No dia seguinte, caía neve sem parar - aquilo apenas me animou. Vesti roupas pretas - calça jeans, casaco preto, cachecol preto e botas - e Dong Yul se ofereceu para me dar uma carona.

– Ok. - ela destrancou a porta para eu poder descer. - Venho te pegar às cinco.

– Me pegar? - saí do carro mas fiquei de frente para ela, com a porta do carro aberta.

– É, poxa. - Dong Yul sorriu e me mandou um beijo, piscando o olho. - É Natal, Lushi. Merry Christmas.

E com isso, ela fechou a porta e foi embora, me deixando sozinha em frente ao prédio. O que diabos ela deve ter na cabeça?

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O andar estava completamente vazio, menos pelos membros do SHINee ainda praticando e alguns poucos assistentes rondando pelos corredores. Fui para uma máquina de bebibas e peguei um café. Aquele dia estava realmente frio. Fiquei admirando os enfeites natalinos que estavam por todos os lados.

– Tá de luto? - uma voz masculina aproximava-se de mim por trás.

– Hn? - me virei e vi Onew sorrindo para mim. - Onew hyung!

– Merry Christmas! - ele ergueu para mim uma caixinha pequena.

– A-Ah. Mas eu.. - peguei a caixa e ela era bem leve. - Eu não preparei nada para você e nem para os outros!

– Está tudo bem, além de que seu aniversário é amanhá. Só estou me adiantando. - aquele sorriso conseguiu retirar todo o frio do meu corpo. - Vamos sentar? Quero conversar com você.

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Sentamos em um banco no meio do corredor, o qual estava vazio.

– Você não tem que praticar com os outros? - perguntei, segurando o café perto do meu rosto.

– Taemin e Minho estão na aula de canto. Eu, Key e Jonghyun vamos praticar depois. - Onew também havia pego um café e logo dava um gole no mesmo. - Abra o presente.

Olhei para a caixinha no meu colo e lembrei do presente que Sara havia me dado no dia anterior. Abri minha mochila e achei a caixinha pequena - coloquei-a no meu colo, junto com a de Onew.

A da Sara era levemente menor, e era dourada, com um laço vermelho em volta. A de Onew era branca, com um laço preto com listras pratas em volta.

– De quem é esse? - ele perguntou, apontando para a caixa dourada.

– A Sara unni me deu ontem, mas esqueci de abrir porque o Jonghyun hyung apareceu do nada.

Peguei a caixa da Sara e a abri. Dentro dela, havia uma pulseira de prata, que parecia uma correntinha - ela dava duas voltas e tinha um pequeno pingente em forma de uma estrela de seis pontas.

– Tão linda! - segurei a pulseira no alto, olhando-a contra a luz. - Pena que não poderei usá-la tão cedo.

Onew tirou a pulseira das minhas mãos, segurou meu pulso e prendeu a pulseira no meu braço. Logo depois, puxou a manga da minha camisa e cobriu metade da minha mão, deixando a pulseira fora de vista.

– Assim, você pode usá-la sempre que quiser.

– Onew hyung! - sorri, comovida por seu ato.

– Agora, abra o meu. - ele sorriu docemente, tirando o seu presente do meu colo e aproximando-o das minhas mãos.

Peguei a caixinha branca, puxei seu laço e a abri. Dentro da própria, tinha uma presilha de cabelo de prata - uma grande estrela de seis pontas.

Admirei o presente, sorrindo para mim mesma. Virei-me para Onew para agradecer mas acabei vendo uma figura parada na nossa frente. Taemin sorria, olhando para mim.

– Posso falar com você, Luca? - o garoto perguntou, colocando as mãos nos bolsos.

Olhei para Onew e ele deu seu sorriso usual, assentindo com a cabeça.

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Taemin me levou para a sala especial e logo senti o nervosismo tomar conta de mim. Ele abriu a ponta e me esperou entrar, segurando-a.

Entrei na sala e vi meu violão encostado no armário. A lembrança do dia em que acordei nos braços desse garoto voltaram a me atormentar. Eu precisava perguntá-lo sobre aquilo.

– Eu.. - falamos ao mesmo tempo e acabamos rindo juntos.

– Pode falar primeiro. - falei, sorrindo para ele.

Ele assentiu com a cabeça e começou.

– Quero me desculpar por te assustar naquele dia. Juro que nada aconteceu. - o olhar dele era sincero, então me acalmei.

