueu-se novamente, ainda tentando se localizar.

_ Eu disse que preciso de ajuda! – cruzou os braços emburrado.

Takeo queria aproveitar enquanto estava com coragem, para fazer algo para retribuir a gentileza do mais velho, mas não queria fazer sozinho, pois se algo desse errado, do tipo dizerem que ele estava virando um bom garoto, ele jogaria toda a culpa em cima do amigo, dizendo que a ideia era de Ryuu.

_ Ah... tudo bem. Eu te ajudo depois... – e voltou a se deitar, deixando o ruivo de boca aberta.

_ Agora, Ryuu! – Takeo puxou a coberta com força, jogando-a no chão e sentando em cima do menor, com um sorriso maroto no rosto.

Só conhecia um jeito de acordar dorminhocos...

Cócegas.

Minutos depois os dois rolavam pela cama, rindo até não aguentarem mais.

_ Então... quer ajuda no que? – Ryuutarou conseguiu perguntar depois de recuperar o fôlego.

_ Eu... quero fazer algo praqueles dois... quero dizer, pro Izumi-san... se você quiser ajudar, pode fazer algo pro Ikeuchi-san também.

_ Mas fazer o que? – o moreninho sentou-se na cama, gostando da ideia.

_ Ainda não sei bem... – parou um instante para pensar, sobressaltando-se ao ouvir a porta do quarto sendo aberta.

_ Garotos, eu e o Arachii vamos ao mercado comprar algumas coisas pra fazer o café da manhã. Vocês esperam aqui, tudo bem?

_ Hai! – concordou Ryuu, presenteando o otaku com um sorriso enorme, sinal que pediria algo – Ikeuchi-san... compra bolo confeitado pra mim?

_ Claro! – como iria negar ao àquele sorriso? Impossível! – Tachii também quer alguma coisa?

_ Ah... não, obrigado. – reverenciou de leve, esperando que eles saíssem logo para que pudesse continuar com seus planos.

_ Tem certeza? É que nós vamos sair pra trabalhar e vocês vão precisar de lanches pra mais tarde.

_ Não quero nada. – deu as costas para o mais velho, pondo a língua pra fora, de modo que só o amigo pudesse ver sua zombaria.

_ Shiro gosta de biscoitos de chocolate e chá gelado! – Ryuu anunciou feliz, sabendo que implicaria com o outro.

_ Hei! Eu não gosto não!

_ Gosta sim!

_ Não gosto! – pegou o travesseiro ao seu lado, acertando a face do moreninho, que caiu rindo para o lado, pegando o outro travesseiro e começando uma guerrinha.

Ikeuchi apenas negou sorrindo, fechando a porta atrás de si e deixando os garotos brincando. Era tão estranho vê-los daquela forma... era como se tivessem trocado de personalidades! Nunca ia acreditar se lhe contassem que seu amigo brincalhão já fora mais retraído e seu namorado, que sempre fora fechado e responsável já fora mais alegre.

* * *

Depois de muito pensarem, decidiram que o melhor modo de compensar o que fizeram na noite passada seria preparando o almoço dos primos. Não sabiam se os dois iam demorar muito no mercado, então correram para a cozinha e começaram a separar os ingredientes, pensando em todas as coisas que gostavam de comer e pareciam fáceis de fazer.

Takeo lavou e picou alguns legumes, se empolgando por não ver nenhuma dificuldade naquilo. Ryuu lavou e secou o arroz, medindo a água com cuidado e colocando na panela para cozinhar. A seguir, separaram os ovos, farinha, açúcar e outros ingredientes para fazerem omelete e takoyaki.

Era mais fácil do que imaginavam! E daí que tivessem um pouco de arroz e farinha pelo rosto e cabelos? Estavam trabalhando duro ali e tinha que ficar bom!

Assim que tudo ficou pronto, cada um foi para um lado da mesa e começaram a montar os obentos, colocando cada item no lugar certo, montando os pratos coloridos em formato de bichinhos.

_ Acha que eles vão gostar? – Takeo questionou enquanto ajeitava o almoço que fazia.

_ Claro que sim! Nós fizemos tudo direitinho! – Ryuu sorriu abertamente, deixando à mostra suas covinhas.

_ E acha que eles vão trazer lanches pra mim também?

_ Humm... não. Você disse que não queria. – deu de ombros, terminando de arrumar seu obento, sabendo bem que ia provocar o amigo.

_ Mas eu queria... – descontou a frustração colocando um olho a mais no bichinho que montava.

_ Devia ter pedido.

_ Eles iam querer algo em troca...

_ Você é muito desconfiado! – riu do ruivo, vendo-o armar um bico enorme.

_ E você é muito oferecido! – apontou-lhe a língua, pegando um punhado de arroz e jogando na direção do menor, mas ele conseguiu desviar.

_ Sua mira é hor-... – Ryuutarou havia olhado para o arroz grudado na parede, e quando se virou novamente para o amigo, foi atingido em cheio por legumes.

_ AHA! Minha mira é perfeita! – mas Takeo não teve muito tempo para comemorar, pois o baixinho encheu a mão com omelete, tentando acertá-lo também.

Correram em volta da mesa, lançando e desviando de comida que ia para todo lado, rindo um do outro quando conseguiam se acertar. Esqueceram completamente do almoço que preparavam para os adultos, afinal aquilo era muito mais divertido.

_ Eu não acredito... – os adolescentes pararam de correr ao ouvir a voz de Izumi vinda do batente da porta – O que estão fazendo?

Intercalou olhares entre os garotos e a bagunça, o chão repleto de comida pisoteada, os eletrodomésticos cobertos com molhos e as paredes completamente manchadas. Sem contar que eles também não estavam nada limpos.

