The End Of Life escrita por Jway


Capítulo 2
Capítulo Um




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Tudo começou com uma inexplicável vontade de tomar café, mas não qualquer café, o café-especial da Coffee Shop a duas quadras do meu apartamento, lá tem o melhor café de toda Nova York, não de todo o Estados Unidos da América! Foi em uma tediosa tarde domingo que essa vontade me atingiu (odiava domingos, quanta ironia, não?), eu não tinha que ir trabalhar aos domingos, talvez isso que deixava os domingos tão tediosos. Eu ainda não tinha amigos em Nova York, então fui sozinha, pobre garota vinda do Texas, e eu ainda não tinha me acostumado com a agitada cidade de Nova York, a cidade que nunca para, não importa a hora ou o dia, Nova York era sempre Nova York.

Mas voltando ao enredo daquele, aparentemente, monótono domingo, fui tomar café na Coffee Shop, por conta de uma implacável vontade mais parecida com aqueles desejos de grávidas, e se eu não tivesse 100% de certeza que eu era virgem tinha desviado meu trajeto até uma farmácia e comprado um teste de gravidez. Quando cheguei na cafeteria, uma surpresa: estava praticamente vazia, isso era sem duvida muito raro, antes de entrar tinha pensado em entrar, pegar meu café e sair, mas com tantas mesas vazias e com um silencio tentador eu mudei de idéia, sentei em uma mesa próxima da janela de vidros que dava uma, até que bela, vista.

Estava nevando naquele domingo, e eu fitava a neve que caia aos poucos do céu pela janela. Pedi o café especial de lá acompanhado com um bolinho de chocolate que só lá tinha, e enquanto o pedido não chegava, eu continuava a fitar a janela, eu tinha saído só com a carteira no bolso do casaco, nada mais pra me distrair, porém o pedido não iria demorar, tinha pouca gente e alguns funcionários contando moscas. Eu podia ter rido daquilo, mas eu fiquei calada e séria fitando a janela.

O som de alguém pigarreando alto chamou minha atenção, era um homem alto com cabelos pretos, olhos verdes e um cigarro pela metade entre os dedos, ele sorriu e perguntou:

“Está esperando alguém?”

Ele podia ter perguntado se tinha alguém sentado ali, mas ele perguntou se alguém viria sentar, de forma que demonstrava, pelo menos pra mim, que ele reparara que eu cheguei sozinha.

“Não.”, tentei não sorrir, ele era tão lindo.

Ele puxou a cadeira que estava bem na minha frente e sentou-se nela, ele deu mais uma tragada no seu cigarro e o apagou no cinzeiro. Até parecia ter adivinhado que eu odeio cigarro, fitei o cigarro apagado no cinzeiro com medo de encará-lo nos olhos.

A minha salvação foi a garçonete ter chegado com meu pedido, o café espumante na xícara alta pareceu me aquecer mesmo antes de eu sorve-lo. Agradeci e coloquei uma mão de cada lado da xícara e fitei a espuma branca que estava por cima do café.

“Chamo-me Gerard!”, ele devia estar tentando me forçar falar, a voz dele me fez fita-lo.

“Cloe!”, voltei a fitar a xícara de café enquanto a levava a boca, como eu imaginava o líquido quente esquentou meu corpo. Sorri em deleite.

“Bonito nome. Você mora por aqui, Cloe?”, ele estava sem duvida tentando puxar assunto para me fazer falar.

“Á duas quadras daqui.”, bebi outro gole de café depois que respondi, depois o fitei.

Nossos olhos se encontraram e foi a primeira vez que uma sensação como aquela invadiu meu corpo. Era como se uma carga elétrica passasse por todo meu corpo, tal carga vinda dos olhos de Gerard, que bom que o já tinha deixado a xícara sobre a mesa, se não duvido muito que eu teria continuado a segura-la, o que estragaria aquele momento. Que foi perfeito, eu devo ressaltar.

Minutos depois nós estávamos entregues a uma conversa animada e divertida, que tinha como conteúdo nossas vidas, a vida de Gerard não fora muito boa com ele, e ele ironizava bastante sobre seus sofrimentos, era como se ele não quisesse levá-los a sério na minha frente. Mas eu percebi que ele sofria. Mesmo naquele dia, no primeiro dia que o via, na primeira conversa que estávamos tendo, eu sentia como se o conhecesse profundamente, como se eu pudesse saber exatamente o que pensaria sobre qualquer assunto, ele era completamente transparente para mim. Assim como eu era para ele.

Quando eu terminei minha terceira xícara de café e meu segundo bolinho, Gerard já tinha tomado umas dez xícaras do seu café.

Uma pequena observação aqui: a xícara dele era bem maior que a minha.

Lógico, aquilo era preocupante e assustador, café não faz bem. Assim como nada exageradamente. Anote isso: nada exagerado faz bem.

 

Bem continuando, depois de tudo isso nós saímos para dar uma volta pela cidade, agora coberta pelo manto noturno, quase todos os prédios tinham algo luminoso para chamar a atenção para si. Lógico, faltavam poucas semanas para o Natal e nada mais comum que os prédios e casas e até mesmo os postes das ruas festejassem tal data. As vitrines faziam competições entre si, qual a vitrine mais bonita, natalina e vistosa? Sei lá. Nunca reparei nelas, e lógico que eu iria ignorá-las mais ainda andando ao lado de Gerard.

 

Nossos passos sobre a neve rala das calçadas faziam um som interessante, mas nada me distraia melhor do que a voz dele, os gestos, os olhos, a boca.

“E o que você veio fazer aqui em Nova York, Cloe?”, sempre que ele podia, ele dizia meu nome, e eu havia percebido aquilo desde o começo.

“Vim a trabalho, fui transferida na empresa.”, expliquei com poucas palavras como sempre, para que logo ele voltasse a falar, eu gostava de quando ele falava.

“Sozinha? Quero dizer, sem família morando aqui, sem amigos, ...namorado?”, claro que eu também percebi a demora da ultima palavra sair de seus lábios, talvez ele estivesse com medo de perguntar para não saber a resposta.

“Sozinha!”, confirmei sorrindo e ele fitou meu sorriso, como eu fitava o seu.

Pronto estava feito! Estávamos ligados e nada podia destruir isso. Bem, quase nada.


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