Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 44
Capítulo 44


Notas iniciais do capítulo

Ahhh segue o último capítulo... Sempre dá uma tristeza, mas é a vida!



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Rose me olhou, com hesitação por poucos momentos, e sentou com cautela na cadeira que eu tinha apontado. Eu puxei a minha própria cadeira, de forma que pudemos ficar frente a frente. Ela me olhou fixamente, enquanto eu buscava as palavras certas lhe falar.
“Ninguém supera sua primeira matança... uma matança... fácil. Mesmo matando um Strigoi... bem, é tecnicamente tirar uma vida. Isso é difícil. E depois de todas as outras coisas que você passou...” Eu acenei, ainda tateando com as palavras na minha mente. A sensação que eu tinha era que se eu não me impedisse, as palavras sairiam descontroladamente. Eu olhei para suas mãos, então, impulsivamente eu segurei a sua mão direita, apertando bem com a minha. Apesar dos treinos pesados, sua pele era fina e macia.

Eu olhei para seus olhos castanhos. Era como se eu pudesse ver novamente tudo que tinha acontecido, se passando por minha mente, como um filme acelerado. Eu podia experimentar de novo tudo que eu tinha sentindo, inclusive o medo de perder Rose.

“Quando eu vi seu rosto... quando eu lhe encontrei naquela casa... você não pode imaginar como eu me senti.”

Ela engoliu, com me olhando completamente compenetrada. “Como... como você se sentiu?”

Eu realmente não tinha mais vontade de esconder nada dela, estando ali, com Rose na minha frente, qualquer tentativa de trancar tudo que eu sentia parecia tola.

“Devastado... aquilo me machucou. Você estava viva, mas o jeito que você estava... eu não pensei que você fosse se recuperar. E isso me arrasou, ainda mais quando eu penso que isso aconteceu com você, assim tão jovem.” Eu apertei sua mão. “Você vai se recuperar – eu sei disso agora e fico feliz por isso. Mas você ainda não conseguiu. Ainda não. Perder alguém que você gosta nunca é fácil.”

Ela olhou tristemente para o chão. “Foi culpa minha.” Sua voz era baixa como um sussurro.

“Hum?”

“Mason. Ele ter morrido.”

Novamente, senti meu peito doer com aquilo. Rose parecia comigo e, sendo assim, ele iria sentir culpa por tudo que tinha acontecido. Era algo difícil de dizer a ela – que ela não deveria carregar aquilo – eu sabia, mas aquela não era, de fato, uma responsabilidade que ela devesse assumir. Mas ela iria se culpar. E nisso eu a entendia. Muito.

“Oh, Roza. Não. Você tomou umas decisões ruins... você deveria ter nos contado para onde você estava indo... mas você não pode se culpar por não ter feito isso. Não foi você que o matou.”

Ela voltou a me olhar e seus olhos estavam rasos de lágrimas, deixando claro que aquele assunto ainda doía muito nela.


“Mas é como se eu tivesse matado. Ele foi para lá – por minha causa. Nós brigamos... e eu contei para ele sobre Spokane, mesmo depois que você me pediu para não contar...” Sua voz era trêmula e ela começou a chorar. Com a minha mão livre, eu limpei as lágrimas do rosto dela. Ver Rose chorando era algo que mexia muito comigo.

“Você não pode se culpar por isso,” eu lhe falei gentilmente. “Você pode se arrepender pelas suas próprias decisões e desejar ter feito as coisas diferente, mas no final, Mason também tomou sua decisão. Isso que ele fez, foi uma escolha dele. Foi a decisão dele no final, não importa o seu papel nisso tudo.” Eu tentei soar convincente, para que ela olhasse a questão pelo lado das outras pessoas envolvidas. Ela não era a única com livre arbítrio nessa história.

“Eu só queria ter sido capaz de... eu não sei, fazer algo...” Ela tropeçou nas palavras e se levantou rapidamente, soltando a minha mão que ainda segurava a dela. “Eu deveria ir,” ela acrescentou rapidamente, se dirigindo para a porta. “Avise-me quando vamos começar a treinar de novo. E obrigado pela... conversa.”

Senti a urgência me atingir. Não tinha sido para isso que eu tinha preparado essa conversa. Eu tinha mais do que isso para lhe dizer e não podia deixá-la ir assim.

“Não.” Eu disse bruscamente. Ela me encarou e aquela velha sensação poderosa começou a surgir entre nós. Era como se ela soubesse o que eu iria lhe falar.

“O quê?”

“Não.” Eu repeti firmemente. “Eu disse não para ela. Para Tasha.”

A incredulidade tomou conta de toda a expressão de Rose. “Eu...” ela falou claramente, tentando absorver o que ouvia. “Mas... porque? Esse era mais que uma negócio, era uma vida. Você poderia ter tido um filho. E ela... ela era, você sabe, apaixonada por você...”

Eu segurei um sorriso. Era engraçado a naturalidade com que Rose lidava com isso. Ela conseguia ser madura e infantil ao mesmo tempo quando se tratava de sentimentos e isso realmente me encantava, como tantas outras coisas dela.

