Acordei, o Justin estava ao meu lado. Eu estava com minha mão em sua cintura e meu rosto apoiado em seu peito.

Flashback

_ Bom dia meu amor – minha mãe falava sorrindo para mim.

Era cedo e eu estava apoiada em seu busto e ela afagava meu cabelo.

_ Bom dia mamãe – sorri e ela me deu um beijo na testa.

_ Dormiu bem, anjo?

_ Sim.

Aquilo seria uma coisa que eu sentiria falta para sempre, era como se isso me machucasse profundamente.

Por mais que as coisas ruins que minha mãe me fez fossem fortes as pequenas demonstrações de amor fazia com que tudo se apagasse.

Parecia louco e bipolar de minha parte, mas eu sentia falta dela, não de exatamente tudo, mas dos sorrisos dela, do carinho em meu cabelo que ela fazia.

Tudo mudou a 8 anos atrás, quando eu estava brincando com o Kauã e esbarrei nela sem querer, ela me rebaixou de todas as formas possíveis. Mas eu nunca chorava, a partir dali que ela começou a me tratar diferente, me tratava como um lixo.

Até que eu comecei os cortes, primeiro eu desenhava corações machucados, rostos sem curvas, mas apenas com uma lágrima descendo dos pequenos riscos de sangue que se tornavam os olhos.

Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo, por mim eu voltaria ao tempo e concertaria tudo, só para que nossa família ainda tivesse unida.

Flashback off.

Levantei-me da cama, tomei um banho demorado, vesti minha roupa, deixei o cabelo solto natural.

(Roupa: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=41790718&.locale=pt-br)

Fiquei na sala pensando em quando eu conseguia sorrir de verdade. Algumas lágrimas caiam, mas eu as ignorava.

Queria que tudo fosse diferente.

Que tudo estivesse normal.

Ou então apenas estável, mesmo com seus olhares de reprovação.

_ Bom dia – uma voz rouca falou e em seguida senti um beijo em minha bochecha.

Sorri.

_ Bom dia – sequei as lágrimas e me virei para o Justin

_ O que aconteceu? – perguntou alisando meu rosto com seus polegares

_ Não se preocupa – sorri de lado – só estava pensando.

_ Hm, se quiser falar sobre isso só chamar – sorriu e me deu um selinho

_ Ok – sorri e alguém tocou na campainha – vou atender.

Assim que abri a porta dei de cara com o Kauã escorado na parede e mexendo o celular. Fiquei o encarando.

_ Não vai entrar? – perguntei o fazendo olhar pra mim.

_ Ah, só vim buscar você e o Justin.

_ Nós já estamos prontos – sorri – vamos Justin – o chamei.

O caminho foi calmo, chegamos a um Studio onde tinha várias pessoas andando de um lado para o outro.

_ Kauã, você chegou. Olá você é a Kaya? – perguntou e eu assenti – e você é... – a mulher referia-se ao Justin.

_ Justin – ele sorriu educadamente.

_ Hm... Kaya, você vai para aquela sala que vão te falar várias coisas desnecessárias e os dois garotos me acompanham. Sou a Carla, prazer. – ela sorriu, me dirigi até a sala que ela indicou e todos me olharam.

_ Com licença, a Carla me mandou vir... – valei envergonhada.

_ Ah, sente-se – uma mulher sorriu.

Devia ter umas 10 pessoas ali.

Ela me apresentou todos como “equipe de maquiagem”, “equipe de cabelo” e “estilista”

Falou várias coisas que era para eu ficar calma, que tudo se sairia bem, que uma pessoa relaxada se sai melhor e bla, bla, bla.

_ Então... entendeu?

_ Ah sim, muito obrigado pelas dicas – sorri parecendo interessada.

_ Por nada – sorriu e eu saí da sala.

 O resto da manhã foi cansativa, nós tiramos algumas fotos no Studio e depois fomos para alguns pontos turísticos.

Eles me mandavam fazer algumas coisas, caras, posições e bla, bla, bla.

O Kauã tirou algumas fotos com outros modelos e eu.

