- Alice – falei pausadamente. – Me dê um bom motivo para aguentar ele durante um ano.

Ela sabia bem do que eu estava falando. Ao sair do Salão Principal, nos dirigimos ao dormitório e aqui estamos nós.

- Porque você ama a sua amiga, e não a deixaria na mão – respondeu ela.

Marlene sorriu como se soubesse que aquelas palavras teriam o efeito certo e eu não poderia não ajudar Lice. Está certo, é verdade! Mas eu posso tentar um pouco mais, e elas não precisam saber que já me dei por vencida. Bem, pelo menos Alice não.

- James é legal, você irá ver!

- Alice, você sabe que ele me usou em uma aposta estúpida com o Black, não? – perguntei.

- Talvez... Mas hey, só foi uma brincadeira idiota dos dois. Sabe como são, além do que, eles são garotos!

- Eles são garotos... Isso é seu melhor? – Marlene riu.

- Lice, não seja boba, desde a sua primeira resposta você já venceu – disse ela.

- MARLENE!

- O quê? Diga que eu estou errada. – ela deu de ombros e deitou-se.

Quando eu apontei o dedo para argumentar, não saiu nada. Alice perambulou os olhos pelo quarto e de repente, me abraçou.

- Obrigada por compreender Lily!

Eu olhei sem reação e discurso, então, revirei os olhos e murmurei:

- Vocês duas não prestam.

Deitei-me, já era tarde e eu precisava acordar cedo amanhã.

- Eu quase consigo imaginar vocês dois – disse Lene, antes de dormir, com um risinho em seguida.

Acredite, eu consigo.
*
**

- Bom dia, ruiva – disse. Eu sabia bem quem era, por isso, belisquei um pouco mais do pão de mel antes de perguntar:

- Qual o seu problema com Evans?

Ele se sentou, leia-se: do meu lado, e como sempre o sorriso maroto estava ali.

- Lil, você sabe que isso é uma luta perdida, não? – ele retornou, com a sobrancelha erguida.

- Eu ainda tenho esperanças... – falei baixo.

- Tome. – disse, a mão direita com uma porção de jujubas sabor maracujá, doce de leite e chocolate.

- O quê?

- São suas preferidas, não é? – perguntou despreocupadamente, me entregando antes que eu dissesse algo. Eu aceitei receosa; ele ficou sério por um momento, acho que esperava algum grito ou uma devolução imediata. Algo assim.

- Ela não vai gritar – Marlene disse ao se sentar ao meu lado. – Ela consegue ser pior que uma formiga, afinal, são doces! – e riu sozinha.

- Bom saber. – disse ele maroto.

- Potter... – falei devagar, num tom de ameaça.

De repente, ele se aproximou.

- Muito bom saber, ruiva – sussurrou e eu bufei.

Só porque eu sou gulosa não quer dizer que não possa ser comprada. Digo, comprada facilmente. Hunpf!

Mas por incrível que pareça, ele estava sendo legal, como Alice dissera que ele poderia ser, e eu estava perplexa com esse fato. Afinal, James Potter sabe ser fofo e legal, uma vez na vida.

- Você deveria assistir nossos treinos um dia desse – falou despreocupadamente.

- Eu não gosto de Quadribol – expliquei.

- Por quê?

- Você ainda pergunta? Eu não acho que um bando de pessoas pedindo para se machucarem num jogo seja bom.

Ele me olhou de uma forma esquisita: os lábios retraídos, como se quisesse rir, e num misto de incredibilidade e surpresa.

- Você é inacreditável – e riu, finalmente.

Indignada, o encarei fazendo bico.

- E adorável. – completou e eu corei.

Alguém explica o que diabos está acontecendo? Porque eu estou mesmo tendo uma conversa civilizada com James Potter? Desde quando isso é possível?

Ele é o idiota que te apostou Lily! Lembrei a mim mesma. Claro que não teve o mesmo efeito que teria na época, mas serviu um pouco para que eu me recompôs-se.

- James? – chamou uma garota. Eu me virei para vê-la, já que ainda o fitava e Merlim, ela realmente era bonita. Parece que ele não deixou de notar isso também.

- Melinda – a cumprimentou.

Seus olhos azuis vivos me observaram por um instante. Uma mescla de desprezo e reconhecimento perpassou por eles, enquanto ela mexeu numa mecha dos cachos.

- Eu gostaria de saber se pode me encontrar naquele lugar, hoje à noite – disse, agora direcionando seu olhar para ele.

- Claro – ele respondeu, e ela corou. – Estarei lá.

Ótimo! Muito, muito bom! Eu acabara de presenciar o efeito Potter em uma de suas típicas conquistas. A diferença, é que a garota em questão, viera entregar-se de bandeja. E ele havia falado na maior normalidade, como se eu não fosse nada, nem estivesse ao lado dele. Afinal, quem ele corria atrás durante quatro anos? E nem liga!

Ops. Por que eu estou me importando? Lily! Lily! Oh, meu Merlim!

Ele me olhou, finalmente notando que eu estava ali. Sorriu sem graça e eu lhe devolvi, ao invés, irônica.

- Eu sou inacreditável? Sério? – perguntei e sai dali a passos largos.

Ele fez uma expressão confusa e começou com um “Lil...”

Antes de me distanciar dali, ouvi Marlene dizer:

- Péssima hora para marcar um encontro, James.