“Sim, ela era. E é por isso que eu tive que dizer não. Eu não podia corresponder o que ela sentia... não poderia dar a ela o que ela queria. Não quando...” Eu me levantei da cadeira e dei alguns passos na direção dela e a olhei fixamente. “Não quando meu coração pertence a outra pessoa.”

Eu sentia meu coração disparado e tive a sensação que Rose começaria a chorar de novo. Ali eu tive a certeza e que tinha feito a coisa certa. Eu jamais poderia deixá-la. Nunca poderia fazer isso.

“Mas você parecia interessado nela. E você sempre fica falando sobre como eu me comporto de forma imatura.”

“Você age como jovem, porque você é jovem. Mas você sabe coisas, Roza. Coisas que pessoas mais velhas que você não sabem. Aquele dia...” Eu me referia ao dia que ela me pressionou nessa mesma sala e que havia me beijado. Ela não podia imaginar como as palavras dela tinham remoído na minha cabeça por todo esse tempo. Ela havia dito que eu não tinha autocontrole. Que tudo era fruto de uma verdadeira batalha interior minha, e ela estava certa. Por tantas e tantas vezes eu me vi praticamente vencido pelo que eu sentia por ela e estive prestes a jogar tudo para o alto. E sempre tive que lutar contra mim mesmo para não deixar isso tudo me tomar.

“Você estava certa, sobre como eu luto para permanecer em controle.” Eu continuei. “Mas ninguém nunca notou isso, além de você – e isso me assustou. Você me assusta.”

“Porque? Você não quer que ninguém saiba?”

Eu deu nos ombros. “Se eles sabem ou não desse fato, não importa. O que importa é que ninguém – além de você – me conhece tão bem. Quando uma pessoa pode ver a sua alma, é difícil. Força você a se abrir. A ficar vulnerável. É muito mais fácil estar com alguém que é só seu amigo casual.”

“Como Tasha.”

“Tasha Ozera é uma mulher incrível. Ela é linda e brava. Mas ela não –”

“Ela não entende você,” ela me completou, me desvendando, como sempre fazia. Eu acenei.

“Eu sei disso. Mas eu ainda queria a relação. Eu sabia que seria mais fácil e que ela podia me manter longe de você. Eu pensei que ela poderia me fazer esquecer você.” Eu praticamente despejei tudo que eu guardava todo esse tempo. As palavras saíram quase sem que eu sentisse. E agora tudo parecia mais fácil. No final de tudo, era mais fácil estar com alguém que me entendia.

“Mas ela não conseguiu.”

“Sim. E, bem... esse é o problema.”

“Porque é errado para nós ficarmos juntos.”

“Sim.”

“Por causa da diferença de idade.”

“Sim.”

“Mas mais importante, porque nós vamos ser os guardiões de Lissa e nós precisamos nos focar nela – não em nós.”

“Sim.”

Ela se tornou pensativa por poucos momentos e depois me olhou profundamente nos olhos.

“Bem,” ela falou “mas pelo que eu vejo, nós não somos guardiões da Lissa, ainda.”

Eu sabia exatamente o que era certo e errado. Sabia onde isso tudo levaria e qual seria o nosso real dever como guardiões. Mesmo assim, apesar de todo senso lógico, eu segurei seu rosto e lhe beijei levemente. Era o que eu queria não só naquele instante, mas todo o tempo. Todo controle que eu tinha havia se dissipado e, logo, o beijo se tornou forte e ardente. Ele demorou bastante tempo, tempo suficiente para eu conseguir retomar um pouco do meu controle. Então eu a abracei e lhe beijei a testa, ainda sentindo todo amor que eu tinha por ela ardendo dentro de mim.

Apesar de querer muito passar mais tempo com ela, eu sabia que não podíamos, até porque, alguém podia entrar, aquele era um local comum da Academia. Então, eu me afastei dela, mas antes, passei os dedos por aqueles cabelos que eu tanto amava e pelo seu rosto, e me dirigi até a porta.

“Vejo você depois, Roza.”

“No nosso próximo treino?” ela perguntou ansiosa. “Nós vamos retomá-los, certo? Eu quero dizer, você ainda tem coisas para me ensinar?”

Eu parei na porta, olhando para ela, sorri com os pensamentos que me ocorreram.

“Sim.” Respondi. “Muitas coisas.”


FIM!!! :-(


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Notas finais do capítulo

A gente eu confesso que essa é uma das partes que eu mais gosto de toda a série, qdo ele fala a parte de Rose ver a alma dele! Amo demais!
A todos que acompanharam a fic eu agraceço imensamente, espero que eu tenha acertado nessa, afinal acho que é o livro preferido da maioria das pessoas.Vocês não imaginam como cada review foi importante para que eu não parasse pela metade. Passei por dias difícieis e tudo serviu como uma válvula de escape.
Eu ainda tenho planos em reeditar todas estas fics com o pov de Dimitri, principalmente Last Sacrifice (tem partes que ficaram péssimas!!! argh!), por isso, ainda aceito sugestões!
Ah, e seguindo nossa maratona em povs de Dimitri, não esqueçam de acompanhar Spirit Bound... por favor, não me abandonem, afinal, Dimitri será um Strigoi :(((((
bjs no coração de vcs!