Nós finalmente estávamos almoçando, o Justin havia ido atender o telefone.

_ E essa pulseira? Já começou a comprar?

_ Claro, estou em Paris, já rodei o shopping todo e comprei várias coisas. Mas a pulseira eu ganhei – sorri a olhando

_ Ganhou de quem?

_ Do Justin – falei, ele engasgou e riu – hm, já está nos presentinhos?

_ Nós estamos namorando – falei, foi o que bastou para ele ficar vermelho e tossir. Ele tomou o copo de suco em um gole e me fitou.

_ Sério? – ele sorriu

_ É... Foi tão fofo – falei sorrindo dando um gritinho fino.

_ O que ele falou?

_ Ele disse que era para eu escutar, ele falou que se arrependeu de ter ficado longe depois daquele dia e umas coisas, depois perguntou se eu queria namorar com ele. Eu fiquei calada sem saber o que fazer, daí ele achou que eu não tinha aceitado, mas depois eu aceitei e ele colocou a pulseira em mim e nos beijamos, ah, que fofo – escondi minhas mãos em meu rosto.

_ Eu não estou te reconhecendo, cadê a garota durona? Ah ela está apaixonada – ele falou rindo.

_ Hm... Será? – sorri e vi o Justin chegando

_ Minha mãe falou que o pai de vocês quer conversar com a gente – o Justin falou sentando-se.

O Kauã pagou a conta e nós fomos de carro com ele até o hotel.

Assim que chegamos ao nosso andar e entramos no apartamento vimos a Pattie e meu pai conversando e sorrindo.

_ Sentem-se – meu pai falou sorrindo, sentei-me e peguei um morango que tinha em uma bandeja. – Vou ser bem breve, nós estamos juntos – ele falou, engoli o morango inteiro me deixando sem ar.

Corri até a cozinha e me apoiei na pia.

_ O que houve? Você não gostou da notícia?

Fiz sinal para ele esperar e eu tomei mais um gole de água e me virei pra ele.

_ Você estava chorando? – ele perguntou rindo

_ Não, eu engasguei. Já era previsível eles estarem juntos. – dei de ombros tomando o resto de água.

_ Ah – falou e riu passando o braço por minha cintura, voltamos para a sala e nos sentamos.

_ O que houve filha? – meu pai perguntou preocupado

_ Ah, nada, só engasguei – falei sorrindo

_ Ok, já estamos conversados. – meu pai sorriu.

Eu e Justin fomos para o quarto, o Kauã ficou conversando com eles.

_ Deixa eu tirar uma foto sua Justin – falei segurando a câmera na mão

_ Não – ele sorriu

_ Por favor... – falei já ligando a câmera

_ Não – cobriu o rosto com uma das mãos.

_ Seu chato – dei língua fazendo uma careta. Ele pegou a câmera da minha mão.

_ Vou tirar uma sua – sorriu, coloquei uma mão no rosto. – hm ficou legal. Acho que vou colocar na capa do meu celular... hm.

_ Jamais Justin – falei tentando pegar o objeto da mão dele.

_ Você não vai conseguir – ele falou e me deu um selinho sorrindo quando eu parei.

_ Hm, deixa eu ver o que tem no seu celular então... – falei pegando o objeto de cima da cama – hm... fotos.

_ Devolve Kaya – ele falou rindo

_ Não, espera, ah que foto linda, nossa... – falei quando vi uma foto de uma menina – eu a conheço de algum lugar.

_ Quem?

_ Essa – lhe amostrei a foto

_ Você viu uma foto dela no meu quarto – ele falou sentando-se na cama

_ Não foi lá... me dá a câmera – falei e ele me entregou.

Passei algumas fotos e em fim encontrei uma foto minha com ela.

_ Olha – lhe entreguei a câmera.

_ Mas... – ele ia falar alguma coisa.

_ Você um dia vai a abraçar e descontar toda a saudade – sorri lhe dando um beijo na bochecha – mas enquanto isso eu vou ler suas mensagens.

