The End Of Life escrita por Jway


Capítulo 3
Capítulo Dois




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No dia seguinte, segunda feira, eu tinha trabalho.
Sempre fiquei feliz ao perceber isso, mas aquela segunda feira era diferente. Eu sonhei com ele a noite, sonhei com seus olhos, seu sorriso, seu riso. E quando acordei tive a certeza de que ele não passava de sonho, mas quando eu olhei para meu criado-mudo, essa certeza se foi e eu me vi feliz em constatar que meu sonho era real, bem, ele era real. Ao lado do meu celular, sobre o criado mudo, estava um pedaço de papel que ele me dera e nesse papel estava anotado seu numero.

O papel original era maior, mas na outra parte eu anotei meu próprio número e lhe entreguei. Naquele momento eu não tinha esperança alguma de que ele pudesse ligar, e esse sentimento se prolongou até que meu celular vibrou insistentemente minutos antes do meu intervalo para o almoço.

“Alô”, disse indiferente concentrada no meu novo projeto que estava no computador.

“Olá, garota do Texas!”, minha reação foi de pura surpresa, naquele minuto mesmo eu estava me martirizando por não ter falado mais de mim ontem de noite, as garotas da empresa viviam dizendo que no primeiro encontro deveríamos falar sobre nós para deixa o rapaz interessado a continuar saindo com você.

“Ger-Gerard?”, minha atenção não estava mais na tela do computador, eu olhava ceticamente para a tela, minha cabeça funcionando e imaginando com ele estaria. Com outro cigarro entre os dedos e na mesma mão um copo de café, enquanto a outra mão estaria segurando o celular, ele possivelmente estivesse com aquele sorriso debochado achando graça da minha reação anormal.

“O próprio.”, Sim, ele estava sorrindo e debochando de mim. “Estava pensando se talvez você gostasse de companhia para almoçar hoje.”

“Isso foi um convite?”

“Na verdade eu estou me auto convidando e não dando chance de você negar.”, nós dois rimos, mas minha risada foi silenciosa para eu poder escutar a dele. “O que me diz?”

“Digo que concordo.”, sorri, ele já tinha me ganhado.

 

O almoço daquele dia foi em um restaurante, eu não costumava almoçar em restaurantes, na maioria das vezes eu almoçava aqueles Fast Foods nada saudáveis, mas como o nome diz, eram rápidos e eu sempre queria voltar logo ao trabalho. Não estar trabalhando ou fazendo algo útil fazia minha cabeça pensar na minha vida triste e solitária e eu não gostava de pensar essas coisas, me desmotivava.

 

Nós conversamos sobre qualquer coisa: sobre nós, sobre amigos, trabalho, família. E Gerard começou a falar dos seus problemas: drogas, álcool. Tudo o que acompanhava a vida de um artista. Sim, ele era um artista. Ele desenhava muito bem, era a visão dele das coisas, o modo que ele desenhava era totalmente único. Naquele almoço ele desenhou um coração, a seu estilo, no guardanapo de papel, que eu tenho até hoje.

 

A partir daquele dia almoçávamos juntos todos os dias, por mais três dias só nos víamos no almoço, no terceiro almoço juntos ele me convidou para assistir um filme e depois irmos jantar. Eu disse sim obviamente. Eu já não podia negar, já estávamos conectados, ligados. Eu não conseguia fugir dele, sonhava todas as noites com ele e em todas as horas do dia o rosto dele, os gestos, a voz me perseguia. É, eu já não podia fugir mais.

 

O filme era extremamente dramático, e nem eu nem Gerard ficamos até o final. Saímos com meia hora de filme e ficamos rodando a cidade por mais vinte minutos até que decidimos ir jantar.

Desde que foi me pegar o clima estava estranho, eu sentia necessidade de tocar Gerard, qualquer brincadeira dele era uma desculpa para eu bater de leve no seu braço, e então ele segurava minha mão que ainda tocava seu braço, nossos olhos se encontravam e eu corava e baixava o rosto, e então devagarzinho ele ia soltando minha mão. Mas minha vontade era que ele não soltasse, que ele nunca soltasse minha mão.

 

O clima do jantar estava mais estranho que a qualquer outro momento, eu digo estranho porque não parecia com nada que eu já tivesse sentido antes, mas na minha cabeça já rodava o que podia ser, alias o que já era. Eu já amava Gerard, amava cada pedaço dele, cada mania, eu o amava por completo. E ele me amava também, como ele mesmo disse:

“Isso é meio estranho. Porque eu sinto que já te amo!”, seu rosto estava abaixado, possivelmente ele fitava a sobremesa na sua frente, no meu rosto havia surpresa.

Quando que eu iria imaginar que meu sentimento fosse correspondido, as palavras começaram a se formar aos montes na minha garganta, prontas para pular de lá. Mas eu tinha que organizá-las.

“Sabe o que é mais estranho?”, perguntei sem olhá-lo, eu olhava minhas mãos se mexendo nervosamente sobre a mesa.

“O que?”, ele estava hesitante, e eu não precisava erguer a cabeça para saber como estava seu rosto. Ele estava agoniado como a sua voz, seus olhos verdes reluzentes estavam queimando sobre meu corpo esperando minha resposta.

“É eu sentir o mesmo.”, houve uma pausa. Um silêncio mortal nos envolveu, mas eu sabia que era apenas choque, eu fiquei chocada quando ele disse pra mim que me amava, porque ele não ficaria depois de eu admitir sentir o mesmo. Ele também não esperava ser correspondido. Ele iria ser um artista não correspondido e isso geraria criatividade e de alguma forma beleza, mas eu iria ser uma pobre garota longe de casa que se apaixonou pelo homem mais lindo, interessante, envolvente da cidade grande.

 

Aquela noite foi a definição mais próxima de perfeição. Nós caminhamos depois do jantar de mãos dadas, era totalmente estúpido -depois de termos nos declarado um para o outro- que continuássemos fingindo não querer tocar o outro, não querer ficar o mais perto possível. Caminhamos inconscientemente para o meu apartamento, ficamos algum tempo um fitando o outro na portaria, eu pensava se o chamava pra subir ou se dizia ‘tchau’. Talvez fosse o mesmo que se passava na cabeça dele.

 

As duvidas foram embora quando ele deu um passo ao meu encontro, sua mão voou lenta e delicadamente para meu rosto, seu polegar fez movimentos circulares, eu fechei meus olhos apreciando a sensação. Eu podia sentir a respiração descompassada dele no meu rosto, eu podia sentir seu rosto de aproximando. A mão dele desceu para o meu pescoço, deslizando ao encontro da minha nuca, fiquei feliz em ter prendido o cabelo em um coque, assim eu podia sentir melhor a mão dele nada hesitante na minha nuca, massageando-a enquanto seus lábios começavam a tocar os meus.

Minhas mãos foram ao encontro das suas costelas cobertas pela blusa, eu apertei a blusa em minhas mãos e puxei seu corpo para mais perto do meu quando o beijo começou a se intensificar.

 

E então a noite terminou no meu quarto, na minha cama de casal. Com os lençóis claros cobrindo nossos corpos colados um no outro. Eu adormeci em seus braços, sentindo a respiração leve dele no meu pescoço, a mão dele massageando lentamente meu rosto.


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