Justin?! – Chamou uma voz feminina da porta, dei um pulo de susto mas Justn não se moveu, ao contrário, ele se aproximou ainda mais.

“Melody! Para! Para agora!”

Dizia minha cabeça.

“Vá em frente Melody, é sua chance, vá!”

Dizia o coração. Quem eu seguiria? O tempo tava passando e eu não conseguia tomar uma decisão com aqueles olhos me encarando. Respirei fundo e me afastei de Justin.

-Oi mãe! – Disse Justin tentando disfaraçar, tinha me esquecido que tia Pattie tinha chegado. Ela chegou a porta com algumas sacolas de supermercado na mão.

-Me ajuda aqui filho! – Disse Pattie separando algumas compras para dar ao Justin. Ele me olhou e retornou a Pattie para pegar as sacolas.

-Resolvi dar uma passada no mercado. Já que a Mel voltou! – Ela sorriu pra mim e eu sorri envergonhada, ainda sentia meu rosto corado.

-Obrigada tia Pattie!

-Imagina querida! – Ela olhou para meus pés.

-Justin?... – Ele a olhou. – O que Melody ta fazendo de pé? Ela não pode caminhar não é? – Pattie parecia desapontada. Justin me olhou ainda envergonhado.

-Desculpa! Vem Mel. – Disse Justin me botando em cima da bancada da cozinha, como um bebê.

-Eu to bem. – Disse pra tia Pattie.

-Bom, eu vou tomar um banho. Juízo meninos! – Pattie retirou-se da cozinha deixando de novo aquele clima. Eu tinha que quebrar o gelo, fingir que não tinha acontecido nada e que eu não tava constrangida.

-O que a gente vai fazer Jus? – Minha voz me surpreendeu. Pareceu segura, surpreendendo o Justin que ficou em choque.

-Não...não sei. – Ele engasgou e clareou a garganta tentando se recompor.

-A gente pode olhar um filme... – Dessa vez, a voz pareceu mais segura do que antes. – Menos de vampiro! – Ele sorriu. Fiz biquinho.

-Assim não tem graça! Além do mais, eu quero ver a saga crepúsculo de novo. Por tanto, você vai fazer a pipoca, pegar o refrigerante e botar o filme! – Sorri, ele ficou irritado.

-To com cara de empregado? – Eu ri.

-Ta acostumado a ter tudo nas mãos não é? – Sorri maliciosamente, ele revirou os olhos e foi fazer a pipoca.

Estávamos vendo Amanhecer, e eu chorava na parte do casamento com Flightless Bird, American Mouth tocando ao fundo. Justin revirou os olhos, ele já tava irritado de ver os filmes o dia inteiro, mas depois deixou pra lá e desistiu.

-Porque diabos você ta chorando? – Perguntou Justin.

-Porque é lindo! – Falei chorando ainda mais. Solucei e tentei me acalmar.

-Melody, é só um filme. E um casamento!

-Ah cala a boca Justin! – Resmunguei, que garoto sem coração, ele não reconhecia o quanto a cena era linda?

Continuamos vendo o filme até a parte da lua-de-mel.

-Mel. – Ele disse maliciosamente acariciando meu braço. Me arrepiei.

-O que?

-A gente bem que podia... – Ele sorriu docemente, mas eu não me enganava com aquela inocência em seu rosto, sabia muito bem onde aquele sorriso iria me levar.

-Eca! - Gemi baixo. Ele riu. Revirei os olhos e voltei a olhar o filme.

Mas não aguentei por muito tempo e acabei pegando no sono.

Justin

Melody estava serena, sua respiração regular. Dormia tranquilamente em meus braços. O filme já estava nos créditos finais. Fiquei a olhando por alguns minutos, ver ela assim me acalmava. Sentir ela segura ao meu lado. Era fascinante ter ela assim. Mas eu não podia abusar, Melody me mataria se soubesse que eu a olhava dormir. Peguei ela devagar e a levei para seu quarto. Deitei-a em sua cama e a cobri com sua coberta de veludo rosa. Fechei as janelas e caminhei vagarosamente até a porta. E fui até a cozinha.

Ouvi o telefone tocar e corri para atender, devia ser Scooter. Nós íamos tirar umas férias de uma semana e depois íamos começar a gravar um novo album. Tirei o telefone do gancho e botei ao ouvido.

-Scoot? – Perguntei.

-Não. – Disse uma voz feminina. Reconheci de primeira aquela voz irritante.

-Selena!- Falei com raiva. – O que você quer? – Disse ríspido.

-Achou mesmo que eu ia esquecer de você? Olha até que eu tenho que admitir. Melody é esperta. Mas nem tanto. Ela achou mesmo que eu ia desistir? – Ela riu. – Ainda não desisti da ideia, então acho melhor você fazer o que eu quero Justin, se não, sua amiguinha vai pagar. – Atirei o telefone no sofá e me segurei pra não dizer umas boas verdades pra ela, o que eu queria falar não era nada gentil pra uma garota. Respirei fundo e desliguei o telefone da tomada. Fechei os olhos e encostei a cabeça no sofá.

Ela não podia encostar um dedo na Melody, então eu tinha que resolver isso sozinho. Selena ia ligar logo, e eu não podia envolver Melody nisso. Tinha que esconder ao máximo isso dela, para mante-la segura. Sabia que não ia poder esconder isso dela por muito tempo, mas tinha que esconder tempo suficiente até pensar em algo. Tava tudo tão bom! Eu e Melody estávamos tão bem, e agora...a Selena veio e estragou tudo. Ela nunca ia desistir, e eu sabia até que ponto ela podia chegar. Como eu me enganei tanto em relação a Selena? Ela era tão meiga e doce, mas depois, se transformou em um demônio! Capaz de machucar minha melhor amiga!

Resmunguei um palavrão baixo e continuei deitado, pensando. Ouvi passos na escada e levantei-me automaticamente para olhar. Era Melody.

-Melody, que parte do “sem esforço” você não entendeu? – Disse irritado.

-Que horas são? – Ela perguntou ignorando minha outra pergunta.

-Com certeza não é hora de você ta acordada! – Disse ríspido tentando me acalmar.

Melody

Levantei a cabeça e olhei para o relógio. Era meia noite. Levantei-me e andei até a porta, ignorando a dor. Desci devagar as escadas e vi Justin encostado no sofá. Ele pareceu me ouvir e virou a cabeça pra me olhar.

-Melody, que parte do “sem esforço” você não entendeu? – Justin parecia irritado.

-Que horas são? – Perguntei ignorando sua pergunta, tentando fugir do assunto.

-Com certeza não é hora de você ta acordada! – Disse ele ríspido, tentando se acalmar. Olhei ele suspeita. Essa reação dele não era boa. O conhecia o suficiente pra saber que ele estava incomodado com alguma coisa. Mas depois pensei que devia ser algo com o trabalho. Afinal, não havia mais nenhuma coisa que deixaria ele irritado tão de repente. Deixei pra la e caminhei até a cozinha deixando ele sozinho com seus pensamentos.