I'm Not Ok escrita por Bones


Capítulo 28
Capítulo 27 – Seus Problemas, Não Meus


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, atrasei novamente, e eu peço desculpas por isso. Ninguém fica mais triste por não ter atualizações do que eu, podem ter certeza!
Passei por um bloqueio difícil por esses tempos, porém agora estou de férias, o que me dá mais tempo pra tudo! Tentarei me dedicar mais à essa história, que já começa a dar seus últimos suspiros. (insira um rostinho triste aqui)
Ok, cabô tristeza!
Beijos à todos e boa leitura!
~Avisos importantes e agradecimentos especiais nas notas finais~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/174098/chapter/28

Capítulo 27 – Seus Problemas, Não Meus



– E como você tem certeza de que o Max cumpriria as ameaças?

– Se você está me perguntando isso é porque nunca teve a oportunidade de ver como Max é tratado em casa.

– O que quer dizer com isso? – perguntei confuso mais uma vez.


De fato, durante todo o tempo que eu passei com Max como “amigo” dele, nunca havia ido a sua casa. Provavelmente ele não me considerava o tipo de pessoa ideal para se levar para os pais conhecerem. Até porque o interesse dele em mim era outro... Se fosse para ele exibir algum amigo para a família, ele poderia escolher outro de melhor aparência.


– Dentro de casa, Max é tratado como um rei. Ele tem tudo o que quer e se ele quiser algo que ainda não tem, o pai dele corre e compra. Independente de quanto custar. – ele disse simples, cruzando as mãos sobre a mesa novamente. – E eu não me refiro apenas a dinheiro.


– Então ele deve ser bem parecido com o pai... – expressei o que eu achava de Max desde que o havia conhecido.


– Na realidade não. – Bob disse, para meu espanto. – Carter é um homem ótimo! Todas as vezes que encontrei com ele, estava sempre de bom humor, tratava bem os empregados e meu pai me disse que nunca trabalhou com uma pessoa tão honesta quanto ele.


– Então como você explica o Max? – o interrompi, com um quê de indignação na voz.


– Eu disse que Carter era um homem bom, mas não disse que ele era um bom pai. – ele completou, parecendo um pouco triste. Ele devia estar pensando o mesmo que eu: se Carter é mesmo um homem tão bom assim, ele com certeza não merece o filho que tem. – A mãe do Max é bem ausente. Acho que nunca a vi em casa, está sempre viajando. O pai dele, por estar sempre na empresa, também não é muito presente, então quando está em casa, tenta compensar a ausência fazendo as vontades do Max.


– Isso explica muita coisa... – disse, agora também um pouco abatido. Se Bob estivesse mesmo falando a verdade, Carter sempre teve as melhores das intenções com Max... Mas infelizmente ele acabou errando.


– Bom, o fato não é esse... – ele retomou a fala, depois de algum tempo em silêncio. – Não foi só para isso que eu te chamei aqui, Gerard. – ele disse firme enquanto me encarava.


– Então para o que foi?


– Eu pensei muito sobre o que você disse, que tentar esquecer o que o Max fez não vai ajudar ninguém a nada. – ele olhou para as suas mãos e depois para mim. De alguma forma fiquei um pouco apreensivo para o que ele diria a seguir. – Você tinha razão.


Com essa resposta eu não consegui conter um sorriso satisfeito.


– Obrigado. – agradeci de forma verdadeira, ainda sorrindo um pouco. Ele me sorria de volta.


– E foi pensando em todas essas coisas que o Max também fez comigo que eu conversei com o meu pai. – Bob continuou, o sorriso em seu rosto se tornando um pouco vacilante.


– Você... Contou tudo o que disse para mim agora... Para ele? – assisti ele assentir devagar. Gostaria muito de saber o que Steven disse a respeito.


– Bom, era aqui que eu queria chegar desde o início... Eu quero testemunhar. – ele disse firme, recuperando de repente um pouco da postura que eu vira no dia em que nos encontramos no escritório do pai dele. Ele parecia decidido.


Naquele instante eu quis dizer muitas coisas a ele. Queria dizer que ainda não confiava nele totalmente, mas que estava disposto a lhe dar uma chance. Queria dizer também que se eu soubesse de tudo desde o início as coisas poderiam ter sido diferentes. Se eu soubesse que não estava sozinho na mira de Max eu poderia... Eu poderia...


