POV. Taylor

  Minha mãe estava morta agora.

  Virara pó.

  Presunto.

  Batera as botas.

  Mortinha, enfim.

-Aposto que ela está no céu. A vaca sempre teve sorte. Deve ter subornado alguns anjos. Eu aposto.

  Falei sozinha, saindo do hospital, acendendo um cigarro. Eram três horas, hora de encontrar Jensen, do estúdio. Brian e Zacky não queriam me deixar sair do Hospital. Queriam me levar para casa pra ‘descansar’. A vida dela acabou, mas a minha não, correto? Correto.

  Me sentei num cyber café com cheiro de canela e esperei. Poucos segundos depois um homem alto e forte entra no recinto e se senta na minha frente.

-Taylor.

-Jensen.

  Retribui seu aceno com a cabeça com um sorriso. Não queria parecer muito sem experiência, mas só consegui soltar isso:
-Pra que você me ofereceu o emprego se eu nunca tatuei ninguém?

  Jensen soltou uma risadinha abafada e assentiu com a cabeça, passando a mão na nuca.

  Nossa, que braços eram aqueles. Era difícil acreditar que ele não tinha tatuagem alguma em nenhum deles.

  Ai, o que eu estou pensando? Estou em um relacionamento sério com o Zacky, não posso mais ser uma vadia. Nem em pensamentos. Ai, que triste.

-Nada que um cursinho não resolva.

  Ergui uma sobrancelha.

  Jensen copiou o meu gesto, como se fosse um espelho.

-Vai pagar quanto?
-Faça seu preço. Pra mim está tudo bem.

  Disse, rápido demais, como se não importasse, falando logo sua seguinte frase duvidosa:

-Ei, você está namorando um cara chamado Zachary Baker, certo?

  Cruzei os braços. Jensen conhecia Zacky? Da onde?

-Sim, eu namoro o Vengeance. Por quê?

-Nada.

  Jensen deu um sorrisinho quase imperceptível, esticando aqueles braços esculpidos no Paraíso, entrelaçando seus dedos e os posicionando atrás da cabeça, em um gesto descontraído, encostando no confortável sofá.

-Ok...

  Respondi, franzindo a testa, olhando para a mesa.

-Quando eu começo?

...

  Enfiei a chave na porta e entrei, fechando a mesma, com dificuldade com as sacolas de shopping penduradas em meus braços.

-Cheguei, ovelhinha da mamãe! Passei numa loja e comprei uma lin...

  Quando me virei para a sala, Matt, Jimmy, Syn, Chelle, Valary e Johnny me encaravam com uma cara de ponto de interrogação. Exceto Valary, que parecia uma bomba relógio de vômito.

-Olá, vocês.

  Falei, tentando cortar o ar estranho que se formara depois que eu entrei, acenando.

-Zacky tá...?

-Ele saiu. Alguém ligou pra ele e ele saiu voado.

  Brian respondeu, olhando para baixo.

-Ah. Bom, se não se importam, eu vou guardar isso e tomar um banho. Estou impregnada com cheiro de hospital.

  Segui em direção do quarto de Zacky, tacando as bolsas em cima da cama e se despindo ao entrar no banheiro.

...

  POV. Ficwriter

  Zacky esperava em um beco. Via gatos e ratos passando de um lado ao outro, e se sentiu patético por ter aceitado se encontrar com tal pessoa nesse lugar tão sujo.

  Escutou seus calmos passos e se virou pra encarar a pessoa.

-Podia ter escolhido um lugar mais decente.

-Me desculpe se não é do seu agrado.

  A mulher parou a sua frente, pousando uma das mãos na cintura, encarando as órbitas do homem com um olhar não muito respeitoso.

-Trouxe?

-É claro que sim.

  Zacky passou um envelope a mulher, que o abriu e sorriu ao ver o que continha dentro do mesmo. Zacky lhe estendeu um mínimo sorriso, enfiando as mãos nos bolsos de seu casaco.

  Aquele olhar não saia da mulher.

-Quer ir para algum outro lugar? Temos tempo.

-Hoje não. Ok?

  A mulher assentiu, depositando um beijo no canto dos lábios de Zacky. Sorriu novamente, se virou e andou em direção da limusine de onde havia saído.

-Ei, espera.

  A mulher parou, virando-se para trás, seus cabelos balançando com o vento cortante que lhe pegara desprevenida.

-Podemos ir jantar naquele restaurante da última vez.

  A mulher teve seu rosto iluminado ao escutar as palavras do jovem.

-Oh, min kärlek*, sim! Sim, sim, sim!

  Seu sotaque o fez sorrir enquanto caminhavam em direção da limusine.

...

  Quando chegou em casa, se esforçou a não fazer o mínimo barulho para não acordar ninguém. Tirou os sapatos e a jaqueta de couro, tacando no sofá. Abriu a porta de seu quarto como quem desarma uma bomba. Murchou o peito, sentindo o remorso entrar ao respirar, ao ver Taylor deitada na cama, dormindo.

  Bom.

  Ele não conhecia essa lingerie.

  Suspirou consigo mesmo, entrando no quarto e fechando a porta. Caminhou em direção do banheiro, trocou de calça e escovou seus dentes. Encarou seu reflexo no espelho.

  Odiava fazer as coisas pelas costas de Taylor. E se sentia mal com isso, sim.

  Saiu do banheiro e apagou as luzes.

  Deitou na cama e se enfiou debaixo das cobertas, sentindo o calor do corpo de Taylor mesmo estando um pouco longe. A menina suspirou, chamando por ele, sem se virar:

-Zacky?

-Oi, meu amor.

  Já que ela estava acordada, Zacky não viu mal em chegar mais para perto e a abraçar.

  Com certeza se a deixasse despertar por completo escutaria seu falatório.

  Então, a virou para si, vendo que ainda estava de olhos fechados (porém aquela expressão carrancuda de testa franzida estava lá). A abraçou fortemente, e começou a acariciar seus cabelos. Pronto, com isso, ela com certeza iria voltar a dormir. Sentiu sua respiração bater em seu pescoço, e outro suspiro.

  Ah, Taylor... Se soubesse como eu me sinto fazendo isso...