_ O que estava acontecendo aqui? – Hayato cruzou os braços, mantendo uma expressão séria e esperando uma explicação.

_ Fizemos o almoço de vocês! – Ryuu contou orgulhoso, sorrindo para os mais velhos.

_ Almoço? – Izumi ergueu uma sobrancelha, contando mentalmente até dez, tentando se segurar e não brigar com os meninos.

Mas será que Ryuutarou era tão ingênuo ao ponto de acreditar mesmo que um sorriso iria livrá-lo de um castigo? E já não havia discutido o suficiente com Takeo para que ele aprendesse a se comportar?

_ Eu sempre quis fazer uma guerrinha de comida... – Ikeuchi não conseguiu evitar um sorriso.

_ Isso não é engraçado, Jin! – Arata ralhou com o primo, depois voltando a atenção para os garotos – Nós saímos por alguns minutos e vocês quase destroem a cozinha! O que vai acontecer quando nós sairmos pra trabalhar? Vamos chegar aqui e os bombeiros vão avisar que vocês explodiram o andar inteiro?

_ Nós só queríamos retribuir porque vocês nos procuraram ontem e não brigaram quando a gente se perdeu. – explicou o moreninho.

_ Só que agora eu me arrependo muito por não ter brigado com vocês! – o staff tentou desviar da comida, depositando suas sacolas na mesa – Não podiam simplesmente agradecer? – os garotos se entreolharam, dando de ombros. Realmente não haviam pensando em apenas agradecer.

_ Primo, não precisa brigar...

_ Precisa sim, Jin! Olha a bagunça que eles fizeram!

_ A gente arruma tudo. – Ryuu ofereceu, tentando se livrar de algum futuro castigo.

_ Espero mesmo que arrumem ou não vão ganhar bolo. – Hayato respirou fundo, sabendo que ia precisar de muita calma.

Não adiantava brigar agora que o desastre já estava feito, mas eles teriam que arrumar tudo. Pegou o bolo da sacola, colocando-o em cima da geladeira, como um incentivo para que eles começassem o trabalho.

_ Não gosto de bolo, não vou arrumar. – Takeo cruzou os braços, mantendo uma pose petulante. Ele e Ryuu fizeram o almoço com tanto cuidado e aqueles dois velhos só prestaram atenção na sujeira?

_ Nós também trouxemos sorvete! – Shibuya entrou na frente de Hayato, mostrando o pote aos meninos.

O mais velho notara naqueles poucos dias que o ruivo conseguia tirar o primo do sério com muito pouco e realmente não queria vê-los brigando novamente, ainda mais por algo tão bobo. Eram crianças, era normal que fizessem travessuras. E se levassem em consideração a personalidade daqueles dois, a bagunça feita até ali podia ser considerada pequena.

Contudo, a menção ao sorvete só conseguiu atrair mais a atenção de Ryuutarou, que encarou o pote com enorme adoração, praticamente babando ao ver que havia também um pacote com marshmallows.

_ Eu limpo tudo sozinho! – o moreninho se ofereceu prontamente. Seria ótimo se ficasse com o sorvete todo pra ele!

_ Você não sujou sozinho Ryuu, então não vai limpar sozinho. – Hayato sorriu de canto, sabendo que fora uma jogada de mestre trazer algo que o ruivo gostava.

A princípio pensara em presenteá-lo, mas se fosse necessário para conseguir sua ajuda, iria chantageá-lo um pouquinho. Tirou um pequeno embrulho de outra sacola, mostrando as frutas vermelhas e suculentas. Não era maldade, era?

_ Eu trouxe morangos pra você, Shiro...

Como esperado, Izumi conseguiu a atenção que queria. Era um jogo sujo, mas ele estava lidando com adolescentes espertos e iria usar todas as armas que estivessem ao alcance para tentar mantê-los na linha. Não se importava que brincassem ou fizessem alguma travessura, mas tudo tinha limite.

E Takeo era mestre em passar por cima de todas as regras impostas.

O ruivo engoliu em seco, intercalando olhares entre o staff e os morangos. Já havia comentado com Ryuu que gostava muito de chocolate, tanto que o amigo pedira os biscoitos para si, mas não havia dito nada sobre morangos.

Então, como o mais velho sabia sobre aquilo?

Estava começando a acreditar naquela história que ouvira no restaurante... sobre terem virado adolescentes e tudo mais, por mais absurdo que parecesse.

O pior é que ele sabia que estava sendo chantageado descaradamente... E pra pior mais ainda, sabia que ia ceder.

_ Então... você vai ajudar a limpar, Takeo? – Hayato questionou novamente, com tanta calma na voz que ninguém notaria que era uma chantagem se não visse a cena. Estava mais para um pedido amigável.

E se os primos ainda tinham alguma dúvida que o ruivo iria ajudar, ela foi eliminada quando o garoto acenou em concordância. Quem em sã consciência resistiria a bolo, sorvete e morangos?

_ Muito bem. Nós vamos trabalhar e vocês vão ficar limpando. – decretou Izumi – Eu volto na hora do almoço pra fazer alguma coisa pra vocês, então nem pensem em comer os doces enquanto a gente não estiver aqui.

_ E os obentos? – Ryuu direcionou sua pergunta a Ikeuchi, encarando-o com olhinhos pidões.

_ Podem guardar que nós comemos no almoço! – não ia desperdiçar a comida que o pequeno preparara com tanto carinho para si.

E após mais algumas recomendações, os primos finalmente saíram para trabalhar, confiando a limpeza da cozinha aos garotos, torcendo para que o apartamento estivesse inteiro quando voltassem.


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Notas finais do capítulo

Continua...
A seguir, intoxicação alimentar causada por crianças bem intencionadas -QQQ



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