Deitei-me na cama e ele deitou ao meu lado olhando para cima.

Em seguida vi as “conversas” dele através de mensagens.

“Você está gostando mesmo dela não é?”

“gostar é pouco”

“Hm, você está a amando?”

“Não, eu estou apaixonado por ela, sério.”

_ Awn – falei sorrindo, ele me olhou curioso e tomou o celular de minha mão.

_ Acho que vou colocar senha – ele falou sem graça

_ Você é muito fofo – sorri lhe dando um beijo na bochecha – te amo Justin – sorri e ele me olhou.

_ Eu também te amo – ele falou e me deu um selinho.

_ Vou fazer uma ligação – peguei meu celular no bolso e procurei na lista de contatos.

“mamis E” – salvei assim quando fui fazer intercâmbio no Canadá.

- Alô?

- Quem é?

- É o Jeremy.

- Oi papis, a Erin está?

- Está, vou passar pra ela. – ele falou com alguém – Oi Kaya.

- Oi mamis, está tudo bem?

- Ótimo, e porque está ligando?

- Só saudades, os pequeninos estão bem?

- Estão dando um trabalhão, quando vai nos visitar?

- Não sei, em breve.

- A Jaz quer dar oi.

- Estou com saudades da voz dela.

- Oi Kaya

- Oi meu amorzinho, está com saudades?

- Sim!

- Eu preciso desligar meu amor, até qualquer dia.– sorri

- Tchau – ela falou e mandou um beijo.

Desliguei o celular sorrindo.

_ Deixa eu mexer mais um pouco no seu celular Justin?

_ Pra que? – perguntou me olhando.

_ Ele é legal – sorri e ele me entregou.

Fiquei vendo as playlists dele, fotos, mensagens... mexi em tudo.

Em alguns minutos ele adormeceu. Fiquei o encarando até dormir.

_ Kaya... acorda.

_ Estou acordada – falei virando-me para o outro lado e dando de cara com o Justin dormindo.

_ Se eu soubesse que vocês iam dormir juntos todos os dias tinha pedido só uma cama.

_ Agente tava conversando só. Deixa eu dormir mais – falei passando um braço pela cintura do Justin.

_ Não, a Pattie disse que vai no shopping, você poderia ir com ela?

_ Que horas?

_ Agora.

_ Tá, eu vou – levantei-me da cama e fui em direção ao banheiro.

Tomei um banho rápido sem molhar os cabelos e vesti a lingerie.

_ Droga, não trouxe roupa – bufei.

Enrolei-me novamente na toalha e fui para o quarto, sentei na cama que eu deveria dormir e abri a mala.

Peguei uma roupa e comecei a me vestir, começando pela calça.

Fiquei de frente para a parede e tirei a toalha, vesti uma blusa de mangas e coloquei o casaco por cima.

_ Você vai sair? – o Justin perguntou.

_ Vou – falei fechando o zíper do casaco.

_ Se tivesse me chamado eu iria com você – coçou os olhos

_ Eu vou com sua mãe – sorri.

_ Ah ok.

_ Você viu minha sandália preta? – perguntei olhando debaixo da cama.

_ A que tem o salto de um palmo? Acho que tá debaixo dessa cama – ele afundou a cabeça no travesseiro.

_ Obrigado – sorri pegando a sandália.

Sentei-me na ponta da cama e a calcei.

Alguém bateu na porta falando “rápido”, provavelmente era meu pai.

_ Estou indo – gritei de volta.

Passei rímel e um batom coral.

Peguei uma bolsa preta, terminei de ajeitar o cabelo dando uma ultima olhada no espelho.

_ Tchau – dei um selinho no Justin e saí correndo do quarto.

_ Vamos? – sorri

_ Claro... eu te incomodei? – ela perguntou educadamente

_ Claro que não – sorri entrando no elevador.

Passamos o dia no shopping, ela comprou algumas coisas a mais porque eu praticamente a forçava. Pattie era uma mulher legal, ela me contou algumas coisas de quando o Justin era pequeno. Eu só conseguia rir.