Chrono Crusade - After Heaven escrita por Mirytie


Capítulo 28
Capítulo 28 - As três reencarnações


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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- O meu objectivo era juntar os apóstolos e a Santa e matá-los antes que o Aion tivesse tempo para reuni-los. – confessou Trugy, vendo o olhar chocado de Rosette – Mas, depois de matar o meu criador, o Aion paralisou-me antes de eu estar completa. Quando finalmente consegui libertar-me, tu já tinhas morrido, o Aion já estava selado e não valia a pena ir atrás do teu irmão.

- Criada por um demónio…não esperava que tivesses um bom coração. – disse Rosette, olhando fixamente para Trugy. Agora desejava ter uma arma com ela – Mas pelo menos foste produzida para deitar abaixo o Aion. Não tenho nada contra isso.

- O meu pai deu-me alma de humano para que eu pudesse persuadir os apóstolos e a Santa a aproximarem-se de mim. E muitas outras partes de vários animais perigosos aqui de cima. – continuou Trugy – E claro, um pouco do seu próprio poder. É a combinação de todas essas coisas que afasta os demónios. Mas, depois da vossa porta, a portadora dos poderes da Santa só deveria aparecer daqui a mais um par de centenas de anos, por isso, uma vez que estava cá em cima, abri uma loja e comecei a viver uma vida normal. Mas depois apareceste…

- Eu apareci. – repetiu Rosette – O que é que tu vais fazer?

Trugy sorriu, levantou-se subitamente e começou a rodopiar pelo jardim com as mãos entrelaçadas atrás das costas.

- A segunda reencarnação estava apaixonada por um demónio. Até deu a sua vida por ele. – disse Trugy, referindo-se a Maria Madalena – Mas tu ainda és mais impressionante, Rosette Christopher. Simpatizaste com um demónio como se fosse um humano e, para além disso, fizeste com que os que te rodeavam acreditassem nele, sem medos. Isso é impressionante.

- Foi por isso que não me mataste quando eu apareci na tua loja? – perguntou Rosette.

Trugy parou, começou a correr e acocorou-se em frente a Rosette.

- Foi exactamente por isso que não te matei. – confessou Trugy, agarrando as mãos de Rosette – Cheiravas a um demónio que se tinha aliado ao Aion para matar o meu pai. Quis aproximar-me. Saber mais. Matar o demónio. Mas tu estavas disposta a usar o meu feitiço para ficar com ele, por isso decidi dar-lhe uma hipótese e conhecê-lo melhor. Afinal, apesar de ele ter matado duas reencarnações, não pareceu querer fazê-lo por mal. Agora, podes apresentar-mo.

Rosette olhou bem para Trugy. Não tinha percebido metade do que ela tinha dito ou quais eram as suas intenções. Estava ali para matá-la? Para matar Chrno? Para matar ambos? Mas, se assim fosse, porque é que tinha ido ali para afastar o Aion?

- Não confio em ti. – disse Rosette, levantando-se – E, mesmo que eu quisesse apresentar-to, a Azmaria é que tem a chave. O Chrno não quer ver-me.

- Não tens de te preocupar com chaves. – Trugy estendeu duas asas negras, deixando Rosette de boca aberta – Agora, podes vir comigo ou deixar que eu vá sozinha.

Sem mais nenhuma opção, Rosette deu-lhe a mão e suspirou quando começaram a voar. Já não a surpreendia. Já tinha voado várias vezes no colo de Chrno e até nos braços de Aion…uma coisa que queria esquecer. Por isso, mesmo que tivesse medo de alturas, já o teria ultrapassado há que tempos.

Sem sequer parecer surpreendido quando as duas entraram pela varanda, Chrno nem sequer olhou.

- Vieste matar-me, Trugy? – perguntou Chrno, com os olhos fechados – É a melhor altura para isso. Não consigo defender-me…

Trugy largou a mão de Rosette e ajoelhou-se ao lado de Chrno.

- Nem sequer te consegues levantar. – disse Trugy, vendo Chrno a desviar a cara – Tu sabes que vais morrer se continuares assim, não sabes?

- Claro que sei. – murmurou Chrno – Porque é que a trouxeste contigo.

- Finalmente ouvi o teu nome por causa dela. – revelou Trugy – Mas, apesar de não saber o teu aspecto, o teu nome é bastante conhecido entre os demónios. O meu pai confiava bastante em ti.

Chrno rangeu os dentes e tapou os olhos com o braço.

