Eles andavam um ao lado do outro sem se falar, Poseidon queria matar Afrodite.

“Quando eu estava quase conseguindo ela tem que me aparecer!”

Ele tinha que dar um jeito de puxar assunto com Atena, só precisava pensar em algo que a deixasse animada, mas o que poderia ser...

Foi quando se lembrou daquele lugar especial...

-Hei Atena, eu queria te levar a um lugar, nem é muito longe mas teríamos de caminhar um pouco.

Ela pareceu pensar um pouco.

-Pode me dizer que lugar é esse?

-Bom, era para ser surpresa mas- Ele coçou a cabeça- Tá, é uma cachoeira, teríamos que ir de carro e depois andar uns dez minutos a pé, mas valeria apena no final.

Atena sorriu.

-Se você diz que vale a pena...

Poseidon abriu um sorriso enorme, segurou a mão dela e os dois correram para pegar as toalhas e irem para o carro.

Atena agora tinha uma necessidade de fazer Poseidon sorrir, ela achava lindo vê-lo feliz. E quem também não gostaria de ver uma cachoeira? Ela podia não ser tão ligada a natureza quanto Ártemis, mais ainda sim amava estar perto dela, o vento bagunçando seus cabelos, o barulho da cachoeira...

Ela olhava com uma expressão sonhadora pela janela, o Deus a observava quase que babando, tinha que controlar a vontade de parar o carro e...

E oque?

Pega-la nos braços e beija-la?

Não, não poderia fazer isso. Atena tinha um juramento e ele iria respeita-la. Afinal, não tinha sido essa a ideia de Afrodite? Fazer com que a Deusa visse que ele não era o galinha que todos pensavam que ele poderia ser diferente.

Parou o carro, eles haviam chegado até o fim da estrada.

Saiu, deu a volta e abriu a porta do carona para que Atena saísse.

A deusa não era burra, percebeu que ele estava meio inquieto, preocupado. Ela colocou a mão no braço dele e olhou no fundo de seus olhos.

-O que está te incomodando?

Ele tentou ignorar o formigamento que sentia na pele, bem no lugar onde ela estava o tocando.

-Não tenho nada- Ele deu um sorriso falso que não convenceu nem um pouco Atena- Não se preocupe comigo, vamos embora se não fica muito tarde e nós nem almoçamos ainda.

Ele foi andando na frente e ela o seguiu, se ele não queria contar para ela agora tudo bem, mais tarde ele ia acabar falando.

A estrada era horrível. Era toda de pedra e eles tinham que tomar o cuidado de não cair, Poseidon brincou com Atena:

-Quer que eu te carregue no colo, ou quer correr o risco de cair e se machucar? 

Ela revirou os olhos.

-Preocupe-se em cuidar de você Poseidon.

Ele gargalhou.

-Olha que se você cair e se machucar eu não vou te ajudar e nem te carregar hein, aproveite a oferta enquanto pode!

Não deu outra.

Faltavam poucos metros para chegarem a cachoeira quando a deusa escorregou e caiu.

Poseidon correu para socorrê-la.

-Ai meus deuses! Está inchando, acho que você quebrou o tornozelo.

Ele tentava soar calmo diante dela, mas estava desesperado por dentro, Atena pegou a mão dele.

-Calma Poseidon estou bem, só está doendo um pouco.

-Um pouco?- Disse ele quase que gritando- Olha o estado do seu tornozelo e você vem-me dizer que está doendo um pouco!

Ele pegou o celular e discou um numero rapidamente.

-Apolo preciso de você agora!- Ele gesticulava bastante ao telefone.

Atana se perdeu no meio da conversa, só ouviu quando Poseidon deu tchau para Apolo.

O deus sentou-se ao lado dela, segurou sua mão e lhe deu um beijo na testa.

-Desculpe Apolo já está vindo ver seu tornozelo e depois te levarei para casa.

Ela riu.

-Poseidon, não sou uma menininha não precisa se preocupar tanto.

Ele sorriu.

-Devo estar parecendo um idiota não é?- Ele não olhava nos olhos dela- Nunca fui super protetor desse jeito, mas tudo está diferente.

Como um raio de luz, uma forma apareceu ao lado deles, era um homem e usava roupas de médico.

