A luz do sol iluminava a praça pública que possuía como trilha sonora as risadas de crianças.

Pessoas desocupadas e despreocupadas compravam sorvetes e se sentavam na grama. Era uma tarde de primavera no condado de Mercer , e exatamente as 17:00  o sol iria começar a cair.

Isolados em um banco de madeira que tinha uma enorme árvore fazendo sombra, um rapaz galante e de aparência um tanto quanto peculiar, pele clara, cabelos enormes e lisos num tom castanho claro e olhos incrivelmente perolados. Mas poucos que passavam ao redor se importavam com a cor dos mesmos, eles olhavam mesmo era  para a jovem ao seu lado, que segurava um envelope branco nas mãos.

—   E então?— perguntou o rapaz observando a menina. Era bonita. Asiática. Com o cabelo preso em um firme rabo de cavalo e mordendo o lábio inferior carnudo. Os olhos achocolatados com um semblante preocupado.

—   É uma boa hora para você me pagar aquele sorvete que me prometeu— disse a mocinha, quase se enrolando nas palavras, que saíram gaguejadas. Abriu um sorriso nervoso para o rapaz que apenas a olhou com reprovação.

—   Uma hora, você terá de abrir de um jeito ou de outro Tenten ...— disse em um suspiro.

—   M-mas...— suas mãos tremiam . O envelope branco continuava intacto nas mãos pequeninas da chinesa—Neji... e-eu não sei se consigo.

O garoto deu um suspiro e pediu para a menina lhe entregar o envelope. Estavam nisso há algum tempo. Na manhã desta iluminada sexta-feira de primavera, a namorada havia recebido a correspondência. Entre elas, uma que poderia mudar a vida de ambos. A carta de resposta se havia conseguido entrar para a renomeada universidade de Princeton com bolsa integral. Imediatamente ligou para o namorado prometendo abri-la junto dele, isto é, se conseguisse abrir. A menina, com quem namorava a quase dois anos, havia estudado feito uma louca o ano inteiro, feito cursinhos , teve três empregos de meio-período para pagar as aulas extras, sem contar nas inúmeras atividades extracurriculares que fez. Só de línguas, foram seis.

—Não!— disse a menina— eu...eu abro. Se você abrir e eu não passar eu vou me sentir pior! Eu tenho que abrir isto...— inspirou o ar profundamente— vamos lá Tenten — disse a morena com os olhos fechados a si mesma— Você consegue. É só um pedaço de papel...um pedaço de papel que têm o poder de mudar sua vida inteira e ...— antes de continuar, sentiu o envelope ser retirado de suas mãos e abriu os olhos. O namorado já estava abrindo o papel.— Neji! Devolva isto!— disse tentando pegar a carta. Era meio impossível, já que o garoto tinha 186 cm e ela apenas 155 cm. Ele lia em voz alta

—“  Tenten Redfield Mitsashi, a universidade de Princeton lhe informa...— disse dando uma longa pausa— que sua inscrição foi aprovada com bolsa integral, cortando os custos alimentícios no campus e no pagamento das aulas. Parabéns!”

O garoto parou de ler quando viu a menina parada. Imóvel. Rapidamente, lágrimas saiam de seus olhos e ela tentava falar algo. O choro foi aumentando e ela cobriu a boca, se desmanchando em lagrimas e afundando o rosto no peitoral do rapaz que a abraçava.

—Eu passei...eu passei...— disse chorando. As pessoas entenderam errado, claro. Pensavam que estavam brigando e ele fazia questão de falar para os que olhavam torto “Ela passou para Princeton...” com um sorriso.

Após o drama passado, ou seja, meia hora de choro, mais algum momentos para cair a ficha, levou a namorada para a casa da tia, que a abraçou forte e havia prometido um jantar “Amigável com suas comidas preferidas e suas sobremesas preferidas. Até deixo Neji dormir aqui”. Agora, ela ligava para o pai, que morava em Nova Iorque, para lhe contar as boas novas.

—Alô? Papai?! Sou eu, Tenten — ela sorria no telefone— Eu passei pai! Passei para Princeton com bolsa!— uma lágrima fina saia pelo seu olho. Ela choraria o dia inteiro. Tenten não era de chorar, mas quando chorava, demorava dias para parar.

—Certo, pai! Também te amo. Avise para mamãe que eu e Neji iremos visitar vocês nas férias. Sim pai, ainda estamos juntos. Não pai, eu não estou grávida ¬¬. Certo pai. Também te amo. E pai? Eu estou em PRINCETON!— ela disse sorridente e desligou o telefone. O próximo passo seria ligar para Temari, melhor amiga do cursinho, e grande colega de estudos.

—Alô? Temari? Sou eu, Tenten. Adivinha? PASSEI! PRINCETON! Oque?— ela agora fazia uma cara surpresa e divertida. Era uma expressão tão engraçada e fofa, que fez o namorado soltar uma gargalhada bem pequena— Você também passou ? Isso é tão boom ! Oque? Sair? HOJE?! Não dá. Minha tia vai fazer um jantar comemorativo. Mas depois que eu voltar de viagem com o Neji agente sai. Vamos para o shopping. Agora que eu tenho bolsa, meu pai disse que iria aumentar o dinheiro e eu finalmente vou comprar aqueles jeans Levi’s que estou querendo a um tempão...— Neji sabia que elas ficariam ali papeando para sempre , e foi para perto da menina, que estava sentada em um sofá. Beijou as bochechas, os braços, os pescoços, forçando-a a desligar o aparelho. Um beijo molhado e cheio luxúria na boca da chinesa fez a tia da moça separar ambos.

Ela sorriu, e ele também.

A universidade seria ótimo, era isso que ela queria a um tempo, mas, e ele? Será que ela iria esquece-lo? Claro que não. Retirou dos jeans surrados o celular e olhou para as ligações. 28 ligações perdidas. Todas do tio. Menssagens como “ Neji, você tem que ir para NYU fazer economia” ou “ Ligue, é urgente” enfestavam a caixa de entrada do moreno. Ele apenas apertou a tecla deletar e esperou a namorada terminar de conversar com a tia. Ela era o seu único refúgio para as hipocrisias da família Hyuuga.