Me lembrei do caso de Ray... Talvez na verdade eu não pudesse. Talvez as coisas tenham acontecido da melhor forma sem a minha interferência...


Talvez eu não possa resolver tudo.


Pensei no meu irmão, pensei em Frank... Merda.


Tentei voltar minha atenção para Bob e nossa conversa.


– Você tem certeza que quer fazer isso? – perguntei, me lembrando do que meu próprio pai havia me dito quando eu disse a ele que estava disposto a enfrentar Max judicialmente. – Você não tem nada a ver comigo nem com a Lindsey. Nós dois nem citamos o seu nome. Tem certeza que quer se envolver?


– Gerard... Por tudo o que eu fiz a você e por tudo o que eu ajudei Max a fazer... Isso é o mínimo. – ele sorriu de uma forma tão sincera que eu nem tive como corresponder.


E nossa conversa se deu por encerrada assim que a garçonete, enfim, chegou com os nossos pedidos.


Devo admitir que a companhia de Bob fora a melhor que eu tivera em dias. Conversamos sobre outros assuntos ainda na lanchonete de maneira natural. Sem pressões, sem constrangimentos ou problemas... Era como se nada tivesse acontecido entre nós. Ainda não confiava nele plenamente, e eu acredito que demoraria a fazê-lo, mas imagino que aquele tenha sido um bom início para nós dois.


Outra coisa que eu também gostaria de ter dito a ele e acabei não dizendo era que eu admirava sua coragem. Estava para se envolver com algo que pouco tinha a ver com ele, e fazia isso por livre e espontânea vontade. Um processo judicial... Isso não era brincadeira de criança, não era uma piada. O que me fazia pensar que era realmente bom que tudo o que ele havia me contado fosse mesmo verdade, pois mentir sob juramento é crime. Uma vez com a mão direita sobre a bíblia, você só tem dois caminhos a seguir: casa ou cadeia.


Já passava das quatro da tarde quando saímos da lanchonete. Apertamos as mãos em uma despedida acanhada onde Bob garantiu que no dia seguinte, segunda-feira, seu pai entraria em contato comigo para falar sobre Lindsey e sobre os papéis de cada testemunha durante todo o julgamento.


Entrei em meu carro com a cabeça consideravelmente mais leve e com uma forte ironia pairando sobre meus pensamentos. Chegava a ser engraçado o fato de Bob, outrora “amigo” de Max, estar hoje se voluntariando para testemunhar contra ele. E ainda mais irônico era o fato de que o pai de Bob era meu advogado... O ex-empregado do pai de Max. Gostaria muito de saber até que ponto essas coincidências podem acontecer. Quero dizer... Quais as chances de algo semelhante acontecer?


Girei a chave na ignição ouvindo o motor do carro roncar. O tanque estava cheio, eu já estava mais calmo e já havia andado pela maioria dos cantos da cidade que eu conhecia. Não me restava mais nada a fazer por ali e, por mais que eu quisesse adiar um pouco mais esse momento, já estava na hora de voltar para casa.


Dirigi com calma o percurso todo e, mesmo assim, acabei chegando mais depressa do que gostaria. Estacionei duas ou três casas antes da minha e desliguei o carro, mas não saí dele. Apenas fiquei sentado no banco do motorista observando o movimento da rua através dos vidros. O céu daquela tarde estava de encher os olhos! Começava dar sinais de que logo o sol iria começar a se pôr, o azul claro e límpido se mesclava com um leve alaranjado que ia, aos poucos, tomando conta de alguns pedaços do horizonte. O dia havia sido terrível, com toda a certeza... Mas talvez aquele final tão bonito compensasse alguma coisa.


Eu estava tão entretido que mal percebi quando a porta do passageiro foi aberta e fechada com rapidez. Virei para o lado completamente assustado sem saber o que esperar.


– Frank? – perguntei o óbvio, me sentindo um pouco mais surpreso do que eu estaria se um estranho tivesse entrado no carro.


– Por onde esteve? – ele parecia ofegante, os olhos focados em algo no para brisa. Seu tom de voz era duro.


Frio.


Quem era ele?


– Eu... – hesitei no momento em que ele desviou o olhar vazio para mim, minha boca secando de imediato e me fazendo engolir em seco. Repensei a resposta que daria a ele.


