Estava de noite, e bem frio.

Via sua respiração se congelar a sua frente conforme expirava e inspirava. Caminhava rapidamente em direção ao pub; quanto menos demorasse, mas rápido acabaria.

Chegou no pub e, ainda tremendo, tirou o cachecol, procurando-o por todo o lugar. Lá estava ele, olhando fixamente para ela, com um sorriso torto.

Ele era bonito, na verdade, apesar da alma podre e condenada. Era alto, forte, branco e tinha os olhos negros e intensos. Poderia fácil ser modelo, ou qualquer outra coisa, era inteligente demais. Taylor não entendia por que ele usava sua inteligência para coisas tão ruins, se poderia ter o mundo na mão.

Taylor congelou um momento ali.

Balançou a cabeça e caminhou ate ele, se sentando de seu lado no sofá.

Kid abriu um sorriso ainda maior.

–Hey. Chegou rápido.

***

–HAHA, PERDENDO PRA MENINAS, SHADOWS?!

Jimmy ria escandalosamente, apontando para o marombado e se contorcendo de tanta risada.

Val estava em pé em cima do sofá, comemorando sua vitória em cima de seu marido.

–SEU BICHINHA, HAHA, TOMA!

Zacky ria como o outros, de chorar.

Passaram-se varia horas depois que Taylor saiu.

Desligaram, em fim, o vídeo game e começaram a conversar novamente. Johnny puxara um assunto que sempre pegava-os de surpresa: o que iriam comer depois. a discussão se sucedeu, até chegarem ao impasse de salmão e espaguete.

–O que você acha, Porpeta?

Matt perguntou, encarando Zacky.

Sua mente já tinha se ocupado com uma pergunta; onde Tay estava?

–Porpeta?

–PORPETA!

Valary berrou, fazendo todos olharem para ela.

Valary se encolheu, fechando a boca com um fecho invisível.

–O que é?

–O que você prefere?

–Prefere o que?

Matt suspirou, Rev revirou os olhos.

–Pessoal, eu vou...

–Procurar Taylor. Eu também já estava ficando preocupado.

Rev disse, sério.

–Quer que eu vá com você?

Ele se levantou ao mesmo tempo em que Zacky, enquanto Val se levantava e ia para a cozinha novamente.

–É, cara, já está tarde e, você sabe, o Kid...

–Tudo bem, cara.

Zacky sorriu para Matt, que assentiu, erguendo as mãos.

–Eu ligo quando a encontrar.

Zacky caminhou até a porta. O celular cor de rosa de Taylor chamou sua atenção, com a tela nas mensagens.

Havia um numero restrito. Zacky passou a mão no celular e em seguida saiu do apartamento.

Apertou o botão e a mensagem do tal numero restrito apareceu.

Oh. Merda.

Zacky sentiu o coração como se fosse explodir de raiva. De Taylor inclusive. Colocou-se a correr em direção do pub perto de sua casa, que não era tão longe da de Val.

Ao chegar, ofegante e em pânico, chegou perto do barman que já era seu amigo e que conhecia Kid e Taylor, e perguntou:

–Viu a Taylor, Elliot?

O barman parecia tenso, secando um copo.

–Cara...

–Ela ainda está aqui?
Ele negou com a cabeça. Zacky deu um soco no balcão. .

O olhar de seu amigo era de compaixão e pena.

Zacky assentiu e saiu do pub.

Foi ai que teve uma visão.

Não, não podia ser... Ah, não, não, meu Deus, não...

Por que Taylor estava beijando Kid?

Sentiu suas veias entupirem de ódio. Fechou as mãos em punhos, andando em direção dos dois. Puxou Kid pela blusa, acertando-o com um soco bem em cheio o nariz.

Taylor soltou um gritinho assustado ao ver Zacky em cima de Kid, batendo freneticamente no homem ainda tonto.

Kid tentava se mexer, mas Zacky sentia tanto ódio que nem deixava o homem responder. Apenas acertava socos em cheio da sua cara, não ouvia mais nada alem de sua mente sussurrando ‘mate-o, mate-o, mate-o’ a cada segundo.

Era isso que ele queria.

Matá-lo. Movido a ódio, socava a cara de Kid cada vez com mais força, vendo suas lagrimas pingarem no chão. Nunca tinha empregado tanta força a alguém como agora, e olha que já se meteu em varias brigas.

Não era Zacky batendo nele.

Era a sua dor.

Mas, de repente, escutou uma voz irritante e aguda gritar seu nome. Era distante, como se fosse em um túnel; aos poucos ia aumentando.

–ZACKY, PARE! VAI MATÁ-LO, PARE, ZACKY!

Zacky se distraiu com a voz em pânico de sua amada.

Sentiu um punho contra sua boca; impactou contra o chão.

Perdeu os sentidos, sentindo-se cada ver mais entorpecido. Viu de relance Taylor puxando-o para seu colo, falando algo, alguma de suas lágrimas caindo em sua face.

Foi escurecendo e...

Escutou alguém falando alto.

Sentiu o chão duro em que estava deitado. Abriu os olhos.

Sua cabeça latejava e seu lábio inferior ardia.

Se sentou com dificuldade, olhando de um lado ao outro. Havia alguém grande. E magro. Estreitou os olhos, mantendo a mente em foco.

Ah, o vara pau.

–Jimmy?

O próprio se virou para ele, sentado do seu lado, e perguntou, sua expressão ficando preocupada:
–Hey, porpeta. Você está bem?

Zacky assentiu com a cabeça.

–Quanto tempo estou apagado?

–Pouco menos de uma hora.

Zacky passou a Mao no lábio inferior, vendo sangue.

–Onde estão...?

–Matt levou Taylor para casa. Ela estava nervosa demais, teve que dar três calmantes a ela.

Jimmy deu uma risada sem graça ao falar de Tay.

–E Kid... Bom, você deve ter deformado a cara dele.

Zacky deu um pequeno sorriso com isso.

–O que aconteceu, cara? Você machucou legal o cara.

Jimmy tinha a voz complacente; sempre tão amigo, sempre tão irmão.

Zacky fechou a cara, tentando levantar junto com Jimmy.

–Nada. Você pode ir, eu vou...

Zacky apontou para o pub, ainda aberto.

–Zacky...

Jimmy começou a repreendê-lo, porém Zacky nem ao menos escutou.

Precisava se afogar numa vodka qualquer.