Olá! Meu nome é Maria Horn, eu tenho 16 anos. Perdi meus pais com 14 anos e desde então eu moro em um abrigo. Eu nunca superei totalmente a morte de meus pais e de meu irmão. Nossa família era feliz e completa, não havia brigas e nem preferidos. Minha mãe contava histórias todos os dias a noite para mim e para meu irmão quando eramos pequenos e quando crescemos, ela passou a apenas conversar. Não havia segredos. Meu pai trabalhava o dia inteiro e mesmo assim, quando chegava esquecia-se do seu cansaço e ia pra perto de nós. Nossa família era realmente perfeita.

São duas e quarenta e cinco da tarde. Matilde Weit, a assistente social do abrigo, me disse que minha tia, Alice Horn viria me buscar às quatro horas da tarde. 
Eu passei a manhã inteira me despedindo das pessoas aqui no abrigo. Por todos esses dois anos elas foram legais comigo e me fizeram aprender bastante.
Arrumei minhas malas. Bom as malas não eram minhas, minha tia mandou as malas. 

Coloquei minhas roupas e todas as minhas lembranças do abrigo. Abri uma gaveta que faltava, a gaveta que me fazia voltar ao passado. Encarei o que havia dentro da gaveta e por uns dez minutos eu fiquei apenas encarando. Deixei uma lágrima cair quando retirei o porta retrato de dentro da gaveta.

Nele tinha a foto da minha familia, eu estava ao lado do meu pai, meu irmão estava entre minha mae e meu pai. Nós estavamos sorrindo.
Balancei a cabeça tentando tirar de minha mente a lembrança deles. Guardei a foto em minha mala e fui tomar banho e me arrumar.
Às três e meia eu já estava pronta e sentada na sala de espera com todos do abrigo perto de mim.
Minha tia chegou na hora marcada por ela. Me despedi pela ultima vez e fui em direção ao seu carro.

A viagem foi realmente cansativa. Foram cinco horas de viagem, nem eu nem Alice conversávamos.
- Chegamos na cidade! - Ela disse entusiasmada e eu me assustei.
Olhei pela janela e me surpreendi. Realmente a cidade era do mesmo jeito que Carla Brine havia me contado. Ao longo da rua em que passávamos eu via como a cidade era bela. Havia muitas árvores e as casas eram simples mas com uma beleza incomparável. Quando havia intervalos entre as casas dava para ver um rio que segundo Carla, acompanhava toda a cidade.

Chegamos em minha nova casa e ela era parecida com as outras casas. Haviam dois andares e haviam duas janelas voltadas para a rua. A casa era branca e com detalhes em vermelho.

Entramos e minha tia me levou ao meu quarto. Meu quarto era de tons de violeta. Havia uma guarda-roupa, uma escrivaninha e uma estante com alguns livros e cds.
Tia Alice me deixou sozinha no quarto e eu deixei minhas malas perto de minha cama. Fui tomar uma banho para relaxar um pouco.

Saí do banho e arrumei minhas coisas. Desci para o primeiro andar e fui até a cozinha. Minha tia estava cozinhando. Sentei-me à mesa e ela logo percebeu que eu estava lá.

- Está com fome, Maria? - Ela disse me olhando insegura.

- Não. Eu estou bem! - Eu respondi e sorri para ela.

Alice se virou e continuou preparando a janta. O cheiro de comida ficava cada vez mais forte e era um cheiro bom. Senti minha barriga roncar e o cheiro da comida não ajuda em nada.
Alice terminou de preparar a janta e se serviu. Assim que se sentou à mesa disse:

-Tem certeza que não está com fome? - Ela disse já se alimentando. - Este estrogonofe realmente está bom!
- É. Eu não tenho certeza. - Levantei-me e fui me servir.
Sentei novamente e nós comemos caladas. Após o jantar nós conversamos. Era bom estar com ela. Ela parecia com minha mãe, porém era mais nova. 
- Amanhã nós vamos comprar o seu material. Suas aulas começam segunda-feira. - Alice disse se levantando, pegando o meu prato e o seu e os colocando na pia.
- Tudo bem. - Me levantei e me ofereci para lavar os pratos. Ela recusou e me mandou descansar.
Subi para o meu quarto e deitei-me na cama. Eu realmente precisava descansar. Fitei o teto e deixei meus pensamentos se perdessem. Logo adormeci.

No outro dia eu fui com Alice comprar o meu material. Fomos de manhã e já havia muitas pessoas na rua. Alice me apresentou para a dona da papelaria. Léia era o seu nome.

Voltamos para casa e ficamos conversando por um bom tempo. À noite eu subi para o meu quarto, tomei banho e dormir.

 Acordei cedo e me arrumei. Minha tia me levou até a escola. Não era um caminho longo, mas ela insistira. Não permiti que ela entrasse comigo na escola. Ela me deixou na porta e foi para o seu trabalho