Chrono Crusade - After Heaven escrita por Mirytie


Capítulo 27
Capítulo 27 - Anti-Demónios


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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Actualmente – Mansão Harvenheit (12:33)

A situação era pesada na mansão de Satella.

Tinham adiado a sua partida para Nova Iorque e agora os membros do grupo estavam espalhados pela casa. Hector e Zalia estavam com Satella na sala principal. Hector encontrava-se sentado ao lado de Zalia no sofá grande enquanto, Satella, com as pernas cruzadas, na poltrona, a olhar para eles, com uma mão sob o cristal na mão direita, como que para dizer que podia activar a jóia a qualquer momento.

Chrno estava num dos quartos do segundo andar, como ligaduras à volta do ferimento, a dormir e a suar com a febre que tinha aparecido depois de terem extraído a bala. Felizmente, ele tinha os cornos, por isso regenerara-se mal tinham extraído a bala, mas ainda estava muito fraco.

No entanto, recusava-se a dormir e ainda tinha o relógio de Rosette na sua posse.

Rosette encontrava-se encostada à porta trancada de Chrno, que também recusava-se a vê-la. Mesmo assim, ela continuava ali, para assegurar que eles não se aproximavam.

Azmaria encontrava-se a andar de um lado para o outro no quintal com as chaves da porta do quarto de Chrno numa mão e as armas de Rosette noutra. Tinham sido ordens de Satella de que Rosette fosse desarmada, e assim tinha sido.

Porque Rosette era uma ameaça para Zalia e Hector, de momento.

No Festival – Algumas horas antes

Pouco depois do amanhecer, ouviu-se um tiro e a população presente começou a gritar e a fugir. Rosette não fazia ideia de onde tinha vindo ou para onde fora. Tinha sido tudo muito rápido. Lembrava-se de ter visto qualquer coisa pelo canto do olho, provavelmente a bala. O que significava que a vítima estava atrás de si.

Depois tinha visto a reacção de Satella e Azmaria e o resto era história.

No entanto, enquanto Rosette tentava convencer Chrno a fazer o contracto, Satella tinha-se recomposto rapidamente e começou a procurar pelo remetente da bala, apesar de ter quase a certeza de quem tinha sido.

Quando os encontrou, gritou algumas palavras ameaçadoras e mostrou-lhes o cristal, pedindo-lhes para não se mexerem. Tinha a certeza que eles sabiam o que ela podia fazer quando viu Hector a baixar a arma e Zalia a levantar os braços.

Azmaria tinha ficado com a parte mais difícil. Depois de Satella dizer-lhe que tinham de levar Chrno o mais rapidamente possível para a mansão, ela limpou as lágrimas e foi em direcção a Rosette, sem sequer saber se Chrno ainda estava vivo quando viu Rosette a chorar.

Felizmente, ele ainda estava. O mais difícil foi fazer com que Rosette se afastasse. No entanto, estavam todos prontos para partir, vinte minutos depois.

Tinha sido Satella a tirar a bala do corpo de Chrno, já que nenhuma das outras o conseguiria fazer. Depois de a tirar, Rosette identificou a bala e dirigiu-se para Hector com intenções de matá-lo, mas Satella impediu-a, dizendo-lhe que era melhor que ela ficasse à beira de Chrno até ele melhorar.

No entanto, ele não queria vê-la e era assim que estavam agora.

E era naquela situação em que estavam agora.

Rosette à porta de Chrno. Chrno a descansar num dos quartos do segundo andar. Azmaria no quintal, a andar de um lado para o outro. Satella com Hector e Zalia, na sala grande.

- Então, agora vão-me contar tudo. – ordenou Satella, olhando constantemente, para um e para o outro – Porque é que atiraram contra o Chrno.

- Ele é um demónio de nível 5! – exclamou Hector, surpreendendo Satella, que ainda não sabia que agora mediam os demónios por níveis – O que é que esperava que fizesse!?

- Achas que ele é um perigo para a sociedade? – perguntou Satella – Depois de entrares em contacto com ele, achaste-o potencialmente perigoso?

- Não. – murmurou Hector – Mas vocês sabem como é que são os demónios! Nunca se pode confiar neles! Um demónio a menos no mundo não vai prejudicar ninguém! Pelo contrário!

Satella calou-se durante alguns momentos. Afinal, já tinha pensado como eles. Até já tinha atentado contra a vida de Chrno mas ele não era como os outros. Pelo menos, não depois de conhecer Rosette.

