- Matt... – disse tentando recuperar o fôlego – Eu tenho que ir...

Mattew prensava as minhas costas na parede de uma viela e pressionava a parte externa de minhas coxas. A lua estava em seu ápice, indicando que já passava de meia noite.

Estar com Mattew fazia-me perder o controle de tudo. Enquanto seus lábios tocavam a pele do meu pescoço descendo para o ombro e voltando para o pescoço, eu sentia meu corpo se arrepiar e de suspiros eu já havia perdido a conta. Matt tomou novamente os meus lábios e o pouco de consciência que me fazia lembrar que eu estava no meio de uma rua “deserta” foi embora.

[...]

- Eu não acredito! – Bianca exclamou surpresa depois que eu contei-lhe sobre o que aconteceu na noite passada.

Matt, depois de eu ter insistido milhares de vezes, me levou para casa. No caminho de volta, ele me parava várias vezes e me surpreendia, me beijando. Nessas horas, o medo de alguém nos ver era tanto(mesmo que desnecessário) que eu acabava desviando de suas investidas, o deixando um pouco irritado.

- Para de ser medrosa – Matt disse uma última vez e me beijando com voracidade.

Balancei a cabeça tirando essas lembranças de minha mente. Bianca ainda me olhava, sua boca estava aberta demonstrando sua surpresa. Não consegui segurar o riso, ela me olhava como se eu ter ficado com Mattew fosse coisa de outro mundo. Talvez seja. Mattew não parecia ser do mesmo mundo que eu, ele era lindo, maravilhoso, perfeito...

- E depois você ainda diz que não gosta dele. – ela sacudiu a cabeça e riu mais para um pensamento dela do que para a nossa conversa.

- Isso não significa nada, Bia. – eu menti.

- Não significa? Bom, só se for para ele. – ela deu de ombros e me encarou. – Nós duas sabemos que você gosta dele.

Me senti desconfortada com o que Bianca disse. De alguma forma ela tina razão. Não. De todas as formas, ela estava mais que certa. Eu era apenas mais uma para Mattew. E eu pude ter certeza disso quando olhei além de Bianca, para a entrada da área de esportes. Mattew estava com o seu grupinho de amigos e ao seu lado, abraçada a ele e com um ar bastante intimo, estava Brunna Kuhn. Eles sorriam e se entrosavam na conversa do resto do grupo.

- Maria.., - Bianca começou a falar, mas parou quando seguiu o meu olhar e teve a mesma visão que eu.

Eu os encarava sem perceber. Meu olhar estava fixo neles e era impossível desviar, também não passava por minha cabeça esta idéia.

Brunna Kuhn olhou em minha direção e sorriu maliciosa. Surpreendendo-me, ela chamou por Mattew – que estava explicando alguma coisa para um menino loiro e alto -, ele se virou para ela e sem falar nada, ela o beijou. E ele retribuiu, virando-se completamente para ela e a segurando firmemente pela cintura.

 Meu corpo foi tomado por uma onda de surpresa e tristeza. Tudo bem. Eu sabia (ou deveria saber) que ele era assim. Bianca já havia me dito uma, duas ou três vezes desde que ele passou a ser assunto cotidiano, mas eu não conseguia entender. Eu não queria aceitar. “Isso era um sonho, um pesadelo, eu já vou acordar!”.

Depois da primeira sensação de tristeza, meu corpo foi tomado por uma onda de raiva. Eu tinha raiva de mim. Raiva por acreditar demais, sonhar demais, raiva por estar assim. Ah! Qual é? Desde quando eu – Maria Horn, que perdeu seus pais, sua família. Eu, que aprendi a suportar dores mais fortes – deixo que essas cenas me afetem tão profundamente? Eu não posso deixar que um menino, fútil e idiota, fazer com que meus olhos se encham de lágrimas, que meu coração se esprema dentro de mim, que meu corpo aja deste jeito, tão sensível e descontrolado. Eu não posso. Eu não vou.

Levantei-me e fui em direção a eles. Era a única forma de sair daquele lugar. Senti que Bianca me seguia e assim que passei por eles pude ouvir Mattew me chamando. Ergui meu rosto e segui para fora da escola, sem olhar para trás.

[...]

Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto. Joguei-me de qualquer forma na cama e acabei batendo a cabeça contra a cabeceira. Bianca se sentou em uma extremidade e abriu a boca para falar algo, mas não saiu nenhum som dali.

- Eu estou bem, ok? – disse para Bianca, mas nós duas sabíamos que eu estava tentando me convencer.

- Tudo bem. – ela disse e calou-se novamente.

- Ah!!! – gritei ficando de costas para ela e colocando o travesseiro por cima da minha cabeça.

Que droga! Quem eu estava tentando enganar? Eu não estava bem, eu sentia sim por ter visto Mattew beijando outra. E eu era uma tola.

“– Isso é normal.”. Lembrei do que Mattew tinha dito depois que eu o questionei sobre ele e Brunna. Senti ainda mais raiva quando percebi que ele estava certo. Isto é normal, ele estava apenas aproveitando a vida e tudo o que ela tinha de bom a oferecer. No caso de Mattew, nós. Garotas!