Acordei bem tarde hoje, estava um dia quente e eu não estava querendo me levantar daquela cama tão confortável, mas eu estava ansiosa para conversar com meu pai sobre o que estava acontecendo ontem à noite, fui para a cozinha onde meu pai sempre estava, o almoço já estava sendo preparado, eu então me sentei em uma cadeira e fiquei o observando, logo ele me notou e me deu um “bom dia” não muito alegre, eu também disse bom dia sem muito animo e abaixei minha cabeça. Depois de um tempo em silencio eu o perguntei o que tinha acontecido no dia anterior, ele parou de cozinhar e sentou na minha frente e começou a me olhar de maneira frustrante.
 - Eles vieram reclamar de você
 - De... Mim? Por quê? _ logo ergui meu olhar para os olhos dele curiosa.
 - Soube que você deu alguns problemas para eles, como por exemplo, foi na igreja insultar a religião, ainda brigou com a Sra. Nadesco, essa não foi à educação que te dei... _ ele parecia decepcionado comigo.
 - Mas... Eu não fiz nada, eu só fui à igreja para conversar, mas eu não disse nada demais _ tentei me explicar.
 - Sakura acho que eles não viriam ate aqui se não fosse algo sério, esta certa que tudo aqui é muito estranho, mas é a cultura deles, e você deve respeitar assim como te respeitam.
 - Mas pai... _ eu estava assustada, nunca vi meu pai tão preocupado comigo.
 - E também soube de algo que me assustou muito, eu soube que você anda visitando algumas pessoas perigosas...  _ fiquei gelada assim que ele falou isso, eu não sabia o que dizer.
 -... São dois homens, que foram banidos da cidade por serem criminosos, eu não acredito que logo você Sakura, que tenho tanta confiança foi fazer algo assim.
 - Pai, você esta entendendo tudo errado... _ meus olhos estavam cheios de lagrimas, Kurogane e Fay não eram pessoas ruins...
 - Vá para seu quarto Sakura, e não saia de lá até que até que tenha refletido nos seus atos, e não pense em sair de casa de novo, ficará aqui aprendendo a ter disciplina, amanha começarei a te ensinar a cozinhar. _ corri para o quarto chorando e me tranquei La, eu estava me sentindo horrível, eu era uma garota tão boba e inofensiva, senti raiva por ser assim, eu sabia que teria que mudar, peguei meu diário e fiz vários desenhos, mal feitos, porem simbolizavam meu ódio pela cidade e pelas pessoas que viviam ali.
 Depois de um tempo, meu pai bateu na porta e disse que iria sair para comprar comida, e que se eu saísse eu perderia meu diário e minhas bonecas, fiquei calada e fiquei ouvindo ele trancar a porta. Sentei-me na cama e fiquei pensando no que fazer, olhei para a boneca de porcelana que eu tinha, a peguei e joguei contra a janela que acabou se quebrando, peguei um pedaço grande de vidro e pulei pra fora de casa, logo perto da janela dei de cara com meu irmão, que me perguntou aonde eu estava indo, eu o ignorei e passei direto, mas ele segurou meu braço e disse que não iria me deixar ir a lugar nenhum, eu não queria olhar para o rosto dele, eu não queria ver aquilo que ele estava se tornando, então eu enfiei o pedaço de vidro no braço dele e sai correndo, ele logo me soltou e começou a gritar, eu corri ao mesmo tempo que lagrimas escorriam no meu rosto, eu não o via como um irmão mais, isso doía muito.
 Fui para a pracinha, era La que eu iria resolver meus problemas, La estavam eles, o grupo de meninos e meninas  que com certeza falaram para meu pai sobre Kurogane e Fay, fui para perto deles para conversar, mas Syaoran logo me viu e me dirigiu a palavra:
 - O que você faz aqui? Não pensei que seria tão cara de pau de aparecer aqui depois que nos traiu _ disse ele friamente, todos os outros começaram a olhar pra mim com o mesmo ódio e rancor
 - Eu... Não sei do que esta falando, eu nunca traí ninguém_ eu disse
 - Como não? Todos viram você ir à casa dos demônios, esta parecendo uma pequena bruxa _ respondeu
 - Eles não são demônios, os únicos demônios estão dentro daquela igreja, os seus pais, e todos os habitantes dessa cidade, Kurogane e Fay nunca maltrataram ninguém _ acho que o que falei foi um erro, todos começaram a se revoltar, Syaoran me empurro e eu cai no chão, todos estavam me chingando e me chamando de bruxa, alguns estavam me ameaçando de morte, mas eu me levantei e dei um tapa em Syaoran, depois disso, Clow me deu um soco que me derrubou, os outros garotos e garotas começaram a pisar em mim e a me chutar, levei varias pancadas na barriga e na cabeça, o meu sangue saia pela minha boa através de vômitos, eu não chorei, eu queria mostrar que eu era forte, senti o osso do meu braço quebrar, tentei segurar os gritos de dor, e eles continuavam com as intermináveis pancadas, até que pararam de repente e saíram correndo gritando, escutei passos se dirigindo até mim, seria meu pai? Algum anjo iria me livrar da dor? Um demônio?
 Senti grandes mãos passarem pelo meu corpo e me levantar, estava me levando para algum lugar, ele disse alguma coisa, mas meus sentidos estavam fracos, e então eu desmaiei.