Tomei um banho para despertar, vesti minha roupa, sapato, deixei o cabelo solto, peguei a bolsa e desci.

(Roupa: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=40855719&.locale=pt-br)

Fui dirigindo até a escola, estacionei o carro e entrei na escola, fui direto para a minha “antiga mesa”.

_ Ainda vão me aceitar nessa merda? – perguntei os encarando

_ Claro gatinha – o Renan me abraçou de lado e deu um beijo no canto de minha boca.

_ Sinto muito pelo que aconteceu ontem com sua mãe. – Mariá falou

_ Não sinta – a olhei, ela era sempre tão falsa.

_ Lá vem o Justin – o Lucca falou – ele está com a Juliana.

_ Juliana? Eu estava ficando com ela agora pouco. – o Renan falou rindo

_ É, mas agora ele está mais bonitinho e não tem mais graça mexer com ele – a Lanna falou.

_ É, mas tem outros, tem um garoto nerd que eu vi indo em direção ao banheiro – o Lucca falou – vamos gatinhas – ele pegou a Mariá e a Lanna pela cintura as guiando.

_ Estava com saudades de meu beijo gatinha? – o Rennan perguntou se aproximando. NÃO!

_ Estava – mordi meu lábio e o beijei dando leves mordiscadas.

Ele deu uma leve mordida em minha orelha e eu olhei por cima de seus ombros sorrindo. Meu sorriso logo se desmanchou quando vi o Justin me encarando de braços cruzados. Após o Rennan me deu outro beijo e o sinal tocou.

Três semanas se passaram e eu virei uma tremenda filha da put*, o vazio que estava hospedado dentro de mim agora está morando em mim, ok isso não fez sentido, mas é basicamente isso. O Kauã saiu do hospital faz duas semanas, nossa “família” – tirando a minha mãe – está super unida, ela está presa e vai fazer uns trabalhos sociais e tal. O Justin está mais distante, ele nem olha mais para mim, ele não foi para a escola nos últimos 3 dias, o que me deixou preocupada, dois dias atrás eu saí do “grupo” que eu andava, simplesmente cansei da mesma rotina idiota de sempre.

Sempre quando eu via o olhar de desaprovação – mesmo que rápido – do Justin, eu sentia um aperto em meu peito, era como se cada vez um pedaço de minha alma fosse retirada.

O Justin e a Pattie de mudaram para a nova casa, eles pareciam bem felizes no jantar que fomos convidados lá, mas não troquei mais que um “tchau” e um abraço de despedida com ele.

Agora aqui estou eu com uma enorme agonia em plena sexta-feira a noite, pensando em como o Justin deve está, de como ele deve está se sentindo, o porquê de ele não está indo para a escola.

Levantei-me de supetão no sofá e peguei a chave do carro. Pus o celular no bolso e analisei minha roupa: calça um pouco desfiada com lavagem clara, tênis preto e uma blusa preta com uma jaqueta roxa por cima. Entrei no carro e dirigi até a casa da Pattie.

Toquei a campainha uma vez e logo alguém veio atender, deve ser a nova “comandanta” da casa, já que a Pattie não daria conta de toda a limpeza da casa sem a ajuda de ninguém.

_ Olá, quem é você? – perguntou curiosa

_ Kaya Gódon – sorri tentando parecer simpática.

_ Ah claro! Você quer falar com quem? – perguntou me dando passagem

_ Com a Patrícia... Pattie – falei sorrindo.

_ Vou chamá-la, pode esperar aí – ela sorriu trancando a porta e subiu as escadas.

Analisei toda a decoração da sala que estava mais bonita de quando eu vim pela ultima vez. Continuava em um tom de bege claro, a estante marrom com a TV, DVD’s e CD’s bem organizados, os sofás também beges, o tapete em tons mesclados e várias outras coisinhas, em fim, estava perfeita.