- Porque é que o traíste? – perguntou Trugy, com as lágrimas nos olhos a tentar não chorar. No entanto, quando viu lágrimas a escorrerem pelo rosto de Chrno, ela começou a chorar como uma criança, surpreendendo Rosette – Porque é que o traíste!?

- Desculpa. – murmurou Chrno, acariciando o cabelo de Trugy com a mão livre.

Rosette deu um passo atrás e encostou-se à janela sem dizer nada.

Aion conseguia enganar e usar muitas pessoas quando lhe era conveniente.

Tinha enganado uma exorcista para que ela se apaixonasse por ele e tivesse o seu filho e depois tinha compelido o filho a apaixonar-se por uma seladora e ter uma filha. O fruto de todos esses esquemas tinha sido Zalia. Exorcista, Seladora, Humana e Demónio. Apesar de não conseguir criar alguém como o Imperador do Pandemonium tinha criado, estava a esforçar-se ao máximo para chegar perto.

Trugy não tinha sido criada por gerações. Ela tinha sido criada como um humano cria um robô. O Imperador tinha-se gabado constantemente dela a Chrno, enquanto a criava, como se fosse uma filha. Chrno, aliado do Imperador na altura, sugerira-lhe o nome “Trugy” porque, apesar de ser um nome estranho, ainda era um nome que podia passar entre os humanos.

- É uma boa ideia. – dissera ele – Vou chamar-lhe Trugy. Obrigado Chrno.

- Mas porque é que estás a criar uma coisa que nos pode matar? – perguntara Chrno, sem quaisquer segundas intenções.

- O Aion quer matar-me. – desvendara ele chocando Chrno.

- O Aion nunca faria isso! – exclamara Chrno – Porque razão?

- Ele próprio ta vai dizer. – garantira-lhe – Agora vou precisar que me protejas, já que vou dar parte do meu poder à Trugy. Vou ficar mais fraco do que o Aion durante algum tempo.

E tal como lhe dissera, Aion aproximara-se dele para lhe explicar a revolução que queria trazer ao Pandemonium. Apesar de querer recusar, as palavras de Aion já tinham entrado na sua cabeça.

Semanas depois, Aion apareceu com a cabeça do Imperador na mão e Chrno sentira-se como um traidor. Depois o segredo de Trugy tinha sido exposto e o grupo de Aion paralisara-a antes de ela ter tempo de acordar.

Zangado consigo mesmo, acreditara nas palavras reluzentes de Aion e juntara-se a ele, esquecendo-se completamente de Trugy.

Era por isso que ela tinha o direito de o matar a qualquer momento.

- Podes matar-me agora ou deixar-me morrer aos poucos. – disse Chrno, ouvindo Trugy a soluçar – Eu sabia que o teu pai estava em perigo e deixei-o em perigo. A culpa é minha por ele estar morto. No entanto, por muito que me arrependa de tê-lo deixado morrer, se tu tivesses acordado naquela altura, terias matado a Rosette e o Joshua antes sequer de eu os conhecer. Não vou desculpar-me por isso.

Antes de Rosette ter tempo de fazer alguma coisa, Trugy tirou um punhal de prata do bolso de dentro do casaco e espetou no estômago de Chrno com toda a força.

- O que é que estás a fazer!? – gritou Rosette, aproximando-se imediatamente.

- Se te aproximares mais, eu mato-o. – disse Trugy, monotonamente – Afasta-te.

E foi o que Rosette fez, cobrindo os olhos quando uma luz forte proveio do punhal.

Depois de dois minutos na mesma posição, Trugy tirou o punhal.

- O meu pai era um anjo caído. – disse Trugy, guardando o punhal novamente – O punhal era a única coisa que ele guardava dos seus tempos como arcanjo. Tu sabes porquê, não sabes, Chrno?

- É o punhal da arcanja que ele amava. – respondeu Chrno – Mas, porque era única, o punhal não mata ninguém. Em vez disso, cura-os.

- Até aos demónios. – concordou Trugy, levantando-se – Não consigo imaginar uma arcanja tão boa a ponto de estar disposta a curar demónios.

- Gente estranha existe. – disse Chrno, limpando as lágrimas – Agora, podes levá-la daqui para fora?

- Chrno. – murmurou Rosette.

- E porque é que eu havia de fazer isso? – perguntou Trugy – Ela parece querer conversar seriamente contigo.

Chrno mostrou-lhe o relógio que tinha escondido por baixo da almofada. – Foi com isto que ela morreu da primeira vez e ela quer que eu lho devolva.

- O relógio? – Trugy olhou para Rosette – Queres fazer um contrato com ele outra vez.

