- Pedido! – Emma exclamou tocando o pequeno sino na sua janela, e colocando alguns pratos ali. – Mesa 7, 10 e 69. – Ela olhou Bill de cima a baixo lambendo os lábios de um modo malicioso.

- Emma, não existe mesa 69. – Bill resmungou pegando os dois pratos.

- Poderia ter... – a cozinheira falou toda safada virando-se para o interior da cozinha.

- Emma acabou de me mandar um 69, e agora não me lembro de quem eram os pedidos. – O moreno foi resmungando ate ficar ao lado de Tom.

- Olhe, ela nunca vai parar de sugerir um 69 para nós. – Tom riu. – Esqueça os números das mesas, veja como eu memorizo os pedidos, é só dar apelido as pessoas. – Tom se virou para o balcão, onde estava servindo no dia. – Olhe, eu tenho a Rihanna gorda, emo depressivo e Madona idosa. – o de tranças sorriu apontando para as pessoas que estavam longe.

- Oh, ok... – Bill andou até as mesas junto a Tom. – Eu tenho Justin Bieber lésbica, estuprador de bigode e o cabeça de ovo. – ele sorriu entregando os pratos e voltando ao lado do outro.

- Ótimo! – Tom exclamou animado

- Obrigada. – Bill sorriu e acariciou o braço forte de Tom.

- Pedido! – Ema falou alto, tocando a campainha. – Mesa 6...9! – com isso a moça riu e voltou para cozinha.

E a noite foi se passando.

- Então, desejam mais alguma coisa? – Tom perguntou tedioso ao casal que se agarrava em uma das mesas, eles se beijavam de uma forma tão intensa, que parecia que ia tranzar ali no meio das mesas. – Café? Sobremesa? Pílula do dia seguinte? – Ele riu um pouco. – Ok.

- Mandando ver no restaurante! – Ellie exclamou assim que Tom chegou ao seu caixa, dando uma folha com os pedidos, para a senhora calcular o total. – Um dia fiz amor com um jovem numa mesa como essa. Filme de romance? Parecia mais com um pornô. – Ellie riu.

- Ellie, porque todos não são como você? – Tom perguntou rindo, beijando a bochecha da senhora.

- O que há com eles? – Bill perguntou vermelho. Mal sabia Tom que aquilo estava deixando o moreno aceso. Desde a primeira vez dos dois, Bill não consegui se concentrar direito em nada, principalmente com o de tranças ao seu lado. Quando o olhava se lembrava de como era seu corpo, e como era bom o sentir dentro de si.

Tom apenas riu em resposta.

- Hey! Como vai cara? – Georg perguntou entrando na lanchonete. Tom não pode evitar de franzir o cenho, não queria seu amigo perto de Bill.

- Hey Ge!- Bill sorriu o abraçando rapidamente – O de sempre? Dois cafés para levar?

- Isso, e posso pegar seus cupcakes? – Georg perguntou sorrindo de lado.

- Quais? – Bill perguntou todo malicioso, porem brincando.

- Você sabe quais... – Georg conseguia ser ainda mais malicioso.

- Os vencidos? – o moreno riu fofo.

- Yeah boy. – Gee sorriu de lado, seguindo Bill para o balcão, apreciando a visão que tinha a sua frente.

Tom apenas olhava de longe, anotando um pedido. Ele via que Bill levava na brincadeira, mas não sabia se Georg também fazia isso. Já para o moreno magrelo, aquilo não passava de uma amizade, nunca gostara do outro de outra forma, e muito menos agora que só tinha olhos para Tom.

- Oi meu amigo camarada! – Han falava sorrindo.

- Como vai grandalhão? – Georg perguntou sorrindo. Eles fizeram um toque divertido na altura de Han, então o bartender levantou a mão, lá no alto para o pequeno chefe terminar o toque. O chinês pulou algumas vezes ate conseguir finalizar o toque.

Eles riram e Han seguiu Bill para dentro da cozinha, assim como Tom, que foi discretamente para o estoque.

- Bill, seu namorado esta aqui! – Han riu.

- Ele não é meu namorado. – Bill falou serio, terminando de preparar os cafés.