-Alguém ai precisa de um médico?- O deus sorriu- Doutor Apolo ao seu  dispor.

E ele fez uma reverencia. Poseidon revirou os olhos.

-Está querendo fazer entradas e siadas teatrais como seu pai sobrinho?

Apolo deu um largo sorriso mostrando o sorriso brilhante.

-Acho que ganharia mais como ator do que meu pai!

Ouviram o som do trovão.

-Acho que papai discorda de você- Disse Atena.

Pareceu que pela primeira vez o deus dos médicos havia notado a presença dela.

-Atena!- Ele bateu a mão na testa- Tinha até esquecido de seu tornozelo.

Ele se abaixou e começou a examina-lo.

-Bom foi mesmo fraturado, mas com um pouco de néctar posso dar um jeito nisso rápido. Mas acho melhor engessar.

A deusa olhou para ele esperançosa.

-Quanto tempo vai demorar para ficar boa? Se eu tiver sorte, não poderei ir ao baile com o tornozelo machucado então terei uma desculpa para Afrodite.

Apolo negou com a cabeça sorrindo.

-Creio que você não terá essa sorte- Ele examinou mais uma vez- Como você é uma deusa se curar mais rápido, dou no máximo dois dias para você estar correndo por ai de novo.

A deusa bufou.

-Vou ter que pensar em outra coisa...

-Ainda bem que você pode pensar enquanto fica repousando, que é o que você vai fazer durante esses dois dias!

Apolo terminou seu trabalho e antes de ir embora cochichou uma pergunta para Poseidon:

-O que vocês estavam fazendo hein?- Ele havia abandonado a pose de profissional e adquirido o sorriso malicioso de sempre.

Poseidon deu um tapa de leve no braço dele.

-Estávamos apenas indo até a cachoeira ver a paisagem- Ele viu a cara de “A tá, sei...’de Apolo- Qual é Apolo, estamos falando da sua pura irmã.

-E quem disse que as minhas “puras irmãs” são assim mesmo?

Poseidon teve um lampejo.

-Você não quer dizer que...não é da...

Apolo confirmou com a cabeça.

-Ártemis?-Perguntou Poseidon incrédulo.

O outro riu.

-Mais tarde explico tudo, mas sim Ártemis, você não sabe a confusão que deu no Olimpo por causo disso, Zeus está furioso.

Poseidon gargalhou.

-Queria estar lá pra ver a cara dele!

-Se eu fosse você não ficava tão animadinho meu tio, ele está bravo com você também!

-Oque?!- exclamou ele incrédulo- O que eu fiz?

-Ele está desconfiando, você e Atena tirando férias ao mesmo tempo parece muito suspeito, você acha que ele vai querer perder as duas puras filhas ao mesmo tempo?

Com isso Apolo foi embora.

A deusa esperava por Poseidon sentada em uma pedra, quando ele apareceu ela reclamou:

-Não queria ficar mais tempo com Apolo? Vocês dois cochicham mais do que duas fofoqueiras!

Ele ignorou.

-Consegue andar?

Ela negou. Ele andou até ela e a pegou no colo.

-Pensei que não ia me carregar se eu me machucasse.

-Se quiser posso deixar você aqui sozinha- Ele ria.

Ela revirou os olhos. Foi quando percebeu que eles estavam voltando para onde estava o carro.

-Nós não íamos ver a cachoeira?- Disse fazendo voz manhosa.

-Sim, mas uma certa deusa da sabedoria se machucou então vamos para casa assim você poderá ter seu repouso.

Ela bufou.

-Nem meu pai é tão super protetor!

Enfim haviam chegado ao carro. O caminho até a casa foi silencioso, Poseidon havia carregado Atena até a sala onde a colocou sentada no sofá.

O resto do dia foi meio chato, Atena ficou lendo pela milésima vez o livro: “Coração de tinta” e Poseidon ficou assistindo TV (se é que ficar mudando de canal a cada cinco segundos fosse assistir TV).

A noite começou a chover forte, com trovões e relâmpagos. Atena estava sozinha em seu quão tentando pegar no sono mas o tempo a estava assustando.

Seu pai estava nervoso, tão nervoso quanto naquele dia...

E lágrimas escorreram de seus olhos ao se lembrar do que o pai havia feito.