– Me desculpe por fugir daquele jeito. Fiquei assustada. - encarei o violão, sem ser capaz de olhá-lo nos olhos. - Você sabe..

– Que você é, na verdade, uma garota? - me surpreendi com a sua suposição. - Sabia sim. Na verdade, tinha um pressentimento desde o começo.

Taemin puxou duas cadeiras e sentou-se em uma, deixando a outra vazia para mim. Sentei-me na cadeira e ficamos frente a frente.

– Pressentimento? - perguntei.

– É. Era algo estranho. - ele brincava com o celular, abrindo e fechando. - Sempre que você estava por perto, eu me sentia estranho, sentia que se você batesse em algum lugar, quebraria. Sentia que eu deveria cuidar de você indenpendente de tudo.

Aquelas palavras me deixavam ainda mais nervosa do que antes. Taemin sempre fora muito gentil e cuidadoso comigo, agora eu sabia porque.

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Ficamos em silêncio por um tempo.

– Me desculpe por mentir. - eu disse, olhando para seu rosto. Taemin levantou a cabeça e me olhou nos olhos.

– Por que se vestiu de garoto e ficou entre nós? - ele perguntou, direto.

– Basicamente, minha tia estava doente e eu precisava ajudá-la.

– E como ela está agora? Sun Hee noona.

– Bem melhor. Ela provavelmente melhorará em janeiro e eu poderei voltar para o Brasil.

– Não vai ficar aqui na Coréia? - o seu olhar havia mudado completamente, para algo mais solidário.

– Acredito que não. Minha mãe deve querer voltar para o Brasil, ela tinha amigos lá. - eu tentava ser direta com ele.

– E os seus amigos?

Aquela pergunta me acertou em cheio. Os amigos que eu realmente tinha podiam ser contados nos dedos. Acredito que Taemin tenha entendido o meu silêncio e não insistiu no assunto.

– Então.. - continuei. - O que você queria falar comigo? Era só isso?

– Não, na verdade.. - ele colocou a mão no bolso, procurando por algo.

Alguém bateu na porta. Uma mulher baixinha, por volta de seus quarenta, queria que eu ajudasse-a a guardar alguns presentes das fãs. Eu disse que já iria e ela se foi.

– Tenho que ir.

Levantei-me da cadeira e fui em direção da porta. Taemin segurou meu pulso e me puxou para perto dele.

– Você.. - ele disse, com a voz baixa.

Olhei para ele e seu rosto estava vermelho. Senti meu rosto esquentando e meu braço sendo puxado e o garoto abaixou-se, aproximando-se de mim.

– Feliz Natal, Lucy.

Taemin me beijara na bochecha e saira da sala bem rápido.

Senti minhas pernas perdendo a força e meu coração acelerado pela surpresa.

– O que foi isso..? - coloquei minha mão sobre meu peito e pude sentir que, se meu coração palpitasse um pouco mais rápido, explodiria.

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Desci do elevador e vi Key me esperando na porta.

– Me dá seu celular. - curto e grosso.

– Pra quê? - perguntei, tirando o celular do bolso.

Ele tirou o aparelho das minhas mãos e começou a mexer nele. Logo, pegou seu próprio celular e começou a apertar algumas teclas.

– Pronto. - o garoto me entegou o celular de volta. - Salvei meu número no seu e o seu no meu. Te ligarei amanhã assim que acordar, então fique atenta.

– Como assim? - era o que eu queria falar, mas as palavras não sairam de mim.

Vire-me e Dong Yul estava com a mão na cintura, batendo o pé.

– Amanhã ela sairá comigo. - ela apontava o polegar para si mesma, fazendo uma expressão zangada.

– Não mesmo. Ela sairá comigo. Já estava planejado.

Key olhou para mim, irritado. Dong Yul me lançou o mesmo olhar. Ri nervosa, dando um sorriso amarelo para os dois. De repente, Key puxou o pulso de Dong Yul e levou-a para conversar longe de mim.

Eles pareciam discutir bastante, mas algo que Key falou fez a garota se acalmar e eles pareciam ter entrado em um acordo.

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Dong Yul ainda parecia zangada, mas não falou nada enquanto voltavamos para casa.

Tivemos um jantar de Natal, trocamos presentes e logo fomos dormir.

De certa forma, eu tinha um bom pressentimento sobre o dia seguinte.