- Eu só o quero de volta! – negou Rosette – Daquela vez, ele estava prestes a morrer. O relógio pode vir a ser útil em ocasiões dessas.

- Mas ele não parece querer fazer o contrato contigo e têm que ser os dois integrantes a aceitar, se não, não funciona. – explicou Trugy, como se Rosette já não o soubesse – Em todo o caso, ele estava a morrer até eu lhe enfiar o punhal. Podem ter-lhe tirado a bala, mas o poder dela ainda estava a fazer efeito. Ele não tencionava dizer a ninguém. Por isso é que ele não queria que ninguém entrasse no quarto dele e também foi por isso que ele não te deu o relógio. Por que tinha medo que tu o convencesses a refazer o contrato.

- Trugy! – gritou Rosette – Deixa-nos sozinhos!

Trugy encolheu os ombros e desapareceu como se fosse uma sombra.

- Chrno. – disse Rosette, aproximando-se da cama – O relógio é meu. Dá-mo.

- O relógio é do Aion. – corrigiu Chrno – E tu já não precisas dele. Já não precisas da minha ajuda para salvar ninguém.

- Então a Maria Madalena é a única que pode dar a vida para te salvar! – exclamou Rosette, vendo Chrno a olhar para ela – Sim, eu sei! Como é que achas que me senti quando a Trugy me contou!?

- Eu estava a morrer?...

- Estavas apaixonado por ela? – perguntou Rosette, chocando Chrno – Foi por isso que a deixaste salvar-te e a mim não?

Trugy reapareceu no sofá onde Zalia estava sentada, assustando-a.

- Então, Zalia, vais contar-me o que mais o teu avozinho te disse? – perguntou Trugy, pondo um braço por cima dos ombros de Zalia – Tenho a certeza que não queres que te magoe.

- A Ordem deu-me ordens específicas para não revelar nada sobre o meu avô! – exclamou Zalia, claramente assustada – Se fosse eu…

- Se fosses tu a decidir, dirias alguma coisa? – perguntou Trugy – Que grande mentira. Não dirias nada porque tens medo que o Aion te mate.

Satella, que também se encontrava na sala, surpreendida com a aparição de Trugy, obteu a confirmação de que ela era a neta de Aion. Se era, seria melhor matá-la agora.

- Agora não. – interrompeu Trugy, antes de Satella ter tempo de pôr a mão no cristal – Ela ainda nos pode servir de alguma coisa. Já que a segunda acabou de acordar, toda a ajuda vai ser necessária. Principalmente, para a manter afastada do Chrno.

- Então? – perguntou Rosette, já que Chrno ainda não tinha respondido à sua pergunta – Estavas apaixonado por ela, não estavas?

- Ela estava apaixonada por mim. – revelou Chrno – E, apesar de não o querer, deixei que ela me salvasse. Arrependo-me disso todos os dias. Mas não quer dizer que eu a tenha amado. Mesmo que fosse o caso, ela está morta. Porque é que estás a perguntar isso?

Rosette corou até às orelhas. – Por nada. Só estava curiosa porque, não me deixaste salvar-te…

- Eu não quero que alguém que eu amo morra por mim. – sorriu Chrno, pegando-lhe na mão – Não, outra vez.

- Não me vais dar o relógio, pois não? – perguntou Rosette, apertando a mão dele, apesar de não estar a olhar para ele.

- Só se prometeres que mencionas o contratas outra vez. – disse Chrno, entrelaçando os dedos nos dela – E que não voltas a chorar daquela maneira.

- Eu prometo. – disse Rosette. Quando sentiu o relógio na outra mão, olhou para baixo e viu Chrno a sorrir.

- Então é teu. Como lembrança de tudo o que aconteceu antes desta era. – concordou Chrno, vendo o lábio de Rosette a começar a tremer – Hei, prometeste que não ias chorar.

Ela encontrava-se ao lado do seu caixão, ainda com algumas pétalas espalhadas pelo relógio. Olhou em volta e perguntou-se porque é que estava viva.

Quando Aion entrou na sala, ela apercebeu-se imediatamente de que tinha sido obra dele. Mas quem era a rapariga ao lado dele.

- Se esperas que eu te vá ajudar, desta vez, estás enganado. – disse ela – Prefiro morrer, outra vez.

- Não espero que fiques do meu lado. – disse Aion, com um sorriso perverso na cara – Em vez disso, porque é que não ficas do lado do teu amor, Maria de Magdala?


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Notas finais do capítulo

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