Já passava-se de meio dia e o albino ainda encontrava-se sentado no galho da árvore. Este estava apenas perdido em pensamentos imaginando como devia ter sido sua vida no passado ou até mesmo pensando como seria seu futuro, se ele descobriria algo sobre suas memórias ou se as recuperaria.

O albino pensava nisso a todo o momento que se encontrava sozinho, o que era na maior parte do tempo. Lass, mesmo que não admite-se, tinha esperanças de que, de alguma forma, recuperaria suas memórias.

Uma brisa leve passou balançando levemente os cabelos grisalhos do rapaz fazendo o mesmo abrir os olhos vagarosamente. Ao olhar para o céu nublado não era difícil deduzir que em pouco tempo começaria a chover.

Uma risada baixa e infantil chamou sua atenção para o pequeno grupo de crianças que brincavam despreocupados. Lass apenas ficou a observá-los. A felicidade estava estampada no rosto de cada uma daquelas crianças já que elas, diferentes dele, não sentiam-se solitários... muito pelo contrario quanto mais reles a brincadeira parecia ser mais eles riam e pareciam se divertir.

Será que minha infância também foi assim? Perguntou-se ele.

Logo o rapaz voltou-se a re-encostar sua cabeça no tronco da árvore enquanto fechava os olhos para se entregar novamente a solidão e aos pensamentos.

Apesar de ele querer esquecer o que acabara de ver, Lass sabia que, no fundo, ele queria poder ser feliz... queria poder sorrir de novo juntamente de sua amada.

Apesar de ele estar com a caçada e de proteger o mundo, ele não queria fazer isso com a desculpa de que recuperaria suas memórias, mas sim por que queria zelar pela felicidade das crianças que existiam e que estavam por existir.

Lass queria apenas sair daquele mar de solidão que o consumia a cada instante. Queria esquecer todas as mortes, toda dor, todo sofrimento que causou quando Jun Cazeaje o possuiu. Mas o que ele queria mais era poder lembrar-se de seu passado, de sua família, queria saber se possuía irmãos, queria conhecer seus pais... Não era querer muito, mas parece que aquele desejo jamais se cumpriria...

Ainda afogado em sua solidão o rapaz mal notara a presença da azulada ao pé da arvore lendo um livro qualquer, mas esta logo ergueu-se de seu lugar quando notara que as nuvens tornavam-se cada vez mais pesadas. A chuva estava para começar.

– Lass – chamou-a fazendo o rapaz abrir os olhos e deparar-se com o céu escuro. – Vamos voltar para a base, já vai começar a chover.

Sem mencionar uma palavra o rapaz desceu da árvore e voltou para a base juntamente de Mari. Ele podia sentir-se solitário, mas no fundo apenas a presença da azulada o fazia esquecer de seus problemas... e o fazia despertar da solidão.