- Bem, você fica tenso quando o vê, e ele se ilumina quando vem aqui! – o chefe sorriu. – Se isso não é amor, eu não seio que é! – ele riu e voltou para seu escritório.

- A única coisa que você ama é uma escada portátil... – Bill sibilou baixo, um tanto irritado. A única pessoa por quem sentia algo não percebia, ou se recusava a aperceber. Sim, estavam mais juntos desde A noite, mas não o suficiente para Bill. Ou Tom. Mas nenhum dos dois fazia algo, teimosos como são.

Bill colocou os cafés em um suporte de papelão, e um saco com os dois cupcakes na frente, e foi ao balcão entregar a Georg.

- Georg, aqui esta seu cupcake vencido e seu café queimado. – o moreno sorriu.

- Bem como eu gosto! – o outro riu, pegando a pacote, comendo Bill com os olhos. – Quanto eu te devo?

- Só falar com Ellie... – o moreno ficou rosa. – Vou trabalhar! – ele riu e foi para dentro da cozinha, suspirando. Não gostava do jeito como Georg o olhava.

Ele arrumou o moicano usando uma panela como espelho e foi para dentro do estoque-freezer.

- Tom? – Bill franziu o cenho vendo o de tranças arrumar umas caixas de torta,

- A meretriz parou por hoje? – perguntou o outro sem se virar.

- Não fale assim... – o moreno pediu com a voz baixa e se sentou na pequena mesinha que tinha ali, segurando o pote que estava na mesa, em seu colo. O de tranças o olhou de lado e continuou o que estava fazendo. – Vai continuar a agir como se não tivéssemos... – Bill parou de falar, olhando para baixo, para suas botas, completamente vermelho.

- Tranzado? – Tom perguntou e se apoiou na parede olhando Bill olhar para baixo.

- É...- Ele soltou um pequeno suspiro.

- Não sei como agir, normalmente não tenho contato depois que tranzo com alguém. – Tom sorriu de lado. Não queria parecer que se importava ou coisa assim, mas apenas estava fazendo papel de idiota, pois sem importava com Bill, só não sabia demonstrar e isso o frustrava.

- Quer que eu mude de emprego? – ele continuava olhando para baixo.

Tom gelou. - Não... – ele suspirou. – O que... O que você faz? Depois da noite de sexo com alguém? Nós estamos namorando? – Tom parecia confuso. – Porque moramos juntos, dormimos juntos... – ele ficou sem voz. – Com outras pessoas, o que você faz? – Tom queria saber, estava frustrado, quase desesperado. Queria fazer certo por Bill. Só por ele faria isso.

- Eu posso ser o que você quiser Tom... – Bill falava baixo. – Apenas não me abandone como os outros... Você é a única pessoa que eu tenho... A única pessoa que eu gosto... – quando o moreno finalmente ergueu o rosto, Tom queria se socar. Bill estava chorando, a maquiagem preta escorria pelo rosto e pescoço, e os olhos estavam muito vermelhos.

- Bill... – o de tranças falou rouco, paralisado. Queria ir lá, mas depois de tantos anos se forçando a não se importar com nada era difícil.

- Vou... Voltar... – Bill soluçou, e levou a mão ao pescoço, acariciando de leve, se acalmando. – Não tem ninguém servindo. – ele sorriu de lado e pulou para fora da mesa, deixando o pote onde estava. Abriu a porta andando para fora;

- Que se dane... – Tom rosnou baixo, se referindo a sim mesmo. Não ficaria ali se forçando a não sentir nada pelo outro, não se importar pela dor dele. Isso o sufocava.

Pegou Bill pelo braço e o puxou para dentro do freezer, fechando a porta num chute. Abraçou o moreno de forma protetora e beijou sua cabeça.

- Não vou abandonar você... – falou baixo perto da orelha do magrelo, sentiu os braços rodearem sua cintura, e o rosto afundar em seu pescoço. – Nem que me peça... – falou ainda mais baixo, sentindo o corpo do outro tremer e os soluços voltarem.

