“Truuuuuuuuum!” Acordei com o barulho estridente e alto do despertador, minhas pálpebras pesavam, lutei contra elas para poder abrir os olhos, tateei a mesinha ao lado para desligar aquele barulho insuportável. Não, eram 6:30 da manhã, e eu tinha que acordar para mais uma tortura, bem, a última na verdade. Caminhei lentamente até o banheiro esfregando os olhos, tomei um banho gelado para acordar e vesti uma roupa básica. Peguei minha mochila e desci as escadas, um cheiro de torrada invadiu meu nariz.

-Bom dia filha! – Falou minha mãe sorridente, na boa, quem conseguia sorrir desse jeito logo pela manhã?

-Bom dia – Falei de cara amarrada e pegando as torradas.

-Seu pai ligou hoje. – Falou minha mãe cuidadosa, sentando-se na mesa a minha frente. Ah não, o que aquele idiota queria?

-Grande coisa. – Dei de ombros.

-Filha, ele queria falar com você, ele é seu pai ainda.

-Ele nos deixou aqui, e só por mandar um dinheiro no final do mês acha que pode se chamar de “meu pai”. – Gritei, levantei-me e saí batendo porta a fora. Não queria ouvir nada que viesse dele, absolutamente nada.

O resto da manhã passei ouvindo as experiências de férias de todos os professores, como se alguém quisesse saber da vida deles. Rabiscava alguma coisa em uma folha de caderno, já que minha professora de matemática contava sobre suas férias. Que tédio. Ouvi o sinal tocar e graças a Deus, eu tava livre. Peguei minha mochila e corri derrubando todos pela frente. Andei até uma praça próxima dali, já que não tinha a maior vontade de voltar para casa. Na verdade, eu queria fazer algo, alguma coisa que provocasse minha mãe, eu adorava isso. Peguei a mochila e fui até o endereço que uma amiga tinha me dado.

Abri a porta e minha mãe tava sentada no sofá com uma cara de dar medo, é assim que eu gosto!

-Aonde você tava? – Ela falou levantando.

-Por aí – Falei com indiferença.

-Por aí? São quase meia noite e você tava “por aí”? eu...- ela se interrompeu quando olhou pra mim.