Queria contar a ele tudo o que eu havia passado naquela tarde, tudo o que eu havia pensado. Queria sentir a segurança de poder dizer a ele qualquer coisa, como quando nos conhecemos...


Seu cenho se franziu mais um pouco, como se ele ainda esperasse por uma resposta.


Mas não era hora de falar dos meus problemas. Na verdade, era a pior hora possível para isso.

– Un... Lugar nenhum, na verdade. – tentei olhá-lo nos olhos ao mesmo tempo em que me empenhava em controlar o quão vacilante a voz me saia da garganta.


Assisti suas expressões se enrijecerem ainda mais, dando ao seu rosto bonito um ar velho e cansado, como se a vida tivesse lhe dado cada uma daquelas marcas... Exatamente como no dia que ele havia me contado sobre seu pai.


Quem era ele?

O que ele tinha feito com o Frank?


Suas feições carregadas se aliviaram um pouco na forma de um suspiro cansado, que escapou de seus lábios fazendo um barulho alto e, provavelmente, desnecessário.


E eu permaneci estático, esperando ansioso e desconfortável o que ele faria a seguir.


– Ótimo. “Lugar nenhum”... – ele repetiu minhas palavras com certa ironia enquanto corria ambas as mãos pelo próprio rosto com força.


Ele retirou as mãos do rosto e seus olhos, de novo, procuraram os meus.


– Sua casa está um caos. – ele murmurou depois de algum tempo, quebrando o contato visual novamente e se acomodando melhor ao meu lado, afundando suas costas contra o estofado do banco do carona. – Ninguém sabia onde você estava ou que horas iria voltar... Nem se iria voltar. – ele soltou mais um suspiro pesado, balançando a cabeça negativamente. Senti um aperto no peito e me remexi incomodado em frente ao volante sem saber exatamente como me portar. – Mikey me ligou assim que você saiu com o carro. Estava preocupado com você e queria conversar. Tinha medo que você fizesse alguma besteira e antes que você me interrompa – ele disse bruscamente, antes mesmo que eu pudesse pensar em dizer algo. – saiba que eu também tive o mesmo medo.


Nossos olhos se encontraram mais uma vez. Dessa vez, porém, me esforcei um pouco mais para manter aquele contato.


Mas no fim...


– Lógico. – resmunguei, mais para mim do que para ele. – Eu não esperava que confiassem em mim. Nem mesmo depois de tudo o que eu fiz, tudo o que eu mudei em mim para...


...todos os caminhos pareciam me levar a um longo discurso sobre os meus problemas.


– Não é uma questão de confiar, é preocupação! Porra! Se eu gosto de você, obviamente vou me preocupar! É algo natural do ser humano! E não haja como se você não precisasse disso. – ele gritou tudo em tom de advertência, terminando a sentença com o dedo indicador pressionado contra o meu peito. A essa altura, já nos encarávamos sem a pressão do choque inicial. – Você não estava aqui para ver a pilha que a sua mãe ficou quando você não chegou para almoçar. Não deu notícias, levou o carro... Mas que merda!


– Você está falando igualzinho a ela... Igual ao Mikey... – balancei a cabeça em uma negativa. Frank falava aquilo como se fosse culpa minha! Como se eu estivesse errado em querer cuidar da minha própria vida! – Eu já sou um homem! Cansei de sempre ter alguém na minha cola para me vigiar! Todo mundo, Frank, todo mundo age como se eu fosse um drogadinho de merda até hoje! É como se eu não tivesse aprendido nada com tudo o que eu passei... Ninguém me dá crédito! Você não sabe como é isso, sabe? – cuspi aquelas palavras em cima dele com toda a raiva que estava entalada na minha garganta e esperei que ele rebatesse tudo o que eu havia dito com tanta ou mais grosseria.


Mas ele não disse nada, então eu continuei.


– Eu sei, eu não devia ter falado com o Mikey daquele jeito... O que aconteceu com o Ray foi escolha dele e com ou sem a minha interferência... seria inevitável. Mas chega uma hora que você cansa de ser sempre visto como vítima! E é frustrante ver que por mais que eu me esforce e lute, as pessoas continuam me vendo do mesmo modo. – olhei para ele, que me encarava de volta sem mover um músculo. – Eu sei que isso não te interessa...


