Consegui escutar, mesmo a uma boa distância, Alice dizendo para não me seguirem, agradeci mentalmente para ela e continuei correndo. Havia um rio por perto e eu o pulei sem dificuldade, acho que devia ter medido um pouco o salto, pois parei bem longe, próximo a um chalé.

         Contornei-o pela esquerda e segui criando uma trilha, pois precisei quebrar e arrancar algumas “coisas” pelo caminho. De repente fui tomada por um cheiro atrativo que me lembrava o conteúdo do copo que Alice havia me dado, percebi-me sendo controlada por meus instintos e parti para ver a origem do cheiro.

         Encontrei uma mulher de cabelos negros, dormindo tranquilamente encostada em uma árvore. Aproximei-me lentamente, mas percebi algo misturado ao cheiro de alimento. O segundo cheiro sobrepunha este, era um cheiro insuportável, lembrava-me água sanitária.

As pálpebras da mulher tremularam e ela abriu os olhos, vi-me agachada em posição defensiva, assim que ela tomou foco e arregalou-me brevemente os olhos, surpreendi-me

A mesma explodiu dentro de suas roupas, dando lugar a um lobo cinzento gigante

E bem furioso

O lobo deu um belo rosnado para mim, levantei-me rapidamente erguendo-me

– Desculpe! Não quis... – Tentei falar

Desta vez ela deu um latido bufando logo em seguida

– Por favor, não...

Não consegui terminar, logo a vi avançando em cima de mim e no mesmo segundo outro lobo cor-de-areia se jogou entre mim e ela, latindo e rosnando.

Eles passaram um bom tempo apenas encarando-se, logo em seguida o lobo cinzento bufou e saiu correndo mata adentro. Ótimo, eles devam estar disputando quem iria jantar! Percebi um pedaço desfiado de pano preso na pata direita dianteira dele e o mesmo fedor da mulher.

Aos poucos ele se virou para me olhar.

Não sei quanto tempo ele ficou apenas me encarando, eu poderia ter ficado em pé uma eternidade sem me cansar. Mas o lobo resolveu se mexer, soltando um grunhido baixo e desapareceu mata adentro.

O que diabos era aquilo?

Fiquei estática até um garoto alto de cabelos negros e curtos, como os da mulher, com uma tatuagem do braço direito e vestindo um short bem surrado. Ele tinha um sorriso lindo.

Por instinto abaixei-me novamente na defensiva.

– Ei espere! Não vou te fazer mal! – Tratou de explicar.

Assim que ele falou algo dentro de mim se mexeu.

– Bem, meu nome é Seth. Clearwater. Eu sou um lobisomem como você pôde ver, apesar de Jake ter dito que temos outro nome mais estranho. Eu prefiro lobisomem mesmo.

Opa! Excesso de informação. Como ele joga tudo isso na minha cara?

– Aquela que acabou de sair era minha irmã, Leah. Não ligue ela é estressada mesmo, é a única fêmea da nossa matilha

– Eu não quis perturbá-la – Falei finalmente em tom baixo

– Ora você fala! – Exclamou sorrindo – Já te disse não se preocupe.

– Desculpe fiquei meio perturbada. É muita coisa ao mesmo tempo – Dei uma pausa – Lobisomens?

– Você é uma vampira certo? Acho que outros seres sobrenaturais podem existir também. Desculpe jogar tudo isso assim, mas sinto que não consigo esconder de você. Porque, bem, você deve ser uma nova Cullen certo?

– Você não me conhece. – Respondi já me afastando

– Eu sei, mas...

– É demais.

Embrenhei-me na floresta e corri, achando incrível como eu desviava de tudo, sem bater. Minha cabeça estava cheia e minha garganta em chamas.

Escutei batidas frenéticas não muito longe. Meu instinto me guiou novamente, encontrei um casal aos beijos encostados em uma árvore. A mulher bem mulata e o homem moreno-claro.

Não pensei racionalmente.

Apenas pulei avançando para seus pescoços, sugando o líquido quente de seus corpos.

Até a ultima gota.