- Paaaaaaaai! – Eu gritei.

- Ah, vai chamar o papai, vai bebêzinha? – Disse o Thiago.

- Que fofa! Chamando o papai! – Falou o Vinicius entrando na dele.

- Calem a boca seus idiotas!

- Lara, me chamando de novo? O que foi agora?  É a décima vez que você me chama. Vocês não podem parar de brigar? – Perguntou meu pai, com raiva. Uma coisa que só eu e meus irmãos conseguíamos fazer é deixar meu pai com raiva e impaciente. Porque no geral ele é bem alegre e animado.

- Só diga para eles me deixarem em paz! Só quero um momento sozinha, será que é difícil entender isso? – Eu disse segurando as lágrimas que insistiam em sair.

- Vai chorar pelo Tutuzinho de novo, irmãzinha? – Debochou o Thiago.

- Saiam daqui seus imbecis! AGORA! – Eu gritei, mas minha voz quase não saia, pois eu estava com voz de choro e se eu gritasse mais as lágrimas cairiam.

Então eles começaram a rir. Eu realmente odeio isso. Quando eles começam a rir.

- Meninos, saiam do quarto da sua irmã, deixem-na sozinha, se é isto que ela quer – Falou meu pai, que até então tinha ficado calado observando tudo. – Lara, depois quero falar com você.

- Tudo bem – Eu disse, e antes dele sair chamei-o – Pai, obrigada. E me desculpe por isso. Não queria deixá-lo com raiva.

- Não tem problema filha, qualquer coisa é só chamar.

- Certo pai, vou dormir, boa noite, te amo.

- Boa noite, te amo também, filha.

Mas na verdade eu não ia dormir coisa nenhuma. Na verdade, eu ia chorar. Pelo Artur, de novo. O Thiago estava certo. Por que as coisas não poderiam ser mais fáceis? Por que, sei lá, ele não me ama de volta e facilita as coisas? Sabe quando eu disse que é melhor ter um amor não correspondido do que um amor correspondido, e sofrer? Mudei de idéia. Eu sofro no amor de todo jeito. Amor, você só fode com minha vida, você é uma merda, sabia? A vida é muito difícil. Ou eu que sou muito idiota.