(Contado pela Milene)

- Não está acontecendo nada Milene! Vê se me deixa em paz! Me esquece! - Levantou-se, mas eu segurei seu braço.

- Não pense em sair daqui sem antes me dizer o porquê desse seu comportamento estranho!

- Me solta! - Soltou seu braço bruscamente, dando as costas.

- Espera Michael! - Gritei correndo até ele - Por que está me tratando assim? O que foi que eu te fiz?

- Nada, apenas esqueça que um dia eu apareci na sua vida... Isso não vai ser difícil já que tem outro em seu coração!

- Eu não vou te esquecer merda nenhuma! - Parei em sua frente - E quem é esse outro? Do que...

- Não se faça de desentendida! Vai ser melhor para nós dois, fique longe de mim.

- Mas por quê? - Comecei a chorar.

- Eu... Não quero mais ser seu amigo, não quero ter nenhum laço que me ligue a você! - Ele disse isso com uma certa frieza que fez eu sentir uma pontada em meu peito.

- Eu não entendo!

- Não tem que entender... Agora deixa eu ir porque você está tomando meu tempo - Deu as costas, andando ligeiramente pela calçada, com as mãos no bolso da calça e seu olhar abaixado para o chão.

Fiquei ali parada na calçada por alguns minutos, chorando de uma maneira lastimável.

Mas depois me sentei em um banco da praça onde fui parar, sem me dar conta por onde estava andando.

Eu amo Michael e porque ele está fazendo isso comigo? Meu melhor amigo, meu primeiro amor, meu primeiro beijo... Não quero e não posso esquecer ele. É impossível! Algo que marcou tanto a minha vida não sai assim de repente.

Parece que tirei o dia hoje, o dia em que todos estão se afastando de mim, primeiro o Justin, agora Michael... Quem vai ser o próximo agora?

(Contado pelo Michael)

Doeu sim, dizer tudo o que eu disse pra ela, mas eu preciso me afastar pra ver se consigo esquecê-la. Ela está em outra e isso é visível, está feliz e não quero atrapalhar com meus sentimentos idiotas.

Eu sabia que ela ficaria mal, mas sei que é forte e irá superar a minha ausência, até porque ela tem o tal pop-star ao seu lado. Não farei falta pra ela... Na verdade acho que nunca fui importante.

(Contado pelo Justin)

- Alô, aqui é o Justin e eu queria falar com a Milene, por favor.

- O senhor já tentou ligar para o celular dela? - Pelo modo como falou comigo, deve ser Hester, a empregada da família Wollnner.

- Já sim, mas ninguém atende... Já deixei mensagens, só que não obtive retorno.

- Senhor Justin ela não se encontra.

- Que pena, você pode avisar a ela que liguei?

- Posso sim...

- Então...

- Senhor Justin espera! Ela acabou de chegar... Vou ver se ela pode atender o senhor.

- Ok... - Segundos depois...

- Desculpe, mas ela não quis me ouvir, ela...

- O que houve?

- Não sei se devo dizer coisas que não me dizem respeito.

- Hester... Sou eu, o Justin, o namorado dela.

- É que... Ela chegou em casa chorando, dizendo que não quer falar com ninguém, e subiu para o quarto correndo.

- Obrigado por me informar isso Hester...

- De nada - Desliguei.

Tudo por minha culpa! Que droga de namorado eu sou? Estou ferindo a pessoa por quem estou completamente apaixonado, por causa de uma garota com quem não consigo terminar um relacionamento!

Eu sou um imprestável! Tenho que achar um jeito de fazer Selena me ouvir, nem que seja à base do grito ou... O que eu faço meu Deus?!

(Contado pela Milene)

Perdi a conta de quantas vezes Justin me ligou e deixou mensagem na caixa postal.

Não quero ouvir ninguém, não quero conselhos, ajuda, piedade, nada parecido. Preciso ficar sozinha para ingerir o que está acontecendo comigo, com meu coração, com minha vida, com Justin, com Michael.

Sofrer por uma pessoa já é ruim, mas sofrer por duas é a pior coisa! É como se tudo perdesse a cor, como se o mundo estivesse prestes a desmoronar em minha cabeça... Meu "namorado", meu amigo... Acho que nem isso tenho mais.

Tranquei a porta do meu quarto, joguei minhas coisas da escola e do ensaio em cima da cama, liguei meu rádio no último volume, tocando assim Rock'n Roll pesado...

Peguei minha guitarra, conectando a mesma na caixa de amplificador, comecei a tocar conforme o ritmo da música, depositando toda a dor, todas angustias, meus medos, meus pesadelos, meus sentimentos naquela guitarra, naquelas cordas!

- Lene abra a porta - Ouço minha mãe gritar, batendo freneticamente na mesma - Milene!

- ME DEIXE SOZINHA! - Falei chorando.

- Abra agora estou preocupada!

- ME DEIXE MÃE, POR FAVOR! - Ela insistiu mais algumas vezes até que desistiu.

Agora só há o som da música, da minha guitarra e das gritarias de Avanged Sevenfold!

(...)

O relógio no criado-mudo marcava seis e meia da manhã... Hora de...

- Leninha...

- Mãe não quero ir para a escola hoje... Não me obrigue a isso - Rolei pela cama.

- Você vai para a aula sim mocinha... Abra essa porta - Falou autoritária.

- Que droga! - Murmurei, levantando - Olá mãe.

- Aaahhhhh - Gritou ao me olhar - O que foi que aconteceu com você?

- Nada... Ahh minhas olheiras... Bom, não quero falar sobre isso.

- Vá se olhar no espelho filha - Sugeriu.

- Aaainnn mãe... - Parei de frente para o mesmo e não fiquei surpresa com o que vi. Meu rosto todo borrado com a maquiagem que eu passei ontem, no estilo meio gótico... Com os lábios e os olhos todos pintados de preto...

- O que é isso? O que houve em seu quarto? - Realmente... Está a maior zona!

- Não aconteceu nada mãe... Apenas quis me divertir sozinha... Eu estou de luto!

- Quem morreu?

- Meu coração!

Ela abriu a boca mas nada saiu... Olhou para os lados, me olhou e novamente olhou para os lados, e por fim deu as costas saindo lentamente pela mesma.

- Acho melhor você ficar em casa por hoje mesmo - Falou antes de sair do meu quarto.

Voltei a me deitar na cama colocando o travesseiro em minha cabeça e o pressionando com força, na tentativa de expulsar os pensamentos ruins, pois eles já me atormentaram bastante ontem.