_ Oi Kaya – ouvi o tom da doce voz da Pattie, sorri me levantando.

_ Oi Pattie – a abracei – que saudades – sorri me separando dela.

_ Senta aí, vamos conversar – ela falou já sentando-se – por onde você andou?

_ Foi rotina, baladinhas, escola, casa... Nada de mais – falei sorrindo

_ E você está bem? Conseguiu parar com aquilo? – ela se referia provavelmente aos cortes.

_ Ah, estou bem melhor, faz duas semanas que parei – sorri

_ Nossa, isso é ótimo. – ela sorriu animada

_ E como está o J... – fui interrompida por alguém no topo da escada.

_ Mãe... eu não estou muito bem – o Justin falou com uma voz cansada, ele estava apenas com uma calça de moletom, seu cabelo estava um pouco bagunçado, e sua barriga estava um pouco definida.

_ O que você está sentindo? – ela perguntou indo preocupada até ele. Ele me viu sorrindo de lado e arregalou os olhos.

_ Nada, esquece – ele falou entrando em algum lugar, pois só ouvi o barulho de uma porta sendo fechada.

_ O que aconteceu Pattie? – perguntei a ela.

_ Faz uns dias que ele está meio doente, tem febre e dores, diz ele que foi enquanto estava jogando futebol na escola. – ela falou me chamando para segui-la até a cozinha, assim fiz.

Mas espera... o Justin não joga futebol, aliás, ele não faz nenhum esporte, aquilo tinha algo errado, ah se tinha.

_ Pattie, posso ir falar com ele? – perguntei dando um sorriso envergonhado

_ Claro que sim! Segunda porta a esquerda – falou pegando algo na geladeira.

_ Obrigado – sorri.

Subi as escadas cautelosamente, bati duas vezes na porta indicada e ouvi um “entra” baixo.

_ Posso mesmo? – perguntei abrindo um pouco a porta o fitando deitado da cama.

_ Ah, é você. – ele falou como se estivesse “decepcionado”.

_ Tá, não você não quer me ver. Então tchau – falei já saindo do quarto.

_ Não, espera! Não é isso, só achei que fosse minha mãe com algum remédio. – ele falou sentando-se na cama e xingando baixo e deitou-se novamente.

_ O que aconteceu Justin? – perguntei me aproximando da cama onde ele estava.

_ Me machuquei no futebol – ele falou me encarando

_ Você não joga futebol Justin. – revirei os olhos – vai é sério!

_ Não precisa saber – ele falou um pouco rude

_ Ok – suspirei decepcionada. Ele me fitou e sentou-se com dificuldade novamente na cama.

_ Desculpa – ele falou rindo de lado, ia se levantar, mas caiu sentado novamente na cama – droga!

_ Você não está bem Justin! Vai diz logo! – cruzei os braços

_ Você vai desistir disso?

_ Não.

_ Ok... – sorri vitoriosa – na terça que você faltou, nas saída o Luca e o Rennan vieram perguntar onde você estava, eu disse que não sabia, mas eles falaram que era para eu saber e essas coisas. Eu nem liguei e fui em direção de meu carro – ele me fitou – Você viu meu carro?! Incrível não é?! – ele falou meio animado.

_ É Justin, mas diz logo!

_ Tá, daí eles vieram atrás de mim e começaram a me empurrar contra a parede. Daí eu revidei, claro, eles derem uma joelhada aqui – ele passou a mão entre as costelas – daí saíram e eu vim para casa. – ele deu de ombros como se não tivesse acontecido nada - mas acho que foi o cachorro quente que eu comi com a Juliana que me dá esses enjoos.

_ Ah Justin... e porque você não me falou antes? – cruzei os braços brava, ele me fuzilou com o olhar – ok, desculpa, mas naquele dia eu não estava falando sério.

_ Nem parecia – ele ironizou – acho que eu vou... vou... – ele falou e correu com dificuldade até o banheiro.