Depois lembrou-se…só os pertenciam à Ordem de Magdalena de Nova Iorque deviam saber que Chrno era um demónio e, agora, passados tantos anos, já nem sabia se havia alguém que soubesse disso.

- Como é que vocês que o Chrno é um demónio? – perguntou Satella, vendo Hector olhar suspeitosamente para Zalia – Os cornos do Chrno estão escondidos. Ele parece um humano completamente normal. Então, como é que vocês descobriram?

- Ela é meia-demónio. – respondeu Hector – Ela consegue sentir essas coisas.

- Se ela é meia-demónio, não devias matá-la também? – perguntou Satella. Nunca tinha ouvido falar de “meios-demónios” mas pelos vistos existiam – Era menos um demónio na terra.

- Estamos sob ordens para não lhe tocar dessa maneira. – explicou Hector, cruzando os braços – E ela é uma das mais poderosas seladoras e exorcistas da Ordem de São Francisco.

- Oh, estou a ver. – disse Satella, anuindo com a cabeça – Azmaria! Chega aqui!

Alguns segundos depois, Azmaria entrou na sala e Satella pegou numa das armas de Rosette, apontando-a de seguida a Zalia.

- Podes ir. – disse Satella, referindo-se a Azmaria. Esperou até que ela saísse da sala para destravar a arma – Então porque ela é uma “meia-demónio” conseguiu sentir que o Chrno é um demónio. Mas como é que ela soube que ele era um demónio de “nível 5”?

- O meu avô disse-me. – respondeu Zalia, quando viu o indicador de Satella a aproximar-se do gatilho perigosamente – O meu avô disse que o conhecia e que ele era um demónio muito perigoso.

- O teu avô? – perguntou Satella, olhando bem para ela – Como é que se chama o teu avô?

- Ele…

- Zalia! – exclamou Hector, travando Zalia – O teu avô é um informador precioso.

Rangendo os dentes, Satella levantou-se, aproximou-se de Zalia e levantou-a no ar pelos colarinhos.

- Não estamos a brincar aqui, miúda. – disse Satella, com os olhos semicerrados – O teu avô pode ser um demónio que raptou a minha irmã há muito tempo atrás.

- Impossível! – exclamou Zalia, com medo daquela mulher – Se fosse essa pessoa, tu já estarias morta há anos, tal como a tua irmã! E o meu avô…o meu avô é uma boa pessoa!

Satella atirou-a de volta para o sofá e encostou-lhe o cano da pistola à testa.

- Se o teu avô é uma “pessoa” assim tão boa, porque é que não aparece para te salvar? – perguntou Satella, convencida de que Zalia era, de alguma maneira, neta de Aion.

Mas, mesmo antes de ter tempo de atirar, Azmaria chamou-a. Satella olhou para trás mas não mudou de posição.

- O que é que se passa, Azmaria? – perguntou Satella, com medo de que Aion tivesse mesmo aparecido.

- Está aqui uma pessoa para ver a Rosette. – respondeu Azmaria – Não sei quem é.

Com as sobrancelhas franzidas, Satella endireitou-se e entregou a pistola a Azmaria. – Fica aqui com eles. Eu vou ver quem é.

Se Azmaria não sabia quem era não podia ser Aion, pensou Satella, um pouco confusa com a distracção pertinente. Abriu a porta e deparou-se com uma rapariga com olhos azuis, cabelo e vestido preto.

- Bom dia. – cumprimentou a rapariga – Poderia falar com a Rosette? Aliás, posso falar com vocês?

- Eu nem sei quem és tu. – disse Satella – Porque é que haveria de te deixar entrar?

- Ah! Desculpa, Satella. – sorriu ela – Eu chamo-me Trugy.

Surpreendentemente, quando Satella disse a Rosette que uma rapariga chamada Trugy estava a chamá-la, Rosette levantou-se e desceu as escadas rapidamente, deixando a porta do quarto de Chrno para trás.

Também se surpreendeu quando Trugy entrou na sala grande e Zalia encolheu-se imediatamente.

- Estou a ver que até os meios-demónios conseguem sentir a minha presença. – Trugy desapareceu e reapareceu em frente a Zalia – Olá, Zalia. Quando vires o teu avô, dá-lhe os meus cumprimentos.

- Trugy? – chamou Rosette, aparecendo ao lado de Satella, à porta da sala. A rapariga virou a cabeça, sorriu, desapareceu outra vez e reapareceu, desta vez, em frente a Rosette – O que é que estás aqui a fazer?

Com os olhos a brilhar, Trugy segurou nas mãos de Rosette. – Queria ver-te, amiga!