Se encostou na parede suspirando aliviado, e fechou os olhos. Ficaram assim alguns minutos ate Bill se acalmar e levantar o rosto borrado em preto.

- Bom, se você da um ótimo panda. – Tom riu, fazendo o moreno rir e voltar a abraça-lo.

- Melhor voltarmos ao trabalho... – Bill sorriu tentando limpar as bochechas. – Eu vou ao banheiro ok?

- Não demore... – Tom selou os lábios no outro, e o deixou ir.

Foi ate a lanchonete que só tinha um casal de clientes, e esses pareciam precisar de um motel e não de comida. Olhou o horário, já eram uma da manhã. Sorriu satisfeito e correu ate o escritório de Han.

- Podemos fechar mais cedo? – perguntou Tom ao chefe. Han estava sentado atrás de uma mesa de madeira, afundado em papeis.

- Porque? – o chinês perguntou.

- Não tem movimento, e Bill não se sente muito bem. Esta no banheiro passando mal agora. – Tom mentiu um pouco.

- Oh! – Han se levantou. – Nesse caso sim... O que ele tem? Quer que ajude a levá-lo ao hospital?

- Não precisa... Vou levá-lo para casa, caso não melhoro o levo ao hospital. – Tom sorriu.

- Claro, podem ir. Eu, Ellie e Emma fechamos. Tenha certeza de não pegar o que ele tem. – Han falou preocupado. – Folguem amanhã, não há problema, sim?

- Obrigado Han. – Tom sorriu e saiu fechando a porta.

Pegou suas coisas e de Bill no pequeno quarto dos funcionários, e foi a frente do banheiro masculino, batendo na porta.

- Bill? – perguntou baixo.

- Já estou saindo! – o moreno abriu a porta sorrindo. Estava sem maquiagem, mas os olhos ainda estavam vermelhos, o que realçava sua palidez.

- Venha, vamos embora. – Tom sorriu o pegando pelo braço.

- Mas não fechamos ainda... – Bill seguiu Tom confuso.

- Dei um jeito nisso, vamos... – Tom enlaçou a cintura de Bill com um braço, e foram para casa.

No caminho o de tranças explicou o que fez.

- Você não presta. – o moreno sorriu se sentando no sofá de casa.

Tom riu foi a cozinha preparar algo para comerem. Por uma terrível experiência, sabia que Bill não podia chegar perto de um fósforo, muito menos de um fogão.

No dia que Bill tentou cozinhar acabou quebrando o acendimento automático tanto do forno como do fogão, alem de queimar um pano de prato e uma tigela de plástico com milho para pipoca, o que acabou em uma luta contra o fogo com pipocas estourando por todos os lados.

Tom mais que proibira Bill de chegar perto da cozinha, e quase jogara o outro pela janela para dar de comida a Jojo, que por acaso presenciara tudo.

Assim que a lasanha estava pronta, preparou dois pratos, e foi se sentar ao lado de Bill na sala, lhe entregou um prato, e comeram assistindo TV.

Comeram em um silencio agradável. Às vezes trocavam uns olhares. Uma perna tocando a outra, mas nada alem disso.

- Vou levar para pia. – o moreno sorriu pegando o prato de Tom e os copos.

- Vamos dormi? – o de tranças perguntou bocejando e desligando a TV.

- Ia perguntar a mesma coisa. – Bill sorriu, se esticando todo na cozinha, claro sob os olhares de Tom, já que a cozinha era aberta para sala. Eles estavam bem mais leve depois da conversa na freezer, e Bill sentia-se seguro para ir em frente e tentar ter Tom só para si. Não que precisasse claro, Tom já era de Bill.

Tom tomou um banho rápido, em quanto Bill já estava deitado, o moreno gosta de fazer isso de manhã. Se enxugou e vestiu uma boxe cinza meio larga, que ficava caindo conforme andava, mas era muito confortável para dormir. Colocou também uma meia e correu para o quarto, para não pegar muito frio.

Abriu a porta e engoliu em seco com o que viu.

- Toooom... – Bill gemeu manhoso. – Fecha a porta... Ta entrando frio...

E assim o de tranças fez, fechou e trancou a porta.