O segui, mas ele bateu a porta na minha cara. Aff.

Ele saiu alguns minutos depois, seus olhos estavam avermelhados.

_ Eu vou chamar a Pattie – falei indo até a porta

_ Espera... – ele falou e apertou os olhos com força como se fosse desmaiar.

_ Ai meu Deus, Justin! – falei indo até ele, o ajudei a deitar na cama, uma lágrima escorreu por seu olho esquerdo, a limpei com meu polegar.

_ Está doendo... muito.

_ Eu já volto, não sai daí – falei correndo até a Pattie

_ Pattie, acho melhor levar o Justin para o hospital, ele vomitou e está quase chorando de dor.

_ Sério? Oh meu Deus! – ela falou subindo as escadas correndo.

_ Eu levo vocês – falei indo atrás dela.

Ela falou alguma coisa com o Justin, eu estava os esperando perto da porta.

Eles conversavam, a Pattie parecia tentar o convencer de algo, ele estava negando.

_ Ok – ele falou perto da porta e saiu dando passos leves e curtos até a escada. Ele desceu um degrau – ai! dói demais – ele falou se apoiando no corrimão.

_ Eu ajudo – falei indo até ele.

Passei seu braço por cima de meus ombros e segurei de leve em sua cintura.

Descemos as escadas, o Justin não cooperava.

_ Na próxima vez se você se jogar para cima de mim eu te empurro da escada e você já aproveita e desce mais rápido. – o fuzilei com o olhar enquanto abri a porta de trás para ele entrar.

_ Já está esperando uma próxima vez? – ele perguntou em tom de brincadeira.

_ Ah, você entendeu – falei fechando a minha porta e a Pattie logo apareceu, ela sentou-se a frente comigo e fui dirigindo até o hospital.

_ Cara, para de mirar os buracos e essas coisas! – ele reclamou, o fitei pelo retrovisor e ele soltou um beijo para mim, apenas revirei os olhos.

Falei com a recepcionista, logo o Justin já estava sendo atendido. O doutor ficou milhões de anos na sala com ele, eu precisava saber como ele estava.

_ Kaya? – ele saiu da sala falando

_ Eu – levantei-me

_ Ele disse que quer falar com você, mas, por favor, não o agrida nem o deixe ter movimentos rápidos. – ele sorriu e falou com uma mulher.

_ Justin, de onde aquele homem tirou que eu iria te agredir? – perguntei fechando a porta atrás de mim.

_ Sua carinha de garota boazinha não engana a todos. – ele falou rindo fraco.

_ Você está melhor? – me aproximei da cama em que ele estava.

_ Estou – sorriu sentando-se, sorri e sentei-me ao seu lado. – obrigado Kaya – ele sorriu

_ Pelo que? – perguntei confusa

_ Sei lá né, mas eu acho que nada de bom estaria acontecendo na minha vida se não fosse por você – ele sorriu de lado.

_ Você ainda está com a Juliana? – perguntei o fuzilando com o olhar

_ Eu nunca estive com ela, eu estava ficando, nunca tive nada de mais – ele sorriu.

_ Tenho uma boa notícia – sorri tirando minha jaqueta roxa. Mostrei meu braços que tinha apenas algumas cicatrizes de cortes antigos.

_ E esse aqui? – ele perguntou passando os dedos por cima do corte recente que eu tinha perto da mão.

_ Esse é caso a parte, eu cortei quando estava tentando tirar o nó que o Kauã fez em meu cabelo – falei puxando a mecha menor que tinha.

_ Hm, estão eu perdoo – ele sorriu.

_ Justin... desculpa por ter pedido que você se afastasse, não foi uma boa escolha – falei fitando minhas unhas compridas e roxas.

_ Tá tudo bem – ele me abraçou de lado, virei meu rosto, mas nossos lábios se encontraram em um selinho.

_ Desculpa – falei sem graça separando nossos lábios.