Rosette tinha quase a certeza de que ela estava a mentir, mas Trugy estava sempre para além das suas previsões, por isso decidiu manter a mente aberta.

- Podíamos falar num sítio mais privado? – perguntou Trugy, sem se preocupar com que os outros ouvissem.

- Sim. – Rosette saiu da sala e dirigiu-se para o quarto do mordomo, trancando a porta depois de Trugy entrar.

Enquanto isso, Satella olhou para Azmaria e suspirou.

- Fica aqui com eles. – decidiu Satella – Se algum deles se mexer, dá-lhes um tiro.

Dito isso, Satella foi em bicos de pés e encostou a orelha à porta do quarto

- O teu sangue está a derrotar o meu veneno. – disse Trugy, com toda a naturalidade do mundo. Pegou-lhe no pulso e mostrou-lhe a pulseira onde já só restava a cabeça da cobra a trincar a cruz de prata – Se continuar assim, as chagas vão aparecer não tarda nada.

Rosette olhou aterrorizada para a pulseira e depois para Trugy. – Tu disseste que isto ia esconder-me! O que é que é preciso mais?

- Posso ferrar-te outra vez. – respondeu Trugy, encolhendo os ombros – Mas não sei quanto tempo é que vai aguentar.

Sem hesitar, Rosette esticou-lhe o pulso.

- Acabei de me reencontrar com uma amiga. – disse Rosette – Não quero perder tudo outra vez.

- Eu sei. – murmurou Trugy, com um sorriso, enquanto os olhos passavam de azul para amarelo – Não grites.

Rosette fechou os olhos e trincou o lábio quando ela ferrou-lhe e inseriu a cruz nos buracos, como tinha feito da última vez. Quando o processo terminou, a cobra já estava completamente enrolada em volta da cruz novamente.

- Já está. – disse Trugy, afastando-se – Já podemos sair.

Rosette abriu a porta e começou a caminhar com Trugy.

- Não vieste até São Francisco só para fazer isto, pois não? – perguntou Rosette, saindo com ela para o quintal.

- Há forças más que estavam-se a aproximar daqui. – disse Trugy, olhando em volta – E, pelos vistos, quando eu estou perto, essas “forças malignas” parecem ter medo de aparecer. Até o teu amigo, Chrno, deve estar-se a sentir um bocado desconfortável com a minha presença aqui.

- Presenças malignas? – perguntou Rosette – Demónios?

- Sim. O Aion parecia estar por perto. Segui-o quando ele deixou Nova Iorque com a tua antecedente. – respondeu Trugy – Mas não te preocupes. Ele não vai vir tão facilmente, enquanto eu estiver aqui.

- Mas, como…

- Quando estávamos em Nova Iorque tu perguntaste se eu era um demónio. – lembrou-a Trugy – Na verdade, o meu “pai” era um demónio. Ou hei-de dizer criador? – questionou-se, sentando-se subitamente na relva – Mas, lá por o meu criador ser um demónio, não quer dizer que eu seja um, certo?

Confusa, Rosette sentou-se ao lado de Trugy.

- Eu fui criada há muito, muito tempo atrás. – suspirou Trugy – Mas, apesar de ter sido criada para “aquele” propósito, só consegui mover-me há alguns anos atrás.

- Trugy… - hesitou Rosette – Quem é que te criou?

Trugy olhou para o céu com uma expressão que Rosette não achara que ela fosse capaz de fazer. Tristeza, solidão…como se sentisse falta do demónio que a tinha criado ou com pena por não ter podido cumprir o seu propósito.

- Rosette Christopher. – disse Trugy, olhando agora directamente para Rosette – Já ouviste falar do único demónio de Nível 10 que alguma vez existiu? O Imperador do Pandemonium? Aquele que o Aion matou?

Depois de ouvir a conversa entre Trugy e Rosette no quarto do mordomo, Satella voltou para a sala antes de elas saírem, com uma expressão pesada.

Afinal, Rosette sabia que ainda tinha o sangue da Santa e não lhes tinha dito nada. E quem era aquela tal de Trugy que parecia ter “ajudado” Rosette e sabia quem era o Aion.

Chateada por causa de haver tantos segredos tão cedo, Satella pegou na pistola que dera a Azmaria e aproximou-se outra vez de Zalia com passos pesados.

- Hei, quem é aquela rapariga de há pouco!? – exclamou Satella.

- Eu sou um “anti-demónios”. – revelou Trugy, olhando para o chão – O meu objectivo era…


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Notas finais do capítulo

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