– Lógico que interessa, Gerard! Se não interessasse eu não estaria aqui te ouvindo. – seu rosto se contorceu em uma careta estranha enquanto ele coçava a nuca com força em um gesto de nervosismo. – Olha... eu é que não deveria ter me metido na sua discussão com o seu irmão, para começar. Você tem razão, eu já me meti demais na sua vida. Nós mal nos conhecemos! – sua mão direita apertava com força um ponto entre seu ombro e seu pescoço, suas expressões me pareciam um pouco angustiadas. – Gerard, eu... Eu realmente me apeguei a você desde que nós nos conhecemos. Eu gosto de conversar com você, de estar com você. Gosto de te ajudar; e o que mais me fez feliz nesses últimos meses foi ver o quanto você mudou... O quanto você cresceu.


Ele deu um sorriso leve, e nele eu vislumbrei o amigo que eu pensei ter perdido. Era o Frank que eu conhecia! Esse sim! Com um coração tão grande que...


– Mas...

E não havia pior forma de fazer meu pouco de ânimo murchar. Sempre tinha um “mas”...


– eu já me meti demais na sua vida, Gerard. E como você mesmo disse, eu não tenho esse direito. Quando eu entrei no carro, uns minutos atrás, não era bem isso o que eu tinha em mente para te dizer agora, mas com tudo isso que você falou... dá para perceber que eu já me meti na vida dos Way mais do que eu deveria.


Ele fez menção de abrir a porta, porém em um gesto rápido – mais rápido do que eu mesmo pude processar – parei sua mão no meio do movimento.


– Frank, você sabe que eu não quis dizer aquilo. Todo mundo fala o que não deve quando está com raiva. Você também se descontrolou. – eu disse depressa, esperando que aquilo justificasse algo.


– Mas eu não retiro nada do que eu disse naquela hora, Gerard. – ele disse sério, livrando seu braço do aperto da minha mão. – Não é como se eu não tivesse pensado antes de falar. Eu pensei. Talvez só não tenha escolhido as melhores palavras. O ponto é que eu continuo pensando tudo aquilo da situação e de você. Só acho que não deveria ter falado porque, como você mesmo disse, isso não é da minha conta.


E as palavras dele me deixaram tão chocado que não tive o mínimo de presença de espírito para respondê-lo... nem mesmo para pedir que ele ficasse. Fui obrigado a assisti-lo abrir a porta do carro e sair por ela, sem saber mais o que éramos. Foda-se essa história de namoro, foda-se tudo... O que eu queria naquele momento era a companhia dele, a amizade... e naquele momento, nem isso eu sabia se ainda merecia.


O que eu mais prezava entre nós...


Ouvi batidas leves contra o vidro do carro e vire-me imediatamente para o lado, encontrando Frank abaixado me encarando.


Rapidamente abaixei o vidro.


– Gerard, eu não quero que me entenda mal. – ele disse com a voz suave enquanto sentia seus olhos queimando os meus. Tentei desvendar suas expressões... um mistério. – Eu só quero que você fique bem.


E sem olhar para trás, Frank de afastou do carro.


O que eu poderia dizer em uma situação dessas?



Acabou.


Será que é sempre esse o preço que se paga para ter aquilo que a gente quer?



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é, esse ficou curto, perdão. Detesto capítulos curtinhos!
E já estamos na reta final, o que também não me deixa nada feliz. Mas, o que fazer? Continuo escrevendo mesmo com o coração partido em mil pedaços.
Espero voltar logo com uma atualização, de verdade. E não se esqueçam dos reviews, por favor.
Um beijo especial à Lua Benzinny, que me mandou o review mais lindo que eu recebi em toda a fic e ainda fez uma recomendação maravilhosa! Muito obrigada, do fundo do coração! Nunca me emocionei tanto com um comentário. Nunca mais vou esquecer do que você escreveu, de verdade. Obrigada ♥
E um grande abraço de boas vindas à fofa FrerardisReal, que fez questão de comentar em todos os capítulos anteriores! Muito obrigada, meu bem! Postei esse capítulo pensando no seu pedido de atualizações mais constantes! ♥
Enfim, um beijo à todos que acompanham, um grande abraço à todos os leitores novos e, por favor galera: saiam da moita!
Vejo vocês nos comentários.